quinta-feira, 21 de março de 2013

POSSESSOS


POSSESSOS
Estudo com base in O Livro dos Espíritos, Cap. IX, Intervenção dos Espíritos no Mundo Corpóreo, questões 473 e 474, obra codificada por Allan Kardec.
Pesquisa: Elio Mollo


Sobre a possessão respondem os Espíritos à Allan Kardec (1) que “O Espírito não entra num corpo como entras numa casa; ele se assimila a um Espírito encarnado que tem os seus mesmos defeitos e as suas mesmas qualidades, para agir conjuntamente; mas é sempre o Espírito encarnado que age como quer sobre a matéria de que está revestido. Um Espírito não pode substituir-se ao que se acha encarnado, porque o Espírito e o corpo estão ligados até o tempo marcado para o termo da existência material.” 

No caso de haver uma coabitação de dois Espíritos no mesmo corpo, a alma pode encontrar-se na dependência de um outro Espírito, de maneira a se ver por ele subjugada ou obsedada, ao ponto de ter a sua vontade, de alguma forma, paralisada, e são esses os verdadeiros possessos, mas essa dominação não se efetua jamais sem a participação daquele que sofre, seja por fraqueza, seja pelo seu desejo. Frequentemente se têm tomado por possessos criaturas epilépticas ou loucas, que mais necessitavam de médico do que de exorcismo. (2)

Em O Livro dos Médiuns, segunda parte, cap. XXIII, Kardec assim se expressou em relação a possessão: “não existem possessos, no sentido vulgar do termo, mas apenas obsedados, subjugados e fascinados”.

Na Revista Espirita de outubro de 1858 (3) Allan Kardec escreveu sobre a possessão: “Para nós, a possessão seria um sinônimo de subjugação. Se não adotamos esse termo, foi por dois motivos: primeiro, porque implica a crença em seres criados e votados perpetuamente ao mal, enquanto apenas existem seres mais ou menos imperfeitos e todos podem melhorar; segundo, porque pressupõe igualmente a ideia de tomada de posse do corpo por um Espírito estranho, uma espécie de coabitação, quando só há constrangimento.”

Mas não demoraria muito tempo, foi, também, na Revista Espirita de dezembro de 1863, Um Caso de possessão (Senhorita Julia) (4), quando narrou o caso da sonâmbula Sra. A, que de repente mudou de voz tomando atitudes absolutamente masculinas,  isso fez com que Kardec muda-se de opinião em relação a possessão, levando-o, logo no primeiro parágrafo desse artigo a escrever de maneira contundente o seguinte:

“Temos dito que não havia possessos, no sentido vulgar do vocábulo, mas subjugados. Voltamos a esta asserção absoluta, porque agora nos é demonstrado que pode haver verdadeira possessão, isto é, substituição, posto que parcial, de um Espírito errante a um encarnado.”

Vale lembrar o que diz o codificador da Doutrina Espírita no livro A Gênese conforme o Espiritismo, cap. I. item 14: “...o Espiritismo é uma Ciência de observação e não o produto da imaginação.” E ainda nesse mesmo capítulo no item 55: “O Espiritismo, marchando com o progresso, não será nunca extravasado, porque, se novas descobertas lhe demonstrarem que está em erro sobre um ponto ele se reformulará sobre este ponto; se uma nova verdade se revela, ela a aceita.” (4)

Sendo assim, agora podemos continuar observando a descrição que faz sobre o caso da Revista Espírita tratado acima: Apoderando-se do corpo da sra. A..., não tinha qualquer intenção má; assim aquela senhora nada sofria com a situação, a que se prestava de boa vontade. É bom dizer que ela não o havia conhecido e não podia saber de suas maneiras. É ainda de notar que os assistentes nele não pensavam, a cena não foi provocada e ele veio espontaneamente.

Aqui a possessão é evidente e ressalta ainda melhor dos detalhes, que seria longo enumerar. Mas é uma possessão inocente e sem inconvenientes.” (O grifo é nosso.)

A partir daí, o codificador, passa a incluir a possessão nos processos mediúnicos (no caso dos bons Espíritos) e de curas (no caso dos Espíritos inferiores ainda voltados ao mal): “Não vendo senão o efeito, e não remontando à causa, eis por que todos os obsedados, subjugados e possessos passam por loucos desta natureza e que seriam facilmente curados se não obstinassem a neles ver apenas uma doença orgânica.” (O grifo é nosso.)

Nesse mesmo artigo Kardec relata um outro exemplo observado pessoalmente por ele e que foi objeto de um estudo sério na Sociedade Espírita de Paris. Foi o caso da senhorita Julia, uma doméstica nascida na Savole, com vinte e três anos de idade, que a seis meses vinha tendo crises de um caráter estranho e que ocorriam sempre no estado sonambúlico. Lutava com um espírito que acaba sempre vencendo e que o denominava de Fredegunda: “Toma! toma! é bastante, infame Fredegunda? Queres me sufocar, mas não o conseguirás; queres meter-te em minha caixa, mas eu te expulsarei.”

Neste caso de possessão, porque se percebeu ter chegado o momento necessário de lidar com o Espírito possessor, Fredegunda, através da evocação. Evocada, em princípio, com ideia fixa de reencarnar-se, repeliu a solidariedade que lhe foi oferecida, recuou ante o nome de Deus, por isso, teve dificuldade de elevar o pensamento e orar, mas no intervalo das evocações em que foi chamada por vários dias pelos que estavam encarregados de a instruir, houve um fato positivo, é que conforme o Espírito Fredegunda foi sendo orientado, a Senhorita Julia, consequentemente, foi deixando de ser molestada até que a possessão cessou por completo. (6)

Em se tratando da possessão escreve Kardec no livro A Gênese (7): “Na possessão, em lugar de agir exteriormente, o Espírito livre se substitui, por assim dizer, ao Espírito encarnado; faz eleição de domicílio em seu corpo sem que, contudo este o deixe definitivamente, o que não pode ter lugar senão com a morte. A possessão é, pois, sempre temporária e intermitente porque um Espírito desencarnado não pode tomar definitivamente o lugar e dignidade de um Espírito encarnado, ...”.

Mostrando a diferença entre obsessão e possessão ele escreve in A Gênese (8): “A obsessão é sempre uma ocorrência de um Espírito malfeitor. A possessão pode ser a atuação de um bom Espírito que quer falar e, para causar maior impressão em seu ouvinte, toma emprestado o corpo de um encarnado que este lhe empresta voluntariamente como se emprestasse sua veste. Isso se faz sem nenhuma perturbação nem mal estar, e durante este tempo o Espírito se encontra em liberdade como no estado de emancipação, e, mais frequentemente ele se coloca ao lado de seu reintegrante para escutá-lo.” Em continuação diz ele: Quando o Espírito possessor é mau, as coisas se passam diferentemente; ele não toma emprestado o corpo; ele se apodera, se o titular não possuir uma força moral para lhe resistir.”

Concluindo este estudo deixamos aqui estas palavras de Kardec (9): “O Espiritismo, fazendo conhecer esta fonte de uma parte das misérias humanas, indica o meio de remediá-las; este meio é o de atuar sobre o autor do mal que, sendo um ser inteligente, deve ser tratado com inteligência.”

NOTAS:

(1) Resposta à pergunta 473 de O Livro dos Espíritos (Allan Kardec).

