segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

VOCABULÁRIO ESPÍRITA


VOCABULÁRIO ESPÍRITA
Com base nas obras da codificação espírita
Em especial Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas (*) e O Livro dos Médiuns
Outras obras indicadas no texto.
Pesquisa: Elio Mollo
Atualizado em 10/novembro/2013


Agênere (do gr, a, privativo e géine, geinomai, engendrar; o que não foi engendrado) – variedade de aparição tangível; estado de  certos  Espíritos  que  podem  revestir,  momentaneamente,  as formas de uma pessoa viva a ponto de iludir completamente os observadores. (1)

(1) Agênere (do grego: a, privativo, e géiné, géinomai, - gerar, não gerado). Variedade de aparição tangível.  Estado de certos Espíritos que podem revestir momentaneamente as formas de uma pessoa viva, a ponto de produzir completa ilusão. (Ver Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, cap. XXXII.)

Alma (2) (do lat. anima, gr. anemos, sopro, emanação, ar) – segundo uns, é o princípio da vida material; segundo outros, é o princípio da inteligência, sem individualidade depois da morte. Conforme as diversas doutrinas religiosas, é um ser imaterial, distinto, do qual o corpo não é senão o invólucro. Sobrevive ao corpo e conserva a sua individualidade depois da morte.

Esta diversidade de acepções dadas a uma mesma palavra é uma fonte perpétua de controvérsias, o que não se daria se cada idéia tivesse sua representação nitidamente definida. Para evitar qualquer mal-entendido sobre o sentido que damos a esta palavra, chamaremos:

Alma espírita, ou simplesmente alma – o ser imaterial, distinto e individual, unido ao corpo que lhe serve de invólucro temporário, isto é, o espírito em estado de encarnação, e que somente pertence à espécie humana;

Princípio vital o princípio geral da vida material, comum a todos os seres orgânicos, homens, animais e plantas; e alma vital – o princípio vital individualizado em um ser qualquer;

Princípio intelectual o princípio geral da inteligência comum aos homens e animais; e alma intelectual – este mesmo princípio individualizado.

(2) A alma é, assim, um ser simples; o Espírito um ser duplo e o homem um ser triplo. Seria portanto mais exato reservar a palavra alma para designar o princípio inteligente, e a palavra Espírito para o ser semimaterial formado desse princípio e do corpo fluídico. Mas como não se pode conceber o princípio inteligente sem ligação material, as palavras alma e Espírito são, no uso comum, indiferentemente empregadas uma pela outra; é a figura que consiste em tomar a parte pelo todo, da mesma forma que se diz que uma cidade é habitada por tantas almas, uma vila composta de tantas casas; porém, filosoficamente é essencial fazer-se a diferença. (Ver Allan Kardec, O Que é o Espiritismo, Cap. II, Dos Espíritos, Nota para o item 14.)

A alma é um ser simples, primitivo; o Espírito o ser duplo o homem é o ser triplo. Se se confundir o homem com roupas, teremos um ser quádruplo. Na circunstância de que se trata, o vocábulo Espírito é o que melhor corresponde à coisa expressa. Pelo pensamento representa-se um Espírito, mas não se representa uma alma. (Allan Kardec, Revista Espírita, Ano 7, maio de 1864, A Alma Pura de Minha Irmã Henriete.)

Alma universal – nome que certos filósofos dão ao princípio geral da vida e da inteligência (v. Todo universal).

Alucinação (do lat. hallucinatio, – onis, erro, engano, alucinação) – aparente percepção de objetos externos, não presentes no momento; ilusão; devaneio. Os fenômenos espíritas, que provêm da emancipação da alma, provam que o que se qualifica de alucinação é, muitas vezes, uma percepção real análoga à da dupla-vista, do sonambulismo ou êxtase, provocada por um estado anormal, um efeito das faculdades da alma desprendida dos laços corpóreos. Sem dúvida ocorre, em certas circunstâncias, uma verdadeira alucinação no sentido correlato ao termo. Mas a ignorância e a pouca atenção que se tem dado, até o presente, a essas espécies de fenômenos fizeram considerar como uma ilusão o que é, freqüentemente, uma visão real. Quando não se sabe explicar um fato psicológico, acha-se mais simples classificá-lo de alucinação.

Anjo (do lat. angelus, gr. aggelos, mensageiro) – segundo a idéia vulgar, os anjos são seres intermediários entre o homem e a divindade, por sua natureza e poder, e que podem manifestar-se, quer por avisos ocultos, quer de um modo visível. Eles não foram criados perfeitos, pois a perfeição supõe a infalibilidade e alguns dentre eles se revoltaram contra Deus. Diz-se: os bons e maus anjos, o anjo das trevas. Entretanto a idéia mais geral, ligada a esta palavra, é a da bondade e da suprema virtude.

Segundo a doutrina espírita, os anjos não são seres à parte e de uma natureza especial: são os Espíritos da primeira ordem, isto é, os que chegaram ao estado de puros Espíritos depois de terem sofrido todas as provas.

Nosso mundo não é de toda a eternidade e, muito tempo antes que ele existisse, já Espíritos haviam atingido esse grau supremo; os homens então acreditaram que eles sempre foram assim.

Aparição – fenômeno pelo qual os seres do mundo incorpóreo se manifestam à vista.

Aparição vaporosa ou etérea a que é impalpável e inatingível, e não oferece nenhuma resistência ao toque;

Aparição tangível ou estereológica a que é palpável e apresenta a consistência de um corpo sólido.

A aparição difere da visão por ocorrer no estado de vigília, através dos órgãos visuais e enquanto o homem tem a plena consciência de suas relações com o mundo exterior. A visão dá-se no estado de sono ou de êxtase. Ocorre igualmente no estado de vigília, por efeito da segunda-vista. A aparição é registrada pelos olhos do corpo; produz-se no próprio lugar em que nos encontramos; a visão tem por objeto coisas ausentes ou distantes, percebidas pela alma em seu estado de emancipação e quando as faculdades sensitivas estão mais ou menos suspensas (v. Lucidez, Clarividência).

Arcanjo – anjo de uma ordem superior (v. Anjo). A palavra anjo é um termo genérico que se aplica a todos os Espíritos puros.  Se admitirmos, relativamente aos anjos, diferentes graus de elevação, poderemos, para empregar termos conhecidos, designá-los pelas palavras arcanjos e serafins.

Ateu, Ateísmo (do gr. atheos, composto de a, privativo, e de theos, Deus: sem Deus; que não crê em Deus) – o Ateísmo é a negação absoluta da divindade. Todo aquele que crê na existência de um ser supremo, quaisquer que sejam os atributos que lhe suponha e o culto que lhe renda, não é ateu. Toda religião repousa necessariamente na crença em uma divindade. Esta crença pode ser mais ou menos esclarecida, mais ou menos conforme à verdade; todavia uma religião atéia é um contra- senso.

O Ateísmo absoluto tem poucos prosélitos, porque o sentimento da divindade existe no coração do homem independentemente de qualquer ensino. O ateísmo e o Espiritismo são incompatíveis.

Atmosfera dos seres espirituais - Os fluidos espirituais, que constituem um dos estados do fluido cósmico universal, são, a bem dizer, a atmosfera dos seres espirituais; o elemento donde eles tiram os materiais sobre que operam; o meio onde ocorrem os fenômenos especiais, perceptíveis à visão e à audição do Espírito, mas que escapam aos sentidos carnais, impressionáveis somente à matéria tangível; o meio onde se forma a luz peculiar ao mundo espiritual, diferente, pela causa e pelos efeitos da luz ordinária; finalmente, o veículo do pensamento, como o ar o é o do som. (Ver Allan Kardec, Revista Espírita, junho de 1868, Fotografia do Pensamento.)

Batedor: Qualidade de certos Espíritos. Os Espíritos batedores são os que revelam a sua presença por pancadas e ruídos de diferentes espécies. (Ver Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, cap. XXXII.)

Bicorporeidade - Pessoa que se mostra simultaneamente em dois lugares diversos. Mas desses corpos que sem mostram simultaneamente em dois pontos diferentes, só um é real, o outro não passa de aparência. Pode-se dizer que o primeiro tem a vida orgânica e o segundo a anímica. Ao acordar os dois corpos se reúnem e a vida anímica penetra o corpo material. Não parece possível, pois não temos exemplos, e a razão parece demonstrar que, quando separados, os dois corpos possam gozar simultaneamente e no mesmo grau da vida ativa e inteligente. Ressalta, ainda, o que acabamos de dizer, que o corpo real não poderia morrer enquanto o corpo aparente permanece visível: a aproximação da morte chama sempre o Espírito para o corpo, mesmo que só por um instante.  Disso resulta também que o corpo aparente não poderia ser assassinado, pois não é orgânico e nem formado de carne e osso: desaparece no momento em que se quiser matá-lo.  (Ver Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, segunda parte, cap. VII, Bicorporeidade e Transfiguração.)

Céu, no sentido de morada dos bem-aventurados (3) (v. Paraíso).
 

(3) O vocábulo céu se diz, em geral, do espaço indefinido que circunda a terra e, mais particularmente, da parte que está acima do nosso horizonte. Vem do latim caelum, formado do grego koitos, ôco, côncavo, porque o céu parece aos nossos olhos como uma imensa concavidade. Os Antigos acreditavam na existência de vários céus superpostos, compostos de matéria sólida e transparente, formando esferas concêntricas, das quais a terra era o centro. Girando em torno da terra, essas esferas arrastavam consigo os astros, que se achavam em seu circuito.

Esta ideia, devida à insuficiência dos conhecimentos astronômicos, foi a de todas as teogonias, que fizeram dos céus, assim escalonados, os diversos graus da beatificação; o último era a morada da suprema felicidade. Segundo a opinião mais comum, havia sete. Daí a expressão Estar no sétimo céu, para exprimir a felicidade perfeita. Os muçulmanos admitiam nove, em cada um dos quais aumenta a felicidade dos crentes. O astrônomo Ptolomeu contava onze, dos quais o último era chamado Empíreo, devido à deslumbrante luz que ali reina. É ainda hoje o nome poético, dado ao lugar da eterna beatitude. A teologia cristã reconhece três céus: o primeiro é o da região do ar e das nuvens; o segundo é o espaço onde se movem os astros; o terceiro, além da região dos astros, é a morada do Altíssimo, a casa dos eleitos, que contemplam Deus face a face. É em vista desta crença que se diz que São Paulo foi levado ao terceiro céu. 

(...) Posto estejam os Espíritos por toda a parte, os mundos são focos onde de preferência se reúnem, em razão da analogia que existe entre si e os que os habitam. Em torno dos mundos adiantados abundam os Espíritos superiores; em torno dos atrasados pululam os Espíritos inferiores. A terra é ainda um destes últimos. Cada globo, pois, de certo modo, tem sua população própria de Espíritos encarnados e desencarnados, que se alimenta, em maioria, pela encarnação e desencarnação dos mesmos Espíritos. Essa população é mais estável nos mundos inferiores, onde os Espíritos são mais ligados à matéria, e mais flutuante nos mundos superiores. Mas dos mundos focos de luz e felicidade, destacam-se Espíritos para mundos inferiores, a fim de aí semearem os germes do progresso e levar a consolação e a esperança, levantar os ânimos abatidos pelas provações da vida e, por vezes, aí se encarnam para cumprir sua missão com mais eficácia.

Nesta imensidade sem limites, onde, pois, está o céu? Por toda a parte; nenhum muro o limita; os mundos felizes são as últimas estações que a ele conduzem, as virtudes lhes abrindo o caminho e os vícios lhes barrando o acesso. (Ver Allan Kardec, O Céu e o Inferno, cap. III e Revista Espírita, março de 1865, Onde é o Céu.)

Ciência Espírita - Assim como a Física nos ensina a causa de certos fenômenos e a Medicina a de certas doenças, o estudo da ciência espírita nos ensina a causa dos fenômenos devidos às influências ocultas do mundo invisível e nos explica o que, sem isto, nos parecerá inexplicável. A mediunidade é o meio direto de observação. O médium – que nos permitam a comparação – é o instrumento de laboratório pelo qual a ação do mundo invisível se traduz de maneira patente. E, pela facilidade que nos oferece de repetir as experiências, permite-nos estudar o modo e os diversos matizes desta ação. Destes estudos e destas observações nasceu a ciência espírita. (Ver Allan Kardec, Revista Espírita, janeiro de 1863, Estudo sobre os Possessos de Morzine.)
 
