domingo, 25 de março de 2012

MEDIUNIDADE CURADORA



MEDIUNIDADE CURADORA,
CURAS ESPIRITUAIS E PRECES
Estudo com base in O LIVRO DOS MÉDIUNS
2ª. parte, caps. XVI, XIV e VIII
Obra codificada por Allan Kardec

Pesquisa: Elio Mollo


189. (...)

Médiuns curadores - Os que têm o poder de curar ou de aliviar os males pela imposição das mãos ou pela prece.

Esta faculdade não é essencialmente mediúnica, pois todos os verdadeiros crentes a possuem quer sejam médiuns ou não. Freqüentemente não é mais do que a exaltação da potência magnética, fortalecida em caso de necessidade pelo concurso dos Espíritos bons. (Ver n°. 175) (1)

(1) Trata-se do magnetismo e da mediunidade generalizada, faculdades humanas naturais, que todas as criaturas possuem. Kardec assinala que não é essencialmente mediúnica para não confundi-la com a mediunidade específica, de que trata este capitulo. (N. do T.)

MÉDIUNS CURADORES

175. Somente para mencioná-la trataremos aqui desta variedade de médiuns, porque o assunto exigiria demasiado desenvolvimento para o nosso esquema. Estamos, aliás, informados de que um médico nosso amigos se propõe a tratá-la numa obra especial sobre a medicina intuitiva. Diremos apenas que esse gênero de mediunidade consiste principalmente no dom de curar por simples toque, pelo olhar ou mesmo por um gesto sem nenhuma medicação. Certamente dirão que se trata simplesmente de magnetismo. É evidente que o fluido magnético exerce um grande papel no caso. Mas, quando se examina o fenômeno com o devido cuidado, facilmente se reconhece a presença de mais alguma coisa.

A magnetização comum é uma verdadeira forma de tratamento com a devida seqüência, regular e metódica. No caso referido as coisas se passam de maneira inteiramente diversa. Todos os magnetizadores são mais ou menos aptos a curar, se souberem cuidar do assunto convenientemente. Mas entre os médiuns curadores a faculdade é espontânea às vezes a possuem sem jamais terem ouvido falar de magnetismo. A intervenção de uma potência oculta, que caracteriza a mediunidade, torna-se evidente em certas circunstâncias. E o é, sobretudo, quando consideramos que a maioria das pessoas qualificáveis como médiuns curadores recorrem à prece, que é uma verdadeira evocação.  (Ver n°. 131).

131.  Esta teoria nos dá a solução de um problema do magnetismo, bem conhecido, mas até hoje inexplicado, que é o fato da modificação das propriedades da água pela vontade. O Espírito agente é o do magnetizador, na maioria das vezes assistido por um Espírito desencarnado. Ele opera uma transmutação por meio do fluido magnético que, como já dissemos, é a substância que mais se aproxima da matéria cósmica ou elemento universal. E se ele pode produzir uma modificação nas propriedades da água, pode igualmente fazê-lo no tocante aos fluidos orgânicos, do que resulta o efeito curativo da ação magnética convenientemente dirigida.

Sabe-se o papel capital da vontade em todos os fenômenos magnéticos. Mas como explicar a ação material de um agente tão sutil? A vontade não é uma entidade, uma substância e nem mesmo uma propriedade da matéria mais eterizada: é o atributo essencial do Espírito, ou seja, do ser pensante. Com a ajuda dessa alavanca ele age sobre a matéria elementar e em seguida reage sobre os seus componentes, com o que as propriedades íntimas podem ser transformadas.