(2) Resposta à pergunta 474 de O Livro dos Espíritos (Allan Kardec).

(3) Ver Allan Kardec, Revista Espírita, outubro de 1858, Obsedados e Subjugados.

(4) Ver Allan Kardec, Revista Espírita, dezembro de 1863 e janeiro de 1864, Um Caso de possessão (Senhorita Julia)

(5) Ver Allan Kardec, A Gênese, cap. I, Caracteres da Revelação Espírita.

(6) Ver Allan Kardec, Revista Espírita, janeiro de 1864, Palestras de Além-Túmulo - Fredegunda http://www.aeradoespirito.net/RevistaEspHTML/UM_CASO_POSSESSAO.html

(7) Ver Allan Kardec, A Gênese, cap. XIV, Os Fluidos, Explicação de alguns fatos reputados como sobrenaturais, item 47.

(8) Ver Allan Kardec, A Gênese, cap. XIV, Os Fluidos, Explicação de alguns fatos reputados como sobrenaturais, item 48.

(9) Ver Allan Kardec, A Gênese, cap. XIV, Os Fluidos, Explicação de alguns fatos reputados como sobrenaturais, item 48.

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domingo, 17 de março de 2013

PROGRESSÃO DOS ESPÍRITOS


PROGRESSÃO DOS ESPÍRITOS
Estudo com base in O Livro dos Espíritos - Livro segundo, Dos Espíritos,
capítulo I, itens de 100 à 127.
Obra codificada por Allan Kardec.
(outras obras citadas no texto)
Criado em 01/06/2009
Atualizado em 23/06/2013
Pesquisa: Elio Mollo


Há uma lei geral que rege os seres da criação, animados e inanimados.
É a lei do progresso.
(Allan Kardec in Revista Espírita de março 1864, Da Perfeição dos Seres Criados.)

Todos os Espíritos são criados simples e ignorantes e se instruem através das lutas e tribulações da vida corporal. Deus, que é justo, não podia fazer felizes a alguns, sem penas e sem trabalhos, e por conseguinte sem mérito.
(Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, item 133.)

Deus criou os seres simples e ignorantes, e todos devem progredir num tempo mais ou menos longo, de acordo com a própria vontade.
(Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, item 1.006.)

As almas são criadas simples e ignorantes, quer dizer, sem ciência e sem conhecimento do bem e do mal, mas com uma igual aptidão para tudo. No princípio, elas estão em uma espécie de infância, sem vontade própria, e sem consciência perfeita da sua existência. Pouco a pouco, o livre arbítrio se desenvolve ao mesmo tempo que as ideias.
(Allan Kardec, O Que é o Espiritismo, Cap. III, Solução de alguns problemas pela Doutrina Espírita, Da alma, item 114.)

Ignoramos absolutamente em quais condições são as primeiras encarnações da alma. Sabemos somente que elas são criadas simples e ignorantes, tendo todas assim um mesmo ponto de partida. Nelas o livre arbítrio se desenvolve pouco a pouco e depois de numerosas evoluções na vida corpórea. A responsabilidade cresce em razão do desenvolvimento de sua inteligência.
(Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos publicada sob a direção de Allan Kardec, janeiro 1864, Progresso nas Primeiras Encarnações.)

Criados simples e ignorantes, por isso imperfeitos, ou melhor, incompletos, (os espíritos) devem adquirir por si mesmos e por sua própria atividade, a ciência e a experiência que de inicio não podem ter.
(Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos publicada sob a direção de Allan Kardec, março 1864, Da Perfeição dos Seres Criados.)

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Os Espíritos por si mesmos se melhoram; melhorando-se, passam de uma ordem inferior para uma superior.

Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, ou seja, sem conhecimento (1). Deu a cada um deles uma missão, com o fim de os esclarecer e progressivamente conduzir a perfeição, pelo conhecimento da verdade e para os aproximar Dele. A felicidade eterna e sem perturbações, eles a encontrarão nessa perfeição. Os Espíritos adquirem o conhecimento passando pelas provas que Deus lhes impõe (2). Uns aceitam essas provas com submissão e chegam mais prontamente ao seu destino; outros não conseguem sofrê-las sem lamentação, e assim permanecem, por sua culpa (3), distanciados da perfeição e da felicidade prometida.

Os Espíritos, na sua origem, se assemelhariam a crianças, ignorantes e sem experiência, mas adquirindo pouco a pouco os conhecimentos que lhes faltam, ao percorrer as diferentes fases da vida (4). A criança rebelde permanece ignorante e imperfeita; seu menor ou maior aproveitamento depende da sua docilidade. Mas a vida do homem tem fim, enquanto a dos Espíritos se estende ao infinito.

Os Espíritos não ficarão perpetuamente nas classes inferiores. Todos se tornarão perfeitos. Eles mudam, embora devagar, porque um pai justo e misericordioso não pode banir eternamente os seus filhos. Não podemos imaginar que Deus, tão grande, tão justo e tão bom, fosse pior que nós!

Depende dos Espíritos apressar o seu avanço para a perfeição. Chegarão mais ou menos rapidamente, segundo o seu desejo e a sua submissão à vontade de Deus. Uma criança dócil se instrui mais depressa que uma rebelde.

Os Espíritos não podem degenerar. A medida que avançam, compreendem o que os afasta da perfeição. Quando o Espírito conclui uma prova, adquiriu conhecimento e não mais o perde. Pode permanecer estacionado, mas não retrogradar (5).

Os Espíritos necessitam das provas (6) que devem sofrer até chegar a primeira ordem, pois se eles tivessem sido criados perfeitos, não teriam merecimento para gozar dos benefícios dessa perfeição. Onde estaria o mérito, sem a luta? De outro lado, a desigualdade existente entre eles é necessária a sua personalidade, e a missão que lhes cabe, nos diferentes graus, está nos desígnios da Providência, com vistas a harmonia do Universo.

Como, na vida social, todos os homens podem chegar aos primeiros postos, também poderíamos perguntar por que motivo o soberano de um país não faz, de cada um dos seus soldados um general; por que todos os empregados subalternos não são superiores; por que todos os alunos não são professores. Ora, entre a vida social e a espiritual existe ainda a diferença de que a primeira é limitada e nem sempre permite a escalada de todos os seus degraus, enquanto a segunda é indefinida e deixa a cada um a possibilidade de se elevar ao posto supremo.

Os Espíritos não passam pela fieira do mal, para chegar ao bem, mas sim pela da ignorância. Durante longos períodos, a alma encarnada está submetida à influência exclusiva dos instintos de conservação; pouco a pouco esses instintos se transformam em instintos inteligentes, ou, para melhor dizer, se equilibram com a inteligência; mais tarde, e sempre gradualmente, a inteligência domina os instintos; é então somente que começa a responsabilidade séria (7), assim, se alguns Espíritos seguem o caminho do bem, e outros o do mal é porque eles tem o livre-arbítrio. Deus não criou Espíritos maus; criou-os simples e ignorantes, ou seja, tão aptos para o bem quanto para o mal; os que são maus, assim se tornaram por sua vontade.

Não haveria liberdade, se a escolha fosse provocada por uma causa estranha a vontade do Espírito. A causa não está nele, mas no exterior, nas influências a que ele cede em virtude de sua espontânea vontade. Esta é a grande figura da queda do homem e do pecado original: uns cederam à tentação e outros a resistiram.

