sexta-feira, 4 de maio de 2012

SOBRE O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO


 
SOBRE O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
FONTES DESTA PESQUISA
REVISTA ESPÍRITA
Ano 7 – março/abril/agosto/dezembro 1864 – nºs. 3, 4, 8, 11 e Ano 8 – novembro 1865 – nº. 11
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
OBRAS PÓSTUMAS, 2ª parte, 1890

 
Pesquisa: Elio Mollo

 
 
IMITAÇÃO DO EVANGELHO.
OBRAS PÓSTUMAS, 2ª parte, 1890

(Ségur, 9 de agosto de 1863, médium sr. D’A...)

 NOTA. – Eu não tinha comunicado a ninguém o assunto do livro no qual trabalhava; tivera-lhe o título de tal modo em segredo que o editor, Sr. Didier, não o conheceu senão quando da impressão. Esse título foi de início, para a primeira edição: Imitação do Evangelho. Mais tarde, sobre as observações reiteradas do Sr. Didier, e de algumas outras pessoas, foi mudado para o de: O Evangelho segundo o Espiritismo. As reflexões contidas nas comunicações seguintes não poderiam ser o resultado de idéias preconcebidas do médium. 

P. – Que pensais da nova obra em que trabalho neste momento?
 R. – Esse livro das doutrinas terá uma influência considerável; nele abordas questões capitais, e não só o mundo religioso nele encontrará as máximas que lhe são necessárias, mas a vida prática das nações nele haurirão excelentes instruções. Fizeste bem em abordar questões de alta moral prática do ponto de vista dos interesses gerais, dos interesses sociais e dos interesses religiosos. A dúvida deve ser destruída; a Terra e as suas populações civilizadas estão preparadas; já faz bastante tempo que os teus amigos de além-túmulo a desbravaram; lança, pois, a semente que te confiamos, porque é tempo de que a Terra gravite na ordem irradiante das esferas, e que saia, enfim, da penumbra e dos nevoeiros intelectuais. Acaba a tua obra, e contem com a proteção de teu guia, nosso guia de todos, e com o concurso devotado de teus mais fiéis Espíritos, no número dos quais queira muito sempre me contar.

 P. – Que dirá disso o clero?
 R. – O clero clamará à heresia, porque verá que nele atacas firmemente as penas eternas e outros pontos sobre os quais apóia a sua influência e o seu crédito, clamará tanto mais que se sentirá muito mais ferido do que pela publicação de O Livro dos Espíritos, do qual a rigor, podia aceitar os princípios dados; mas, no presente, vais entrar num novo caminho onde ele não poderá te seguir. O anátema secreto tornar-se-á oficial, e os Espíritas serão rejeitados junto aos Judeus e aos Pagãos pela Igreja romana. Em compensação, os Espíritas verão seu número aumentar, em razão dessa espécie de perseguição, sobretudo vendo os padres acusarem de obra absolutamente demoníaca uma Doutrina cuja moralidade brilhará como um raio de Sol pela publicação mesma de teu novo livro, e daqueles que o seguirão.

 Eis que a hora se aproxima em que será preciso declarar abertamente o Espiritismo por aquilo que ele é, e mostrar a todos onde se encontra a verdadeira doutrina ensinada pelo Cristo; a hora se aproxima em que, diante do céu e da Terra, deverás proclamar o Espiritismo como a única tradição realmente cristã, a única instituição verdadeiramente divina e humana. Escolhendo-te, os Espíritos sabiam da solidez de tuas convicções, e que a tua fé, como uma muralha de bronze, resistiria a todos os ataques.

 No entanto, amigo, se a tua coragem ainda não faliu na tarefa tão pesada que aceitaste, fica sabendo bem que comeste o teu pão branco principal, e que eis chegada a hora das dificuldades. Sim, caro Mestre, a grande batalha se prepara; o fanatismo e a intolerância, levantados pelo sucesso de tua propaganda, vão disparar, sobre ti e os teus, com armas envenenadas. Prepara-te para a luta. Mas tenho fé em ti, como tens fé em nós, e porque a tua fé é daquelas que transporta as montanhas e faz caminhar as águas sobre elas. Coragem, pois, e que a tua obra se realize. Conta conosco, e conta sobretudo com a grande alma do nosso Mestre de todos, que te protege de um modo tão particular. 

