domingo, 17 de março de 2013

PROGRESSÃO DOS ESPÍRITOS


PROGRESSÃO DOS ESPÍRITOS
Estudo com base in O Livro dos Espíritos - Livro segundo, Dos Espíritos,
capítulo I, itens de 100 à 127.
Obra codificada por Allan Kardec.
(outras obras citadas no texto)
Criado em 01/06/2009
Atualizado em 23/06/2013
Pesquisa: Elio Mollo


Há uma lei geral que rege os seres da criação, animados e inanimados.
É a lei do progresso.
(Allan Kardec in Revista Espírita de março 1864, Da Perfeição dos Seres Criados.)

Todos os Espíritos são criados simples e ignorantes e se instruem através das lutas e tribulações da vida corporal. Deus, que é justo, não podia fazer felizes a alguns, sem penas e sem trabalhos, e por conseguinte sem mérito.
(Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, item 133.)

Deus criou os seres simples e ignorantes, e todos devem progredir num tempo mais ou menos longo, de acordo com a própria vontade.
(Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, item 1.006.)

As almas são criadas simples e ignorantes, quer dizer, sem ciência e sem conhecimento do bem e do mal, mas com uma igual aptidão para tudo. No princípio, elas estão em uma espécie de infância, sem vontade própria, e sem consciência perfeita da sua existência. Pouco a pouco, o livre arbítrio se desenvolve ao mesmo tempo que as ideias.
(Allan Kardec, O Que é o Espiritismo, Cap. III, Solução de alguns problemas pela Doutrina Espírita, Da alma, item 114.)

Ignoramos absolutamente em quais condições são as primeiras encarnações da alma. Sabemos somente que elas são criadas simples e ignorantes, tendo todas assim um mesmo ponto de partida. Nelas o livre arbítrio se desenvolve pouco a pouco e depois de numerosas evoluções na vida corpórea. A responsabilidade cresce em razão do desenvolvimento de sua inteligência.
(Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos publicada sob a direção de Allan Kardec, janeiro 1864, Progresso nas Primeiras Encarnações.)

Criados simples e ignorantes, por isso imperfeitos, ou melhor, incompletos, (os espíritos) devem adquirir por si mesmos e por sua própria atividade, a ciência e a experiência que de inicio não podem ter.
(Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos publicada sob a direção de Allan Kardec, março 1864, Da Perfeição dos Seres Criados.)

* * *

Os Espíritos por si mesmos se melhoram; melhorando-se, passam de uma ordem inferior para uma superior.

Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, ou seja, sem conhecimento (1). Deu a cada um deles uma missão, com o fim de os esclarecer e progressivamente conduzir a perfeição, pelo conhecimento da verdade e para os aproximar Dele. A felicidade eterna e sem perturbações, eles a encontrarão nessa perfeição. Os Espíritos adquirem o conhecimento passando pelas provas que Deus lhes impõe (2). Uns aceitam essas provas com submissão e chegam mais prontamente ao seu destino; outros não conseguem sofrê-las sem lamentação, e assim permanecem, por sua culpa (3), distanciados da perfeição e da felicidade prometida.

Os Espíritos, na sua origem, se assemelhariam a crianças, ignorantes e sem experiência, mas adquirindo pouco a pouco os conhecimentos que lhes faltam, ao percorrer as diferentes fases da vida (4). A criança rebelde permanece ignorante e imperfeita; seu menor ou maior aproveitamento depende da sua docilidade. Mas a vida do homem tem fim, enquanto a dos Espíritos se estende ao infinito.

Os Espíritos não ficarão perpetuamente nas classes inferiores. Todos se tornarão perfeitos. Eles mudam, embora devagar, porque um pai justo e misericordioso não pode banir eternamente os seus filhos. Não podemos imaginar que Deus, tão grande, tão justo e tão bom, fosse pior que nós!

Depende dos Espíritos apressar o seu avanço para a perfeição. Chegarão mais ou menos rapidamente, segundo o seu desejo e a sua submissão à vontade de Deus. Uma criança dócil se instrui mais depressa que uma rebelde.

Os Espíritos não podem degenerar. A medida que avançam, compreendem o que os afasta da perfeição. Quando o Espírito conclui uma prova, adquiriu conhecimento e não mais o perde. Pode permanecer estacionado, mas não retrogradar (5).

Os Espíritos necessitam das provas (6) que devem sofrer até chegar a primeira ordem, pois se eles tivessem sido criados perfeitos, não teriam merecimento para gozar dos benefícios dessa perfeição. Onde estaria o mérito, sem a luta? De outro lado, a desigualdade existente entre eles é necessária a sua personalidade, e a missão que lhes cabe, nos diferentes graus, está nos desígnios da Providência, com vistas a harmonia do Universo.