Talvez nos contestem a qualificação de ciência, que damos ao Espiritismo. Certamente não teria ele, em nenhum caso, as características de uma ciência exata, e é precisamente aí que reside o erro dos que o pretendem julgar e experimentar como uma análise química ou um problema matemático; já é bastante que seja uma ciência filosófica. Toda ciência deve basear-se em fatos, mas os fatos, por si sós, não constituem a ciência; ela nasce da coordenação e da dedução lógica dos fatos: é o conjunto de leis que os regem. Chegou o Espiritismo ao estado de ciência? Se por isto se entende uma ciência acabada, seria sem dúvida prematuro responder afirmativamente; entretanto, as observações já são hoje bastante numerosas para nos permitirem deduzir, pelo menos, os princípios gerais, onde começa a ciência. (Ver Allan Kardec, Revista Espírita, janeiro de 1858, Introdução.)
 
Clarividência
– propriedade inerente à alma e que dá a certas pessoas a faculdade de ver sem o auxílio dos órgãos da visão (v. Lucidez).

Classificação dos Espíritos (v. Escala espírita).

Comunicação espírita – manifestação inteligente dos Espíritos tendo por objeto uma troca contínua de pensamento entre eles e os homens. Distinguem-se em:

Comunicações frívolas as que se referem a assuntos fúteis e sem importância;

Comunicações grosseiras as que se traduzem por expressões que ofendem a decência;

Comunicações sérias as que excluem a frivolidade, qualquer que seja o assunto de que tratem;

Comunicações instrutivas as que têm por objeto principal um ensinamento dado pelos Espíritos sobre as ciências, a moral, a filosofia, etc..
 
(Quanto às modalidades de comunicações, v. Sematologia, Tiptologia,      Pneumatofonia, Pneumatografia, Psicofonia, Psicografia, Telegrafia humana).
 
Comunhão de pensamentos - Pensamento comum, unidade de intenção, de vontade, de desejo, de aspiração. Somatório de pensamentos de duas ou mais pessoas, quando se reúnem com a mesma intenção. No Espiritismo: quando o pensamento coletivo adquire força pelo número, um conjunto de pensamentos idênticos, tendo o bem por objetivo, terá mais força para neutralizar a ação dos maus Espíritos. Resumindo: As condições do meio serão tanto melhores, quanto maior homogeneidade houver para o bem. Ver Revista Espírita, dezembro de 1864, Da Comunhão de Pensamentos, Revista Espírita, dezembro de 1868, Sessão Anual Comemorativa dos Mortos e o O Livro dos Médiuns, 2ª parte, cap. XXI Influência Moral dos Médiuns.
 
A comunhão de pensamentos é também conhecida como egrégora, quando várias pessoas têm um mesmo objetivo comum, a energia se agrupa e se aglomera em um egrégoro, entidade criada a partir do coletivo, por exemplo: uma assembleia onde os participantes tem a mesma intenção de pensamento.
 
No Novo Testamento da Bíblia, em Mateus 18:20, encontramos um exemplo de comunhão de pensamentos: "Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles."

Crisíaco
– aquele que está em um estado momentâneo de crise produzida pela ação magnética. Esta circunstância se oferece mais particularmente naqueles em que esse estado é espontâneo e acompanhado de uma  superexcitação  nervosa.  Os crisíacos gozam, em geral, de lucidez sonambúlica ou da segunda-vista.
 
Crítico (do Espiritismo) - Se o Espiritismo é um erro, ele cairá por si mesmo; se é uma verdade, todas as diatribes não farão dele uma mentira. (...) É de uma lógica elementar que o crítico deva conhecer, não superficialmente, mas a fundo, aquilo de que fala, sem o que sua opinião não tem valor. (...) O crítico não deve se limitar a dizer que tal coisa é boa ou má; é preciso que ele justifique sua opinião por uma demonstração clara e categórica, baseada sobre os próprios princípios da arte ou da ciência. (...) Não é senão por extensão que a palavra criticar é sinônimo de censurar. Em seu significado próprio, e segundo sua etimologia, ela significa julgar, apreciar. A crítica pode, pois, ser aproveitada ou desaproveitada. Fazer crítica de um livro não é necessariamente condená-lo. Aquele que empreende essa tarefa deve fazê-la sem ideias preconcebidas. Mas, se antes de abrir o livro já o condenou em seu pensamento, seu exame não pode ser imparcial. Tal é o caso da maioria daqueles que têm falado do Espiritismo. Apenas sobre o nome formaram uma opinião e fizeram como um juiz que pronunciou uma sentença sem se dar ao trabalho de examinar o processo. Disso resultou que seu julgamento ficou sem razão e, ao invés de persuadir, provocou riso. Quanto àqueles que estudaram seriamente a questão, a maioria mudou de opinião e mais de um adversário dela tornou-se partidário, quando viu que se tratava de coisa diversa daquela em que ele acreditava. (Ver Allan Kardec, O que é o Espiritismo, primeiro diálogo, O Crítico.)

Zombar de uma coisa que não se conhece, que não se sondou com o escalpelo do observador consciencioso não é criticar mas dar prova de leviandade e uma pobre ideia de sua capacidade de julgamento. Seguramente, se tivéssemos apresentado esta filosofia como sendo uma obra do cérebro humano ela teria encontrado menos desdém e teria merecido as honras de um exame dos que pretendem dirigir a opinião. Mas ela vem dos Espíritos, que absurdo! É muito que mereça um olhar. Julgam-na pelo título, como o macaco da fábula julgava a noz pela casca. Fazei, se o quiserdes, abstração da origem; suponde que este livro (O Livro dos Espiritos) seja obra de um homem e dizei no vosso íntimo e em consciência, depois de o ler seriamente, se encontrastes matéria para zombaria. Ver Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Conclusão.)
 
Deísta – aquele que crê em Deus, sem admitir o culto exterior. Sem razão confunde-se às vezes deísmo com ateísmo (v. Ateu).

Demônio (do lat. Daemo, feito do gr. Daimon, gênio, inteligência, sorte, destino, manes) – Daemones, tanto em grego como em latim, se diz de todos os seres incorpóreos, bons ou maus, e que se supõe terem conhecimentos e poder superiores aos dos homens. Nas línguas modernas esta palavra é geralmente tomada em má acepção, que se restringe aos gênios malfazejos. Segundo a crença vulgar os demônios são seres essencialmente maus por sua natureza. Os Espíritos nos ensinam que Deus, sendo soberanamente justo e bom, não pode ter criado seres voltados ao mal e desgraçados por toda a eternidade. Segundo eles não há demônios na acepção absoluta e restrita desta palavra; há apenas Espíritos imperfeitos, que podem, todos, aperfeiçoarem-se por seus esforços e por sua vontade. Os Espíritos da décima classe seriam os verdadeiros demônios, se esta palavra não implicasse a idéia de uma natureza perpetuamente má.

(4) A décima classe, os Espíritos impuros, são inclinados ao mal e o fazem objeto de suas preocupações. Como Espíritos, dão conselhos pérfidos, insuflam a discórdia e a desconfiança e usam todos os disfarces para melhor enganar. Apegam-se às pessoas de caráter bastante fraco para cederem as suas sugestões, a fim de as levar à perda, satisfeitos de poderem retardar o seu adiantamento, ao fazê-los sucumbir ante as provas que sofrem. (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Livro segundo, Escala Espírita, item 102.)

Demônio familiar (v. Espírito familiar).

Demonologia, demonografia – tratado da natureza e da influência dos demônios.

Demonomancia (do gr. daimon e manteia, adivinhação) – pretenso conhecimento do futuro pela inspiração dos demônios.

Demonomania – variedade de alienação mental que consiste em crer-se possuído pelo demônio.

Densidade do perispírito (A), se assim se pode dizer, varia de acordo com a natureza dos mundos. Parece variar também no mesmo mundo, segundo os indivíduos. Nos Espíritos moralmente adiantados ele é mais sutil e se aproxima do perispírito das entidades elevadas: nos Espíritos inferiores aproxima-se da matéria e é isso que determina a persistência das ilusões da vida terrena nas entidades de baixa categoria, que pensam e agem como se ainda estivessem na vida física, tendo os mesmos desejos e quase poderíamos dizer a mesma sensualidade. Essa densidade maior do perispírito, estabelecendo maior afinidade com a matéria, torna os Espíritos inferiores mais aptos para as manifestações físicas. É por essa razão que um homem refinado, habituado aos trabalhos intelectuais, de corpo frágil e delicado, não pode erguer pesados fardos como um carregador. A matéria de seu corpo é de alguma maneira menos compacta, os órgãos são menos resistentes, o fluido nervoso menos intenso. O perispírito é para o Espírito o que o corpo é para o homem. Sua densidade está na razão da inferioridade do Espírito. Essa densidade, portanto, substitui nele a força muscular, dando-lhe maior poder sobre os fluidos necessários as manifestações dos que o possuem os de natureza mais etérea. Se um Espírito elevado quer produzir esses feitos, faz o que fazem entre nós os homens refinados: incumbe disso um Espírito carregador. (Ver Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, 2ª. parte, cap. IV, Teoria das Manifestações Físicas, item 74, observação de Allan Kardec a resposta da questão 12. Ver também, Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, livro segundo, cap. I, Perispírito, item 93 e seguintes e cap. IV, Encarnação nos Diferentes Mundos, item 187).

Deus – inteligência suprema, causa primária de todas as coisas. É eterno, imutável, imaterial, único, todo poderoso, soberanamente justo e bom, e infinito em todas as suas perfeições.

Diabo (do gr. Diabolos, delator, acusador, maldizente, caluniador) – segundo a crença vulgar, é um ser real, um anjo rebelde, chefe de todos os demônios, e que tem um poder bastante grande para lutar contra o próprio Deus. Ele conhece nossos pensamentos mais secretos, insufla todas as más paixões e toma todas as formas para nos induzir ao mal. Conforme a doutrina dos espíritos sobre os demônios, o diabo é a personificação do mal; é um ser alegórico, resumindo em si todas as paixões más dos Espíritos imperfeitos. Da mesma forma que os povos da antiguidade davam às suas divindades alegóricas atributos especiais – ao tempo uma foice de segar, uma ampulheta, asas e a figura de um ancião; à fortuna uma venda sobre os olhos e uma roda sob um pé, etc. –, igualmente o diabo teve que ser representado sob os traços característicos da baixeza de inclinações. Os chifres e a cauda são os emblemas da bestialidade, isto é, da brutalidade, das paixões animais.

Dríades (v. Hamadríades).

Duendes – espíritos travessos, espécies de trasgos, mais traquinas do que maus, que pertencem à classe dos Espíritos levianos (v. Trasgos).

Emancipação da alma – estado particular da vida humana durante o qual a alma, desprendendo-se de seus laços materiais, recupera algumas das suas faculdades de Espírito e entra mais facilmente em comunicação com os seres incorpóreos. Este estado se manifesta principalmente pelo fenômeno dos sonhos, da soniloquia, da dupla-vista, do sonambulismo natural ou magnético e do êxtase (v. estas palavras).

Encarnação – estado dos Espíritos que revestem um invólucro corporal.  Diz-se: Espírito encarnado, em oposição a Espírito errante. Os Espíritos são errantes no intervalo de suas diferentes encarnações. A encarnação pode ocorrer na Terra ou em outro mundo.

Erraticidade – estado dos Espíritos errantes, isto é, não encarnados, durante os intervalos de suas diversas existências corpóreas.  A erraticidade não é um sinal absoluto de inferioridade para os Espíritos. Há Espíritos errantes de todas as classes, salvo os da primeira ordem ou puros espíritos, que não tendo mais que sofrer encarnação, não podem ser considerados como errantes. Os Espíritos errantes são felizes ou desgraçados segundo o grau de sua purificação. É nesse estado que o Espírito, tendo despido o véu material do corpo, reconhece suas existências anteriores e os erros que o afastam da perfeição e da felicidade infinita. É então, igualmente, que ele escolhe novas provas, a fim de avançar mais depressa. (5)

(5) Erraticidade em português quer dizer o mesmo que erratibilidade, isto é, caráter do que é errático. Antônimo: sedentário, fixo. Nesse sentido muitas pessoas entenderam que, desencarnados, os espíritos são espécies de nômades, sem residência fixa, vagueando ao acaso. Essa concepção foi responsável pelo retraimento de muitos espíritas à descrição das colônias espirituais tais como “Nosso Lar”, etc., apresentadas nos livros de André Luiz, psicografados por Francisco Cândido Xavier, que entram em conflito com o sentido primeiro de “erraticidade”. Todavia os próprios dicionários já consignam o conceito espírita: “Erraticidade: estado dos Espíritos entre suas encarnações”. (N.E.)

Erraticidade: Situação dos Espíritos errantes, quer dizer não encarnados, durante os intervalos de suas existências corporais. (Ver Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Livro segundo, Cap. VI, Espíritos Errantes e O Livro dos Médiuns, cap. XXXII)

Escala espírita (6) – quadro das diferentes ordens de Espíritos, indicando os graus que eles têm de percorrer para chegar à perfeição. Ela compreende três ordens principais: os Espíritos imperfeitos, os bons Espíritos, os puros Espíritos, subdivididos em nove classes caracterizadas pela progressão dos sentimentos morais e das ideias intelectuais.