(Paris, 14 de setembro de 1863.)

 NOTA. – Tinha solicitado para mim uma comunicação, sobre um assunto qualquer, e pedi que me fosse enviada para o meu retiro de Sainte-Adresse.

 "Quero muito te falar de Paris, embora a utilidade disso não me pareça demonstrada, tendo em vista que as minhas vozes íntimas se fazem ouvir ao teu redor, e que o teu cérebro percebe as nossas inspirações com uma facilidade da qual tu mesmo não desconfias. Nossa ação, sobretudo a do Espírito de Verdade, é constante ao teu redor, e tal que não podes recusá-la. É por que não entrarei em detalhes ociosos a respeito do plano de tua obra que tens, segundo os meus conselhos ocultos, tão largamente e tão completamente modificado. Compreendes agora porque tínhamos necessidade de tê-lo sob a mão, livre de toda outra preocupação senão daquela da Doutrina. Uma obra como a que elaboramos juntos, tem necessidade de recolhimento e de isolamento sagrado. Sigo com um vivo interesse os progressos de teu trabalho, que são um passo considerável para a frente, e abrem, enfim, ao Espiritismo, o largo caminho das aplicações úteis para o bem da sociedade. Com essa obra, o edifício começa a se livrar de seus alicerces, e já se pode entrever a sua cúpula se desenhar no horizonte. Continua, pois, sem impaciência, como sem cansaço; o monumento estará acabado na hora fixada.

 Já nos entretivemos com questões incidentes do momento, quer dizer, com questões religiosas. O Espírito de Verdade falou-te das revolta que ocorrem nesta hora; essas hostilidades previstas são necessárias para manter desperta a atenção dos homens, tão fáceis em se deixar desviar de um assunto sério. Aos soldados que combatem pela causa vão se juntar, incessantemente, novos combatentes, cujas palavras e cujos escritos farão sensação, e levarão a perturbação e a confusão às fileiras de nossos adversários.

 Adeus, caro companheiro de outros tempos, discípulo fiel da verdade, que continua, através da vida, a obra à qual juramos outrora, nas mãos do grande Espírito que te ama e que te venera, consagrar as nossas forças e as nossas existências até que ela esteja acabada. Saudação a ti."

NOTA. – O plano da obra fora, com efeito, completamente modificado, o que, seguramente, o médium não poderia saber, uma vez que estava em Paris e eu em Sainte-Adresse; também não poderia saber que o Espírito de Verdade me falara a respeito da revolta do Bispo de Alger e outros. Todas essas circunstâncias estavam bem feitas para me confirmarem a parte que os Espíritos tomavam em meus trabalhos.

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Na Revista Espírita de março de 1864

NOTÍCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Uma nova obra do Sr. Allan Kardec, mais ou menos do mesmo volume de O Livro dos Espíritos, está no prelo desde dezembro. Deveria aparecer em fevereiro, mas atrasos involuntários na impressão, e os cuidados que esta exige, não o permitiram. Tudo nos faz esperar que poderemos anunciar a sua venda no próximo número. Destina-se a substituir a obra anunciada sob o título: As vozes do mundo invisível, cujo plano primitivo foi radicalmente mudado.

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Na Revista Espírita de abril de 1864

BIBLIOGRAFIA

À VENDA

IMITAÇÃO DO EVANGELHO
SEGUNDO O ESPIRITISMO

Contendo a explicação das máximas morais do Cristo em concordância com o Espiritismo e sua aplicação às diversas circunstâncias da vida.

Por ALLAN KARDEC

Com esta epígrafe: “Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.”

Abstemo-nos de qualquer reflexão sobre esta obra, limitando-nos a extrair da introdução a parte que indica o seu objetivo.

“Podem dividir-se em quatro partes as matérias contidas nos Evangelhos:

          1) os atos comuns da vida do Cristo;
          2) os milagres;
          3) as predições; e
          4) o ensino moral. 

