ADORAÇÃO EXTERIOR
Estudo com base in O Livro dos Espíritos, Livro terceiro, cap. II, itens de 653 à 656.
Obra codificada por Allan Kardec
Pesquisa: Elio Mollo
A verdadeira adoração é a do coração, pois em todas as nossas ações Deus nos observa.
A adoração exterior pode ser útil se não for um fingimento, contudo é sempre mais útil dar um bom exemplo. Se as nossas ações são feitas somente por afetação e amor próprio, cuja conduta desmente a nossa aparente piedade, então, estaremos dando um mau exemplo do que bom, assim, estaremos fazendo um mal e maior do que podemos supor. Deus prefere os que o adoram do fundo do coração, com sinceridade, fazendo o bem e evitando o mal, por isso, aos que pensam honrá-Lo através de cerimônias que não os tornam melhores (1) para os seus semelhantes, estes, estão no caminho da hipocrisia.
Todos os homens são irmãos e filhos do mesmo Deus, que chama para Ele todos os que seguem as suas leis, qualquer que seja a forma pela qual se exprimam.
Aquele que só tem a aparência da piedade é um hipócrita; aquele para quem a adoração é apenas um fingimento e está em contradição com a própria conduta, dá um mau exemplo.
Aquele que se vangloria de adorar a Deus, mas que é orgulhoso, invejoso e ciumento, que é duro e implacável para com os outros ou ambicioso de bens mundanos, estes, só tem a Deus nos lábios e não no coração. Assim, aquele que conhece a verdade é cem vezes mais culpável do mal que faz do que o selvagem ignorante e será tratado de maneira consequente, por sua consciência, quando esta resolver lhe cobrar. Se um cego nos derruba ao passar, naturalmente nós o desculpamos, mas se é um homem que enxerga bem, com razão, a nossa censura será inevitável.
Aquele que ora sem compreender o que diz se habitua a dar mais valor às palavras do que aos pensamentos; para ele são as palavras que são eficazes, mesmo quando o coração nelas não está por nada; também muitos se creem quites quando recitaram algumas palavras que os dispensam de se reformarem (2). É fazer-se uma estranha ideia da Divindade crer que ela se paga com palavras antes do que com atos que atestem uma melhoria moral. (3)
Não existe razão em perguntar se há uma forma de adoração mais conveniente, porque isso seria perguntar se é mais agradável a Deus ser adorado numa língua do que em outra. Mas podemos dizer que os cânticos só chegam a Deus pela sinceridade do coração.
A intenção, como em muitas coisas, é a regra. Aquele que tem em vista respeitar as crenças alheias, desde que não acredite nelas, não faz mal, ou seja, faz melhor do que aquele que as ridicularizasse, porque esse faltaria com a caridade. Mas quem as praticar, quando não acredita nelas, unicamente, por interesse ou por ambição é desprezível aos olhos de Deus e dos homens. Deus não pode agradar-Se daqueles que só demonstram humildade perante Ele para provocar a aprovação dos homens.
Quando os homens estão reunidos por uma comunhão de pensamentos e sentimentos têm mais força para atrair os bons Espíritos. Acontece o mesmo quando se reúnem para adorar a Deus. Mas não podemos pensar, por isso, que a adoração em particular seja menos boa; pois cada um pode adorar a Deus, pensando nEle, sinceramente.
NOTAS
(1) O meio prático mais eficaz para se melhorar nesta vida é resistir ao arrastamento do mal, é assim que ensinava um sábio da Antiguidade (Sócrates) com o "Conhece-te a ti mesmo". (Ver Allan Kardec em O Livro dos Espíritos, Livro terceiro, cap. XII, Perfeição Moral, item 919.)
(2) Reconhece-se o homem de bem, pela sua transformação moral, e pelos esforços que faz para dominar suas más tendências. (Ver Allan Kardec em O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XVII, Sede Perfeitos, item 4.)
(3) Ver Allan Kardec, Revista Espírita, agosto de 1864, Suplemento ao Capítulo das Preces em a Imitação do Evangelho.
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