Os próprios Espíritos nos ensinam que eles pertencem a diferentes categorias, segundo o grau de sua purificação, mas nos dizem também que essas categorias não constituem espécies distintas e que todos os Espíritos são chamados a percorrê-las sucessivamente (Ver Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Livro segundo, Escala Espírita, itens de 100 a 113.)

(6) Escala espírita ou diferentes ordens de espíritos

1ª ordem – Espíritos Puros:
1a classe Puros Espíritos

2ª ordem - Bons Espíritos:
2ª classe Espíritos Superiores
3ª classe Espíritos Sensatos
4ª classe Espíritos Sábios
5ª classe Espíritos Benévolos

3ª ordem – Espíritos Imperfeitos:

  6ª classe Espíritos Batedores e perturbadores
  7ª classe Espíritos Neutros
  8ª classe Espírito Pseudo-sábios
  9ª classe Espíritos Levianos
10ª Classe. Espíritos Impuros.

Esfera – palavra pela qual certos Espíritos designam os diferentes graus da escala espírita. Eles dizem que se chegou à quinta ou à sexta esfera, como outros dizem do quinto ou sexto céu.  Pela maneira como se exprimem, poder-se-ia supor que a Terra é um ponto central, cercado de esferas concêntricas nas quais se realizam sucessivamente os diferentes graus de perfeição. Alguns falam ainda da esfera do fogo, da esfera das estrelas, etc.. Como as mais simples noções astronômicas bastam para mostrar o absurdo de semelhante teoria, ela não pode provir senão, ou de uma falsa interpretação dos termos, ou de Espíritos ainda muito atrasados, imbuídos dos sistemas de Ptolomeu e Tycho-Brahe. Se um homem que julgais sábio sustenta uma teoria evidentemente absurda, duvidais do seu saber; o mesmo deve ocorrer em relação aos  Espíritos. É pela experiência que aprendemos a conhecê-los. Estas expressões são viciosas, mesmo tomadas em sentido figurado, porque podem induzir em erro sobre o sentido verdadeiro pelo qual se deve entender a progressão dos Espíritos (v. Reencarnação).

Espírita – o que se refere ao Espiritismo. (7)

(7) Percebe-se aqui que Allan Kardec reservava acepções diversas para os vocábulos “Espírita” (o que se refere ao Espiritismo) e “Espiritista” (aquele que adota a doutrina espírita). Tendo em vista o fenômeno da evolução da língua, endereçamos uma consulta ao insigne gramático e filosófico Prof. Silveira Bueno, cuja resposta aqui transcrevemos: “As duas denominações são usuais, predominando ultimamente a primeira, sem que a segunda seja errada. Vamos explicar para que tudo fique bem claro: de “Espirit” (o) mais o sufixo nominal “ista”, que pode ser encontrado em biologista, foguista, psicologista, paulista, altruísta, teremos “espiritista”. Como se vê, é correto e bem feito o termo. Foi a influência da palavra espírito que determinou a existência de “espírita”, com acentuação proparoxítona, pois existe ainda a pronúncia paroxítona, rimando com “fita”. Esta surgiu da combinação de “espiritista” com “espírita”. As três formas, pois, são aceitas: espírita (proparoxítona), espirita (paroxítona) e espiritista”.

Escrevendo em O Livro dos Médiuns, três anos depois, isto é, em 1861, Allan Kardec já anota o seguinte: Espiritista”: Esta palavra foi empregada a princípio para designar os adeptos do Espiritismo. Não foi consagrada pelo uso; prevaleceu o termo “espírita”. (N.E.)

Espírita: Que tem relação com o Espiritismo, partidário do Espiritismo, aquele que crê nas manifestações dos Espíritos: um bom, um mau espírita, a doutrina espírita.  (Ver Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, cap. XXXII.)

Espiritismo: Doutrina fundada sobre a crença na existência dos Espíritos e das suas manifestações. (Ver Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, cap. XXXII.) 
 
Em lugar das palavras espiritual e espiritualismo empregaremos, para designar esta última crença, as palavras espírita e espiritismo, nas quais a forma lembra a origem e o sentido radical e que por isso mesmo têm a vantagem de ser perfeitamente inteligíveis, deixando para espiritualismo a sua significação própria. Diremos, portanto, que a Doutrina Espírita ou o Espiritismo tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível. Os adeptos do Espiritismo serão os espíritas, ou, se o quiserem, os espiritistas.  (Ver Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita, Espiritismo e Espiritualismo.)

Espiritista: Essa palavra, empregada desde o início para designar os adeptos do Espiritismo, não foi consagrada pelo uso. Prevaleceu a palavra espírita. (Ver Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, cap. XXXII.)

Espírito / Espíritos (do lat. spíritus, feito de spirare, soprar) – no sentido especial da doutrina espírita, os Espíritos são seres inteligentes da criação e povoam o Universo fora do mundo corpóreo. (8)

A natureza íntima dos Espíritos nos é desconhecida; eles mesmos não a podem definir, seja por ignorância, seja pela insuficiência da nossa linguagem. Somos, a este respeito, como cegos de nascença em face da luz. Segundo o que eles nos dizem, o Espírito não é material no sentido vulgar da palavra, não é tampouco imaterial em sentido absoluto, porque o Espírito é alguma coisa e a imaterialidade absoluta seria o nada. O Espírito é, pois, formado de uma substância, mas da qual a matéria grosseira que impressiona nossos sentidos não pode dar-nos uma ideia. Pode-se compará-lo a uma chama ou centelha cujo brilho varia segundo o grau de sua purificação. Pode tomar todas as espécies de formas por meio do perispírito de que está envolvido (v. Perispírito).

(8) Espírito: No sentido especial da Doutrina Espírita: os Espíritos são os seres inteligentes da criação que povoam o universo além do mundo material e constituem o mundo invisível. Não são os seres de uma criação especial, mas as próprias almas dos que viveram na Terra ou em outras esferas, tendo deixado seu envoltório corporal. (Ver Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, cap. XXXII) A palavra Espírito é aqui empregada para designar os seres extracorpóreos e não o elemento inteligente Universal. (Ver Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, questão 76.)

Espírito batedor – é o que revela sua presença batendo pancadas. Pertence às classes inferiores.

Espírito elementar – Espírito considerado em si mesmo e feita abstração de seu perispírito ou invólucro semimaterial. (9)

(9) Alma ou princípio inteligente do Universo. O espírito ou alma é, a bem dizer, o princípio inteligente, imperceptível e indefinido como o pensamento. Pelo pensamento representa-se um Espírito, mas não se representa uma alma (ou espírito elementar fazendo abstração do perispírito. Ser simples e imortal. (Ver Allan Kardec O Livro dos Espíritos, Livro 1, cap. II, q 23 e O que é o Espiritismo - Cap. II, itens 9, 10 e 14.)

Espírito encarnado – O Espírito encarnado é a alma do corpo físico; quando pela morte deixa o corpo físico o espírito leva consigo o perispírito. (Ver Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, 2ª parte, item 53.)

Espírito familiar – Espírito que se liga a uma pessoa ou a uma família, quer para protegê-la, se é bom, quer para prejudicá-la, se é mau.  O Espírito familiar não precisa ser evocado; está sempre presente e responde instantaneamente ao apelo que se lhe faz. Muitas vezes manifesta sua presença por sinais sensíveis.

Espíritos Bons - São aqueles que tem o predomínio do Espírito sobre a matéria; desejo do bem. Suas qualidades e seu poder de fazer o bem estão na razão do grau que atingiram: uns possuem a ciência, outros a sabedoria e a bondade; os mais adiantados juntam ao seu saber as qualidades morais. Não estando ainda completamente desmaterializados, conservam mais ou menos, segundo sua ordem, os traços da existência corpórea, seja na linguagem, seja nos hábitos, nos quais se encontram até mesmo algumas de suas manias. Se não fosse assim seriam Espíritos perfeitos. 

Compreendem Deus e o infinito e gozam já da felicidade dos bons. Sentem-se felizes quando fazem o bem e quando impedem o mal. O amor que os une é para eles uma fonte de inefável felicidade, não alterada pela inveja nem pelos remorsos, ou por qualquer das más paixões que atormentam os Espíritos imperfeitos; mas terão ainda de passar por provas, até atingirem a perfeição absoluta. 

Como Espíritos, suscitam bons pensamentos, desviam os homens do caminho do mal, protegem durante a vida aqueles que se tornam dignos e neutralizam a influência dos Espíritos imperfeitos sobre os que não se comprazem nela. 

Quando encarnados, são bons e benevolentes para com os semelhantes; não se deixam levar pelo orgulho, nem pelo egoísmo, nem pela ambição; não provam ódio, nem rancor, nem inveja ou ciúme, fazendo o bem pelo bem. 

A esta ordem pertencem os Espíritos designados nas crenças vulgares pelos nomes de bons gênios, gênios protetores, Espíritos do bem. Nos tempos de superstição e de ignorância, foram considerados divindades benfazejas. (Ver Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Escala Espírita, item 107.)

Espíritos Imperfeitos - São aqueles que possuem a predominância da matéria sobre o Espírito. Propensão ao mal. Ignorância, orgulho, egoísmo e todas as más paixões consequentes. Têm a intuição de Deus, mas não o compreendem.

Nem todos são essencialmente maus; em alguns, há mais leviandade. Uns não fazem o bem, nem o mal; mas, pelo simples fato de não fazerem o bem, revelam a sua inferioridade. Outros, pelo contrário, se comprazem no mal e ficam satisfeitos quando encontram ocasião de praticá-lo. 

Podem aliar a inteligência à maldade ou à malícia: mas, qualquer que seja o seu desenvolvimento intelectual, suas ideias são pouco elevadas e os seus sentimentos mais ou menos abjetos.

Os seus conhecimentos sobre as coisas do mundo espírita são limitados, e o pouco que sabem a respeito se confunde com as ideias e os preconceitos da vida corpórea. Não podem dar-nos mais do que noções falsas e incompletas daquele mundo; mas o observador atento encontra frequentemente, nas suas comunicações, mesmo imperfeitas, a confirmação das grandes verdades ensinadas pelos Espíritos superiores. 

O caráter desses Espíritos se revela na sua linguagem. Todo Espírito que, nas suas comunicações, trai um pensamento mau, pode ser colocado na terceira ordem; por conseguinte, todo mau pensamento que nos for sugerido provém de um Espírito dessa ordem.

Veem a felicidade dos bons, e essa visão é para eles um tormento incessante, porque lhes faz provar as angústias da inveja e do ciúme. 

Conservam a lembrança e a percepção dos sofrimentos da vida corpórea, e essa impressão e frequentemente mais penosa que a realidade. Sofrem, portanto, verdadeiramente, pelos males que suportaram e pelos que acarretaram aos outros; e como sofrem por muito tempo, julgam sofrer para sempre. Deus, para os punir, quer que eles assim pensem. (Ver Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Escala Espírita, item 101.)

Espíritos Puros - São aqueles que não tem nenhuma influência da matéria. A superioridade intelectual e moral é absoluta em relação aos Espíritos das outras ordens. Percorreram todos os graus da escala e se despojaram de todas as impurezas da matéria. Havendo atingido a soma de perfeições de que é suscetível a criatura, não têm mais provas nem expiações a sofrer. Não estando mais sujeitos à reencarnação em corpos perecíveis, vivem a vida eterna, que desfrutam no seio de Deus. Gozam de uma felicidade inalterável, porque não estão sujeitos nem às necessidades nem às vicissitudes da vida material, mas essa felicidade não é a de uma ociosidade monótona, vivida em contemplação perpétua. São os mensageiros e os ministros de Deus, cujas ordens executam, para a manutenção da harmonia universal. Dirigem a todos os Espíritos que lhes são inferiores, ajudam-nos a se aperfeiçoarem e determinam as suas missões. Assistir os homens nas suas angústias, incitá-los ao bem ou a expiação de faltas que os distanciam da felicidade suprema, é para eles uma ocupação agradável. São às vezes designados pelos nomes de anjos, arcanjos ou serafins. Os homens podem comunicar-se com eles, mas bem presunçoso seria o que pretendesse tê-los constantemente às suas ordens.  (Ver Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Escala Espírita, itens 112 e 113.)