As influências que se exercem sobre o Espírito vem, tanto dos Espíritos bons quanto dos imperfeitos: dos bons para ele escolher em fazer o bem, objetivando a felicidade, tanto para si como para os seus semelhante e dos Espíritos imperfeitos que procurarão envolvê-lo e dominá-lo, e ficam felizes quando o fazem sucumbir. Foi o que se quis representar na figura de Satanás. Essa influência segue o Espírito em sua vida, até que ele tenha de tal maneira adquirido o domínio de si mesmo, que os maus desistam de obsidiá-lo, ou seja, se sai vencedor dessa luta, ele se eleva; se fracassar, permanecerá no que era - nem melhor, nem pior; é uma prova para recomeçar, e isso pode, assim, durar muito tempo. Quanto mais se depura, mais seus lados fracos diminuem, e menos se entrega àqueles que o solicitam ao mal; sua força moral cresce em razão de sua elevação, e os maus Espíritos dele se afastam (8). Podemos dizer que a sabedoria de Deus se encontra na liberdade de escolha que concede a cada um, porque assim cada um tem o mérito de suas obras.

Havendo Espíritos que desde o princípio seguem o caminho do bem absoluto, e outros o do mal absoluto, por certo, haverá gradações entre esses dois extremos, e constituem a grande maioria.

Os Espíritos que seguiram o caminho do mal poderão chegar ao mesmo grau de superioridade que os outros, mas as eternidades serão mais longas para eles.

Por essa expressão, as eternidades, devemos entender a ideia que os Espíritos inferiores fazem da perpetuidade dos seus sofrimentos, cujo termo não lhes é dado ver. Essa ideia se renova em todas as provas nas quais sucumbem.

Os Espíritos que chegam ao supremo grau, depois de passarem pelo mal, têm o mesmo mérito que os outros, aos olhos de Deus, pois Ele contempla os extraviados com o mesmo olhar, e os ama a todos do mesmo modo. Eles são chamados maus porque sucumbiram, porém, antes, não eram mais que simples Espíritos.

Os Espíritos são criados iguais quanto as faculdades intelectuais, mas não sabendo de onde vêm, é necessário que o livre-arbítrio se desenvolva. Progridem mais ou menos rapidamente, tanto em inteligência como em moralidade.

Os Espíritos que seguem desde o princípio o caminho do bem, nem por isso são Espíritos perfeitos; se não têm mais tendências, não estão menos obrigados a adquirir a experiência e os conhecimentos necessários à perfeição. Podemos compará-los a crianças que, qualquer que seja a bondade dos seus instintos naturais, têm necessidade de desenvolver-se, de esclarecer-se, e não chegam sem transição da infância à maturidade. Assim como temos homens que são bons e outros que são maus, desde a infância, há Espíritos que são bons ou maus, desde o princípio, com a diferença capital de que a criança traz os seus instintos formados, enquanto o Espírito, na sua formação, não possui mais maldade que bondade. Ele tem todas as tendências, e toma uma direção ou outra em virtude do seu livre-arbítrio.

NOTAS:
 
(1) Ignoramos absolutamente em quais condições são as primeiras encarnações da alma; é um desses princípios das coisas que estão nos segredos de Deus. Sabemos somente que elas são criadas simples e ignorantes, tendo todas assim um mesmo ponto de partida, o que está conforme à justiça; o que sabemos ainda, é que o livre arbítrio não se desenvolve senão pouco a pouco e depois de numerosas evoluções na vida corpórea. Não é, pois, nem depois da primeira, nem depois da segunda encarnação que a alma tem uma consciência bastante limpa de si mesma, para ser responsável por seus atos; não é talvez senão depois da centésima, talvez da milésima; ocorre o mesmo com a criança que não goza da plenitude das suas faculdades nem um, nem dois dias depois de seu nasci- mento, mas depois dos anos. E ainda, então que a alma goza de seu livre arbítrio, a responsabilidade cresce em razão do desenvolvimento de sua inteligência; assim é, por exemplo, que um selvagem que come seus semelhantes é menos punido do que o homem civilizado, que comete uma simples injustiça. Nossos selvagens, sem dúvida, estão muito atrasados com relação a nós, e, no entanto, estão muito longe de seu ponto de partida. Durante longos períodos, a alma encarnada está submetida à influência exclusiva dos instintos de conservação; pouco a pouco esses instintos se transformam em instintos inteligentes, ou, para melhor dizer, se equilibram com a inteligência; mais tarde, e sempre gradualmente, a inteligência domina os instintos; é então somente que começa a responsabilidade séria. (Ver Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos publicada sob a direção de Allan Kardec, janeiro 1864, Progresso nas Primeiras Encarnações.)
 
(2) Submetendo-os a lei do progresso facultativo, quis Deus que tivessem o mérito de suas obras, para ter direito a recompensa e a desfrutar a satisfação de haverem conquistado suas próprias posições. (Ver Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos publicada sob a direção de Allan Kardec, março 1864, Da Perfeição dos Seres Criados.)
 
(3) A alma goza de seu livre arbítrio, a responsabilidade cresce em razão do desenvolvimento de sua inteligência. (Ver Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos publicada sob a direção de Allan Kardec, janeiro 1864, Progresso nas Primeiras Encarnações.)
 
(4) O Espírito está, durante numerosas encarnações, num estado inconsciente; a luz da inteligência não se faz senão pouco a pouco, e a responsabilidade real não começa senão quando o Espírito age livremente e com conhecimento de causa.  (Ver Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos publicada sob a direção de Allan Kardec, janeiro 1864, Progresso nas Primeiras Encarnações.)
 
(5) No momento em que o Espírito sobe um degrau da escala espírita, não tem mais relação com o seu estado primitivo e não é mais o mesmo de antes, e sim um ser mais aperfeiçoado através do seu esforço empregado em se melhorar. Afinal, o Espírito não retrograda, assim, como um rio não remonta a nascente. (Nota do Portal A Era do Espírito).
 
(6) Provas – vicissitudes da vida corporal pelas quais os Espíritos se purificam segundo a maneira pela qual as suportam. Segundo a doutrina espírita, o Espírito desprendido do corpo, reconhecendo sua imperfeição, escolhe ele próprio, por ato de seu livre arbítrio, o gênero de provas que julga mais próprio ao seu adiantamento e que sofrerá em sua nova existência. Se ele escolhe uma prova acima de suas forças, sucumbe, e seu adiantamento retarda. (Ver Allan Kardec, Instruções práticas sobre as Manifestações Espíritas, Vocabulário espírita.)

O homem, submetido na Terra à influência das ideias carnais, só vê nas suas provas o lado penoso. E por isso que lhe parece natural escolher as que, do seu ponto de vista, podem subsistir com os prazeres materiais. Mas na vida espiritual ele compara os prazeres fugitivos e grosseiros com a felicidade inalterável que entrevê, e então que lhe importam alguns sofrimentos passageiros. O Espírito pode escolher a prova mais rude e em consequência a existência mais penosa, com a esperança de chegar mais depressa a um estado melhor, como o doente escolhe muitas vezes o remédio mais desagradável para se curar mais rapidamente. Aquele que deseja ligar o seu nome à descoberta de um país desconhecido não escolhe um caminho coberto de flores, pois sabe os perigos que corre, mas sabe também a glória que o espera, se for feliz.

