ESTADOS DA EMANCIPAÇÃO DA ALMA
Fontes: Allan Kardec in o «O Livro dos Espíritos», «O Livro dos Médiuns» e outros citados nesta apostila.
Pesquisa, diagramação e composição: Elio Mollo
UM HOMEM VIVO
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Vive
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Pensa
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Raciocina
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Morre
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NO ESTADO NORMAL DO HOMEM
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A Alma percebe por meio dos sentidos do corpo; seu invólucro material; é o seu instrumento de suas relações com o mundo visível. Quando unida ao corpo, a Alma percebe por meios dos sentidos, transmite o pensamento com a ajuda do cérebro.
Tendo os sentidos um alcance circunscrito, as percepções recebidas por seu intermédio são limitadas e, de certo modo, amortecidas; o pensamento transmitido pelo cérebro, filtra-se, por assim dizer, através desse órgão. A grosseria e os defeitos do instrumento a paralisam e em parte a abafam, como certos corpos transparentes absorvem uma parte da luz que os atravessa.
Obrigada a servir-se do cérebro, a alma é como um músico muito bom, diante de um instrumento imperfeito.
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UM HOMEM MORTO
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Não dá nenhum sinal de inteligência
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O QUE HAVIA NO HOMEM VIVO QUE DEMONSTRAVA NELE OS SINAIS DE INTELIGÊNCIA?
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A Alma é o ser inteligente; nela está a sede de todas as percepções e de toda as sensações; ela sente e pensa por si mesma.
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SEPARADA DO CORPO
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A Alma percebe diretamente e pensa livremente. Recebendo as impressões sem intermediário, elas são indefinidas e de admirável sutileza, porque ultrapassa, não a força humana, mas todos os produtos de nossos meios materiais. Livre desse auxiliar que é o corpo, a Alma desdobra todas as suas faculdades.
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OS DOIS ESTADOS DA ALMA
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Uma e da vida corporal
(Espírito encarnado)
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A outra e a vida espiritual, a vida normal do Espírito.
(Espírito desencarnado ou liberto)
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POR QUE ACONTECEM CERTOS FENÔMENOS?
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Porque durante a vida corporal, a alma não sofre constantemente o constrangimento do corpo físico.
Durante a vida, o corpo necessita da sua Alma ou Espírito; mas nos momento de inatividade do corpo, presença da Alma não é mais necessária; ela se desprende do corpo, sem, contudo deixar de ficar ligado a ele por um laço fluídico, que a ele retorna imediatamente assim que se fizer necessário.
Nesses momentos de liberdade provisória a Alma recobra parcialmente a liberdade de agir e de pensar, semelhante ao estado de Espírito desencarnado, quando está completamente separado do corpo.
A esse estado, chamamos EMANCIPAÇÃO DA ALMA.
É o que se passa durante o sono, durante a letargia, na catalepsia, no sonambulismo, no êxtase, etc.
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LETARGIA (ou sono letárgico)
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Perda momentânea da sensibilidade e do movimento, dando ao corpo a aparência da morte real.
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CATALAPSIA
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Perda momentânea algumas vezes espontânea, da sensibilidade e do movimento em determinada parte do corpo.
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FENÔMENO
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PODEM SER PRODUZIDOS
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CATALEPSIA
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ESPONTÂNEAMENTE
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Tanto numa como na outra é localizada e pode afetar uma parte
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CATALEPSIA
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ARTIFICIAL
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mais ou menos extensa do corpo.
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LETARGIA
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É SEMPRE NATURAL
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A suspensão das forças vitais é geral.
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Os letárgicos e os catalépticos, em geral, vêem e ouvem o que em derredor se diz e faz. É pelo Espírito que agem, pois este tem consciência de si, apesar de estar o corpo naquele estado. Na letargia, o corpo não está morto. Sua vitalidade está em estado latente e, enquanto o corpo vive, o Espírito se lhe acha ligado. Em se rompendo, entretanto a ligação, por efeito da morte real, integral se torna a separação, e o Espírito não volta à vida, é que não era completa a morte.
B. Godoy Paiva no livro “Síntese de O Livro dos Espíritos"
FENÔMENO
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PODEM SER PRODUZIDOS
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SONAMBULISMO NATURAL
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ESPONTANEAMENTE e independem de qualquer causa exterior conhecida.