Espiritualismo – crença na existência de uma alma espiritual, imaterial, que conserva a sua individualidade depois da morte, abstração feita da crença nos Espíritos; é o oposto do materialismo (v. Materialismo, Espiritismo). Todo aquele que crê que tudo em nós não é matéria é espiritualista, mas não se segue daí que admita a doutrina dos Espíritos. Todo espiritista é necessariamente espiritualista, mas pode-se ser espiritualista sem ser espiritista; o materialista não é uma nem outra coisa. Como são duas ideias essencialmente distintas, era necessário distingui-las por palavras diferentes, a fim de evitar qualquer equívoco. Mesmo para aqueles que consideram o Espiritismo como uma ideia quimérica, faz-se ainda mister designar essa ideia por uma palavra especial.  Esta medida é imprescindível, tanto no que diz respeito às idéias falsas quanto às verdadeiras, a fim de nos entendermos. (10)

(10) Os vocábulos Espiritismo e Espírita (Spiritism, Spiritist) não são empregados nos países de fala inglesa. Nos fins do século passado foram muito correntes as expressões Novo Espiritualismo e Moderno Espiritualismo (New Spiritualism, Modern Spiritualism). Hoje, entretanto, empregam-se apenas “Spiritualism” e “Spiritualist” e isso embora o arrazoado de Kardec seja, relativamente à língua inglesa, tão oportuno, pleno de bom senso e propriedade, quanto para o francês e o português. (N.E.)

Espiritualismo: Diz-se em sentido oposto a materialismo (Academia). Crença na existência da alma espiritual e imaterial. O espiritualismo é o fundamento de todas as religiões. (Ver Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, cap. XXXII.)

Espiritualista: Que se relaciona com o espiritualismo, partidário do espiritualismo. Quem quer que creia não existir em nós apenas matéria é espiritualista, o que absolutamente não implica a crença nas manifestações dos Espíritos. Todo espírita é necessariamente espiritualista, mas pode-se ser espiritualista sem ser espírita. O materialista não é uma nem outra coisa. Diz-se: a filosofia espiritualista; uma obra escrita com ideias espiritualistas; as manifestações espíritas são produzidas pela ação dos Espíritos sobre a matéria; a moral espírita decorre do ensino dos Espíritos. Há espiritualistas que ironizam as crenças espíritas. Nesses exemplos a substituição da palavra espiritualista pela palavra espírita produziria evidente confusão. (Ver Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, cap. XXXII.)

Estereológicas (do gr. stéreos, sólido) – aparições que adquirem as propriedades da matéria resistente e tangível. Diz-se por oposição às aparições vaporosas ou etéreas, que são impalpáveis. A aparição estereológica apresenta, temporariamente à vista e ao toque as propriedades de um corpo vivo.

Estereótipo (do grego stéreos, sólido). Qualidade das aparições tangíveis. (Ver Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, cap. XXXII.)

Evocação - Evocar é chamar, fazer vir a si, ou seja, na evocação o ser evocado sai do lugar em que estava para vir onde foi chamado e manifestar sua presença. (ver mais no verbete Invocação).

Expiação – pena que sofrem os Espíritos como punição das faltas cometidas (11) durante a vida corporal. A expiação, sofrimento moral (12), ocorre no estado de erraticidade como o sofrimento físico ocorre no estado corporal. As vicissitudes e os tormentos da vida corporal são, ao mesmo tempo, provas para o futuro e expiação do passado (13).

(11) O homem sofre sempre a consequência de suas faltas; não há uma só infração à lei de Deus que fique sem a correspondente punição. A severidade do castigo é proporcionada à gravidade da falta. Indeterminada é a duração do castigo, para qualquer falta; fica subordinada ao arrependimento do culpado e ao seu retorno a senda do bem; a pena dura tanto quanto a obstinação no mal; seria perpétua, se perpétua fosse a obstinação; dura pouco, se pronto é o arrependimento. Desde que o culpado clame por misericórdia, Deus o ouve e lhe concede a esperança. Mas, não basta o simples pesar do mal causado; é necessária a reparação, pelo que o culpado se vê submetido a novas provas em que pode, sempre por sua livre vontade, praticar o bem, reparando o mal que haja feito. (Ver Allan Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo XXVII - Pedi e obtereis - item 21).

(12) O castigo é o aguilhão que estimula a alma, pela amargura, a se dobrar sobre si mesma e a buscar o porto de salvação. O castigo só tem por fim a reabilitação, a redenção. Querê-lo eterno, por uma falta não eterna, é negar-lhe toda a razão de ser. (Ver Allan Kardec, Comunicação de Paulo, Apóstolo dada para a questão 1009 de O Livro dos Espíritos).

(13) A expiação implica necessariamente a ideia de um castigo mais ou menos penoso, resultado de uma falta cometida. A expiação pode servir de prova, e reciprocamente. Para o condenado a quem se faz esperar um abrandamento ou uma comutação, se bem se conduzir, a pena é, ao mesmo tempo, uma expiação por sua falta e uma prova para sua sorte futura. Se, à sua saída da prisão, não estiver melhor, a prova é nula e um novo castigo desencadeará uma nova prova. Para o que cai na desgraça por sua má conduta ou imprevidência, é a expiação de suas faltas atuais e pode dizer-se que é punido por onde errou. Assim, as expiações são consequência de uma falta, e provas em relação ao proveito que delas se retira. Diz-nos a razão que Deus não pode ferir um inocente. Se, pois, formos feridos, é que não somos inocentes: o mal que sentimos é o castigo, a maneira por que o suportamos é a prova.

O Espiritismo oferece ao homem um meio de remontar ao seu passado, se não aos atos precisos, pelo menos aos caracteres gerais desses atos, que ficaram mais ou menos desbotados na vida atual. Das tribulações que suporta, das expiações e provas deve concluir que foi culpado; da natureza dessas tribulações, ajudado pelo estudo de suas tendências instintivas e apoiando-se no princípio de que a mais justa punição é a consequência da falta, ele pode deduzir seu passado moral; suas tendências (inatas) más lhe ensinam o que resta de imperfeito a corrigir em si. A vida atual é para ele um novo ponto de partida; aí chega rico ou pobre de boas qualidades; basta-lhe, pois, estudar-se a si mesmo (#) para ver o que lhe falta e dizer: “Se sou punido, é porque pequei (##), e a própria punição lhe dirá o que fez. (Ver Allan Kardec, Revista Espírita de setembro de 1863, Perguntas e Problemas: Sobre a Expiação e a Prova.)

(#) O autoconhecimento é o meio prático mais eficaz para se melhorar nesta vida é resistir ao arrastamento do mal, é assim que ensinava um sábio da Antiguidade (Sócrates) com o "Conhece-te a ti mesmo". (Ver Allan Kardec em O Livro dos Espíritos, Livro terceiro, cap. XII, Perfeição Moral, item 919 e seguintes.)

(##) Deduzimos que no caso do Espiritismo a palavra pecado significa um erro intencional, ou seja, tem-se o conhecimento do ato que vai praticar, mas não se consegue resistir a tentação e assim a má ação é praticada. De qualquer maneira o castigo é sempre proporcional a intenção e a capacidade evolutiva do culpado. “A quem muito foi dado, muito será exigido; e a quem muito foi confiado, muito mais será pedido". Lucas 12:48 (Nota do A Era do Espírito).

Êxtase (do gr. ekstasis, arrebatamento, arroubo de espírito; feito de existêmi, tomar de espanto) – paroxismo da emancipação da alma durante a vida corporal, de que resulta a suspensão momentânea das faculdades perceptivas e sensitivas dos órgãos. Nesse estado a alma não se prende mais ao corpo senão por laços fracos, que ela procura romper; pertence mais ao mundo dos Espíritos, que ela entrevê, do que ao mundo material. O êxtase é, algumas vezes, natural e espontâneo; pode também ser provocado pela ação magnética e, neste caso, é um grau superior de sonambulismo.

Fadas (do lat. fata) – segundo a crença vulgar, as fadas são seres semimateriais, dotados de um poder sobre-humano. São boas ou más, protetoras ou malfazejas; podem tornar-se, à vontade, visíveis ou invisíveis e assumir todas as espécies de formas.  As fadas sucederam, na Idade Média e entre os povos modernos, as divindades subalternas dos antigos. Se separarmos suas histórias do maravilhoso com que lhes veste a imaginação dos poetas e a credulidade popular, encontraremos nelas todas as manifestações espíritas de que somos testemunhas e que se produziram em todas as épocas; é incontestavelmente aos fatos deste gênero que esta crença deve sua origem. Nas fadas que se diz presidirem ao nascimento de uma criança e segui-la no curso de sua vida, se reconhecem sem esforço os Espíritos ou gênios familiares. Suas inclinações mais ou menos boas e que são sempre o reflexo das paixões humanas colocam-nas, naturalmente, na categoria dos Espíritos inferiores ou pouco adiantados (v. Politeísmo).

Fatalidade - A fatalidade existe apenas na escolha que o Espírito fez ao encarnar e suportar esta ou aquela prova. E da escolha resulta uma espécie de destino, que é a própria consequência da posição que ele próprio escolheu e em que se acha. Falamos das provas de natureza física, porque, quanto às de natureza moral e às tentações, o Espírito, ao conservar seu livre-arbítrio quanto ao bem e ao mal, é sempre senhor para ceder ou resistir. (ver Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Livro terceiro, cap. X, Fatalidade, questão 851 e seguintes). 
 
Todas as leis que regem o conjunto dos fenômenos da Natureza têm consequências necessariamente fatais, quer dizer, inevitáveis, e esta fatalidade é indispensável à manutenção da harmonia universal. O homem, que sofre essas consequências, está, pois, em certos aspectos, submetido à fatalidade em tudo o que não depende de sua iniciativa; assim, por exemplo, ele deve fatalmente morrer: é a lei comum à qual não pode se subtrair, e, em virtude desta lei, pode morrer em toda idade, quando sua hora é chegada; mas se ele apressa voluntariamente a sua morte pelo suicídio ou por seus excessos, ele age em virtude de seu livre-arbítrio, porque ninguém o pode constranger a fazê-lo. Ele deve comer para viver: é da fatalidade; mas se come além do necessário, pratica ato de liberdade. – Ver Allan Kardec, Revista Espírita, julho 1868, no artigo A Ciência da Concordância dos Números e a Fatalidade.)

- A fé necessita de uma base, e essa base é a perfeita compreensão daquilo em que se deve crer. Para crer, não basta ver, é necessário sobretudo compreender. A fé cega nada examina, aceitando sem controle o falso e o verdadeiro, e a cada passo se choca com a evidência da razão. Levada ao excesso, produz o fanatismo. Quando a fé se firma no erro, cedo ou tarde desmorona. É precisamente o dogma da fé cega que hoje em dia produz o maior número de incrédulos. Porque ela quer impor-se, exigindo a abdicação de uma das mais preciosas prerrogativas do homem: a que se constitui do raciocínio e do livre-arbítrio. É contra essa fé, sobretudo que se levanta o incrédulo, o que mostra a verdade de que a fé não se impõe. Não admitindo provas, ela deixa no espírito um vazio, de que nasce a dúvida. A fé raciocinada, que se apoia nos fatos e na lógica, não deixa nenhuma obscuridade: crê-se, porque se tem a certeza, e só se está certo quando se compreendeu. Eis porque ela não se dobra: porque só é inabalável a fé que pode enfrentar a razão face a face, em todas as épocas da Humanidade. (Ver Allan Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XIX, A Fé que Transporta Montanhas.)

Feiticeiros (em francês sorcier, do lat. sors, sortis, sorte, destino, fado) – se dizia, primitivamente, dos indivíduos que se julgavam capazes de deitar sortes a alguém e, por extensão, de todos aqueles aos quais se atribuía um poder sobrenatural. Os fenômenos estranhos que se produzem sob a influência de certos médiuns provam que o poder atribuído aos feiticeiros repousa em uma realidade, mas da qual o charlatanismo tem abusado como abusa de tudo. Se em nosso século esclarecido há ainda pessoas que atribuem esses fenômenos aos demônios, com maior razão tal se suporia nos tempos da ignorância. Disso resultou que os indivíduos que possuíam, mesmo sem o saber, algumas das faculdades de nossos médiuns, eram condenados ao fogo.

Fluídico – oposto a sólido. Qualificação dada aos Espíritos por alguns escritores para caracterizar lhes a natureza etérea. Diz-se os Espíritos fluídicos. Julgamos imprópria esta expressão, que apresenta, além disso, uma espécie de pleonasmo, pouco mais ou menos como se disséssemos: ar gasoso. A palavra Espírito diz tudo. Ela encerra em si mesma sua própria definição, desperta necessariamente a ideia de uma coisa incorpórea. Um Espírito que não fosse fluídico não seria um Espírito. Esta palavra tem outro inconveniente, que é o de assemelhar a natureza dos Espíritos aos nossos fluidos materiais. Lembra demasiadamente a ideia de laboratório.