A vontade é atributo do Espírito encarnado ou errante. Daí o poder do magnetizador, que sabemos estar na razão da força da vontade.  O Espírito encarnado pode agir sobre a matéria elementar e portanto modificar as propriedades das coisas dentro de certos limites. Assim se explica a faculdade de curar pelo contacto e a imposição das mãos, que algumas pessoas possuem num elevado grau.  (Ver no capítulo sobre os Médiuns o tópico referente a médiuns curadores. Ver ainda na Revista Espírita, n° de julho de 1859, os artigos O zuavo de Magenta e Um Oficial do Exército da Itália.) (2)

(2) Os estudos de Hipnotismo cientifico definiram a hipnose como simples sugestão. Relegando ao passado o problema da ação fluídica considerada como superstição. Mas o magnetismo è elemento natural, cujas manifestações e aplicações não se limitam ao tipo de hipnose clinica. Nesta, ele se manifesta em função autógena, mas a maioria suas manifestações são exógenas. A modificação das propriedades da água pode ocorrer como simples sugestão, limitada ao paciente, mas há também fenômenos matéria de alteração dessas propriedades, perceptíveis por todos. No primeiro caso não houve e modificação alguma na água, mas apenas na percepção do paciente. No segundo, as modificações são reais. Os casos dessa natureza ocorrem facilmente com médiuns efeitos físicos. Atualmente os parapsicólogos procuram explicar esses fenômenos como ação da mente sobre a matéria, com a denominação técnica de psicocinesia. Também neste campo a tese espírita permanece e a Ciência vai aos poucos se reaproxima dela. Renê Sudre anti-espírita irredutível, ainda recentemente, no seu "Tratado de Parapsicologia", anota o seguinte: "A, descoberta dos elétrons materiais leva- nos mais ou menos à teoria newtoniana da emissão. Eis, pois, que o fluido reaparece no próprio coração da Física contemporânea." (N. do T.)

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CURAS 
A GÊNESE, Cap. XIV, itens: de 31 à 34. Allan Kardec

31. – O fluido universal é, como se viu, o elemento primitivo do corpo carnal e do perispírito que, apenas são transformações. (*) Pela identidade de sua natureza, este fluido pode fornecer ao corpo os princípios reparadores. Estando condensado no perispírito, o agente propulsor é o Espírito encarnado ou desencarnado, que infiltra num corpo deteriorado uma parte da substância de seu envoltório fluídico. A cura se opera pela substituição de uma molécula sadia por outra molécula insalubre. O poder curador estará, pois, em razão da pureza da substância inoculada; ela depende ainda da energia e da vontade que provoca uma emissão fluídica mais abundante e dá ao fluido uma força maior de penetração; enfim, das intenções que animam aquele que quer curar, quer seja homem ou Espírito. Os fluidos que emanam de uma fonte impura são como substâncias médicas alteradas.

32. – Os efeitos da ação fluídica sobre os doentes são extremamente variáveis conforme as circunstâncias; esta ação é por vezes lenta e reclama um tratamento seguido, como no magnetismo ordinário; de outras vezes é rápida como uma corrente elétrica. Há pessoas dotadas de um poder tal que operam sobre certos doentes curas instantâneas pela simples imposição das mãos, ou mesmo por um só ato da vontade. Entre os dois pólos extremos desta faculdade há diferenças ao infinito. Todas as curas deste gênero são variedades do magnetismo e só diferem pela potência e a rapidez da ação. O princípio é sempre o mesmo, e o fluido que goza a propriedade de agente terapêutico e cujo efeito está subordinado à sua qualidade e a circunstâncias especiais.

33. – A ação magnética pode se produzir de várias maneiras:

1°. Pelo próprio fluido do magnetizador; é o magnetismo propriamente dito, ou magnetismo humano, (**) cuja ação está subordinada à potência e, sobretudo à qualidade do fluido.

2°. Pelo fluido dos Espíritos atuando diretamente e sem intermediário sobre um encarnado, seja para curar ou acalmar um sofrimento, seja para provocar o sono sonambúlico espontâneo, seja para exercer sobre o indivíduo uma influência física ou moral qualquer. É o magnetismo espiritual, cuja qualidade está em razão da qualidade do Espírito. (1)

3°. Pelo fluido que os Espíritos derramam sobre o magnetizador e para o qual este seve de condutor. É o magnetismo misto, semi-espiritual, ou, como se queira, humano-espiritual. O fluido espiritual combinado com o fluido humano dá a este último as qualidades que lhe faltam. O concurso dos Espíritos em semelhante circunstâncias, é por vezes, espontâneo mas o mais comum é o provocado pelo apelo do magnetizador.