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SONAMBULISMO ARTIFICIAL
(Também conhecido pelo nome de sonambulismo magnético)
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PROVOCADOS pela ação do agente magnético (somente em pessoas dotadas de organização especial)
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CLARIVIDÊNCIA SONAMBÚLICA
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ESPONTANEAMENTE
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A causa tanto num como no outro é um
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CLARIVIDÊNCIA SONAMBÚLICA ARTIFICIAL
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PROVOCADA
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atributo da alma
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Os fenômenos do sonambulismo natural se produzem espontaneamente e independem de qualquer causa exterior conhecida; mas, entre algumas pessoas, dotadas de organização especial, podem ser provocados artificialmente, pela ação do agente magnético.
O estado designado pelo nome de sonambulismo magnético não difere do sonambulismo natural, senão pelo fato de ser provocado, enquanto o outro é espontâneo.
O sonambulismo natural é um fato notório, que ninguém pensa por em dúvida apesar do aspecto maravilhoso dos seus fenômenos.
Que haveria pois, de mais extraordinário ou de mais irracional no sonambulismo magnético, por ser ele produzido artificialmente, como tantas outras coisas? Dizem que os charlatães o tem explorado; mais uma razão para que não seja deixado nas suas mãos. Quando a Ciência se tiver apropriado dele, o charlatanismo terá muito menos crédito entre as massas. Mas enquanto se espera, como o sonambulismo natural ou artificial são um fato, e contra fatos não há argumentos, ele se firma apesar da má vontade de alguns, e isso no próprio seio da Ciência, onde penetra por uma infinidade de portas laterais, em vez de passar pela central. E, quando lá estiver plenamente firmado, será necessário Ihe conceder o direito da cidadania.
Para o Espiritismo, o sonambulismo e mais do que um fenômeno fisiológico é uma luz projetada sobre a Psicologia. É nele que se pode estudar a alma porque é nele que ela se mostra a descoberto. Ora, um dos fenômenos pelos quais ela se caracteriza é o da clarividência, independente dos órgãos comuns da visão. Os que contestam o fato se fundam em que o sonâmbulo não vê sempre, e à vontade dos experimentadores, como através dos olhos. Seria de admirar que os meios sendo diferentes, os efeitos não sejam os mesmos? Seria racional buscar efeitos semelhantes, quando não existe o instrumento? A alma tem as suas propriedades, como os olhos têm a deles; é preciso julgá-los em si mesmos, e não por analogia.
A causa da clarividência do sonambulismo magnético e do sonambulismo natural são a mesma: um atributo da alma, uma faculdade inerente a todas as partes do ser incorpóreo que existe em nós, e que não tem limites além dos que são assinalados à própria alma. O sonâmbulo vê em toda parte a que sua alma possa transportar-se, qualquer que seja a distância.
No caso da visão a distancia, o sonâmbulo não vê as coisas do lugar em que se encontra o seu corpo, a semelhança de um efeito telescópico. Ele as vê presentes, como se estivesse no lugar em que elas existem, porque a sua alma lá se encontra realmente; eis porque o seu corpo fica como aniquilado e privado de sensações, até o momento em que a alma se reapossar dele. Essa separação parcial da alma e do corpo e um estado anormal, que pode ter uma duração mais ou menos longa, mas não indefinida. Essa a causa da fadiga que o corpo experimenta, após um certo tempo, sobretudo quando a alma se entrega a um trabalho ativo.
A vista da alma ou do Espírito não sendo circunscrita e não tendo sede determinada, isso explica porque os sonâmbulos não podem assinalar para ela um órgão especial: eles vêem porque vêem, sem saber por que nem como, pois a vista não tem, para eles, como Espíritos, lugar próprio. Se eles se reportam ao corpo esse lugar parece estar nos centros em que a atividade vital é maior, principalmente no cérebro, ou na região epigástrica, ou no órgão que, para eles, é o ponto de ligação mais intenso entre o Espírito e o corpo.
O poder de lucidez sonambúlica não é indefinido. O Espírito, mesmo quando completamente livre, é limitado em suas faculdades e em seus conhecimentos, segundo o grau de perfeição que tenha atingido; e é mais ainda, quando ligado a matéria, da qual sofre a influência. Essa a causa por que a clarividência sonambúlica não é universal nem infalível. E tanto menos se pode contar com a sua infalibilidade, quanto mais a desviem do fim proposto pela natureza e a transformem em objeto de curiosidade e de experimentação.