A doutrina da liberdade de escolha das nossas existências, e das provas que devemos sofrer, deixa de parecer estranha. Quando consideramos que os Espíritos, libertos da matéria, apreciam as coisas de maneira diferente da nossa. Eles anteveem o fim, e esse fim lhes parece muito mais importante que os prazeres fugitivos do mundo. Depois de cada existência, veem o progresso que fizeram e compreendem quanto ainda lhes falta em pureza para o atingirem. Eis porque se submetem voluntariamente a todas as vicissitudes da vida corpórea, pedindo eles mesmos aquelas que podem fazê-los chegar mais depressa. Não há pois, motivo para nos admirarmos de ver o Espírito não dar preferência à existência mais suave. No seu estado de imperfeição, ele não pode desfrutar a vida sem amarguras, que apenas entrevê; e é para atingi-la que procura melhorar-se. (Ver Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, em nota a questão 266.)
 
(7) Ver Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos publicada sob a direção de Allan Kardec, janeiro 1864, Progresso nas Primeiras Encarnações.
 
(8) Ver Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos publicada sob a direção de Allan Kardec, outubro 1858, Teoria do Móvel de nossas Ações.
 
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A PARÁBOLA DO BOM PASTOR


A PARÁBOLA DO BOM PASTOR
Elio Mollo


Que homem dentre vós, tendo cem ovelhas, e perdendo uma delas não deixa no deserto as noventa e nove, e não vai após a perdida até que venha a achá-la?

E, achando-a, a põe sobre seus ombros, gostoso;

E,  chegando a casa, convoca os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida.

Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.”
(Lucas 15, 4,7)
 
Em sua época, Jesus contou esta parábola, porque os fariseus e os escribas queixavam-se, dizendo: "Este recebe pecadores e come com eles. (Lucas 15:2)".
 
Nos dias atuais, apesar  de o homem  possuir outros costumes, a hipocrisia não desapareceu, ou seja, ainda é comum que se comentem as mazelas alheias, principalmente quando elas são visíveis, acreditando-se que quem possui defeitos morais não tem a possibilidade de reverter essa situação, que essas criaturas estão perdidas para sempre.
 
E na parábola do Bom Pastor Jesus demonstra exatamente o contrário. O que, se atentarmos bem, a mantém ainda muito útil para a época em que vivemos, pois que ainda hoje os homens possuem os mesmos procedimentos e as mesmas visões.
 
Como podemos observar, Jesus explica,  de uma forma clara, o caráter paternal da Inteligência Suprema, confirmando de forma patente o Seu amor e a Sua misericórdia, desmantelando de forma solene a crença do inferno e das penas eternas. Da mesma forma, no livro O Evangelho Segundo o Espiritismo (1) encontramos um ensinamento semelhante:
 
“Quantos e quantos sucumbem por culpa própria, pela sua incúria, pela sua imprevidência, ou pela sua ambição e por não terem querido contentar-se com o que lhes havias concedido! Esses são os artífices do seu infortúnio e carecem do direito de queixar-se, pois que são punidos naquilo em que erraram. Mas, nem a esses mesmos abandonas, porque és infinitamente misericordioso. As mãos lhes estendes para socorrê-los, desde que, como o filho pródigo, se voltem sinceramente para Ti.”
 
Podemos considerar o número cem como símbolo da totalidade dos seres que compõem todas as humanidades espalhadas pelos inúmeros mundos integrantes das diversas moradas da casa do Pai, e a ovelha desgarrada como sendo aquele espírito rebelde que, por ignorância ou de forma deliberada, infringe as Leis Divinas.
 
E por falar em Leis divinas, vamos tecer um pequeno comentário sobre elas:
 
No O Livro dos Espíritos (2), os Espíritos superiores nos instruem dizendo que a lei natural é a lei de Deus. Que ela é única e verdadeira para a felicidade do homem, e lhe indica o que deve ou não fazer, e que ele é infeliz somente quando se afasta dela. Dizem também que a lei de Deus está escrita na consciência do homem.
 
Podemos considerar que o pastor dessas ovelhas é aquele espírito capaz a quem Deus elegeu como responsável pelo planeta Terra. E a ovelha perdida como sendo aquela que, ao ver as ervas tenras, saborosas e nutritivas de certas regiões, e tendo apetite, instintivamente se sente atraída, afastando-se cada vez mais do pastor e das demais ovelhas - não conseguindo mais ouvir a voz do pastor que a chama de volta ao aprisco, e, sendo tarde, se perde. Deixa-se seduzir pelo "mundo"; andando atrás de gozos e conquistas unicamente materiais, se afiniza com maus hábitos que se degeneram em vícios; entrega-se a todas as ordens de paixões exorbitantes; que, movido pelo desejo de riquezas e poder, de glórias e honras, dirige-se deliberadamente, na maioria das vezes, pelos caminhos do crime, desorienta-se em tão tortuoso labirinto; e grita desesperado quando não sabe mais como voltar à companhia de seus irmãos situados num plano melhor. É nessa hora, quando se lembra de seu passado vivendo junto ao rebanho, em paz e harmonia, que se arrepende e suplica a Deus pelo retorno, desejoso de reparar o seu mal proceder. É quando ouve novamente a voz do bom pastor fazendo-o lembrar da existência dessa lei.
 
Essa parábola assegura que ninguém ficará perdido para sempre, pois que "o bom pastor", dá a própria vida pelas suas ovelhas (João, 10:11); sendo assim, esse bom administrador de almas irá naturalmente à procura daquele espírito até que o ponha a salvo. Mas há uma condição para isso: é a observação da Lei que lhe está inscrita na própria consciência. Contudo, esse jugo é leve e essa lei é suave, pois que impõe como dever unicamente o amor e a caridade.
 
Podemos observar nesta parábola, que a sua lição é clara e objetiva, pois que Deus faz tudo que o grau de elevação do homem que cai permite, no sentido de direcioná-lo para um bom caminho. De tal modo Jesus foi buscar Madalena à beira do abismo de seus enganos morais; e ela, aceitando a mão do bom pastor, voltou com ele e se pôs a serviço do bem.
 
O Mestre Jesus também chamou a atenção de Judas Iscariotes sobre o caminho perigoso que escolhera para trilhar, respeitando-lhe o livre-arbítrio. Os enviados de Deus fazem o mesmo com aqueles que se veem defrontados com problemas doentios do crime, da intemperança e da revolta, aguardando sempre o momento certo para chamá-lo de volta ao convívio dos demais.
 
Um outro bom exemplo para entender ainda mais esta parábola é a passagem da estrada de Damasco, quando Jesus se mostrou em forma de luz e convidou Paulo de Tarso a abandonar o ódio e o fanatismo em que estava arrolado e  adentrar na boa senda. Podemos dizer que este chamado não foi formulado somente ao futuro apóstolo daqueles considerados incivilizados (gentios), mas para toda a humanidade, a reconhecer e se reconhecer como espíritos de naturezas diversas e com caracteres antagônicos. A arte é conviver com os hostis, estando alegres, mas com aquela alegria de uma boa consciência semelhante a ventura do herdeiro que conta os dias que o aproximam da herança de estar no reino de Deus. 
 
Os Bons Espíritos a trabalho do Pai do Universo alegram-se quando conseguem fazer com aquele que está confuso ou envolvido nos enganos morais deixe de trilhar o mau caminho e se decida a mudar de rumo, indo percorrer a seara do Bem, em benefício de seu reajustamento; regozijam-se ainda mais quando esta ovelha recuperada passa a colaborar com eles nos trabalhos do amor e da caridade.
 