34. – A faculdade de curar pelo influxo fluídico é muito comum e pode-se desenvolver pelo exercício, mas o de curar instantaneamente pela imposição das mãos é mais raro, e seu apogeu pode ser considerado como excepcional. Todavia, viu-se em diversas épocas e quase entre todos os povos, indivíduos que a possuíam a um grau eminente. Nestes últimos tempos tem-se visto vários exemplos notáveis cuja autenticidade não pode se contestada. Desde que estas sortes de curas repousam sobre um princípio natural e que o poder de realizá-las não é um privilégio, é que elas não fogem e que nada têm de milagroso senão a aparência. (2)

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(1) Exemplos: Revue Spirite, fev. 1863 p. 04 ; – abr.1865, p. 113 ; – set. 1865, p. 264.
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(2) Exemplos de curas instantâneas reportadas na Revue Spirite: O Príncipe de Hohenlohe, dez. 1866, p. 368; Jacob, out. e nov. 1867, ps. 306 e 339; – Simonet, ago. 1867, p. 232; – Caid Hassan, out. 1867, p. 303; – o pároco Gassner, nov. 1867, p. 331.


(*) N. do trad. – Pela equação de Einstein, E = mc², esta energia fundamental, então conhecida como fluido universal, é que se condensa para formar a matéria.

(**) N. do trad. – Mesmer o chamou de magnetismo animal

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in O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO,
Obra codificada por Allan Kardec

Cap. XXVI, item 10

10. A mediunidade é uma coisa sagrada, que deve ser praticada santamente, religiosamente. E se há uma espécie de mediunidade que requer esta condição de maneira ainda mais absoluta, é a mediunidade curadora. O médico oferece o resultado dos seus estudos feitos ao peso de sacrifícios geralmente penosos; o magnetizador, e seu próprio fluido, e frequentemente a sua própria saúde: eles pode estipular um preço para isso. O médium curador transmite o fluido salutar dos bons Espíritos, e não tem o direito de vendê-lo. Jesus e os Apóstolos, embora pobres, não cobravam as curas que operavam.

Que aquele, pois, que não tem do que viver, procure outros recursos que não os da mediunidade; e que não lhe consagre, se necessário, senão o tempo de que materialmente possa dispor. Os Espíritos levarão em conta o seu devotamento e os seus sacrifícios, enquanto se afastarão dos que pretendem fazer da mediunidade um meio de subir na vida.

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Cap. XXVII, item 10

10. O Espiritismo nos faz compreender a ação da prece, ao explicar a forma de transmissão do pensamento, seja quando o ser a quem oramos atende ao nosso apelo, seja quando o nosso pensamento eleva-se a ele. Para se compreender o que ocorre nesse caso, é necessário imaginar todos os seres, encarnados e desencarnados, mergulhados no fluido universal que preenche o espaço, assim como na Terra estamos envolvidos pela atmosfera. Esse fluido é impulsionado pela vontade pois é o veículo do pensamento, como o ar é o veículo do som, com diferença de que as vibrações do ar são circunscritas, enquanto as do fluido universal se ampliam ao infinito. Quando, pois, o pensamento se dirige para algum ser, na Terra ou no espaço, de encarnado para desencarnado, ou vice-versa, uma corrente fluídica se estabelece de um a outro, transmitindo o pensamento, como o ar transmite o som.

A energia da corrente está na razão direta da energia do pensamento e da vontade. É assim que a prece é ouvida pelos Espíritos onde quer que eles se encontrem, assim que os Espíritos se comunicam entre si, que nos transmitem a suas inspirações, e que a relações se estabelecem à distância entre os próprios encarnados.

Esta explicação se dirige sobretudo aos que não compreendeu a utilidade da prece puramente mística. Não tem por fim materializar a prece, mas tornar compreensíveis os seus efeitos, ao mostrar que ela pode exercer a ação direta e positiva. Nem por isso está menos sujeita à vontade de Deus, juiz supremo em todas as coisas, e único que pode dar eficácia à sua ação.