“As três primeiras partes têm sido objeto de controvérsias; A ÚLTIMA, porém, CONSERVOU-SE CONSTANTEMENTE INATACÁVEL. Diante desse código divino, a própria incredulidade se curva. É TERRENO ONDE TODOS OS CULTOS PODEM REUNIR-SE, ESTANDARTE SOB O QUAL PODEM TODOS COLOCAR-SE, QUAISQUER QUE SEJAM SUAS CRENÇAS, porquanto jamais ele constituiu matéria das disputas religiosas, que sempre e por toda parte se originaram das questões dogmáticas. Aliás, se o discutissem, nele teriam as seitas encontrado sua própria condenação, visto que, NA MAIORIA,ELAS SE AGARRAM MAIS À PARTE MÍSTICA DO QUE À PARTE MORAL, que EXIGE DE CADA UM A REFORMA DE SI MESMO. Para os homens, em particular, constitui aquele código UMA REGRA DE PROCEDER QUE ABRANGE TODAS AS CIRCUNSTÂNCIAS DA VIDA PRIVADA E DA VIDA PÚBLICA,O PRINCÍPIO BÁSICO DE TODAS AS RELAÇÕES SOCIAIS QUE SE FUNDAM NA MAIS RIGOROSA JUSTIÇA. É finalmente e acima de tudo, O ROTEIRO INFALÍVEL PARA A FELICIDADE VINDOURA, o levantamento de uma ponta do véu que nos oculta a vida futura. Essa parte é a que será objeto exclusivo desta obra.

“Toda a gente admira a moral evangélica; todos lhe proclamam a sublimidade e a necessidade; muitos, porém, assim se pronunciam por fé, confiados no que ouviram dizer, ou firmados em certas máximas que se tornaram proverbiais. Poucos, no entanto, a conhecem a fundo e menos ainda são os que a compreendem e lhe sabem deduzir as conseqüências. A razão está, em grande parte, na dificuldade que apresenta o entendimento do Evangelho que, para o maior número dos seus leitores,é ininteligível. A forma alegórica e O INTENCIONAL MISTICISMO DA LINGUAGEM fazem que a maioria o leia por desencargo de consciência e por dever,como lêem as preces,sem as entender,isto é,sem proveito. PASSAM-LHES DESPERCEBIDOS OS PRECEITOS MORAIS, disseminados aqui e ali, intercalados na massa das narrativas. Impossível, então, se lhes apanhar o conjunto e tomá-los para objeto de leitura e meditações especiais.

“É certo que tratados já se hão escrito de moral evangélica; mas, O ARRANJO EM MODERNO ESTILO LITERÁRIO LHE TIRA A PRIMITIVA SIMPLICIDADE que, ao mesmo tempo, lhe constitui o encanto e a autenticidade. Outro tanto cabe dizer-se das máximas destacadas e reduzidas à sua mais simples expressão proverbial. Desde logo, já não passam de aforismos, privados de uma parte do seu valor e interesse, pela ausência dos acessórios e das circunstâncias em que foram enunciadas.

“Para obviar a esses inconvenientes, REUNIMOS, NESTA OBRA, OS ARTIGOS QUE PODEM COMPOR, A BEM DIZER, UM CÓDIGO DE MORAL UNIVERSAL, SEM DISTINÇÃO DE CULTO. Nas citações, conservamos o que é útil ao desenvolvimento da idéia, pondo de lado unicamente o que se não prende ao assunto. Além disso, RESPEITAMOS ESCRUPULOSAMENTE A TRADUÇÃO ORIGINAL DE SACY, assim como a divisão em versículos. Em vez, porém, de nos atermos a uma ordem cronológica impossível e sem vantagem real para o caso, grupamos e classificamos metodicamente as máximas, segundo as respectivas naturezas, de modo que decorram umas das outras, tanto quanto possível. A indicação dos números de ordem dos capítulos e dos versículos permite se recorra à classificação vulgar, em sendo oportuno.

“Esse, entretanto, seria um trabalho material que, por si só, apenas teria secundária utilidade. O ESSENCIAL ERA PÔ-LO AO ALCANCE DE TODOS, mediante a explicação das passagens obscuras e o desdobramento de todas as conseqüências, tendo em vista a aplicação dos ensinos a todas as condições da vida. Foi o que tentamos fazer, com a ajuda dos Espíritos bons que nos assistem.