Colaborou no desenvolvimento ortográfico deste texto Maria Luiza Palhas
 
BIBLIOGRAFIA e NOTAS:
(1) O Evangelho Segundo o Espiritismo (Allan Kardec) – cap. XXVIII – Oração dominical
(2) O Livro dos Espíritos (Allan Kardec) - livro terceiro, cap. 1, q. 614 e seguintes,
 
E mais
Parábolas Evangélicas. Rodolfo Calligaris - FEB - 5ª edição –
As Maravilhosas Parábolas de Jesus - P. A. Godoy - FEESP - 3ª edição –
Novo Testamento - Evan. Lucas e João - Tradução João Ferreira de Almeida.

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SOBRE A ATUALIZAÇÃO DA DOUTRINA ESPÍRITA


SOBRE A ATUALIZAÇÃO DA DOUTRINA ESPÍRITA
Estudo com base in Revista Espírita de dezembro de 1863, janeiro de 1864 e dezembro de 1868, A Gênese, cap. I, item 55 e Obras Póstumas, 2ª parte, Constituição do Espiritismo – Exposição de Motivos, Os Estatutos Constitutivos

Pesquisa: Elio Mollo
em 04/04/2011 e atualizada em 26/06/2013


Independentemente da proposta de qualquer Associação, Federação, Confederação (Espírita), etc. em atualizar o Espiritismo nesta nossa atualidade, os princípios espíritas definidos nas obras da codificação dificilmente conseguirão ser atualizados, pois, eles fazem parte das leis Naturais e Universais.

Quanto a atualizar a Doutrina Espírita segundo a linguagem e os costumes das épocas em que vivemos, Kardec a fazia conforme os estudos que aconteciam na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas e, inclusive, usava a Revista Espírita como um laboratório para realizá-la. Pode-se perceber isso, quando até 1863 não se aceitava a possessão e sim a subjugação, mas a partir da Revista Espírita de dezembro de 1863 e janeiro de 1864, narrando o caso da Srta. Julia (Um caso de Possessão), Kardec escreveu o seguinte: "Temos dito que não havia possessos, no sentido vulgar do vocábulo, mas subjugados. Voltamos a esta asserção absoluta, porque agora nos é demonstrado que pode haver verdadeira possessão, isto é, substituição, posto que parcial, de um Espírito errante a um encarnado." Sendo assim, o codificador fez o progresso da Doutrina Espírita acontecer automática e naturalmente em seu tempo, em alguns pontos.

Diz Kardec em O Livro dos Médiuns, 2ª parte cap. XIII que "a Ciência Espírita progrediu (e deverá progredir) como todas as outras", teve início com as mesas girantes, cestas de bicos, etc. e chegou até a psicografia como a conhecemos nos dias de hoje, além de outros fenômenos mediúnicos, como podemos observar consultando O Livro dos Médiuns (1861) em especial os capítulos localizados na parte 2 do livro, de XI à XVI.

Também, podemos verificar in A Gênese, cap. I, item 55 que O Espiritismo não se assenta, pois em princípio absoluto senão no que seja demonstrado com evidência, ou o que ressalta logicamente da observação. Tocando em todos os ramos da economia social, ao qual presta o apoio de suas próprias descobertas, assimilará sempre todas as doutrinas progressivas, que qualquer natureza que sejam, chegadas ao estado de verdades práticas, e saídas do domínio da utopia, sem o que ele se suicidaria; cessando de ser o que é mentiria à sua origem e sua meta providencial. O Espiritismo, marchando com o progresso, não será nunca extravasado, porque, se novas descobertas lhe demonstrarem que está em erro sobre um ponto ele se reformulará sobre este ponto; se uma nova verdade se revela, ela a aceita.”

Em Obras Póstumas, 2ª. parte, Constituição do Espiritismo - Exposição de Motivos, Os Estatutos Constitutivos, Kardec diz que "Em menos de um quarto de século não se esboçará um movimento apreciável nas ideias. Será, portanto, de vinte e cinco em vinte e cinco anos que a constituição orgânica do Espiritismo passará por uma revisão. Este lapso de tempo, sem ser muito longo, é suficiente para permitir que sejam apreciadas as novas necessidades, sem trazer perturbações com modificações frequentes."

Como os adeptos do Espiritismo até agora (26 de junho de 2013) não fizeram ou não atentaram para a revisão da Constituição Orgânica do Espiritismo, o problema não será da revisão ou atualização, mas como fazer essa revisão após 156 anos. Com certeza, sem a participação dos Espíritos oferecendo respostas para as nossas dúvidas atuais a revisão não se fará satisfatória (quem sabe tenha que surgir um Livro dos Espíritos nº. 2 com mais um milheiro de perguntas, respostas e observações a exemplo do que fez Allan Kardec), porque a Doutrina é dos Espíritos, assim, ambas as dimensões, encarnados e desencarnados, deverão participar ativamente de cada revisão, uns questionando sobre pontos importantes da atualidade e outros respondendo adequadamente, racionalmente e seriamente as questões.  

Outro ponto importante que temos que observar e que Kardec fez sozinho a organização inicial da DE e foi em 1868 (conforme Revista Espírita de dezembro de 1868 (*) e Obras Póstumas, 2ª. parte) que ele propõe fazer através de congressos realizados a cada 25 anos uma revisão.

Para realizar essas revisões diz ele que:

...uma constituição, por muito boa que seja, não poderia ser perpétua. O que é bom para certa época pode tornar-se deficiente em época posterior. As necessidades variam com as épocas e com o desenvolvimento das ideias. Se não se quiser que com o tempo ela caia em desuso, ou que venha a ser postergada pelas ideias progressistas, será necessário caminhe com essas ideias. Dá-se com as doutrinas filosóficas e com as sociedades particulares o que acontece em política e em religião: acompanhar ou não o movimento propulsivo é uma questão de vida ou de morte. No caso de que aqui se trata, fora grave erro acorrentar o futuro por meio de uma regra que se declarasse inflexível.

Não menos grave erro seria introduzir com muita frequência, na constituição orgânica, modificações que acabariam por privá-la de estabilidade. Faz-se mister proceder com ponderação e circunspeção. Só uma experiência de certa duração pode permitir se julgue da utilidade real das modificações. Ora, quem pode em tal caso ser juiz? Não será um único homem, que geralmente só do seu ponto de vista vê as coisas; tampouco será o autor do trabalho primitivo, porque poderá ser demasiado complacente na apreciação da sua obra. Serão os próprios interessados, porque experimentam de modo direto e permanente os efeitos da instituição e podem perceber por onde ela peca.

A revisão dos estatutos constitutivos se fará pelos congressos ordinários, transformados para esse efeito em congressos orgânicos, em determinadas épocas, e assim se prosseguirá indefinidamente, de maneira a conservá-los, sem interrupção, ao nível das necessidades e do progresso das ideias, ainda que a mil anos daqui.

Sendo periódicas e conhecidas antecipadamente as épocas de revisão, não haverá cabimento para se fazerem apelos, nem convocações especiais. A revisão constituirá não apenas um direito, mas também um dever do congresso da época indicada; inscrever-se-á, de antemão, na sua ordem do dia, de sorte que não estará subordinada à boa vontade de quem quer que seja e ninguém poderá arrogar-se o direito de decidir, firmado na sua autoridade particular, se a revisão é ou não oportuna. Se, depois de lidos os estatutos, o congresso julgar desnecessária qualquer modificação, declará-los-á mantidos na íntegra.