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Cap. XXVIII, itens: de 77 à 80


V. PRECES PELOS DOENTES E OS OBSEDADOS

PELOS DOENTES

77. Prefácio - As doenças pertencem às provas e às vicissitudes da vida terrena. São inerentes à grosseria da nossa natureza material e à inferioridade do mundo que habitamos. As paixões e os excessos de toda espécie, por sua vez, criam em nossos organismos condições malsãs, frequentemente transmissíveis pela hereditariedade. Nos mundos mais avançados, física e moralmente, o organismo humano, mais depurado e menos material, não está sujeito às mesmas enfermidades que o nosso, e o corpo não é minado secretamente pela devastação das paixões. (Cap. Ill, n° 9). É necessário, pois, que nos resignemos a sofrer as conseqüências do meio em que nos situa a nossa inferioridade, até que nos façamos dignos de uma transferência. Isso não deve impedir-nos de lutar para melhorar a nossa situação atual. Mas, se apesar dos nossos esforços, não pudermos fazê-lo, o Espiritismo nos ensina a suportar com resignação os nossos males passageiros. Se Deus não quisesse que pudéssemos curar ou aliviar os sofrimentos corporais, em certos casos, não teria colocado meios curativos à nossa disposição. Sua solicitude previdente, a esse respeito, confirmada pelo instinto de conservação, mostra que o nosso dever é procurá-los e aplicá-los. Ao lado da medicação ordinária, elaborada pela ciência, o magnetismo nos deu a conhecer o poder da ação fluídica, e depois o Espiritismo veio revelar-nos outra espécie de força, através da mediunidade curadora e da influência da prece. (Veja- se, a seguir, notícia sobre mediunidade curadora, n° 81).

78. Prece (Para o doente pronunciar) - Senhor, vós sóis todo justiça, e se me enviastes a doença é porque a mereci, pois não fazeis sofrer sem motivo. Coloco a minha cura, portanto, sob a vossa infinita misericórdia. Se for de vosso agrado, restabelecer- me a saúde, darei graças a vós; se, pelo contrário, eu tiver de continuar sofrendo, da mesma forma darei graças. Submeto-me sem murmurar aos vossos decretos divinos, porque tudo o que fazeis só pode ter por fim, o bem das vossas criaturas. Fazei, oh!  Meu Deus, que esta doença seja para mim uma benéfica advertência, levando-me a examinar-me a mim mesmo. Aceito-a como uma expiação do passado e como uma prova para a minha fé e a minha submissão à vossa santa vontade. (Ver sobre a prece o n° 40).

79. Prece (Por um doente) - Meu Deus, são impenetráveis os vossos desígnios, e na vossa sabedoria enviastes a Fulano uma enfermidade.  Voltai para ele, eu vos suplico, um olhar de compaixão, e dignai-vos por um termo aos seus sofrimentos! Bons Espíritos, vós que sois os ministros do Todo-Poderoso, secundai, eu vos peço, o meu desejo de aliviá-lo. Dirigi o meu pensamento,a fim de que possa derramar-se sobre o seu corpo como um bálsamo salutar, e sobre a sua alma como uma consolação.  Inspirai-lhe a paciência e a submissão à vontade de Deus; e dai-lhe a força de suportar as suas dores com resignação cristã, para não perder os resultados desta prova por que está passando. (Ver sobre a prece, n0 57).

80. Prece (Para o médium curador) - Meu Deus, se quiserdes vos servir de mim, apesar de tão indigno, poderei curar este sofrimento, desde que seja essa a vossa vontade, porque tenho fé no vosso poder. Sem vós, porém, nada posso. Permiti aos Bons Espíritos impregnar-me com o seu fluido salutar, a fim de que o possa transmitir a este doente, e afastai de mim qualquer pensamento de orgulho e de egoísmo, que lhes poderia alterar a pureza.

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Fontes:

> O LIVRO DOS MÉDIUNS
> A GÊNESE
> O EVANGELHO SEGUNDO
> O ESPIRITISMO


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