ESPÍRITOS ERRANTES
Estudo
com base in O LIVRO DOS ESPÍRITOS
Livro
Segundo, qq. de 223 à 233
Capítulo
VI, Vida Espírita
Obra
codificada por Allan Kardec
Pesquisa:
Elio Mollo
(17 de
julho de 2011)
Atualizado
(em 23 de março de 2014)
A alma (1) após a separação do corpo,
às vezes, reencarna imediatamente, mas, na maioria das vezes, depois de
intervalos mais ou menos longos. Nos mundos superiores a reencarnação é quase
sempre imediata. A matéria corpórea sendo menos grosseira, o Espírito encarnado
goza de quase todas as faculdades do Espírito. Seu estado normal é a dos
sonâmbulos lúcidos.
O Espírito (alma + perispírito) (2)
nos intervalos das encarnações é um Espírito errante, que aspira uma nova
encarnação para se submeter a novas provas com o objetivo de continuar na sua
progressão.
A duração desses intervalos pode ser
de algumas horas ou de alguns milhares de séculos. De resto, não existe,
propriamente falando, limite extremo determinado para o estado errante, que
pode prolongar-se por muito tempo, mas que nunca é perpétuo. O Espírito tem
sempre a oportunidade, cedo ou tarde, de recomeçar uma existência que sirva à
purificação das anteriores.
Essa duração está subordinada à uma
conseqüência do livre arbítrio. Os Espíritos sabem perfeitamente o que fazem,
mas para alguns é também uma prova infligida por Deus. Outros pedem o seu
prolongamento a fim de progredirem nos estudos que só podem ser feitos com
proveito na condição de Espírito.
A erraticidade não é por si mesma, um
sinal de inferioridade entre os Espíritos, pois há Espíritos errantes de todos
os graus. A encarnação é um estado transitório. No seu estado normal, o
Espírito é livre da matéria.
Pode-se dizer que os que devem
reencarnar-se são errantes, mas os Espíritos puros, que chegaram à perfeição,
não são errantes: seu estado é definitivo.
No tocante às suas qualidades íntimas
os Espíritos pertencem a diferentes ordens ou graus, pelos quais passam
sucessivamente, à medida que se purificam.
No tocante ao estado podem ser:
- encarnados, que quer dizer ligados a um
corpo;
- errantes, ou desligados do corpo
material e esperando uma nova encarnação para se melhorarem;
- Espíritos puros ou perfeitos que não tem mais
necessidade da encarnação.
Os Espíritos errantes se instruem
estudando o seu passado e procuram o melhor meio de se elevarem. Vêem, observam
o que se passa nos lugares que percorrem, escutam os discursos dos homens
esclarecidos e os conselhos dos Espíritos mais elevados que eles, e isso lhes
proporciona ideias que não possuíam.
Os Espíritos elevados, ao perderem o
seu invólucro, deixam as más paixões e só guardam a do bem, contudo os
Espíritos inferiores as conservam, pois de outra maneira pertenceriam à ordem
dos Espíritos puros.
A maioria dos Espíritos, ao deixarem
a Terra, não abandonam as suas más paixões, porque neste mundo foram pessoas
excessivamente vaidosas. Acreditam que, ao deixá-lo, perderão esse defeito. É
um engano, pois após a partida da Terra, sobretudo para aqueles que tiverem
paixões bem vivas, resta uma espécie de atmosfera, que os envolve, guardando
todas essas coisas ruins, já que o Espírito não está inteiramente desprendido.
E apenas por momentos que ele entrevê a verdade, como para mostrar-lhe o bom
caminho.
Os Espíritos errantes podem avançar
intelectualmente, se o quiserem sinceramente e com firmeza. Como os homens, têm
o livre-arbítrio e o estado errante não lhes impede o exercício de suas
faculdades, aliás, até auxilia, facultando-lhes meios de observação, de que
podem aproveitar-se. (3) O Espírito, no estado
errante, pode melhorar-se bastante, sempre de acordo com a sua vontade e o seu
desejo, mas é na existência corpórea que ele põe em prática as novas idéias
adquiridas.
Os Espíritos errantes são mais ou
menos felizes ou infelizes, segundo os seus méritos. Sofrem as paixões cujos
germes conservaram, ou são felizes, segundo a sua maior ou menor
desmaterialização. No estado errante, o Espírito entrevê o que lhe falta para
ser mais feliz. E assim que ele busca os meios de o atingir, porém nem sempre
lhe é permitido reencarnar-se à vontade, e isso é uma prova.