“Muitos pontos dos Evangelhos, da Bíblia e dos autores sacros em geral só são ininteligíveis, parecendo alguns até irracionais, por falta da chave que faculte se lhes apreenda o verdadeiro sentido. ESSA CHAVE ESTÁ COMPLETA NO ESPIRITISMO, como já o puderam reconhecer os que o têm estudado seriamente e como todos, mais tarde, ainda melhor o reconhecerão. O Espiritismo se nos depara por toda parte na antiguidade e nas diferentes épocas da Humanidade. Por toda parte se lhe descobrem os vestígios: nos escritos, nas crenças e nos monumentos. Essa a razão por que, ao mesmo tempo que rasga horizontes novos para o futuro,projeta luz não menos viva sobre os mistérios do passado.

“Como complemento de cada preceito, acrescentamos algumas instruções escolhidas, dentre as que os Espíritos ditaram em vários países e por diferentes médiuns. Se elas fossem tiradas de uma fonte única, houveram talvez sofrido uma influência pessoal ou a do meio, enquanto a diversidade de origens prova que os Espíritos dão indistintamente seus ensinos e que ninguém a esse respeito goza de qualquer privilégio.

“ESTA OBRA É PARA USO DE TODOS. Dela podem todos haurir os meios de conformar com a moral do Cristo o respectivo proceder. Aos espíritas oferece aplicações que lhes concernem de modo especial. Graças às relações estabelecidas, doravante e permanentemente, entre os homens e o mundo invisível, a lei evangélica, que os próprios Espíritos ensinaram a todas as nações, já não será letra morta, porque cada um a compreenderá e se verá incessantemente compelido a pô-la em prática, a conselho de seus guias espirituais. As instruções que promanam dos Espíritos são verdadeiramente as vozes do céu que vêm esclarecer os homens e convidá-los à imitação do Evangelho.”

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Na Revista Espírita de agosto de 1864

Para todos os casos de obsessão,de possessão e de quaisquer manifestações desagradáveis,chamamos a atenção sobre o que, a respeito, diz O Livro dos Médiuns, capítulo da Obsessão; sobre os artigos da Revista relativos a Morzine e referidos acima; sobre nossos artigos dos meses de fevereiro, março e junho de 1864, concernentes à jovem obsedada de Marmande; enfim, sobre os nº.s 325 a 335 (*) da Imitação do Evangelho. Aí  encontrarão as instruções necessárias para se guiarem em circunstâncias análogas. 

(*) Cap. XXVIII, Prece pelos obsedados.

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Na Revista Espírita de dezembro de 1864

COMUNICAÇÃO ESPÍRITA
  
A PROPÓSITO DA IMITAÇÃO DO EVANGELHO
(Bordeaux, maio de 1864. Grupo de São João – Médium:: Sr. Rul.)

Acaba de aparecer um novo livro; é uma luz mais brilhante que vem clarear a vossa marcha. Há dezoito séculos, por ordem de meu Pai, vim trazer a palavra de Deus aos homens de boa vontade. Esta palavra foi esquecida pela maioria dos homens, e a incredulidade, o materialismo vieram abafar o bom grão que eu tinha depositado em vossa Terra. Hoje, por ordem do Eterno, os Espíritos bons, seus mensageiros, vêm a todos os pontos do globo fazer ouvir a trombeta retumbante. Escutai suas vozes; são destinadas a vos mostrar o caminho que conduz aos pés do Pai celestial. Sede dóceis aos seus ensinos; os tempos preditos são chegados; todas as profecias serão cumpridas.

Pelos frutos se conhece a árvore. Vede quais são os frutos do Espiritismo: casais onde a discórdia tinha substituído a harmonia voltaram à paz e à felicidade; homens que sucumbiam ao peso de suas aflições, despertados pelos acordes melodiosos das vozes de além-túmulo, compreenderam que seguiam o caminho errado e, envergonhados de suas fraquezas, arrependeram-se e pediram força ao Senhor para suportarem as suas provações.

Provações e expiações, eis a condição do homem na Terra. Expiação do passado, provações para o fortalecer contra a tentação, para desenvolver o Espírito pela atividade da luta, habituá-lo a dominar a matéria e prepará-lo para as alegrias puras que o esperam no mundo dos Espíritos.

Há muitas moradas na casa de meu Pai, disse-lhes eu há dezoito séculos. O Espiritismo veio tornar compreensíveis estas palavras. E vós, meus bem-amados, trabalhadores que suportais o calor do dia, que credes ter de vos lamentar da injustiça da sorte, abençoai vossos sofrimentos; agradecei a Deus, que vos dá meios de quitar as dívidas do passado. Orai, não com os lábios, mas com o coração melhorado, a fim de que possais ocupar melhor lugar na casa de meu Pai. Como sabeis, os grandes serão humilhados, mas os pequenos e os humildes serão exaltados. 

