O Amor a Si Mesmo
por Elio Mollo
Deus necessita transmitir a Sua força para continuar criando, mostrar o Seu Amor através de cada um de nós, mas não poderá fazê-lo se estivermos desanimados. A alegria e o amor próprio são indispensáveis.
Emmanuel, no livro "O Consolador", questão 119, respondendo a esta pergunta: Como devemos proceder para dilatar nossa capacidade espiritual?, disse: Ainda não encontramos uma fórmula mais elevada e mais bela que a do esforço próprio, dentro da humildade e do amor, no ambiente de trabalho e de lições da Terra, onde Jesus houve por bem instalar a nossa oficina de perfectibilidade para a futura elevação dos nossos destinos de espíritos imortais.
Na questão 781 de "O Livro dos Espíritos" Allan Kardec pergunta aos Espíritos superiores se é permitido ao homem deter a marcha do progresso, e os Espíritos respondem que não, mas que podem entravá-la algumas vezes. Em LE na questão 888.a encontramos estas palavras ditadas por São Vicente de Paulo a Allan Kardec: "- Amai-vos uns aos outros, eis toda a lei, divina lei pela qual Deus governa os mundos". Em outro trecho desta mesma resposta: “... o Espírito, qualquer que seja o seu grau de adiantamento, sua situação de reencarnado ou na espiritualidade, está sempre colocado entre um superior que o guia e aperfeiçoa e um inferior perante o qual tem deveres iguais a cumprir".
No dicionário encontramos que o Amor é o sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de outrem, ou de alguma coisa, ou que o Amor é o sentimento de dedicação absoluta de um ser ao outro.
A lei de Deus é sempre o amor. O amor é a luz e a força que envolve todo o Universo. O amor é o fluido que dá movimento a tudo, que dá ânimo, que dá vontade de viver, que dá ação a tudo o que existe, que dá alegria. E é esse o Amor de Deus, que caminha através dos Espíritos mais evoluídos até o ser mais rudimentar. (ver resposta à questão 540 de LE) Para que esse amor floresça em cada um de nós em sua essência plena, há que se trabalhar persistentemente, sem esmorecer.
André Luiz diz, ou melhor, o instrutor Alexandre é que diz no livro "Missionários da Luz", cap. 8 pág. 82, que: Toda elevação representa uma subida e toda subida pede esforço de ascensão. Neste mesmo livro na página 156, cap. 12, vamos encontrar este outro dizer de Alexandre, "... um dos mais importantes problemas da felicidade humana é o da aproximação fraternal, do perdão recíproco, da semeadura do amor, através da lei reencarcionista".
Os Espíritos, através de "O Livro dos Espíritos", obra codificada por Allan Kardec, na questão 913 nos dizem que, dentre os vícios, aquele que podemos considerar como sendo o mais radical é o egoísmo. Dizem eles que do egoísmo deriva todo o mal. E afirmam de forma categórica que se nos estudarmos, e verificarmos em todos os vícios que porventura possamos ter, no fundo de todos existe o egoísmo.
Jesus nos disse: "Sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste." (Mateus 5:48). Vamos encontrar algo semelhante no Antigo Testamento, em Deuteronômio 18:13: "Perfeito serás para com o Senhor teu Deus." Difícil para nós, seres humanos, é atingir a perfeição absoluta, alias, seria até muita pretensão, só que todos nós somos seres em evolução, ou seja, todos devemos caminhar na direção da perfeição, esse é o significado das palavras do Cristo, assim sendo, todo o esforço deve ser feito nesse sentido.
Como dissemos acima que o egoísmo é o vício mais radical, então, o esforço está em transformar este defeito em qualidade, ou seja, trabalhar para que ele se transforme em amor, pois todas as substâncias se transformam na evolução para mais alto.