Os Espíritos errantes da segunda
ordem são os intermediários entre os Espíritos superiores e os mortais, porque
é raro que os Espíritos se comuniquem diretamente, sendo preciso que a tanto
sejam impelidos por uma solicitude particular. Esses intermediários são os
Espíritos dos mortais que não têm nenhum mal grave a se censurar e cujas
intenções não foram más. Recebem missões e, quando as realizam com zelo e amor,
são recompensados por um progresso mais rápido. Têm menos migrações a sofrer.
Assim, os Espíritos desejam ardentemente essas missões, que só lhes são
concedidas como recompensa e quando são julgados capazes de cumpri-las. São os
Espíritos superiores que os dirigem e lhes escolhem as funções. (4)
É na erraticidade antes de sua
encarnação, que o Espírito escolhe voluntariamente as provas para seu
adiantamento. Elas são, pois, o produto de seu livre-arbítrio e não da
fatalidade. Se algumas vezes elas são impostas, como expiação, por uma vontade
superior, e ainda em conseqüência das más ações voluntariamente cometidas por
ele numa existência precedente, e não como conseqüência de uma lei fatal, pois
ele poderia tê-las evitado, agindo de outro modo. (5)
Quando o Espírito deixa o corpo,
ainda não está completamente desligado da matéria e pertence ainda ao mundo em
que viveu ou a um mundo do mesmo grau. A não ser que, durante sua vida, tenha
se elevado o suficiente. Esse é o objetivo a que deve voltar-se, pois sem isso
jamais se aperfeiçoaria. Ele pode, entretanto, ir a alguns mundos superiores,
passando por eles como estrangeiro. Nada mais faz do que os entrever, e é isso
que lhe dá o desejo de se melhorar, para ser digno da felicidade que neles se
desfruta para no futuro poder habitá-los.
Os Espíritos já purificados
freqüentemente vêm aos mundos inferiores a fim de ajudar os seus habitantes a
progredirem, sem isso, esses mundos estariam entregues a si mesmos, sem guias
para os orientar.
NOTAS
(1) A alma
é, assim, um ser simples; o Espírito um ser duplo (alma + perispírito) e o
homem um ser triplo (alma + perispírito + corpo físico). Seria, portanto, mais
exato reservar a palavra alma para designar o princípio inteligente, e a
palavra Espírito para o ser semimaterial formado desse princípio e do corpo
fluídico. Mas como não se pode conceber o princípio inteligente sem ligação
material, as palavras alma e Espírito são, no uso comum, indiferentemente
empregadas uma pela outra; é a figura que consiste em tomar a parte pelo todo,
da mesma forma que se diz que uma cidade é habitada por tantas almas, uma vila
composta de tantas casas; porém, filosoficamente é essencial fazer-se a
diferença. (Allan Kardec in O que é o Espiritismo, Cap. II,
item 9, 10 e 14.)
(2) Em resposta a questão 76 de O
Livro dos Espíritos os Espíritos dizem que "Podemos definir que
os Espíritos são os seres inteligentes da Criação. Eles povoam o
Universo, além do mundo material" e, em nota a esta
resposta Allan Kardec diz que "A palavra Espírito é aqui empregada
para designar os seres extra-corpóreos e não mais o elemento inteligente
Universal". No capítulo II da obra O que é o Espiritismo,
item 14, Dos Espíritos, encontramos que "A alma e o perispírito
separados do corpo constituem o ser a que chamamos Espírito".
(3) Ver Allan Kardec, Revista
Espírita de outubro de 1860, Progresso
dos Espíritos.
(4) Ver Allan Kardec, Revista
Espírita de outubro de 1860, Os
Espíritos Errantes.
(5) Ver Allan Kardec, Revista
Espírita de julho de 1868,
A Ciência da Concordância dos Números e a
Fatalidade.
Estudos relacionados:
Fontes:
Allan Kardec – O Livro dos
Espíritos, Livro Segundo, qq. de 223 à 233.
Allan Kardec – O que é o
Espiritismo, Cap. II, item 9, 10 e 14
Allan Kardec, Revista Espírita
de outubro de 1860, Progresso dos
Espíritos.
Allan Kardec, Revista Espírita
de outubro de 1860, Os Espíritos Errantes.
Allan Kardec – Revista Espírita
de julho de 1868, A
Ciência da Concordância dos Números e a Fatalidade.
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