O Espírito de Verdade

OBSERVAÇÃO – Sabe-se que não levamos em consideração o nome dos seres que se comunicam, sobretudo os que se apresentam sob nomes venerandos. Não garantimos mais esta assinatura do que muitas outras, limitando-nos a entregar esta comunicação à apreciação de todo espírita esclarecido. Diremos, contudo, que não se pode negar a elevação do pensamento, a nobreza e a simplicidade das expressões, a sobriedade da linguagem e a ausência de toda superfluidade. Se se compara às que são dadas na Imitação do Evangelho (prefácio e capítulo III: O Cristo Consolador), e que levam a mesma assinatura, embora obtidas por médiuns diferentes e em épocas diversas, nota-se entre elas uma analogia impressionante de tom, de estilo e de pensamentos, que acusam uma origem única. Para nós, dizemos que pode ser do Espírito de Verdade, porque é digna dele, enquanto temos visto massas assinadas por este nome venerado ou o de Jesus, cuja prolixidade, verborragia, vulgaridade, por vezes mesmo a trivialidade das idéias, traem a origem apócrifa aos olhos dos menos clarividentes. Só uma fascinação completa pode explicar a cegueira dos que se deixam apanhar,quando não, também, o orgulho de julgar-se infalível e intérprete privilegiado dos Espíritos puros, orgulho sempre punido, mais cedo ou mais tarde, pelas decepções, mistificações ridículas e por desgraças reais nesta vida. À vista desses nomes venerados, o primeiro sentimento do médium modesto é o da dúvida, porque não se julga digno de tal favor. 

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Na Revista Espírita de novembro de 1865

NOTÍCIAS BIBLIOGRÁFICAS

No Prelo, Para Aparecer em Alguns Dias:

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO (1)
por  Allan Kardec

3ª. Edição
Revista, Corrigida e Modificada.

Esta edição foi objeto de um remanejamento completo da obra. Além de algumas adições, as principais alterações consistem numa classificação mais metódica, mais clara e mais cômoda das matérias, o que torna sua leitura e as buscas mais fáceis.

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(1) Um vol. grande in-12.Livraria dos Srs. Didier &Cia, 35, quai des Grands-Augustins; Ledoyen, no Palais-Royal, no escritório da Revista Espírita. Preço: 3 fr. 50 c.

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OBJETIVO DA OBRA
(O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO)

Podemos dividir as matérias contidas nos Evangelhos em cinco partes:

1) os atos comuns da vida do Cristo:
2) os milagres:
3) as profecias:
4) as palavras que serviram para o estabelecimento dos dogmas da Igreja:
5) o ensino moral.

Se as quatro primeiras partes têm sido objeto de discussões, a última PERMANECE INATACÁVEL. Diante desse código divino, a própria incredulidade se curva. E o terreno em que TODOS OS CULTOS podem encontrar-se, a bandeira sob a qual todos podem abrigar-se, por mais diferentes que sejam as suas crenças. Porque nunca foi objeto de disputas religiosas, sempre e por toda a parte PROVOCADA PELOS DOGMAS. Se o discutissem, as seitas teriam, aliás, encontrado nele a sua própria condenação, porque A MAIORIA DELAS SE APEGARAM MAIS A PARTE MÍSTICA DO QUE À PARTE MORAL, que EXIGE A REFORMA DE CADA UM.  Para os homens, em particular É UMA REGRA DE CONDUTA QUE ABRANGE TODAS AS CIRCUNSTÂNCIAS DA VIDA PRIVADA E PUBLICA, O PRINCÍPIO DE TODAS AS RELAÇÕES SOCIAIS fundadas na mais RIGOROSA JUSTIÇA. É, por fim, e acima de tudo O CAMINHO INFALÍVEL DA FELICIDADE A CONQUISTAR, uma ponta do véu erguida sobre a vida futura. É essa parte que constitui o objeto exclusivo desta obra.

