sexta-feira, 6 de abril de 2012

ESPÍRITOS ERRANTES


ESPÍRITOS ERRANTES
Estudo com base in O LIVRO DOS ESPÍRITOS
Livro Segundo, qq. de 223 à 233
Capítulo VI, Vida Espírita
Obra codificada por Allan Kardec

Pesquisa: Elio Mollo
 (17 de julho de 2011)

Atualizado
(em 23 de março de 2014)


A alma (1) após a separação do corpo, às vezes, reencarna imediatamente, mas, na maioria das vezes, depois de intervalos mais ou menos longos. Nos mundos superiores a reencarnação é quase sempre imediata. A matéria corpórea sendo menos grosseira, o Espírito encarnado goza de quase todas as faculdades do Espírito. Seu estado normal é a dos sonâmbulos lúcidos.

O Espírito (alma + perispírito) (2) nos intervalos das encarnações é um Espírito errante, que aspira uma nova encarnação para se submeter a novas provas com o objetivo de continuar na sua progressão.

A duração desses intervalos pode ser de algumas horas ou de alguns milhares de séculos. De resto, não existe, propriamente falando, limite extremo determinado para o estado errante, que pode prolongar-se por muito tempo, mas que nunca é perpétuo. O Espírito tem sempre a oportunidade, cedo ou tarde, de recomeçar uma existência que sirva à purificação das anteriores.

Essa duração está subordinada à uma conseqüência do livre arbítrio. Os Espíritos sabem perfeitamente o que fazem, mas para alguns é também uma prova infligida por Deus. Outros pedem o seu prolongamento a fim de progredirem nos estudos que só podem ser feitos com proveito na condição de Espírito.

A erraticidade não é por si mesma, um sinal de inferioridade entre os Espíritos, pois há Espíritos errantes de todos os graus. A encarnação é um estado transitório. No seu estado normal, o Espírito é livre da matéria.

Pode-se dizer que os que devem reencarnar-se são errantes, mas os Espíritos puros, que chegaram à perfeição, não são errantes: seu estado é definitivo.

No tocante às suas qualidades íntimas os Espíritos pertencem a diferentes ordens ou graus, pelos quais passam sucessivamente, à medida que se purificam.

No tocante ao estado podem ser:

encarnados, que quer dizer ligados a um corpo;
errantes, ou desligados do corpo material e esperando uma nova encarnação para se melhorarem;
Espíritos puros ou perfeitos que não tem mais necessidade da encarnação.

Os Espíritos errantes se instruem estudando o seu passado e procuram o melhor meio de se elevarem. Vêem, observam o que se passa nos lugares que percorrem, escutam os discursos dos homens esclarecidos e os conselhos dos Espíritos mais elevados que eles, e isso lhes proporciona ideias que não possuíam.

Os Espíritos elevados, ao perderem o seu invólucro, deixam as más paixões e só guardam a do bem, contudo os Espíritos inferiores as conservam, pois de outra maneira pertenceriam à ordem dos Espíritos puros.

A maioria dos Espíritos, ao deixarem a Terra, não abandonam as suas más paixões, porque neste mundo foram pessoas excessivamente vaidosas. Acreditam que, ao deixá-lo, perderão esse defeito. É um engano, pois após a partida da Terra, sobretudo para aqueles que tiverem paixões bem vivas, resta uma espécie de atmosfera, que os envolve, guardando todas essas coisas ruins, já que o Espírito não está inteiramente desprendido. E apenas por momentos que ele entrevê a verdade, como para mostrar-lhe o bom caminho.

Os Espíritos errantes podem avançar intelectualmente, se o quiserem sinceramente e com firmeza. Como os homens, têm o livre-arbítrio e o estado errante não lhes impede o exercício de suas faculdades, aliás, até auxilia, facultando-lhes meios de observação, de que podem aproveitar-se. (3) O Espírito, no estado errante, pode melhorar-se bastante, sempre de acordo com a sua vontade e o seu desejo, mas é na existência corpórea que ele põe em prática as novas idéias adquiridas.

Os Espíritos errantes são mais ou menos felizes ou infelizes, segundo os seus méritos. Sofrem as paixões cujos germes conservaram, ou são felizes, segundo a sua maior ou menor desmaterialização. No estado errante, o Espírito entrevê o que lhe falta para ser mais feliz. E assim que ele busca os meios de o atingir, porém nem sempre lhe é permitido reencarnar-se à vontade, e isso é uma prova.

