SORTE
DAS CRIANÇAS APÓS A MORTE
Estudo com base in “O Livro dos Espíritos”, questões
de 197 à 199a.
obra codificada por Allan Kardec
Pesquisa: Elio Mollo
Às vezes, o
Espírito de uma criança morta em tenra idade, é bem mais adiantado do que o de
um adulto, porque pode ter vivido muito mais e possuir maiores experiências,
sobretudo se progrediu.
É bastante
frequente o Espírito de uma criança ser mais adiantado que o do seu pai ou
mãe.
Não é pelo fato
de uma criança ter morrido em tenra idade, e que não teve tempo de fazer nenhum
mal na Terra, que agora pertence ao grau dos Espíritos Superiores, porque se
não fez o mal, também não fez o bem, e Deus não o afasta das provas que
porventura terá que passar. Se é puro, não é pelo fato de ter sido criança, mas
porque já se havia adiantado.
A vida se
interrompe com frequência na infância porque a duração da vida da criança pode
ser, para o seu Espírito, o complemento de uma vida interrompida antes do termo
devido, e sua morte é frequentemente uma prova ou uma expiação para os pais.
O Espírito de
uma criança morta em tenra idade, sucede o recomeço de uma nova
existência.
Se o homem só
tivesse uma existência, e se após essa sua sorte fosse fixada para a
eternidade, qual seria o merecimento da metade da espécie humana, que morre em
tenra idade, para gozar sem esforço da felicidade eterna? E com que direito
seria ela libertada das condições, quase sempre duras impostas à outra metade?
Uma tal ordem de coisas não poderia estar de acordo com a justiça de Deus. Pela
reencarnação faz-se a igualdade para todos: o futuro pertence a todos, sem
exceção e sem favoritismo, e os que chegaram por último só poderão queixar-se
de si mesmos. O homem deve ter o mérito das suas ações, como tem a sua
responsabilidade.
Não é, aliás,
razoável, considerar-se a infância como um estado de inocência. Não se veem
crianças dotadas dos piores instintos, numa idade em que a educação ainda não
pode exercer a sua influência? Não se veem algumas que parecem trazer inatos a
astúcia, a falsidade, a perfídia, o instinto mesmo do roubo e do assassínio, e
isso não obstante os bons exemplos do meio? A lei civil absolve os seus erros,
por considerar que elas agem mais instintivamente do que por deliberado
propósito. Mas de onde podem provir esses instintos, tão diferentes entre as
crianças da mesma idade, educadas nas mesmas condições e submetidas às mesmas
influências? De onde vem essa perversidade precoce, a não ser da inferioridade
do Espírito, pois que a educação nada tem com ela?
Aqueles que são
viciosos, e que progrediram menos e tem então de sofrer as consequências, não
dos seus atos da infância, mas das suas existências anteriores. É assim que a
lei se mostra a mesma para todos e a justiça de Deus a todos abrange.
Se a existência
atual fosse a única e só ela decidisse o futuro da alma na eternidade, qual
seria a sorte das crianças que morrem em tenra idade? Não havendo praticado nem
o bem nem o mal, não merecem nem recompensas nem punições. Segundo as palavras
do Cristo, sendo cada um recompensado conforme suas obras, não tem direito à
felicidade perfeita dos anjos nem merecem ser afastadas dela. Basta dizer que
poderão, em uma outra encarnação, realizar o que não puderam fazer na que foi
abreviada, e já não haverá mais exceções.
Pelo mesmo
motivo, qual seria a sorte dos cretinos e idiotas? Não tendo consciência do bem
nem do mal, eles não tem nenhuma responsabilidade pelos seus atos. Seria Deus
justo e bom criando almas estúpidas para votá-las a uma existência miserável e
sem compensação? Admitindo-se, porém, que a alma do cretino e do idiota é um
Espírito em punição num corpo sem capacidade para transmitir-lhe o pensamento,
no qual se encontra como um homem forte amarrado, não haverá mais nada que não
esteja conforme a Justiça de Deus.
O Espírito, em
suas encarnações sucessivas, tendo-se despojado pouco a pouco de suas
imperfeições e tendo-se aperfeiçoado através do trabalho, chega ao termo de
suas existências corpóreas. Pertence então à ordem dos Espíritos puros ou
anjos, é goza ao mesmo tempo da vida puramente espiritual e de uma felicidade
sem mácula, por toda a eternidade. (1)
(1) Ver Allan
Kardec, O Espiritismo em sua mais Simples Expressão.
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