Quando falamos em transformação, falamos em transformação moral, e quando falamos em transformação moral dizemos que se reconhece o homem de valor pela sua contínua renovação moral e pelos esforços que faz no sentido de anular suas inclinações negativas. Semelhante em "O Evangelho segundo o Espiritismo", cap. XVII, item 4, obra codificada por Allan Kardec - Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral. E pelos esforços que faz para dominar suas más inclinações. - Não se trata de esforço físico, mas de firme contenção de espírito, de um empenho que não sofra excessiva solução de continuidade. "Excessiva", porque, na verdade, também não podemos estar "continuamente" empenhados na transformação de nós mesmos. Deve haver, isto sim, uma persistência de propósito, e a esta persistência chamamos esforço. Em outras palavras, não é bom sintoma abandonar uma atividade ou desviar a energia para um curso mais fácil de ação, ao primeiro sinal de dificuldade. A referência do esforço é nesse sentido: continuidade, persistência em face das dificuldades.
Em tudo há que se ter vontade, persistência, paciência e discernimento, pois a evolução requer usemos estas ferramentas. A sensatez é capaz de nos fazer reconhecer as próprias fraquezas e limitações, podendo assim nos auto-melhorarmos.
Na questão 919 de "O Livro dos Espíritos" vamos encontrar esta pergunta que fez o Espírito de Sto. Agostinho, respondida por ele mesmo: "Se aprouvesse a Deus chamar-me neste momento, ao entrar no mundo dos Espíritos, onde nada é oculto, teria eu a temer o olhar de alguém?" Ao que nós vamos mostrar apenas um trecho da resposta de Sto. Agostinho: "Devemos examinar o que temos feito contra Deus, depois contra o próximo e por fim o que fizemos a nós mesmos. As respostas poderão ser tranqüilizadoras para a nossa consciência se estivermos agindo sensatamente, porém, poderão indicar um mal que deve ser reparado, deve ser transformado para melhor." Diz ele ainda que: "o conhecimento de si mesmo é a chave do progresso individual".
Imaginemos um indivíduo tentando atravessar o Canal da Mancha a nado sem considerar sua capacidade física. Cobrir uma distância tão extensa para um nadador profissional é algo quase normal. Entretanto, um indivíduo de bom senso vai analisar as condições da correnteza antes de pular na água. Depois de avaliar bem, e perceber que não se trata de um simples rio, tentará verificar se suas forças serão suficientes para vencer a força das águas que por ali passam, para chegar à outra margem. Se não tiver conhecimento da própria força, avaliar mal e tentar a travessia, poderá fracassar ou até mesmo morrer, como já aconteceu com muitos. Um homem poderá realizar tarefas inimagináveis se tiver vontade e determinação. Mas antes de empreender uma tarefa qualquer, deverá preparar-se adequadamente, como alguém que conhece as próprias limitações e tenta superá-las. O preparo físico, moral ou espiritual, para fazer frente aos obstáculos e desafios resulta de um profundo conhecimento de si mesmo. Assim, todos os dias ao deitar - conselho de Sto. Agostinho na questão 919 de "O Livro dos Espíritos" - "passe em revista todos os acontecimentos do dia, se descobrir falhas nesse inventário, ore a Deus para que lhe dê forças para se aperfeiçoar e, no dia seguinte faça de tudo para corrigir as falhas".
Reconhecer as próprias fraquezas é portanto uma qualidade fundamental para o homem sensato. É necessário conhecer os pontos fracos para fortalecê-los. Perceber onde se deve melhorar, avaliar os desafios concretamente e lutar para enfrentá-los adequadamente preparado. Por que muitos alunos fracassaram durante a vida escolar? Provavelmente estes alunos não se conheciam bem. Não tinham uma visão autêntica das próprias capacidades ou avaliaram-se erroneamente. Superestimar os próprios conhecimentos ou subestimar as dificuldades são erros que levam infalivelmente ao fracasso. O homem sensato não comete tal erro, pois, conhecendo a si mesmo, procura melhorar-se a tal ponto que os desafios e obstáculos são minimizados. Um halterofilista que deseje superar a marca dos 600 quilos acima dos ombros deverá ser capaz de levantar 610 quilos. O russo Vasili Alexeiev, em 1972, bateu o recorde erguendo halteres com 640 quilos. Ë assim que o homem sensato, no esporte, na política, nos negócios, ou seja, aonde for que se situe, faz. Prepara-se para os desafios da vida.