No estado de desprendimento em que se encontra o Espírito do sonâmbulo, entra ele em comunicação mais fácil com os outros Espíritos, encarnados ou não. Essa comunicação se estabelece pelo contato dos fluidos que compõem o perispírito e servem de transmissão ao pensamento, como o fio à eletricidade. O sonâmbulo não tem, pois, necessidade de que o pensamento seja articulado através da palavra: ele o sente e adivinha; é isso que o torna eminentemente Impressionável e acessível às influências da atmosfera moral em que se encontra. É também por isso que uma influência numerosa de espectadores, e sobretudo de curiosos mais ou menos malévolos, prejudica essencialmente o desenvolvimento de suas faculdades, que, por assim dizer, se fecham sobre si mesmas e não se desdobram com toda a liberdade, como na intimidade e num meio simpático. A presença de pessoas malévolas ou antipáticas produz sobre ele o efeito do contato da mão sobre a sensitiva.
O sonâmbulo vê, ao mesmo tempo, o seu próprio Espírito e o seu corpo; eles são, por assim dizer, dois seres que lhe representam a dupla existência espiritual e corporal, confundidos, entretanto, pelos laços que os unem. Nem sempre o sonâmbulo se da conta dessa. situação, e essa dualidade faz que freqüentemente ele fale de si mesmo como se falasse de uma pessoa estranha. É que num momento, o ser corporal fala ao espiritual, e noutro é o ser espiritual que fala ao ser corporal.
O Espírito adquire um acréscimo de conhecimentos e de experiências em cada uma de suas existências corpóreas. Esquece-os, em parte, durante a sua encarnação numa matéria demasiado grosseira, mas recorda-os como Espírito. É assim que certos sonâmbulos revelam conhecimentos superiores ao seu grau de instrução, e mesmo a sua capacidade intelectual aparente. A inferioridade intelectual e científica do sonâmbulo, em seu estado de vigília, não permite, portanto, prejulgar-se nada sobre os conhecimentos que ele pode revelar no estado lúcido. Segundo as circunstâncias e o objetivo que se tenha, em vista, ele pode hauri-los na sua própria experiência, na clarividência das coisas presentes, ou nos conselhos que recebe de outros Espíritos; mas, como o seu próprio Espírito pode ser mais ou menos adiantado, ele pode dizer coisas mais ou menos justas.
Pelos fenômenos do sonambulismo, seja natural, seja magnético, a Providência nos dá a prova irrecusável da existência e da independência da alma, e nos faz assistir ao espetáculo sublime da sua emancipação; por esses fenômenos, ela nos abre o livro do nosso destino. Quando o sonâmbulo descreve o que se passa à distância, E evidente que ele o vê, mas não pelos olhos do corpo; vê-se a si mesmo no local, e para lá se sente transportado; lá existe, portanto, qualquer coisa dele, e essa qualquer coisa, não sendo o seu corpo, só pode ser a sua alma ou seu Espírito. Enquanto o homem se extravia nas sutilezas de uma metafísica abstrata e ininteligível, na busca das causas de nossa existência moral, Deus põe diariamente sob os seus olhos e sob as suas mãos os meios mais simples e mais patentes para o estudo da psicologia experimental.
O sonambulismo é um estado de independência do Espírito, mais completo do que no sonho, estado em que maior amplitude adquirem as suas faculdades. A alma tem então percepções que não dispõe no sono, que é um estado de sonambulismo imperfeito. Quando se produzem os fatos de sonambulismo, é que o Espírito se aplica a uma ação qualquer para cuja prática necessita utilizar-se do corpo. Serve-se então deste, como uma pessoa se serve de uma mesa ou de qualquer outro objeto material, no fenômeno das manifestações físicas, ou mesmo como o Espírito quando se utiliza da mão do médium, nas comunicações escritas. A pessoa sonambulizada possui mais conhecimentos do que aqueles que pensamos possuir. Entretanto no estado a que se chama “crise”, lembra-se de muita coisa de que não se lembrava na matéria.
B. Godoy Paiva no livro “Síntese de O Livro dos Espíritos"
FENÔMENO
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PODEM SER PRODUZIDOS
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ÊXTASE
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ESPONTANEAMENTE
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PROVOCADOS pela ação do agente magnético
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Quando está adormecido o corpo, deixando de ser um obstáculo, apenas se torna o porta-voz de seu próprio Espírito, ou daqueles Espíritos que está em relação. A fadiga material, que as suas ocupações produz, a relativa ignorância em que esta submetido através da encarnação, desde que não se lembra de toda a bagagem de conhecimento adquirida através de outras encarnações, tudo isso desaparece para dar lugar a uma lucidez de pensamento, a uma extensão de raciocínio, e a uma eloqüência excepcional, que são o fato do desenvolvimento anterior do Espírito. (REVISTA ESPÍRITA, outubro de 1866)
O êxtase é o estado pelo qual a independência entre a alma e o corpo se manifesta da maneira mais sensível, e se torna, de certa forma, palpável.