Todo o mundo admira a moral evangélica; todos proclamam a sua sublimidade e a sua necessidade, mas muitos o fazem confiando naquilo que ouviram, ou apoiados em algumas máximas que se tornaram proverbiais, pois poucos a conhecem a fundo, e menos ainda a compreendem e sabem tirar-lhes as conseqüências. A razão disso está em grande parte, nas dificuldades apresentadas pela leitura do Evangelho, ininteligível para a maioria. A forma alegórica, O MISTICISMO INTENCIONAL DA LINGUAGEM, fazem que a maioria o leiam por desencargo de consciência e por obrigação, como lêem as preces sem as compreender, o que vale dizer sem proveito. OS PRECEITOS DE MORAL, espalhados no texto, misturados com as narrativas, PASSAM DESPERCEBIDOS. Torna-se impossível apreender o conjunto e fazê-los objeto de leitura e meditação separadas.

Fizeram-se, é verdade, tratados de moral evangélica, mas A ADAPTAÇÃO ao estilo literário moderno tira-lhe a ingenuidade primitiva, que lhe dá, ao mesmo tempo, encanto e autenticidade. Acontece o mesmo com as máximas destacadas, reduzidas a mais simples expressão proverbial, que não passam então de aforismos, PERDENDO UMA PARTE DE SE VALOR e de seu INTERESSE, pela falta dos acessórios e das circunstâncias em que foram dadas.

Para evitar esses inconvenientes, REUNIMOS nesta obra os TRECHOS QUE PODEM CONSTITUIR, propriamente falando, UM CÓDIGO MORAL UNIVERSAL, sem distinção de cultos. Nas citações, CONSERVAMOS TUDO o que era de UTILIDADE ao desenvolvimento do pensamento, suprimindo apenas as coisas estranhas ao assunto. Além disso, RESPEITAMOS ESCRUPULOSAMENTE a tradução original de Sacy, assim como a divisão por versículos. Mas, em vez de nos prendermos a uma ordem cronológica impossível, e sem vantagem real em semelhante assunto, as máximas foram agrupadas e distribuídas metodicamente segundos sua natureza, de maneira a que umas se deduzam das outras, tanto quanto possível. A indicação dos números de ordem dos capítulos e dos versículos permite recorrer à classificação comum, caso se julgue conveniente.

Esse seria apenas um trabalho material, que por si só não teria mais do que uma utilidade secundária. O essencial era pô-lo ao alcance de todos, pela explicação das passagens obscuras e o desenvolvimento de todas as suas conseqüências, com vistas à aplicação às diferentes situações da vida.  Foi o que procuramos fazer, com a ajuda dos bons Espíritos que nos assistem.

Muitas passagens do Evangelho, da Bíblia, e dos autores sagrados em geral são ininteligíveis, e muitas mesmo parecem absurdas por falta de uma chave que nos dê o seu verdadeiro sentido. Essa chave está inteirinha no Espiritismo, como já se convenceram os que estudaram seriamente a doutrina, e como ainda melhor se reconhecerá mais tarde. O Espiritismo se encontra por toda parte, na Antigüidade, e em todas as épocas da humanidade. Em tudo encontramos seus traços, nos escritos, nas crenças e nos monumentos, e é por isso que, se ele abre novos horizontes para o futuro, lança também uma viva luz sobre os mistérios do passado.

Como complemento de cada preceito, damos algumas instruções, escolhidas entre as que foram ditadas pelos Espíritos em diversos países, através de diferentes médiuns. Se essas instruções tivessem surgido de uma fonte única, poderiam ter sofrido uma influência pessoal ou do meio, enquanto diversidade de origens prova que os Espíritos dão os seus ensinamentos por toda parte, e que não há ninguém privilegiado a esse respeito.

ESTA OBRA É PARA O USO DE TODOS; cada qual pode dela tirar os meios de conformar sua conduta à moral do Cristo. Os espíritas nela encontrarão, além disso, as aplicações que lhes concernem mais especialmente. Graças às comunicações estabelecidas, de agora em diante, de maneira permanente, entre os homens e o mundo invisível, a lei evangélica, ensinada a todas as nações pelos próprios espíritos, não será mais letra morta, porque cada qual a compreenderá, e será incessantemente solicitado a pô-la em prática, pelos conselhos de seus guias espirituais. As instruções dos Espíritos são verdadeiramente as vozes do céu que vêm esclarecer os homens e convidá-los á prática do Evangelho.

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Para ler este livro acionar os link's abaixo:
(Tradução de J. Herculano Pires)
No formato PDF para download

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