Fluido Universal - Deus, espírito e matéria constituem o princípio de tudo o que existe, é a trindade Universal. O espírito (Alma) é o princípio inteligente. Para que o Espírito possa exercer ação sobre a matéria tem que se juntar o fluido universal, pois, é ele que desempenha o papel intermediário entre o Espírito e a matéria grosseira. É lícito até certo ponto, classificar o fluido universal com o elemento material, porém, ele se distingue, deste por propriedades especiais. Este fluido deve ser considerado como sendo um elemento semimaterial, pois, está situado entre o Espírito e a matéria. Esse fluido universal, ou primitivo, ou elementar, sendo o agente de que o Espírito se utiliza; é o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá. (Ver Allan Kardec, questão 27 de O Livro dos Espíritos)

Fluido Vital - O fluido vital é o mesmo que o fluido elétrico animalizado, designado, também, sob os nomes de fluido magnético, fluido nervoso, etc. A quantidade de fluido vital não é fator absoluto para todos os seres orgânicos; varia segundo as espécies e, não é fator constante, seja no mesmo indivíduo, seja nos indivíduos da mesma espécie. Existem alguns que são, por assim dizer, saturados, enquanto outros dispõem apenas de uma quantidade suficiente; daí, para alguns, a vida é mais ativa, mais vibrante e, de certo modo superabundante. A quantidade de fluido vital se esgota; pode a vir a ser insuficiente para manter a vida, se não renovado pela absorção e a assimilação das substância que o contém. O fluido vital se transmite de um indivíduo para o outro. Aquele que tem o bastante, pode dá-lo aquele que tem pouco e, em certos casos restabelecer a vida prestes a se apagar. (Ver Allan Kardec, Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita, O Livro dos Espíritos, e em nota referindo-se as questões de 68 a 70 LE.)

Fogo eterno – a ideia do fogo eterno, como um castigo, remonta à mais alta antiguidade e se origina na crença dos povos que  colocavam  os  infernos  nas entranhas da Terra, cujo fogo central lhes era revelado pelos fenômenos geológicos. Quando o homem adquiriu noções mais elevadas quanto à natureza da alma, compreendeu que um ser imaterial não podia sofrer os danos de um fogo material; mas o fogo nem por isso deixou de permanecer como a configuração do mais cruel suplício, e não se pode encontrar figura mais enérgica para pintar os sofrimentos morais da alma. É neste sentido que o entende hoje a alta teologia, é nesse sentido, igualmente, que se diz: arder de amor, ser consumido pelo ciúme, pela ambição, etc..

Gênio (do lat. genius, formado do grego géinô, engendrar, produzir) – neste sentido se diz que um homem capaz de criar ou de inventar coisas extraordinárias é um homem de gênio. Na linguagem espírita gênio é um sinônimo de Espírito. Diz-se indiferentemente: Espírito familiar e gênio familiar, bom e mau espírito, bom e mau gênio. A palavra Espírito encerra um sentido mais vago e menos circunscrito; o gênio é uma espécie de personificação de Espírito. Imaginamo-lo sob uma forma determinada, mais ou menos semelhante à forma humana, porém vaporosa e impalpável, ora visível, ora invisível. Os gênios são os Espíritos em suas relações com os homens, atuando sobre eles por um poder oculto e superior.

Gênio familiar (v. Espírito familiar).

Gnomos (do gr. gómon, conhecedor, hábil, formado de gnosko, conhecer) – gênios inteligentes que se supõe habitarem o interior da Terra. Pelas qualidades que lhe são atribuídas, pertencem à ordem dos Espíritos imperfeitos e à classe dos Espíritos levianos.

Hamadríade (do gr. ama, junto, e drüs, carvalho; Dríade, de drüs, carvalho) – ninfa dos bosques, segundo a mitologia pagã. As dríades eram ninfas imortais que presidiam às árvores em geral e que podiam vagar em liberdade em redor daquelas que lhes eram particularmente consagradas. A hamadríade não era imortal, nascia e morria com a árvore, cuja guarda lhe era confiada e que ela nunca podia abandonar. Não é duvidoso hoje que a ideia das dríades e hamadríades tenha sua origem em manifestações análogas às de que somos testemunhas. Os antigos, que profetizavam tudo, divinizaram as inteligências ocultas que se manifestavam na própria substância dos corpos. Para nós, as hamadríades não passam de espíritos batedores.

Homem (Componentes do) – Existem no homem três componentes:

1º. – a alma ou espírito, princípio inteligente em que se encontra o senso moral;
2º. – o corpo, invólucro material e grosseiro de que é revestido temporariamente para o cumprimento de alguns desígnios providenciais;
3º. O perispírito, invólucro fluídico, semimaterial, que serve de liame entre a alma e o corpo.

(Ver Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, 2ª parte, item 54.)

Iluminado – qualificação dada a certos indivíduos que se pretendem esclarecidos por Deus, de maneira particular, e que são considerados geralmente como visionários ou doentes mentais.  Diz-se: a seita dos iluminados. Sob esta denominação foram confundidos todos os que recebem comunicações inteligentes e espontâneas da parte dos Espíritos. Se neste número houve homens superexcitados por uma imaginação exaltada, conhece-se hoje a parte que se deve atribuir à realidade.

Inferno - O inferno dos pagãos, descrito e dramatizado pelos poetas, é o modelo mais grandioso do género e se perpetuou, projetando-se como o dos cristãos, que teve também os seus poetas. Comparando-os podemos encontrar, salvo os nomes e algumas variações de detalhes, numerosas analogias entre eles.  Num e noutro o fogo material é o elemento básico das torturas porque simboliza os mais cruéis sofrimentos.  Mas, coisa estranha!  Os cristãos conseguiram, em diversos sentidos, exagerar o inferno dos pagãos.  Se estes últimos tinham no seu o tonel das Donaides, a roda de Ixion, o rochedo de Sísifo, esses eram suplícios individuais.  O inferno cristão tem por toda parte caldeiras ferventes, cujas tampas os anjos erguem para verem as contorções dos condenados. Deus ouve sem piedade os gemidos desses últimos pela eternidade. Jamais os pagãos figuraram os habitantes dos Campos Elísios inspecionando os suplícios do Tártaro.

À semelhança dos pagãos, os cristãos têm o seu rei dos infernos que é Satanás, com a diferença de que Plutão se limitava a governar o império sombrio que havia recebido, mas sem praticar maldades.  Ele retinha nesse império os que haviam praticado o mal, porque essa era a sua missão, mas não procurava induzir os homens ao mal pelo prazer de os submeter ao sofrimento. Satanás entretanto recruta as suas vítimas por toda parte e se alegra de fazê-las atormentar por legiões de demônios armados de tridentes para revolvê-los nas chamas. Tem-se mesmo discutido seriamente sobre a natureza desse fogo que queima sem cessar os condenados, sem jamais os consumir, chegando-se a perguntar se seria um fogo de betume. O inferno cristão não permite, pois, que o inferno pagão o exceda em nada. (Ver Allan Kardec, O Céu e o Inferno, Cap. IV, O Inferno.)

O Espiritismo não admite a existência de um inferno localizado, com as suas chamas, os seus tridentes e as torturas corporais tomadas do rtaro dos pagãos; mas a posição em que nos mostra os Espíritos infelizes não é muito melhor. Há, porém, uma diferença radical: a natureza das penas nada tem de irracional e a sua duração, em vez de ser irremissível, está subordinada ao arrependimento, à expiação e à reparação, o que é, ao mesmo tempo, mais lógico e mais conforme  à  doutrina  da justiça e da bondade de Deus. (Ver Allan Kardec, Revista Espírita, julho de 1862, Duplo Suicídio por Amor e Dever, (Observação).)

Infinito – o que não tem começo nem fim: o desconhecido.

Instinto – espécie de inteligência rudimentar que dirige os seres vivos em suas ações, à revelia de sua vontade e no interesse de sua conservação. O instinto torna-se inteligência quando surge a deliberação. Pelo instinto age-se sem raciocinar; pela inteligência raciocina-se antes de agir. No homem confundem-se frequentemente as ideias instintivas com as ideias intuitivas. Estas últimas são as que ele hauriu, quer no estado de espírito, quer nas existências anteriores e das quais conserva uma vaga lembrança.

Inteligência – faculdade de conceber, de compreender e raciocinar. Seria injusto recusar aos animais uma espécie de inteligência e acreditar que eles apenas seguem maquinalmente o impulso cego do instinto. A observação demonstra que, em muitos casos, eles agem de propósito deliberado e conforme as circunstâncias; todavia essa inteligência, por admirável que seja, é  sempre  limitada  à  satisfação  das  necessidades  materiais,  ao passo que a do homem lhe permite elevar-se acima da condição de Humanidade. A linha de demarcação entre os animais e o homem é traçada pelo conhecimento que a este é dado ter, do Ser Supremo (v. Instinto).

Intuição (v. Instinto, Tendências inatas).

Invisível – nome com que algumas pessoas designam os Espíritos em suas manifestações. Esta denominação não nos parece feliz, em primeiro lugar porque se invisibilidade é para nós o estado normal dos Espíritos, sabe-se que ela não é absoluta, visto que eles podem aparecer-nos; em segundo lugar, esta qualificação nada tem que caracterize essencialmente os Espíritos. Ela se aplica, igualmente, a todos os corpos inertes que não impressionam o sentido da visão. A palavra Espírito tem, por si mesma, uma significação que desperta a idéia de um ser inteligente e incorpóreo. Notemos ainda que falando de um determinado Espírito, o de Fénelon, por exemplo, dir-se-á: foi o Espírito de Fénelon que disse tal coisa, e não que foi o Invisível de Fénelon. É sempre prejudicial à clareza e à pureza da linguagem desviar as palavras de sua acepção própria.

Invocação (do lat. in, em, e vocare, chamar) e evocação (do lat. vocare e e ou ex, de, fora de) – estas duas palavras não são sinônimos perfeitos, embora tenham a mesma raiz, vocare: chamar. É um erro empregá-las uma pela outra.  Evocar é chamar, fazer vir a si, fazer aparecer por cerimônias mágicas, por encantamentos. Evocar almas, Espíritos, sombras.  Os necromantes pretendiam evocar as almas dos mortos (acad.). Entre os antigos, evocar era fazer saírem as almas dos infernos para fazê-las vir aos viso. Invocar é chamar a si ou em seu socorro um poder superior ou sobrenatural. Invoca-se Deus pela prece.  Na religião católica invocam-se os Santos. Toda prece é uma invocação. A invocação está no pensamento; a evocação é um ato. Na invocação o ser ao qual nos dirigimos nos ouve; na evocação ele sai do lugar em que estava para vir a nós e manifestar sua presença. A invocação não é dirigida senão aos seres que supomos bastante elevados para nos assistir. Evocam-se tanto os Espíritos inferiores como os superiores. “Moisés proibiu, sob pena de morte, evocar as almas dos mortos, prática sacrílega em uso entre os cananeus. O 22º. capítulo do II Livro dos Reis fala da evocação da sombra de Samuel pela pitonisa”.

A arte das evocações, como se vê, remonta à mais alta antiguidade. É encontrada em todas as épocas e em todos os povos. Outrora a evocação era acompanhada de práticas místicas, ou porque os evocadores as julgassem necessárias ou, o que é mais provável, para se atribuírem o prestígio de um poder superior.  Hoje se sabe que o poder de evocar não é um privilégio, que ele pertence a toda gente e que as cerimônias mágicas, em geral, não passavam de um vão aparato.

Segundo os povos antigos, todas as almas evocadas ou eram errantes ou vinham dos infernos, que compreendiam, como se sabe, tanto os Campos Elíseos como o Tártaro; a essa ideia não se ligava nenhuma interpretação má. Na linguagem moderna, tendo-se restringido a significação da palavra inferno à morada dos réprobos, disso resultou que a ideia da invocação se ligou, para certas pessoas, à de maus Espíritos ou de demônios. Entretanto essa crença cai à medida que se adquire um conhecimento mais aprofundado dos fatos; também é ela a menos espalhada entre todos os que creem na realidade das manifestações espíritas: ela não poderia prevalecer diante da experiência e de um raciocínio isento de preconceitos.

Lares (v. Manes, Penates).

Livre arbítrio – liberdade moral do homem; faculdade que ele tem de se guiar pela sua vontade na realização de seus atos. Os Espíritos nos ensinam que a alteração das faculdades mentais, por uma causa acidental ou natural, é o único caso em que o homem fica privado de seu livre arbítrio. Fora disto é sempre senhor de fazer ou de não fazer. Ele goza desta liberdade no estado de Espírito, e é em virtude desta faculdade que escolhe livremente a existência e as provas que julga próprias para seu progresso; ele a conserva no estado corporal, a fim de poder lutar contra essas mesmas provas. Os Espíritos que ensinam esta doutrina não podem ser maus Espíritos (v. Fatalidade).