No sonho e no sonambulismo a alma erra pelos mundos terrestres; no êxtase, ela penetra um mundo desconhecido, o dos Espíritos etéreos com os quais entra em comunicação, sem, entretanto poder ultrapassar certos limites, que ela não poderia transpor sem romper inteiramente os laços que a ligam ao corpo. Um fulgor resplandecente e inteiramente novo a envolve, harmonias desconhecidas na Terra a empolgam, um bem-estar indefinível a penetra: ela goza, por antecipação, da beatitude celeste, e pode-se dizer que pousa um pé no limiar da eternidade.
No estado de êxtase o aniquilamento do corpo é quase completo; ele só conserva, por assim dizer, a vida orgânica. Sente-se que a alma não se liga a ele mais que por um fio, que um esforço a mais poderia romper sem remédio.
Nesse estado, todos os pensamentos terrenos desaparecem, para darem lugar ao sentimento puro que é a própria essência do nosso ser imaterial. Todo entregue a essa contemplação sublime, o extático não encara a vida senão como uma parada momentânea; para ele, os bens e os males, as alegrias grosseiras e as misérias deste mundo não são mais que fúteis incidentes de uma viagem da qual se sente feliz ao ver o termo.
Acontece com os extáticos o mesmo que com os sonâmbulos sua lucidez pode ser mais ou menos perfeita, e seu próprio Espírito, conforme for mais ou menos elevado, é também mais ou menos apto a conhecer e a compreender as coisas. Verifica-se neles as vezes, mais exaltação do que verdadeira lucidez, ou, melhor dito, sua exaltação prejudica a lucidez; e por isso que suas revelações são freqüentemente uma mistura de verdades e erros, de coisas sublimes e de coisas absurdas, ou mesmo ridículas. Espíritos inferiores aproveitam-se muitas vezes dessa exaltação, que é sempre uma causa de fraqueza, quando não se sabe vencê-la, para dominar o extático, e para tanto se revestem aos seus olhos de aparências que o mantém nas suas idéias preconceitos do estado de vigília. Este é um escolho, mas nem todos são assim; cabe-nos julgar friamente e pesar as suas revelações na balança da razão.
O êxtase é um sonambulismo mais apurado. A alma do extático é ainda mais independente. Pode ver os mundos superiores e compreender a felicidade dos que os habitam, conforme a sua purificação. Entretanto, está sujeita a enganar-se muito, sobretudo quando pretende penetrar no que deva continuar a ser mistério para o homem.
B. Godoy Paiva no livro “Síntese de O Livro dos Espíritos"
FENÔMENO
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PODEM SER PRODUZIDOS
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DUPLA VISTA
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NO ESTADO NORMAL perfeitamente acordados, guardando a lembrança do que viram.
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NO ESTADO SONÂMBULICO - É raro que esta faculdade seja permanente, sendo quase sempre o resultado de uma crise súbita e passageira.
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A emancipação da alma se manifesta às vezes no estado de vigília, e produz o fenômeno designado pelo nome de dupla vista, que dá aos que o possuem a faculdade de ver, ouvir e sentir além dos limites dos nossos sentidos. Eles percebem as coisas ausentes, por toda parte, até a alma onde possa estender a sua ação; vêem, por assim dizer, através da vista ordinária, como por uma espécie de miragem.
No momento em que se produz o fenômeno da dupla vista, o estado físico é sensivelmente modificado: os olhos tem qualquer coisa de vago, olhando sem ver, e toda a fisionomia reflete uma espécie de exaltação. Constata-se que os órgãos da visão são alheios ao fenômeno, ao verificar-se que a visão persiste, mesmo com os olhos fechados.
Esta faculdade se afigura, aos que a possuem, tão natural como a de ver: consideram-na um atributo normal, que não lhes parece constituir exceção. O esquecimento se segue, em geral, a essa lucidez passageira, cuja lembrança se torna cada vez mais vaga, e acaba por desaparecer, como a de um sonho.
O poder da dupla vista varia desde a sensação confusa até a percepção clara e nítida das coisas presentes ou ausentes. No estado rudimentar, ela dá a algumas pessoas o tacto a perspicácia, uma espécie de segurança nos seus atos, a que se pode chamar a justeza do golpe de vista moral. Mais desenvolvida, desperta os pressentimentos, e ainda mais desenvolvida, mostra acontecimentos já realizados ou em vias de realização.
A dupla vista é ainda um resultado da libertação do Espírito, sem que o corpo esteja adormecido. É a vista da alma, e é susceptível de se desenvolver pelo exercício. Há, entretanto, organismos que são refratários a essa faculdade.