Os Espíritos errantes da segunda ordem são os intermediários entre os Espíritos superiores e os mortais, porque é raro que os Espíritos se comuniquem diretamente, sendo preciso que a tanto sejam impelidos por uma solicitude particular. Esses intermediários são os Espíritos dos mortais que não têm nenhum mal grave a se censurar e cujas intenções não foram más. Recebem missões e, quando as realizam com zelo e amor, são recompensados por um progresso mais rápido. Têm menos migrações a sofrer. Assim, os Espíritos desejam ardentemente essas missões, que só lhes são concedidas como recompensa e quando são julgados capazes de cumpri-las. São os Espíritos superiores que os dirigem e lhes escolhem as funções. (4)

É na erraticidade antes de sua encarnação, que o Espírito escolhe voluntariamente as provas para seu adiantamento. Elas são, pois, o produto de seu livre-arbítrio e não da fatalidade. Se algumas vezes elas são impostas, como expiação, por uma vontade superior, e ainda em conseqüência das más ações voluntariamente cometidas por ele numa existência precedente, e não como conseqüência de uma lei fatal, pois ele poderia tê-las evitado, agindo de outro modo. (5)

Quando o Espírito deixa o corpo, ainda não está completamente desligado da matéria e pertence ainda ao mundo em que viveu ou a um mundo do mesmo grau. A não ser que, durante sua vida, tenha se elevado o suficiente. Esse é o objetivo a que deve voltar-se, pois sem isso jamais se aperfeiçoaria. Ele pode, entretanto, ir a alguns mundos superiores, passando por eles como estrangeiro. Nada mais faz do que os entrever, e é isso que lhe dá o desejo de se melhorar, para ser digno da felicidade que neles se desfruta para no futuro poder habitá-los.

Os Espíritos já purificados freqüentemente vêm aos mundos inferiores a fim de ajudar os seus habitantes a progredirem, sem isso, esses mundos estariam entregues a si mesmos, sem guias para os orientar.

NOTAS

(1) A alma é, assim, um ser simples; o Espírito um ser duplo (alma + perispírito) e o homem um ser triplo (alma + perispírito + corpo físico). Seria, portanto, mais exato reservar a palavra alma para designar o princípio inteligente, e a palavra Espírito para o ser semimaterial formado desse princípio e do corpo fluídico. Mas como não se pode conceber o princípio inteligente sem ligação material, as palavras alma e Espírito são, no uso comum, indiferentemente empregadas uma pela outra; é a figura que consiste em tomar a parte pelo todo, da mesma forma que se diz que uma cidade é habitada por tantas almas, uma vila composta de tantas casas; porém, filosoficamente é essencial fazer-se a diferença. (Allan Kardec in O que é o Espiritismo, Cap. II, item 9, 10 e 14.)

(2) Em resposta a questão 76 de O Livro dos Espíritos os Espíritos dizem que "Podemos definir que os Espíritos são os seres inteligentes da Criação. Eles povoam o Universo, além do mundo material" e, em nota a esta resposta Allan Kardec diz que "A palavra Espírito é aqui empregada para designar os seres extra-corpóreos e não mais o elemento inteligente Universal". No capítulo II da obra O que é o Espiritismo, item 14, Dos Espíritos, encontramos que "A alma e o perispírito separados do corpo constituem o ser a que chamamos Espírito".

(3) Ver Allan Kardec, Revista Espírita de outubro de 1860, Progresso dos Espíritos.

(4) Ver Allan Kardec, Revista Espírita de outubro de 1860, Os Espíritos Errantes.

(5) Ver Allan Kardec, Revista Espírita de julho de 1868, A Ciência da Concordância dos Números e a Fatalidade.

Estudos relacionados:



Fontes:
Allan Kardec – O Livro dos Espíritos, Livro Segundo, qq. de 223 à 233.
Allan Kardec – O que é o Espiritismo, Cap. II, item 9, 10 e 14
Allan Kardec, Revista Espírita de outubro de 1860, Progresso dos Espíritos.
Allan Kardec, Revista Espírita de outubro de 1860, Os Espíritos Errantes.
Allan Kardec – Revista Espírita de julho de 1868, A Ciência da Concordância dos Números e a Fatalidade.

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