Lucidez, clarividência – faculdade de ver sem o auxílio dos órgãos da visão. É uma faculdade inerente à própria natureza da alma ou do Espírito, e que reside em todo o seu ser; eis por que em todos os casos em que há emancipação da alma, o homem tem percepções independentes dos sentidos. No estado corporal normal, a faculdade de ver é limitada pelos órgãos materiais; desprendida desse obstáculo, ela não é mais circunscrita, estende-se  por  toda  parte  onde  a  alma  exerce  sua  ação;  tal  é  a causa da visão à distância de que gozam certos sonâmbulos. Eles se veem no próprio local que observam e descrevem, ainda que este se situe mil léguas à distância, visto que, se o corpo não se acha acolá, a alma, em realidade, ali se encontra. Pode-se, pois, dizer que o sonâmbulo vê pelos olhos da alma.

A palavra clarividência é mais geral; lucidez diz-se mais particularmente da clarividência sonambúlica. Um sonâmbulo é mais ou menos lúcido, conforme a emancipação da alma é mais ou menos completa.

Magia, mago (do gr. magos, judicioso-sábio, formado de mageia, conhecimento profundo da natureza, de que se fez mago, sacerdote, sábio e filósofo entre os antigos persas) – a magia, em sua origem, era a ciência dos sábios; todos os que conheciam a astrologia, que se gabavam de predizer o futuro, que faziam coisas extraordinárias e incompreensíveis para o vulgo, eram apelidados magos. O abuso e o charlatanismo desacreditaram a magia; entretanto os fenômenos que hoje reproduzimos pelo magnetismo, pelo sonambulismo e pelo Espiritismo provam que a magia não era uma arte puramente quimérica e que entre muitos absurdos nela havia, seguramente, fenômenos bem reais. A vulgarização desses fenômenos teve como efeito destruir o prestígio daqueles que os operavam outrora, sob o véu do segredo, e abusavam da credulidade atribuindo-se um pretenso poder sobrenatural. Graças a essa vulgarização, sabemos hoje que nada existe de sobrenatural neste mundo e que certas coisas parecem derrogar as leis da natureza apenas porque não lhes conhecemos as causas.

Magnetismo animal (do gr. e do lat. magnes, ímã) – assim chamado por analogia com o magnetismo mineral. Tendo a experiência demonstrado que esta analogia não existe, ou é apenas aparente, esta denominação deixa de ser exata. Todavia, como está consagrada por um uso universal, e como, além disso, o epíteto que se lhe acrescenta não permite equívoco, haveria mais inconveniência do que utilidade em mudar este nome. Algumas pessoas substituem-na pela palavra Mesmerismo; entretanto esta expressão até agora não prevaleceu.

O magnetismo animal pode ser assim definido: ação recíproca de dois seres vivos por intermédio de um agente especial chamado fluido magnético.

Magnetizador, magnetista – esta última palavra é empregada por algumas pessoas para designar os adeptos do magnetismo, os que crêem em seus efeitos. O magnetizador é o prático, o que exerce; o magnetista é o teórico. Pode-se ser magnetista sem ser magnetizador, mas não se pode ser magnetizador sem ser magnetista. Esta distinção parece-nos útil e lógica.

Manes (do lat. manere, ficar, segundo uns; de manes, manium, feito de manus, bom, segundo outros) – na mitologia romana e etrusca, os manes eram as almas ou as sombras dos mortos. Os povos antigos tinham grande respeito aos manes de seus antepassados, que julgavam poder apaziguar por meio de sacrifícios.  Imaginavam-nos sob sua forma humana, porém vaporosa e invisível, vagando em redor dos próprios túmulos ou das próprias habitações e visitando suas famílias. Quem não reconheceria nesses manes os Espíritos sob o invólucro semimaterial do perispírito, e que eles mesmos nos dizem estarem entre nós sob a forma que tinham durante a vida? (v. Penates).

Manifestação – ato pelo qual um Espírito revela sua presença. As manifestações são:

Ocultas quando não têm nada de ostensivo e o Espírito se limita a agir sobre o pensamento;
 
Patentes quando são apreciáveis pelos sentidos;
 
Físicas quando se traduzem por fenômenos materiais, tais como ruídos, movimento e deslocamento de objetos; Inteligentes – quando revelam um pensamento (v. Comunicação);
 
Espontâneas quando são independentes da vontade e ocorrem sem que nenhum Espírito seja chamado;
 
Provocadas quando são efeito da vontade, do desejo ou de uma evocação determinada;
 
Aparentes quando o Espírito se faz visível à vista (v. Aparição).
Materialismo – sistema dos que pensam que tudo é matéria no homem e que, assim, nada sobrevive nele após a destruição do corpo. Parece-nos inútil refutar este ponto de vista, que, além do mais, é opinião pessoal de certos indivíduos e em parte alguma foi erigido em doutrina. (13) Se se pode demonstrar a existência da alma pelo raciocínio, as manifestações espíritas dela oferecem as provas mais patentes; por meio dessas manifestações assistimos de mil maneiras diferentes a todas as peripécias da vida de além-túmulo. O materialismo, que se baseia apenas na negação, não pode fazer face à evidência dos fatos; eis por que a doutrina espírita tantas vezes triunfa sobre aqueles mesmos que mais resistiram a todos os outros argumentos. Sua vulgarização é o meio mais poderoso para extirpar esta chaga das sociedades civilizadas.

(14) Kardec escrevia em 1858. Em 1917 acontecia a revolução russa. Se entendermos “doutrina” por “conjunto de princípios que servem de base a um sistema religioso, político ou filosófico”, poderemos, hoje em dia, admitir o “materialismo” como erigido em doutrina nos países da área soviética. Cumpre lembrar, entretanto, que o “materialismo histórico” é antes uma concepção econômica da história, segundo a qual o modo de produção da vida material condiciona o processo da vida social, política e intelectual em geral. A esse respeito é bom recordar que, mesmo para alguns exegetas do marxismo, o “materialismo” de Marx já é muito discutível. (N.E.)

Medianímica: Qualidade da faculdade dos médiuns. Faculdade medianímica. (Ver Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, cap. XXXII.)

Medianimidade – faculdade dos médiuns. As palavras mediunidade e medianimidade são muitas vezes empregadas indiferentemente. Se quisermos fazer uma distinção, poder-se-á dizer que mediunidade tem um sentido mais geral e medianimidade um sentido mais restrito. Ex.: Ele possui o dom da mediunidade: a medianimidade mecânica (15). (v. Mediunidade).

(15) Medianimidade: Faculdade dos médiuns. Sinônimo de mediunidade. Essas duas palavras são muitas vezes empregadas indiferentemente. Se se quiser fazer uma distinção pode- se dizer que mediunidade tem um sentido mais geral e medianimidade um sentido mais restrito: ele tem o dom da mediunidade, a medianimidade mecânica. (Ver Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, cap. XXXII.)
      
Médium (do lat. médium, meio, intermediário) – pessoa acessível à influência dos Espíritos e mais ou menos dotado da faculdade de receber e transmitir suas comunicações. Para os Espíritos, o médium é um intermediário; é um agente ou um instrumento mais ou menos cômodo, segundo a natureza ou o grau da faculdade mediúnica. Esta faculdade depende de uma disposição orgânica especial, susceptível de desenvolvimento. Distinguem-se diversas variedades de médiuns segundo sua aptidão particular para tal ou tal modo de transmissão, ou tal ou tal gênero de comunicação. (16)
 
(16) Médium (do latim, médium, meio, intermediário.): Pessoa que pode servir de medianeira entre os Espíritos e os homens. (Ver Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, cap. XXXII.)

Médiuns de influência física – aqueles que têm o poder de provocar manifestações ostensivas. (17) Compreendem as variedades seguintes:

Médiuns motores os que provocam o movimento e o deslocamento dos objetos;
 
Médiuns tiptológicos os que provocam ruídos, pancadas ou batidas;
 
Médiuns de aparição os que provocam as aparições (v. Aparição)

Entre os médiuns de influência física distinguem-se:

Médiuns naturais aqueles que produzem fenômenos espontaneamente e sem nenhuma participação de sua vontade;
 
Médiuns facultativos aqueles que têm o poder de provocá-los por ato da vontade.

(17) Médiuns de efeitos físicos - Os que têm o poder de provocar os efeitos materiais ou as manifestações ostensivas. (Ver Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, cap. XIV, item 187.)

Os médiuns de efeitos físicos são particularmente aptos a produzir fenômenos materiais como os movimentos dos corpos inertes, ruídos, etc. Podem ser divididos em médiuns facultativos e médiuns involuntários.  (Ver Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, cap. XIV, item 160.)

Médiuns de influências morais (18) – os que são mais especialmente aptos a receber e transmitir comunicações inteligentes; distinguem-se, segundo sua aptidão especial, em:

Médiuns escreventes ou psicógrafos os que têm a faculdade de escrever sob influência dos Espíritos (v. Psicografia);
 
Médiuns pneumatógrafos os que têm a faculdade de obter a escrita direta dos Espíritos (v. Pneumatografia);
 
Médiuns desenhadores os que desenham sob a influência dos espíritos; (19)
 
Médiuns falantes os que transmitem pela palavra o que os médiuns escreventes transmitem pela escrita;
 
Médiuns comunicadores pessoas que têm o poder de desenvolver nos  outros,  por  sua  vontade,  a  faculdade  de escrever, sejam ou não, elas mesmas, médiuns escreventes;
 
Médiuns inspirados pessoas que, quer em estado normal, quer em estado de êxtase, recebem, pelo pensamento, comunicações ocultas,     estranhas às suas ideias preconcebidas;
 
Médiuns de pressentimento pessoas que, em certas circunstâncias, têm uma vaga intuição do que vai ocorrer no futuro;
 
Médiuns videntes pessoas que têm a faculdade da segunda-vista ou a de ver os espíritos (v. Vista);
 
Médiuns sensitivos ou impressionáveis pessoas susceptíveis de sentir a presença dos espíritos por uma vaga impressão que elas não podem explicar. Esta variedade não tem caráter bem delimitado; todos os médiuns são, necessariamente, impressionáveis; a impressionabilidade é, assim, antes uma qualidade geral do que especial. É a faculdade rudimentar indispensável ao desenvolvimento de todas as outras; ela difere da impressionabilidade puramente física e nervosa, com a qual não se deve confundi-la.

(18) Médiuns de efeitos intelectuais - Os que são mais especialmente aptos a receber e a transmitir as comunicações inteligentes. (Ver Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, cap. III, item 65 e seguintes.)

(19) A faculdade de desenhar ou pintar, através dos Espíritos, é hoje denominada psicopictografia. (N.E.)

Mediunato – missão providencial dos médiuns. Esta palavra foi criada pelos Espíritos. (Ver Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, cap. XXXI, comunicação XII.)

Mediunidade - A mediunidade é uma faculdade multiforme; apresenta uma infinidade de nuanças em seus meios e em seus efeitos. Quem quer que seja apto a receber ou transmitir as comunicações dos Espíritos é, por isso mesmo, um médium, seja qual for o meio empregado ou o grau de desenvolvimento da faculdade – desde a simples influência oculta até a produção dos mais insólitos fenômenos. Contudo, no uso corrente, o vocábulo tem uma acepção mais restrita e se diz geralmente das pessoas dotadas de um poder mediatriz muito grande, tanto para produzir efeitos físicos, como para transmitir o pensamento dos Espíritos pela escrita ou pela palavra. (Allan Kardec, Revista Espírita, fevereiro 1859, Escolhos dos Médiuns.) (v. Medianimidade).

Metempsicose (do gr. meta, mudança, en, em, e psyché, alma) – transmigração da alma de um corpo para outro. “O dogma da metempsicose é de origem indiana. Da Índia esta crença passou para o Egito, de onde, mais tarde, Pitágoras a importou para a Grécia. Os discípulos deste filósofo ensinavam que o Espírito, quando está liberto dos laços do corpo, segue para o império dos mortos, onde permanece à espera, em um estado intermediário, de duração mais ou menos longa. Em seguida vai animar outros corpos de homens ou de animais, até que transcorra o tempo de sua purificação e ele possa retornar à fonte da vida”. O dogma da metempsicose, como se vê, baseia-se na individualidade e na imortalidade da alma; encontra-se nele a doutrina dos espíritos sobre a reencarnação; o estado intermediário, de duração mais ou menos longa, entre as diferentes existências, outra coisa não é senão o estado de erraticidade no qual se encontram os Espíritos entre duas encarnações. Há, entretanto, entre a metempsicose indiana e a doutrina da reencarnação, tal qual nos é ensinada hoje em dia, uma diferença capital; em primeiro lugar, a metempsicose admite a transmigração da alma para o corpo dos animais, o que seria uma degradação; em segundo lugar, esta transmigração não se opera senão na Terra. Os Espíritos dizem-nos, ao contrário, que a reencarnação é um progresso incessante, que o homem é um ser cuja alma nada tem de comum com a alma dos animais, que as diferentes existências podem realizar-se, quer na Terra, quer, por uma lei progressiva, em um mundo de ordem superior, e isto, como diz Pitágoras, “até que haja transcorrido o tempo da purificação”.