Sendo forçosamente limitado o número dos membros dos congressos, atenta a impossibilidade material de reunir neles todos os interessados, para que os que se reúnam não fiquem privados das luzes dos ausentes, todos estes poderão, qualquer que seja o lugar do mundo onde se encontrem, enviar à comissão central, no intervalo de dois congressos orgânicos, suas observações, que serão postas em ordem do dia do congresso vindouro.

Para a realização deste (primeiro) congresso revisório, naturalmente surgem algumas perguntas: Será que estamos preparados suficientemente para realizar uma atualização agora? Não será melhor prepararmos um comitê central (**), conforme sugeriu Kardec, e aguardarmos um tempo mais para formular questões e entrevistar os Espíritos para obter respostas de acordo com as nossas dúvidas atuais? Filtrar as respostas, (quem sabe este trabalho pode levar até menos de 15 ou 25 anos) e, assim, conseguir que tal façanha se torne realidade.

Entendemos que o problema não é o de fazer acontecer uma revisão da Doutrina Espírita conforme sugeriu o próprio codificador do Espiritismo, e sim, de como criar as necessárias e principais condições para torná-la uma realidade que satisfaça a maioria dos espíritas de hoje no que tange a filosofia, ciência e consequências morais, como o fez exemplarmente Allan Kardec no século XIX. Eis o desafio para os adeptos do Espiritismo desta nossa atualidade.

(*) Ver no artigo Constituição Transitória do Espiritismo / Atribuições do Comitê: "As principais atribuições do comitê central serão: 1º. - O cuidado dos interesses da doutrina e sua propagação; a manutenção de sua unidade pela conservação da integridade dos princípios reconhecidos; o desenvolvimento de suas consequências; 2º. - O estudo dos princípios novos, susceptíveis de entrar no corpo da doutrina; 3º. - A concentração de todos os documentos e informações que possam interessar o Espiritismo; (...)"

(**) Ver in Obras Póstumas / Constituição do Espiritismo / Comitê Central: "(...) Em lugar de um chefe único, a direção será entregue a uma comissão central permanente, cuja organização e atribuições serão definidas de maneira a não deixar nada ao arbítrio. Essa comissão será composta de doze membros titulares, no máximo, que deverão, para esse efeito, reunir certas condições requeridas, e de um número igual de conselheiros. Completar-se-á, ela mesma, segundo as regras igualmente determinadas, à medida das vagas pela extinção ou outra causa. Uma disposição especial fixará o modo de nomeação dos doze primeiros.

A comissão nomeia o seu presidente por um ano.

A autoridade do presidente é puramente administrativa; ele dirige as deliberações da comissão, zela pela execução dos trabalhos e pela expedição dos assuntos; mas, fora das atribuições que lhe são conferidas pelos estatutos constitutivos, não pode tomar nenhuma decisão sem o concurso da comissão. Portanto, nada de abusos possíveis, nada de alimentos à ambição, nada de pretextos de intrigas e de ciúme, nada de supremacia contundente.

A comissão central será, pois, a cabeça, o verdadeiro chefe do Espiritismo, chefe coletivo, nada podendo sem o consentimento da maioria. Suficientemente numerosa para se esclarecer pela discussão, não o será bastante para que haja confusão.

A autoridade da comissão central será moderada, e seus atos controlados pelos congressos ou assembleias gerais, sobre os quais se falará adiante. (...)"

* * *

domingo, 3 de março de 2013

MANIFESTAÇÕES VISUAIS 2


MANIFESTAÇÕES VISUAIS 2
Estudo in Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, segunda parte, item 100, com base em respostas dos Espíritos.
Pesquisa: Elio Mollo


SOBRE AS APARIÇÕES

De todas as manifestações espíritas, as mais interessantes são sem dúvida aquelas pelas quais os Espíritos podem se tornar mais visíveis, sobretudo durante o sono. Entretanto, certas pessoas os veem também no estado de vigília, mas isso é mais raro.

Enquanto o corpo repousa o Espírito se desprende dos laços materiais, fica mais livre e pode mais facilmente ver os outros Espíritos e entrar em comunicação com eles. O sonho é uma recordação desse estado. Quando não nos lembramos de nada, dizemos que não sonhamos, mas a alma não deixou de ver e de gozar da sua liberdade. Tratamos aqui mais particularmente das aparições no estado de vigília. (1)

Os Espíritos que se manifestam pela visão podem pertencer a todas as categorias, das mais elevadas às mais inferiores (2).

Todos os Espíritos podem manifestar-se visivelmente, mas nem sempre têm a permissão nem o desejo de fazê-lo.

A finalidade com que os Espíritos se manifestam visivelmente depende da sua natureza e o fim pode ser bom ou mau.

Se o objetivo do Espírito é mau, então, é para pôr à prova aqueles que os veem, ou seja, a intenção do Espírito pode ser má, mas o resultado pode ser bom. Geralmente, o objetivo dos Espíritos que se fazem ver com má intenção é para assustar e muitas vezes vingar-se.

O objetivo dos Espíritos que aparecem com boa intenção é consolar os que lamentam a sua partida, provar-lhes que continuam a existir e estão perto deles ou dar conselhos e algumas vezes pedir assistência para si mesmos.

Se a possibilidade de ver os Espíritos fosse permanente o inconveniente é que estando o homem constantemente cercado de Espíritos, o fato de vê-los sem cessar o perturbaria, constrangendo-o nas suas atividades, e lhe tiraria a iniciativa na maioria dos casos, enquanto que, julgando-se só, pode agir com mais liberdade.

Haveria tanto inconveniente de estarmos sempre na presença dos Espíritos, como em vermos o ar que nos cerca ou as miríades de animais microscópicos que pululam ao nosso redor. Do que devemos concluir que o que Deus faz é bem feito e que Ele sabe melhor do que nós o que nos convém.

Se a visão dos Espíritos tem inconvenientes, é permitida em alguns casos, para dar uma prova de que nem tudo morre com o corpo e de que a alma conserva a sua individualidade após a morte. Essa visão passageira é suficiente para dar a prova e atestar a presença dos amigos ao nosso lado, não tendo os inconvenientes da visão incessante.

Quanto mais o homem progride mais se aproxima da natureza espiritual e mais facilmente entra em relação com os Espíritos. A grosseria do corpo físico é o que torna mais difícil e mais rara a percepção dos seres etéreos.

É natural assustar-se com a aparição de um Espírito, mas aquele que refletir a respeito há de compreender que um Espírito, seja qual for, é menos perigoso que um vivo. Os Espíritos, aliás, estão por toda parte e não temos a necessidade de vê-los para saber que podem estar do nosso lado. O Espírito que desejar prejudicar alguém pode fazê-lo sem ser visto, e até com mais segurança. Ele não é perigoso por ser Espírito, mas pela influência que pode exercer no pensamento do homem, desviando-o do bem e impelindo-o ao mal.