Como, na vida social, todos os homens podem chegar aos primeiros postos, também poderíamos perguntar por que motivo o soberano de um país não faz, de cada um dos seus soldados um general; por que todos os empregados subalternos não são superiores; por que todos os alunos não são professores. Ora, entre a vida social e a espiritual existe ainda a diferença de que a primeira é limitada e nem sempre permite a escalada de todos os seus degraus, enquanto a segunda é indefinida e deixa a cada um a possibilidade de se elevar ao posto supremo.

Os Espíritos não passam pela fieira do mal, para chegar ao bem, mas sim pela da ignorância. Durante longos períodos, a alma encarnada está submetida à influência exclusiva dos instintos de conservação; pouco a pouco esses instintos se transformam em instintos inteligentes, ou, para melhor dizer, se equilibram com a inteligência; mais tarde, e sempre gradualmente, a inteligência domina os instintos; é então somente que começa a responsabilidade séria (7), assim, se alguns Espíritos seguem o caminho do bem, e outros o do mal é porque eles tem o livre-arbítrio. Deus não criou Espíritos maus; criou-os simples e ignorantes, ou seja, tão aptos para o bem quanto para o mal; os que são maus, assim se tornaram por sua vontade.

Não haveria liberdade, se a escolha fosse provocada por uma causa estranha a vontade do Espírito. A causa não está nele, mas no exterior, nas influências a que ele cede em virtude de sua espontânea vontade. Esta é a grande figura da queda do homem e do pecado original: uns cederam à tentação e outros a resistiram.

As influências que se exercem sobre o Espírito vem, tanto dos Espíritos bons quanto dos imperfeitos: dos bons para ele escolher em fazer o bem, objetivando a felicidade, tanto para si como para os seus semelhante e dos Espíritos imperfeitos que procurarão envolvê-lo e dominá-lo, e ficam felizes quando o fazem sucumbir. Foi o que se quis representar na figura de Satanás. Essa influência segue o Espírito em sua vida, até que ele tenha de tal maneira adquirido o domínio de si mesmo, que os maus desistam de obsidiá-lo, ou seja, se sai vencedor dessa luta, ele se eleva; se fracassar, permanecerá no que era - nem melhor, nem pior; é uma prova para recomeçar, e isso pode, assim, durar muito tempo. Quanto mais se depura, mais seus lados fracos diminuem, e menos se entrega àqueles que o solicitam ao mal; sua força moral cresce em razão de sua elevação, e os maus Espíritos dele se afastam (8). Podemos dizer que a sabedoria de Deus se encontra na liberdade de escolha que concede a cada um, porque assim cada um tem o mérito de suas obras.

Havendo Espíritos que desde o princípio seguem o caminho do bem absoluto, e outros o do mal absoluto, por certo, haverá gradações entre esses dois extremos, e constituem a grande maioria.

Os Espíritos que seguiram o caminho do mal poderão chegar ao mesmo grau de superioridade que os outros, mas as eternidades serão mais longas para eles.

Por essa expressão, as eternidades, devemos entender a ideia que os Espíritos inferiores fazem da perpetuidade dos seus sofrimentos, cujo termo não lhes é dado ver. Essa ideia se renova em todas as provas nas quais sucumbem.

Os Espíritos que chegam ao supremo grau, depois de passarem pelo mal, têm o mesmo mérito que os outros, aos olhos de Deus, pois Ele contempla os extraviados com o mesmo olhar, e os ama a todos do mesmo modo. Eles são chamados maus porque sucumbiram, porém, antes, não eram mais que simples Espíritos.

Os Espíritos são criados iguais quanto as faculdades intelectuais, mas não sabendo de onde vêm, é necessário que o livre-arbítrio se desenvolva. Progridem mais ou menos rapidamente, tanto em inteligência como em moralidade.

Os Espíritos que seguem desde o princípio o caminho do bem, nem por isso são Espíritos perfeitos; se não têm mais tendências, não estão menos obrigados a adquirir a experiência e os conhecimentos necessários à perfeição. Podemos compará-los a crianças que, qualquer que seja a bondade dos seus instintos naturais, têm necessidade de desenvolver-se, de esclarecer-se, e não chegam sem transição da infância à maturidade. Assim como temos homens que são bons e outros que são maus, desde a infância, há Espíritos que são bons ou maus, desde o princípio, com a diferença capital de que a criança traz os seus instintos formados, enquanto o Espírito, na sua formação, não possui mais maldade que bondade. Ele tem todas as tendências, e toma uma direção ou outra em virtude do seu livre-arbítrio.