Milagre - Em sua acepção primitiva e por sua etimologia, a palavra milagre significa coisa extraordinária, coisa admirável de ver; mas essa palavra, como tantas outras, afastou-se do sentido originário e, conforme a Academia, hoje se diz de um ato do poder divino, contrário às leis comuns da Natureza. Tal é, com efeito, a sua acepção usual, e não é senão por comparação e por metáfora que se aplica às coisas vulgares que nos surpreendem e cuja causa é desconhecida. (Ver Allan Kardec, Revista Espírita, outubro de 1859, Os Milagres.) 

Na sua acepção própria, sobrenatural significa o que está acima da Natureza, fora das leis da Natureza. O sobrenatural, propriamente dito, não está, pois, submetido a leis; é uma exceção, uma derrogação às leis que regem a criação; em uma palavra, é sinônimo de milagre. Do sentido próprio, essas duas palavras passaram na linguagem figurada, onde delas se servem para designar tudo o que é extraordinário, surpreendente, insólito; diz-se de uma coisa que espanta que ela é miraculosa, como se diz de uma grande extensão que ela é incomensurável, de um grande número que ele é incalculável, de uma longa duração que ela é eterna, embora, a rigor, possa-se medir uma, calcular outra, e prever um fim à ultima. Pela mesma razão, qualifica-se de sobrenatural o que, à primeira vista, parece sair dos limites do possível. O vulgo ignorante é sobretudo muito levado a tomar esta palavra ao pé da letra, para o que não compreende. Entendendo-se por aí o que se afasta das causas conhecidas, nós o queremos muito, mas então essa palavra não tem mais sentido preciso, porque o que era sobrenatural ontem não o é mais hoje. Quantas coisas, consideradas outrora como tais, a ciência não fez entrar no domínio das leis naturais! Por alguns progressos que fizemos, podemos nos gabar de conhecer todos os segredos de Deus? A Natureza nos disse sua última palavra sobre todas as coisas? Cada dia não vem dar um desmentido a essa orgulhosa pretensão? Se, pois, o que era sobrenatural ontem não o é mais hoje, pode-se logicamente inferir que o que é sobrenatural hoje pode não sê-lo amanhã. Para nós, tomamos a palavra sobrenatural no seu mais absoluto sentido próprio, isto é, para designar todo fenômeno contrário às leis da Natureza. Ó caráter do fato sobrenatural, ou miraculoso, é de ser excepcional; desde que se reproduz, é que está submetido a uma lei conhecida ou desconhecida, e reentra na ordem geral. (Ver Allan Kardec, Revista Espírita, janeiro de 1862, Do Sobrenatural.)

Mitologia (do gr. mythos, fábula, e logos, discurso) – história fabulosa das divindades pagãs. Compreende-se igualmente sob este nome a história de todos os seres extra-humanos que, sob diversas denominações, sucederam aos deuses pagãos da Idade Média; é assim que temos a mitologia escandinava, teutônica, céltica, escocesa, irlandesa, etc..

Morte – aniquilamento das forças vitais do corpo pelo esgotamento dos órgãos. Ficando o corpo privado do princípio da vida orgânica, a alma se desprende dela e entra no mundo dos Espíritos.

Mundo corporal – conjunto de seres inteligentes que têm um corpo material.

Mundo espírita ou mundo dos Espíritos – conjunto de seres inteligentes despidos de seu invólucro corpóreo. O mundo espírita é um mundo normal, primitivo, preexistente e sobrevivente a tudo. O estado corporal é, para os Espíritos, transitório e passageiro. Eles mudam de invólucro como nós mudamos de roupas; abandonam o que se estragou como pomos de lado um traje velho ou imprestável.

Necromancia (do gr. nekros, morte, e mantéia, adivinhação) – arte de evocar as almas dos mortos para obter delas revelações. Por extensão, esta palavra foi aplicada a todos os meios de adivinhação e qualifica-se de necromante quem quer que faça profissão de dizer o futuro. Isto depende, sem dúvida, de ter sido a necromancia, na verdadeira acepção da palavra, um dos primeiros meios empregados para esse fim; em segundo lugar ao fato de serem as almas dos mortos, na crença vulgar, os principais agentes nos outros meios de adivinhação, tais como a quiromancia, adivinhação pela inspiração da mão, a cartomancia, etc..  O abuso e o charlatanismo desacreditaram a necromancia, assim como a magia.

Noctâmbulo, Noctambulismo (do lat. nox, noctis, a noite, e ambulare, marchar, passear) – aquele que marcha ou passeia durante a noite, dormindo; sinônimo de sonâmbulo. Esta última palavra é preferível, visto que noctâmbulo e noctambulismo não implicam, de modo algum, a idéia de sono.

Obsessão: Quando um Espírito deseja agir sobre uma pessoa, dela se aproxima, envolve-a com o seu perispírito, como num manto. Os fluidos se penetram, os dois pensamentos e as duas vontades se confundem e, então, o Espírito pode servir-se daquele corpo como se fora o seu próprio e faze-lo agir à sua vontade. (...) Se o Espírito for bom, sua ação será suave e benéfica e só fará boas coisas, se for mau, fará maldades, se for perverso e mau, ele o constrange, até paralisar a vontade e a razão, que abafa com seus fluidos, como se apaga o fogo sob um lençol d’água. Fá-lo pensar, falar e agir por ele, leva-o contra a vontade a atos extravagantes ou ridículos. Numa palavra o magnetiza e o cataleptiza moralmente e o indivíduo se torna um instrumento cego de sua vontade. Tal é a causa da obsessão, da fascinação e da subjugação, que se mostram em diversos graus de intensidade. O paroxismo da subjugação é geralmente chamado possessão. Deve notar-se que, neste estado, muitas vezes o indivíduo tem consciência do ridículo daquilo que faz, mas é constrangido a fazê-lo, como se um homem mais vigoroso que ele fizesse, contra a vontade, mover os braços, as pernas, a língua. (Ver Allan Kardec, Revista Espírita de dezembro de 1862, Causas da Obsessão e Meios de Combate - Estudos sobre os Possessos de Morzine.) (Ver também o verbete Possesso.

Oráculo (do lat. os, oris, a boca) – resposta dos deuses, segundo as crenças pagãs, às questões que lhes eram dirigidas. A denominação justifica-se pelo fato de as respostas serem geralmente transmitidas pela boca das Pitonisas (v. esta palavra). Por extensão, oráculo se dizia ao mesmo tempo da resposta, da pessoa que a pronunciava, assim como os dos diversos meios empregados     para conhecer o futuro. Todo fenômeno extraordinário, próprio para impressionar a imaginação, era julgado como a expressão da vontade dos deuses e se tornava oráculo. Os sacerdotes pagãos, que não desprezavam nenhuma ocasião de explorar a credulidade, faziam-se seus intérpretes e consagravam a este fim, com solenidades, templos onde os fiéis vinham depositar suas ofertas na esperança ilusória de conhecer o futuro. A crença nos oráculos teve evidentemente sua origem nas comunicações espíritas que o charlatanismo, a cupidez e o amor do domínio tinham cercado de prestígio, e que vemos hoje em toda a sua simplicidade.

Paraíso (do gr. paradeizos, jardim, vergel) – morada dos bem-aventurados. Os antigos o colocavam na parte dos infernos chamada Campos Elíseos (v. Inferno).  Os povos modernos situam-no nas regiões elevadas do espaço.  Esta palavra é sinônimo de Céu, tomado na mesma acepção, com a diferença de que  a palavra Céu  se liga  a  uma  idéia  de  beatitude  infinita,  ao passo que a palavra paraíso é mais circunscrita e lembra gozos um pouco mais materiais. Diz-se ainda subir ao Céu, descer ao Inferno. Estas opiniões são fundadas na crença primitiva, fruto da ignorância, de que o universo é constituído de esferas concêntricas, cujo centro é ocupado pela Terra; é nessas esferas, chamadas Céus, que se colocou a morada dos justos; daí a expressão  5º. e 6º. céu para  designar os diversos graus de beatitude. Mas, depois disto a ciência dirigiu seu olhar investigador até as profundezas etéreas. Ela nos mostra o espaço universal sem limites, semeado de um número infinito de globos, entre os quais circula o nosso, ao qual nenhum lugar de distinção foi designado, e sem que haja, para ele, alto ou baixo. O sábio que não vê, em nenhuma parte, nem onde lhe haviam indicado, o Céu, mas tão-somente o espaço infinito e mundos inumeráveis; que  não  encontra  nas  entranhas  da  Terra,  em  lugar  do  Inferno, senão as camadas geológicas nas quais sua formação está inscrita em   caracteres  irrefragáveis, pôs-se a duvidar do Céu e do Inferno, e daí à negação absoluta havia apenas um passo. A doutrina ensinada pelos Espíritos superiores está de acordo com a ciência. Ela não tem mais nada que fira a razão e esteja em contradição com os conhecimentos exatos. Ela mostra-nos a morada dos bons, não em local fechado, ou nessas pretensas esferas de que a ignorância tinha cercado nosso globo, mas por toda parte onde há bons Espíritos, no espaço para os que são errantes, nos mundos mais perfeitos para os que estão encarnados: aí está o Paraíso Terrestre, ali estão os Campos Elíseos, cuja ideia primitiva vem do conhecimento intuitivo que havia sido dado ao homem desse estado de coisas, e que sua ignorância e seus preconceitos reduziram a mesquinhas proporções. Ela nos mostra os maus encontrando o castigo de seus erros em sua própria imperfeição, em seus sofrimentos morais, na presença inevitável de suas vítimas, castigo mais horrível do que as torturas físicas incompatíveis com a doutrina da imaterialidade da alma; ela no-lo mostra expiando os seus erros pelas tribulações de novas existências corporais, que realizam em mundos imperfeitos, e não em um lugar de eternos suplícios de onde a esperança foi para sempre banida. Aí está o Inferno. Quantos homens nos têm dito: Se nos tivessem ensinado isto desde a nossa infância, nunca teríamos duvidado!

A experiência nos mostra que os Espíritos não são suficientemente desmaterializados, estão ainda sob o império das idéias e dos preconceitos da existência corporal: aqueles que, em suas comunicações, empregam uma linguagem de acordo com as idéias cujo erro material está demonstrado provam com isso mesmo sua ignorância e sua inferioridade.

Penas eternas – os Espíritos superiores nos ensinam que só o bem é eterno, porque é a essência de Deus, e que o mal terá um fim. Por consequência deste princípio, combatem a doutrina da eternidade das penas como contrária à idéia que Deus nos dá de sua justiça e de sua bondade. Mas a luz não se faz para os Espíritos senão proporcionalmente à sua elevação: nas classes inferiores suas ideias são ainda obscurecidas pela matéria; o futuro para eles está coberto por um véu. Não veem senão o presente.  Estão na posição de um homem que sobe uma montanha: no fundo do vale a neblina e as voltas do caminho limitam-lhe a vista; é-lhe preciso chegar ao cimo para descortinar todo o horizonte, avaliar o caminho que fez e o que lhe resta fazer. Os Espíritos imperfeitos, não divisando o termo de seus sofrimentos, julgam sofrer sempre, e esse pensamento mesmo é um castigo para eles. Se, pois, certos Espíritos nos falam de penas eternas, é porque eles próprios creem nelas em consequência de sua inferioridade.

Penates (do lat. penitus, interior, que está dentro; formado de penus, lugar retirado, escondido) – deuses domésticos dos antigos, assim chamados porque os colocavam no lugar mais retirado da casa. Lares (do nome da ninfa Lara, porque os julgavam filhos dessa ninfa e de Mercúrio) eram, como os penates, deuses ou gênios domésticos, com a diferença de que os penates eram, em sua origem, os manes dos antepassados, cujas imagens se guardavam em um lugar secreto, ao abrigo da profanação. Os lares, gênios benfazejos, protetores das famílias e das casas, eram considerados como hereditários, pois que, uma vez ligados a uma família, continuavam a proteger-lhe os descendentes. Não somente cada indivíduo, cada família, cada casa tinha seus lares particulares, mas os havia também para as cidades, aldeias, ruas, edifícios públicos, etc., que eram colocados sob a invocação de tais ou tais lares, como são, entre os católicos, sob a de tal ou tal santo padroeiro.