B. Godoy Paiva no livro “Síntese de O Livro dos Espíritos"
FENÔMENO
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PODEM SER PRODUZIDOS
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MÉDIUM VIDENTE
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TANTO DE OLHOS FECHADOS COMO DE OLHOS ABERTOS. - É tão natural que ele acredita ver pelos olhos normais.
Obs.: Os cegos também podem ver Espíritos através desta faculdade.
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FENÔMENO
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PODEM SER PRODUZIDOS
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CLARIVIDÊNCIA VIGIL
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EM VIGÍLIA - É a dupla vista restrita
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O sonambulismo natural e artificial, o êxtase e a dupla vista, não são mais do que variedades ou modificações de uma mesma causa. Esses fenômenos, da mesma maneira que os sonhos pertencem uma ordem natural. Eis por que existiram desde todos os tempos: a História nos mostra que eles foram conhecidos, e até mesmo explorados, desde a mais alta Antigüidade, e neles se encontra a explicação de uma infinidade de fatos que os preconceitos fizeram passar como sobrenaturais. (*)
(*) NOTA DE J. HERCULANO PIRES: Todos estes fenômenos estão hoje cientificamente provados pelas pesquisas parapsicológicas, embora certos pesquisadores pretendam fazê-los “acomodar-se ao materialismo”. Veja-se o que diz, a respeito dessa acomodação, a resposta à pergunta 446 deste livro.
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Texto extraído do livro
INSTRUÇÔES PRÁTICAS
SOBRE AS MANIFESTAÇÕES ESPÍRITAS (*)
por Allan Kardec - Tradução de Cairbar Schutel
11ª edição: maio de 1987 - EDICEL
CLARIVIDÊNCIA: propriedade inerente à alma e que dá a certas pessoas a faculdade de ver sem o auxílio dos órgãos da visão (ver Lucidez).
LUCIDEZ, clarividência, faculdade de ver sem o auxílio dos órgãos da visão. É uma faculdade inerente à própria natureza da alma ou do Espírito, e que reside em todo o seu ser; eis porque em todos os casos em que há emancipação da alma, o homem tem percepções independentes dos sentidos. No estado corporal normal, a faculdade de ver é limitada pelos órgãos materiais: desprendida desse obstáculo, ela não é mais circunscrita, estende-se por toda parte onde a alma exerce sua ação: tal é a causa da visão à distância de que gozam certos sonânbulos. Eles se vêem no próprio local que observam e o descrevem, ainda que este se situe a mil léguas de distância, visto que, se o corpo não se acha acolá, a alma, em realidade, ali se encontra. Pode-se, pois, dizer que o sonâmbulo vê pelos olhos da alma.
A palavra clarividência é mais geral; lucidez diz-se mais particularmente da clarividência sonambúlica. Um sonânbulo é mais ou menos lúcido, conforme a emancipação da alma é mais ou menos completa.
SEGUNDA-VISTA: Efeito da emancipação da alma que se manifesta no estado de vigília. Faculdade de ver as coisas ausentes como se estivessem presentes. Aqueles que dela são dotados não vêem pelos olhos, mas pela alma, que percebe a imagem dos objetos por toda parte onde ela se transporta, e como por uma espécie de miragem. Esta faculdade não é permanente. Certas pessoas a possuem sem saber: ela parece-lhes um efeito natural, e produz o que denominamos visões.
VIDENTE: aquele ou aquela que é dotado de segunda-vista. Algumas pessoas designam sob este nome os sonâmbulos magnéticos para melhor caracterizar a lucidez. Esta palavra, nesta última acepção, pouco mais vale do que o adjetivo invisível aplicado aos Espíritos. Tem o inconveniente de não ser especial ao estado sonambúlico. Quando se tem um termo para exprimir uma idéia, é superfluo criar outro. É preciso sobretudo, evitar desviar as palavras de sua acepção consagrada.
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(*) Livro escrito em 1858 e que antecedeu o O Livro dos Médiuns. Em agosto de 1860, referindo-se a estas "Instruções" Kardec fazia seus leitores saberem que: "Esta obra está inteiramente esgotada e não será reimpressa. Substituí-l-a novo trabalho (ainda não tinha título mas referia-se ao O Livro dos Médiuns), ora no prelo, e que será muito mais completo e diversamente planificado. (Nota da A Era do Espírito.)
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OUTRAS FONTES:
Demétrio Pável Bastos no livro “MÉDIUM QUEM É QUEM NÃO É”
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