Qualquer teoria, se confirmada através de estudos teológicos, provará que Cristo se preparou para a missão. Ele buscou o auto-aperfeiçoamento para ter o que dizer, mostrar e ensinar. Seus exemplos não deixavam dúvidas sobre seu poder. Sua missão provou o quanto o Mestre conhecia bem a si mesmo e do que era capaz.
Ao decidir melhorar-se, o homem sensato busca o auto-aperfeiçoamento constante visando superar-se nos pontos fracos, nas prováveis deficiências.
Diz Emmanuel no livro "Justiça Divina", pág. 49, na mensagem intitulada "Exames": "Cada provação pode ser comparada a um banho de substâncias químicas, testando-te idéias e sentimentos, para definir-lhes a sanidade. A vida, expressando a Sabedoria Divina, observa cada um de nós, diariamente, examinando-nos o possível valor, a fim de valorizar-nos. Cultura nobre granjeia tarefas enobrecidas. Virtude alcança merecimento. Quem aprende pode ensinar. Quem semeia o melhor adquire o melhor. Quem ajuda sem recompensa colhe apoio espontâneo. Em todas as tempestades e provações, adversidades e sombras da vida, permanece fiel ao bem, no serviço incansável, para que o bem te revele através dos outros.
Não consultes a palavra "impossível" no dicionário da experiência. Todos temos a vontade por alavanca de luz e toda criatura, sem exceção, demonstrará a quantidade e o teor da luz que entesoura em si própria, toda vez que chamada a exame, na hora da crise."
Esse ajuste é indispensável em todas as realizações de profundidade, sobretudo naquelas que visam a imortalidade, dependendo sempre de decisão que se origina de uma só consciência para depois contagiar outros destinos. Favoreça encontros dessa natureza em seu mundo interior.
Ânimo e trabalho, harmonize corpo e alma. Predisponha-se à construção do melhor.
É necessário buscar conhecimentos profundos acerca das atividades escolhidas. Os homens sensatos são peritos naquilo que fazem. Foram indiscutíveis as habilidades de Ayrton Senna, Nelson Piquet, Alain Prost como pilotos de Fórmula Um, pelo conhecimento profundo que adquiriram sobre as pistas, carros, manobras e tudo o que se relaciona com corridas automobilísticas. Dedicaram suas vidas no aperfeiçoamento dos pontos fracos, e assim possuíram um real conhecimento de si mesmos, qualidade essencial dos homens sensatos.
O Espírito Neio Lúcio no livro "Jesus no Lar" nos narra está história:
" (...) - Existiu no tempo de Davi um grande artista que se especializara na harpa com tamanha perfeição, que várias pessoas importantes vinham de muito longe a fim de ouvi-lo. Grandes senhores com as suas comitivas descansavam, de quando em quando, junto à moradia dele, cercada de arvoredo, para escutar-lhe as sublimes improvisações. O admirável mestre fez renome e fortuna, parecendo a todos que ninguém o igualaria na Terra na expressão musical a que se consagrara.
Em seus saraus e exibições, possuía em seu serviço pessoal um escravo aparentemente inábil e atoleimado, que servia água, doce e frutas aos convivas e que jamais conversava, fixando toda a atenção no instrumento divino, como se vivesse fascinado pelas mãos que o tangiam.
Muitos anos correram quando, certa noite, o artista volta, de inesperado, ao domicílio, findo o banquete de um amigo nas vizinhanças e, com indizível espanto, assinala celeste melodia no ar.
Alguém tocava magistralmente em sua casa solitária, qual se fora um anjo exilado no mundo.
Quem seria o estrangeiro que lhe tomara o lugar?
Em lágrimas de emoção por pressentir a existência de alguém com ideal artístico muito superior ao dele, avança devagar para não ser percebido e, sob intraduzível assombro, verificou que o harpista maravilhoso era o seu velho escravo tolo que, usando os minutos que lhe pertenciam por direito e sem incomodar a ninguém, exercitava as lições do senhor, às quais emprestava, desde muito tempo, todo o seu vigilante amor em comovido silêncio.
Foi então que o artista magnânimo e famoso libertou-o e conferiu-lhe a posição que por justiça merecia.