As pessoas que têm medo da solidão e do escuro, raramente compreendem a causa do seu pavor. Elas não saberiam dizer do que têm medo, mas certamente deviam recear-se mais de encontrar homens do que Espíritos, porque um malfeitor é mais perigoso em vida do que após a morte. Uma senhora de nosso conhecimento teve uma noite, em seu quarto, uma aparição tão bem definida que acreditou estar na presença de alguém e sua primeira sensação foi de pavor. Certificando-se de que ali não havia nenhuma pessoa, disse a si mesma: parece que se trata apenas de um Espírito; posso dormir tranquila.

Aquele que vê um Espírito, se o desejar, pode perfeitamente conversar com ele, e é justamente o que se deve fazer nesse caso, perguntando quem é o Espírito, o que deseja e o que se pode fazer por ele. Se o Espírito for infeliz e sofredor, o testemunho de comiseração o aliviará. Se for um Espírito benévolo, pode acontecer que tenha a intenção de dar bons conselhos.

O Espírito pode responder, às vezes, falando como uma pessoa viva, mas geralmente o faz por uma transmissão de pensamentos.

Os Espíritos não têm asas. Não precisam delas, pois podem transportar-se por toda parte como Espíritos. Aparecem dessa forma porque querem impressionar as pessoas a que se mostram. Uns aparecerão com suas roupas habituais, outros envolvidos em panos, alguns com asas, como atributo da categoria espiritual que representam.

As pessoas que vemos em sonho são quase sempre as mesmas pessoas que o nosso Espírito vai encontrar ou que nos vêm encontrar.

Os Espíritos zombadores podem tomar a aparência das pessoas que nos são caras e nos iludirem, tomando aparências fantasiosas para se divertirem a nossa custa, mas há coisas com as quais não lhes é permitido brincar.

Os Espíritos nem sempre tem a possibilidade de manifestar-se visivelmente, mesmo em sonhos e apesar do desejo que tenhamos de vê-los. Causas independentes da sua vontade podem impedi-los. Quase sempre é também uma prova que o mais ardente desejo não pode afastar. Quanto às pessoas que não interessam, embora não pensemos nelas, é possível que pensem em nós. Aliás, não há como fazer uma ideia exata das relações no Mundo dos Espíritos, onde em sonhos, podemos nos reencontrar com uma multidão de conhecidos íntimos, antigos e novos, que quando acordados nem temos a menor ideia que isso poderá ou irá acontecer.

Quando não há nenhum meio de controlar as visões ou aparições, podemos sem dúvida levá-las à conta de alucinações, mas quando elas são confirmadas pelos acontecimentos não poderíamos atribuí-las à imaginação. Essas são, por exemplo, as aparições do momento da morte, em sonho ou no estado de vigília, de pessoas em quem não pensávamos e que, por diversos sinais, revelam as circunstâncias absolutamente inesperadas do seu falecimento. Viram-se tantas vezes cavalos empinarem e empacarem diante de aparições que assustavam os cavaleiros. Se a imaginação é alguma coisa entre os homens, seguramente nada é para os animais. Aliás, se as imagens que vemos em sonho fossem sempre consequência das preocupações de vigília, nada explicaria o fato, tão frequente, de jamais sonharmos com as coisas em que mais pensamos.

As visões de Espíritos ocorrem no estado de perfeita saúde, mas durante doenças os laços materiais se afrouxam e a fraqueza do corpo deixa mais livre o Espírito, que entra mais facilmente em comunicação com outros Espíritos.

As aparições, os ruídos e todas as manifestações acontecem igualmente por toda a Terra, mas apresentam características próprias segundo os povos em que se verificam. Entre alguns, por exemplo, a escrita é pouco desenvolvida e não há médiuns escreventes; entre outros eles abundam; além disso há mais frequência de manifestações ruidosas e de movimento de objetos que de comunicações inteligentes, porque estas são menos apreciadas e procuradas.

As aparições se verificam mais à noite pela mesma razão que vemos as estrelas à noite e não em pleno dia. A claridade intensa pode ofuscar uma aparição delicada. Mas é errôneo supor que a noite tenha algo de especial para isso. Se interpelarmos todos os que as viram, poderemos constatar que a maioria ocorreram de dia.

Os fenômenos de aparição são muito mais frequentes e gerais do que se pensa, mas muitas pessoas não os revelam por medo do ridículo e outras os atribuem à ilusão. Se parecem mais abundantes em certos povos é porque esses conservam mais cuidadosamente as tradições verdadeiras ou falsas, quase ampliadas pelo fascínio do maravilhoso, a que o aspecto das localidades se presta mais ou menos. A credulidade faz ver, então, efeitos sobrenaturais nos fenômenos mais vulgares: o silêncio da solidão, o escarpamento dos caminhos, o rumorejar das florestas, o estrépito das tempestades, o eco das montanhas, a forma fantástica das nuvens, as sombras, a miragens, tudo enfim se presta a ilusão das imaginações simples ingênuas, que propagam de boa fé aquilo que viram ou que acreditam ter visto. Mas ao lado da ficção há o real, que o estudo sério dos Espiritismo consegue livrar dos acessórios ridículos da superstição.

A visão dos Espíritos pode ocorrer em condições perfeitamente normais; entretanto, as pessoas que os veem estão quase sempre num estado especial, próximo do êxtase que lhes dá uma espécie de dupla vista. (4).

Os que veem os Espíritos pensam que o fazem com os olhos, mas na realidade é a alma que vê. A prova é que podem vê-los mesmo de olhos fechados.

O princípio com que faz o Espírito tornar-se visível é o mesmo de todas as manifestações e está nas propriedades do perispírito, que pode sofrer diversas modificações, à vontade do Espírito. (4)

Na nossa situação material o Espírito só pode manifestar-se com a ajuda do perispírito. É este o intermediário pelo qual eles agem sobre os nossos sentidos. Graças a esse invólucro é que eles aparecem algumas vezes com a forma humana ou outra qualquer, seja nos sonhos ou no estado de vigília, em plena luz ou na obscuridade.

Poderíamos dizer que é pela condensação do fluido do perispírito que o espírito se torna visível, mas condensação não é bem o termo. Trata-se apenas de uma comparação que pode ajudar a compreender o fenômeno, pois não há realmente uma condensação. Assim, diremos que pela combinação dos fluidos (5) produz-se no perispírito uma disposição especial (6), sem possibilidade de uma analogia adequada para nós os encarnados, e que torna um Espírito perceptível.

No estado normal de Espíritos não podemos pegá-los, como não pegamos os sonhos. Não obstante, podem impressionar o nosso tato e deixar sinais de sua presença. Podem mesmo, em alguns casos, tornar-se momentaneamente tangíveis, o que prova a existência de matéria entre eles e o nosso mundo físico.

Durante o sono todos somos aptos a vermos os Espíritos, mas não acontece o mesmo quando estamos acordados. No sono, a alma pode ver diretamente os Espíritos, mas, quando estamos acordados sofremos em maior ou menor grau a influência dos órgãos. Eis porque as condições não são as mesmas nos dois casos.

Para ver os Espíritos em estado de vigília depende do organismo, da facilidade maior ou menor do fluido do vidente de se combinar com o do Espírito. Assim, não basta o Espírito querer mostrar-se; é também necessário que a pessoa a quem se quer mostrar tenha a aptidão para vê-lo.