NOTAS:
 
(1) Ignoramos absolutamente em quais condições são as primeiras encarnações da alma; é um desses princípios das coisas que estão nos segredos de Deus. Sabemos somente que elas são criadas simples e ignorantes, tendo todas assim um mesmo ponto de partida, o que está conforme à justiça; o que sabemos ainda, é que o livre arbítrio não se desenvolve senão pouco a pouco e depois de numerosas evoluções na vida corpórea. Não é, pois, nem depois da primeira, nem depois da segunda encarnação que a alma tem uma consciência bastante limpa de si mesma, para ser responsável por seus atos; não é talvez senão depois da centésima, talvez da milésima; ocorre o mesmo com a criança que não goza da plenitude das suas faculdades nem um, nem dois dias depois de seu nasci- mento, mas depois dos anos. E ainda, então que a alma goza de seu livre arbítrio, a responsabilidade cresce em razão do desenvolvimento de sua inteligência; assim é, por exemplo, que um selvagem que come seus semelhantes é menos punido do que o homem civilizado, que comete uma simples injustiça. Nossos selvagens, sem dúvida, estão muito atrasados com relação a nós, e, no entanto, estão muito longe de seu ponto de partida. Durante longos períodos, a alma encarnada está submetida à influência exclusiva dos instintos de conservação; pouco a pouco esses instintos se transformam em instintos inteligentes, ou, para melhor dizer, se equilibram com a inteligência; mais tarde, e sempre gradualmente, a inteligência domina os instintos; é então somente que começa a responsabilidade séria. (Ver Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos publicada sob a direção de Allan Kardec, janeiro 1864, Progresso nas Primeiras Encarnações.)
 
(2) Submetendo-os a lei do progresso facultativo, quis Deus que tivessem o mérito de suas obras, para ter direito a recompensa e a desfrutar a satisfação de haverem conquistado suas próprias posições. (Ver Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos publicada sob a direção de Allan Kardec, março 1864, Da Perfeição dos Seres Criados.)
 
(3) A alma goza de seu livre arbítrio, a responsabilidade cresce em razão do desenvolvimento de sua inteligência. (Ver Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos publicada sob a direção de Allan Kardec, janeiro 1864, Progresso nas Primeiras Encarnações.)
 
(4) O Espírito está, durante numerosas encarnações, num estado inconsciente; a luz da inteligência não se faz senão pouco a pouco, e a responsabilidade real não começa senão quando o Espírito age livremente e com conhecimento de causa.  (Ver Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos publicada sob a direção de Allan Kardec, janeiro 1864, Progresso nas Primeiras Encarnações.)
 
(5) No momento em que o Espírito sobe um degrau da escala espírita, não tem mais relação com o seu estado primitivo e não é mais o mesmo de antes, e sim um ser mais aperfeiçoado através do seu esforço empregado em se melhorar. Afinal, o Espírito não retrograda, assim, como um rio não remonta a nascente. (Nota do Portal A Era do Espírito).
 
(6) Provas – vicissitudes da vida corporal pelas quais os Espíritos se purificam segundo a maneira pela qual as suportam. Segundo a doutrina espírita, o Espírito desprendido do corpo, reconhecendo sua imperfeição, escolhe ele próprio, por ato de seu livre arbítrio, o gênero de provas que julga mais próprio ao seu adiantamento e que sofrerá em sua nova existência. Se ele escolhe uma prova acima de suas forças, sucumbe, e seu adiantamento retarda. (Ver Allan Kardec, Instruções práticas sobre as Manifestações Espíritas, Vocabulário espírita.)

O homem, submetido na Terra à influência das ideias carnais, só vê nas suas provas o lado penoso. E por isso que lhe parece natural escolher as que, do seu ponto de vista, podem subsistir com os prazeres materiais. Mas na vida espiritual ele compara os prazeres fugitivos e grosseiros com a felicidade inalterável que entrevê, e então que lhe importam alguns sofrimentos passageiros. O Espírito pode escolher a prova mais rude e em consequência a existência mais penosa, com a esperança de chegar mais depressa a um estado melhor, como o doente escolhe muitas vezes o remédio mais desagradável para se curar mais rapidamente. Aquele que deseja ligar o seu nome à descoberta de um país desconhecido não escolhe um caminho coberto de flores, pois sabe os perigos que corre, mas sabe também a glória que o espera, se for feliz.

A doutrina da liberdade de escolha das nossas existências, e das provas que devemos sofrer, deixa de parecer estranha. Quando consideramos que os Espíritos, libertos da matéria, apreciam as coisas de maneira diferente da nossa. Eles anteveem o fim, e esse fim lhes parece muito mais importante que os prazeres fugitivos do mundo. Depois de cada existência, veem o progresso que fizeram e compreendem quanto ainda lhes falta em pureza para o atingirem. Eis porque se submetem voluntariamente a todas as vicissitudes da vida corpórea, pedindo eles mesmos aquelas que podem fazê-los chegar mais depressa. Não há pois, motivo para nos admirarmos de ver o Espírito não dar preferência à existência mais suave. No seu estado de imperfeição, ele não pode desfrutar a vida sem amarguras, que apenas entrevê; e é para atingi-la que procura melhorar-se. (Ver Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, em nota a questão 266.)
 
(7) Ver Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos publicada sob a direção de Allan Kardec, janeiro 1864, Progresso nas Primeiras Encarnações.
 
(8) Ver Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos publicada sob a direção de Allan Kardec, outubro 1858, Teoria do Móvel de nossas Ações.
 
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