(...) A aquisição de qualidades nobres é a glória infalível do esforço. Todo homem ou mulher que usar as horas de que dispõe na harpa da vida, correspondendo à sabedoria e à beleza com que Nosso Pai se manifesta em todos os quadros do mundo, depressa lhes absorverá a grandeza e as sublimidades, convertendo-se em representantes do Céu para seus irmãos
Todos os homens e mulheres que venceram na vida acreditaram no próprio potencial, ou melhor, acreditaram em si mesmos, tiveram fé. Os homens sensatos são autoconfiantes, amam a si mesmos. Enfrentam o que precisa ser enfrentado, recuando apenas para ganhar forças, preparando novas estratégias para retomar o combate com determinação e coragem.
Todas as lições encontradas no cotidiano servem apenas para reforçar a teoria de que os homens sensatos são todos parecidos, possuem qualidades similares, e neste caso a autoconfiança é uma delas.
No mundo, aqueles que não temem os desafios, e os enfrentam, acabam por vencer.
Ninguém deverá querer apenas vencer, deverá antes de mais nada querer vencer a si mesmo, transformar as qualidades ruins em boas, e se tornar uma criatura sensata. Isso requererá muito do seu potencial. O fato de ainda não possuir a sensatez, entre outras coisas, é que a autoconfiança não foi totalmente desafiada. Provavelmente ainda existem dúvidas sobre as reais capacidades de realização. Falta determinação, acreditar ser capaz de se tornar um humano sensato. É necessário saber, porém, que todos os homens vencedores, mais do que qualquer outra pessoa, acreditavam em si mesmos. É necessário sentir isso também. É fundamental começar imediatamente essa tarefa.
Passe a acreditar em você, suas potencialidades, sua energia para realizar o melhor, porém, sempre respeitando aos seus semelhantes e a si próprio.
O homem sensato é o homem que ama a si próprio, é alegre, de bem com a vida, é autoconfiante, transmite segurança e não é covarde. O homem sensato é a sombra na qual se abrigam os medrosos, os tímidos e aqueles que não possuem confiança em si mesmo.
O homem que não ama a si mesmo não consegue amar outra pessoa, pois não é seguro de si.
E assim repetindo e confirmando as palavras de Neio Lúcio: “No caminho da vida, o esforço próprio é indispensável.”
Colaborou com o desenvolvimento ortográfico deste texto Maria Luiza Palhas
BIBLIOGRAFIA:
O Livro dos Espíritos - obra codificada por Allan Kardec
O Evangelho Segundo o Espiritismo - CAP XI-11, CAP XVII-2-1º§., obra codificada por Allan Kardec
O Livro dos Espíritos - obra codificada por Allan Kardec
O Evangelho Segundo o Espiritismo - CAP XI-11, CAP XVII-2-1º§., obra codificada por Allan Kardec
Obras Póstumas, 1ª P-EGOÍSMO E ORGULHO, Allan Kardec
Alerta - Estímulos Indiretos - Joanna de Angelis - 107/109
Justiça Divina - Exames - Emmanuel - 49/50
Bolso e Vontade - Técnica de Viver - 53/55
Jesus no Lar - A Glória do Esforço - Neio Lúcio - 183/185FEB14a1986
O Consolador - Personalidade - Emmanuel - 130FEB9a1982
Como se tornar um líder - Conhecimento de si mesmo e Autoconfiança - Mathias Gonzalez - 39 à a 42 - Ediouro S/A 1991
Alerta - Estímulos Indiretos - Joanna de Angelis - 107/109
Justiça Divina - Exames - Emmanuel - 49/50
Bolso e Vontade - Técnica de Viver - 53/55
Jesus no Lar - A Glória do Esforço - Neio Lúcio - 183/185FEB14a1986
O Consolador - Personalidade - Emmanuel - 130FEB9a1982
Como se tornar um líder - Conhecimento de si mesmo e Autoconfiança - Mathias Gonzalez - 39 à a 42 - Ediouro S/A 1991
O Pai Nosso, Meimei, psfia. F. C. Xavier
Dicionário de Filosofia Espírita de L. Palhano Jr.
Fonte Viva (BOM ÂNIMO), CAP 61, EMMANUEL
Palavras de Vida Eterna, CAP 136, EMMANUEL
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