Essa faculdade pode desenvolver-se pelo exercício como todas as outras faculdades. Mas é daquelas cujo desenvolvimento natural é melhor do que o provocado, quando corremos o risco de super-excitar a imaginação. A visão geral e permanente dos Espíritos é excepcional e não pertence às condições normais do homem. (7)

Algumas vezes, poderá ocorrer a possibilidade de condições onde se pode provocar a aparição dos Espíritos, mas isso é muito raro. Geralmente as aparições dos Espíritos ocorrem espontaneamente. Para provocá-la é necessário que se possua uma faculdade especial.

Os Espíritos podem fazer-se visíveis com outra aparência que não a humana, pois possuem a condição de variá-la, contudo, geralmente eles se mostram conservando sempre o tipo humano e o da sua última encarnação, ou seja, a forma do perispírito é a forma humana, e quando um Espirito nos aparece é geralmente a mesma sob a qual conhecemos o espírito na vida física. (8)

Podem manifestar-se com a forma de flamas, clarões, como qualquer outro efeito para demonstrar a sua presença, mas essas coisas não são o próprio Espírito. A flama é quase sempre apenas um efeito ótico ou uma emanação do perispírito. Em todos os casos é somente uma parte do perispírito, que só aparece inteiramente nas visões. (9)

A crença que os fogos fátuos são almas ou Espíritos pode ser considerada uma superstição produzida pela ignorância. A causa física dos fogos fátuos é bem conhecida e sabe-se que o fogo fátuo é produzido pela inflamação espontânea do gás dos pântanos (metano), resultante da decomposição de seres vivos: plantas e animais típicos do ambiente..

A chama azul que apareceu sobre a cabeça de Servius Tuilius (10), na infância, foi real, produzida pelo Espírito Familiar que desejava advertir a mãe. Esta, médium vidente, percebeu uma irradiação do Espírito protetor de seu filho.  Os médiuns videntes variam de grau no tocante à percepção, como os médiuns escreventes variam na escrita.  Enquanto essa mãe via uma chama outro médium poderia ver o próprio Espírito. (12)

Pode acontecer de um Espírito se apresentar com a forma de animais, mas são sempre Espíritos inferiores os que tomam essas aparências. Mas seriam sempre, em todos os casos, aparências passageiras, pois seria absurdo acreditar que um animal pudesse ser a encarnação de um Espírito. (12) Somente a superstição pode levar a crer que certos animais são encarnações de Espíritos. É necessário ter uma imaginação muito condescendente ou muito impressionável para ver algo de sobrenatural nas atitudes às vezes um pouco estranhas que eles tomam, mas o medo frequentemente faz ver aquilo que não existe. Alias o temor nem sempre é a fonte dessa ideia. Conhecemos uma senhora, por sinal muito inteligente, que estimava demais um gato preto, acreditando que ele possuía uma natureza super-animal. Nunca, entretanto ouvira falar de Espiritismo. Se o tivesse conhecido, compreenderia o ridículo da causa de sua predileção, pois a doutrina lhe provaria a impossibilidade dessa metamorfose. (13)

NOTAS:

(1) Ver Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, livro segundo, cap. VIII, O Sono e os Sonhos, questão 409:

(2) Ver Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, livro segundo, cap. I, Escala Espírita, item 100:
      http://www.aeradoespirito.net/OLivrodosEspiritos/O_LIVRO_DOS_ESPIR_L2_C1.SC6.html

(3) DUPLA VISTA: A emancipação da alma se manifesta às vezes no estado de vigília, e produz o fenômeno designado pelo nome de dupla vista, que dá aos que o possuem a faculdade de ver, ouvir e sentir além dos limites dos nossos sentidos. Eles percebem as coisas ausentes, por toda parte, até a alma onde possa estender a sua ação; veem, por assim dizer, através da vista ordinária, como por uma espécie de miragem.

No momento em que se produz o fenômeno da dupla vista, o estado físico é sensivelmente modificado: os olhos tem qualquer coisa de vago, olhando sem ver, e toda a fisionomia reflete uma espécie de exaltação. Constata-se que os órgãos da visão são alheios ao fenômeno, ao verificar-se que a visão persiste, mesmo com os olhos fechados. - Ver Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, livro segundo, cap. VIIII, Dupla Vista, questões 447 e seguintes e cap. VIII, item 455, Resumo teórico do sonambulismo do êxtase e da dupla vista.
     http://www.aeradoespirito.net/OLivrodosEspiritos/O_LIVRO_DOS_ESPIR_L2_C8_SC7.html

(4) O princípio vital provém do fluido universal. O Espírito tira esse fluido do envoltório semimaterial do perispírito, e é por meio desse fluido que ele age sobre a matéria inerte, quer dizer, ele anima a matéria de uma vida artificial e a matéria se impregna de vida animal. - Ver mais in:

(5) Fluido Universal - Deus, espírito e matéria constituem o princípio de tudo o que existe, é a trindade Universal. O espírito (Alma) é o princípio inteligente. Para que o Espírito possa exercer ação sobre a matéria tem que se juntar o fluido universal, pois, é ele que desempenha o papel intermediário entre o Espírito e a matéria grosseira. É lícito até certo ponto, classificar o fluido universal com o elemento material, porém, ele se distingue, deste por propriedades especiais. Este fluido deve ser considerado como sendo um elemento semimaterial, pois, está situado entre o Espírito e a matéria. Esse fluido universal, ou primitivo, ou elementar, sendo o agente de que o Espírito se utiliza; é o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá. (Ver Allan Kardec, questão 27 de O Livro dos Espíritos).

(6) É esse fluido que compõe o perispírito fazendo a ligação do Espírito com a matéria. O perispírito é o invólucro semimaterial do Espírito depois da sua separação do corpo. Nos encarnados serve de liame ou intermediário entre o Espírito e a matéria. (Ver Allan Kardec, O Livro dos Espíritos – item 257 (Ensaio Teórico sobre a sensação nos Espíritos, O Livro dos Médiuns, cap. XXXII, Instruções Práticas Sobre as manifestações Físicas - Vocabulário Espírita. Obras de Allan Kardec.)

(7) O respeito às leis naturais é um dos princípios espíritas. A mediunidade, como todas as faculdades humanas, deve desenvolver-se normalmente, nunca de maneira forçada. (Nota de J. Herculano Pires)

(8) Ver, Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, cap. XXXII, segunda parte, cap. I, Ação dos Espíritos sobre a Matéria, item 56.

(9) O perispírito só aparece integral nas visões, compreendendo-se o termo visões como infestações visuais do Espírito em corpo inteiro. Nas outras formas de manifestação apenas projeta as imagens que deseja, como nesse caso das chamas. (Nota de J. Herculano Pires)

(10) Sérvio Túlio (em latim: Servius Tullius; Mastarna em etrusco), rei romano de origem etrusca, levantou a primeira muralha de Roma e proclamou as primeiras leis sociais.

(11) Servius Tuilius, sexto rei de Roma (578-534 a.C.) nasceu escravo de Tarquínio Prisco, que o educou, e sucedeu a ele no trono por decisão popular. Ampliou Roma, aumentou suas; estruturou as classes e realizou grandes obras. Era um predestinado. (Nota de J. Herculano Pires)

(12) Essa afirmação não contraria o principio espírita da evolução. Pelo contrário, o endossa, mostrando apenas que o Espírito (a palavra escrita assim, com "E" maiúsculo, representa o ser espiritual do homem) não pode encarnar no reino animal. Ver Metempsicose, n°. 611 a 613 de O Livro dos Espíritos. (Nota de J. Herculano Pires)

(13) Ver nosso estudo “Sobre os Animais” in:

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