Os lares e os penates, cujo culto se pode dizer que era universal, embora sob nomes diferentes, não eram senão os Espíritos familiares cuja existência hoje nos é revelada; mas os antigos faziam deles deuses aos quais a superstição erigia altares, ao passo que, para nós, são simplesmente Espíritos que animaram homens como  nós,  algumas  vezes  nossos  parentes  e nossos amigos, e que se ligam a nós por simpatia (v. Politeísmo).

Pensamento - O pensamento é um atributo da alma. (LE, questão 89a.) Para os Espíritos o pensamento é tudo. (LE, item 100.) O fluido universal estabelece entre eles uma comunicação constante; é o veículo de transmissão do pensamento, como o ar é para nós o veículo do som. Uma espécie de telégrafo universal que liga todos os mundos, permitindo aos Espíritos corresponderem-se de um mundo a outro. (LE, questão 82.)

O pensamento é o atributo característico do ser espiritual; é ele que distingue o espírito da matéria; sem o pensamento o espírito não seria espírito. A vontade não é um atributo especial do espírito; está aí o pensamento chegado a um certo grau de energia; está aí o pensamento convertido em força motriz. É pela vontade que o espírito imprime, aos membros e ao corpo, os movimentos num sentido determinado. Mas se ele tem a força de agir sobre os órgãos materiais, o quanto essa força deve ser maior sobre os elementos fluídicos que nos cercam! O pensamento age sobre os fluidos ambientes, como o som age sobre o ar; esses fluidos nos levam o pensamento, como o ar nos leva o som. Pode-se, pois, dizer com toda a verdade que há, nesses fluidos, ondas e raios de pensamentos que se cruzam sem se confundirem, como há no ar ondas e raios sonoros. Ver Allan Kardec, Revista Espírita de dezembro de 1864, Da Comunhão de Pensamentos.)

O pensamento e a vontade são para os Espíritos o que a mão é para o homem. Pelo pensamento, eles imprimem a esses fluidos tal ou tal direção; aglomeram-nos, combinam-nos ou os dispersam; com eles formam conjuntos tendo uma aparência, uma forma, uma cor determinada; mudando-lhes as propriedades, como um químico muda a dos gases ou outros corpos, os combinam segundo certas leis; é a grande oficina ou o laboratório da vida espiritual.

Algumas vezes, essas transformações são o resultado de uma intenção; frequentemente, são o produto de um pensamento inconsciente; basta ao Espírito pensar numa coisa para que essa coisa se produza, como basta modular uma ária para que essa ária repercuta na atmosfera. (Ver Allan Kardec, Revista Espírita, junho de 1868, Fotografia do Pensamentos.)

Pensamento e pensar são, respectivamente, uma forma de processo mental ou faculdade do sistema mental. Pensar permite aos seres modelarem o mundo e com isso lidar com ele de uma forma efetiva e de acordo com suas metas, planos e desejos. Palavras que se referem a conceitos e processos similares incluem cognição, senciência, consciência, ideia, e imaginação. O pensamento é considerado a expressão mais "palpável" do espírito humano, pois através de imagens e ideias revela justamente a vontade deste. (Ver Wikipédia, a enciclopédia livre, http://pt.wikipedia.org/wiki/Pensamento.)

Perispírito (20) (de peri, em redor, e spiritus, espírito) – invólucro semimaterial do Espírito depois da sua separação do corpo. O Espírito o tira do mundo em que se acha e o troca ao passar de um a outro; ele é mais ou menos sutil ou grosseiro, segundo a natureza de cada globo. O perispírito pode tomar todas as formas à vontade do Espírito; ordinariamente ele assume a imagem que este tinha em sua última existência corporal.

Embora de natureza etérea, a substância do perispírito é susceptível de certas modificações que a tornam perceptível à nossa vista. É o que se dá nas aparições. Ela pode até, por sua união com o fluido de certas pessoas, tornar-se temporariamente tangível, isto é, oferecer ao toque a resistência de um corpo sólido, como se vê nas aparições estereológicas ou palpáveis.

A natureza íntima do perispírito não é ainda conhecida; mas poder-se-ia supor que a matéria do corpo é composta de uma parte sólida e grosseira e de uma parte sutil e etérea; que só a primeira sofre a decomposição produzida pela morte, ao passo que a segunda persiste e segue o espírito. O espírito teria, assim, um duplo invólucro; a morte apenas o despojaria do mais grosseiro; o segundo, que constitui o perispírito, conservaria o tipo e a forma da primeira, da qual ele é como a sombra; mas sua natureza essencialmente vaporosa permite ao espírito modificar esta forma à sua vontade, torná-la visível ou invisível, palpável ou impalpável.

O perispírito é, para o espírito, o que o perisperma é para o germe do fruto. A amêndoa, despojada do seu invólucro lenhoso, encerra o germe sob o invólucro delicado do perisperma.

(20) Perispírito (do grego, péri, ao redor): Envoltório semi-material do Espírito. Entre os encarnados serve de liame ou intermediário entre o Espírito e a matéria. Entre os Espíritos errantes constitui o corpo fluídico do Espírito. (Ver Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, cap. XXXII.)

Pessoas elétricas – são pessoas que tiram de si mesmas o fluido necessário à produção dos fenômenos de efeitos físicos e podem agir sem auxílio dos Espíritos. Não são propriamente médiuns, no sentido exato da palavra. Mas pode ser também que um Espírito as assista e aproveite as suas disposições naturais. (Ver Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, 2ª parte, cap. IV, item 73, questão 20.)

Pítia, Pitonisa – sacerdotisa de Apolo Pítio, em Delfos, assim chamada por causa da serpente Pitão que Apolo havia matado. A Pítia dava os oráculos, mas como eles nem sempre eram inteligíveis, os sacerdotes se encarregavam de interpretá-los segundo as circunstâncias (v. Sibila).
                      
Pneumatofonia (de pneuma e de phoné, som ou voz) – comunicação verbal e direta dos Espíritos sem o auxílio dos órgãos da voz. Som ou voz que eles fazem ouvir no vago do ar e que parece ressoar em nossos ouvidos (v. Psicofonia).

Os sons espíritas ou pneumatofônicos manifestam-se por duas maneiras bem distintas: é às vezes uma voz interna que ressoa em nosso foro íntimo, e embora as palavras sejam claras e distintas, nada têm de material; de outras vezes as palavras são exteriores e tão distintamente articuladas como se proviessem de uma pessoa ao nosso lado. De qualquer maneira que se produza, o fenômeno de pneumatofonia é quase sempre espontâneo e só muito raramente pode se provocado. (Ver O Livro dos Médiuns, Segunda parte, cap. XII, itens 150 e 151).

Nota: Não empregamos a palavra pneumatologia, porque ela já tem uma acepção científica determinada e, ainda, porque esta palavra seria imprópria quando não se trata de sons vagos, não articulados. (21)

(21) Por “Pneumatologia” entende-se o tratado dos Espíritos, dos seres intermediários que formam a ligação entre Deus e o homem. (N.E.)

Pneumatografia (do gr. pneuma, ar, sopro, vento, espírito, e grafo, eu escrevo) – escrita direta dos Espíritos sem auxílio da mão do médium (v. Psicografia).

Pneumatofonia (do grego, pneuma e phoné, som ou voz): Voz dos Espíritos, comunicação oral dos Espíritos sem ser por meio da voz do médium. (Ver Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, cap. XXXII.)

Politeísmo (do gr. polus, vários, e théos, Deus) – religião que admite vários deuses. Entre os povos antigos a palavra deus revela a idéia de poder; para eles todo poder superior ao vulgar era um deus. Mesmo os homens que haviam feito grandes coisas se tornavam deuses para eles. Manifestando-se os Espíritos por efeitos que lhes pareciam sobrenaturais, eram a seus olhos outras tantas divindades, entre as quais é impossível deixar de reconhecer os Espíritos de todos os graus, desde os Espíritos batedores até os Espíritos superiores. Nos deuses de forma humana, que se transportavam através do espaço, mudavam de forma e se tornavam visíveis ou invisíveis à vontade, reconhecem-se todas as propriedades do perispírito. Pelas paixões que lhes emprestavam, reconhecemos os Espíritos ainda não desmaterializados. Nos manes, lares e penates, reconhecemos nossos Espíritos familiares, nossos gênios tutelares. O conhecimento das manifestações espíritas é, pois, a fonte do politeísmo. Todavia, desde a mais alta antiguidade os homens esclarecidos deram a esses pretensos deuses seu devido valor e neles reconheceram criaturas de um Deus supremo, soberano e senhor do mundo.   Confirmando a doutrina da unidade de Deus e iluminando os homens com a sublime moral do Evangelho, assinalou o Cristianismo uma nova era na marcha progressiva da Humanidade. Entretanto, como os Espíritos não cessavam de manifestar-se, em lugar de deuses, os homens fizeram deles gênios e fadas.

Possesso – segundo a idéia ligada a essa palavra, o possesso é aquele no qual um demônio veio alojar-se. O demônio o possui; isso significa que o demônio apoderou-se-lhe do corpo (v.Demônio). Tomando o demônio não em sua acepção vulgar, mas no sentido de Espírito mau, Espírito impuro, Espírito malfazejo, Espírito imperfeito, tratar-se-ia de saber se um Espírito dessa natureza ou outro qualquer pode eleger domicílio no corpo de um homem conjuntamente com o que nele está encarnado, ou a ele se substituindo. Poder-se-ia perguntar que destino toma, neste último caso, a alma assim expulsa. A doutrina espírita diz que o Espírito unido ao corpo não pode dele ser separado definitivamente senão pela morte; que outro Espírito não pode colocar-se em seu lugar nem unir-se ao corpo simultaneamente com ele; mas ela diz também que um Espírito imperfeito pode ligar-se ao Espírito encarnado, assenhorear-se dele, dominar-lhe o pensamento, obrigá-lo, se ele não tem força para resistir-lhe, a fazer tal coisa, a agir em tal sentido; ele o constrange, por assim dizer, sob sua influência. Assim, não há possessão no sentido absoluto da palavra, há subjugação (22); não se trata de desalojar um Espírito mau, mas, para servirmo-nos de uma comparação material, de fazê-lo largar a presa, o que sempre podemos fazer quando o desejamos seriamente; mas há pessoas que se comprazem numa dependência que lhes lisonjeia os gostos e os desejos.

A superstição vulgar atribui à possessão do demônio certas doenças que não têm outra causa senão uma alteração dos órgãos. Esta crença era muito difundida entre os judeus. Para eles, curar essas doenças era expelir os demônios. Qualquer que seja a causa da doença, contanto que a cura se dê, isto nada tira do poder daquele que a opera. Jesus e seus discípulos podiam, pois, dizer que expeliam os demônios, para se servirem da linguagem usual. Falando de outra maneira, não teriam sido compreendidos, nem, talvez, mesmo acreditados. Uma coisa pode ser verdadeira ou falsa, conforme o sentido atribuído às palavras. As maiores verdades podem parecer absurdas quando se considera apenas a forma.

(22) Até 1863 A. Kardec no caso das obsessões, em especial, no capítulo XXIII, da segunda parte de O Livro dos Médiuns (1861), item 241, dizia que “...não existem possessos, no sentido vulgar do termo, mas apenas obsedados, subjugados e fascinados.” Contudo, na Revista Espírita de dezembro de 1863, no artigo Um caso de Possessão narrando o caso da Srta. Julia, assim se pronunciou: “Temos dito que não havia possessos, no sentido vulgar do vocábulo, mas subjugados. Voltamos a esta asserção absoluta, porque agora nos é demonstrado que pode haver verdadeira possessão, isto é, substituição, posto que parcial, de um Espírito errante a um encarnado.” Em A Gênese Conforme o Espiritismo (1868), cap. XIV, item 47, assim se expressa Kardec: “Na possessão, em lugar de agir exteriormente, o Espírito livre se substitui, por assim dizer, ao Espírito encarnado; faz eleição de domicílio em seu corpo sem que, contudo este o deixe definitivamente, o que não pode ter lugar senão com a morte. A possessão é, pois, sempre temporária e intermitente porque um Espírito desencarnado não pode tomar definitivamente o lugar e dignidade de um Espírito encarnado, atentando que a união molecular do perispírito e do corpo só pode se operar no momento da concepção.” (Nota do A Era do Espírito)

Prece – a prece é uma invocação: por ela nos pomos em relação mental com o ser a que nos dirigimos. Em certos casos, uma evocação, pela qual chamamos a nós tal ou tal Espírito. Ela pode ter objeto um pedido, um agradecimento ou um louvor. Quando é dirigida a Deus, ele nos envia seus mensageiros, os Bons Espíritos. A prece não pode revogar os decretos da Providência; mas por ela os bons Espíritos podem vir em nosso auxílio, quer para dar-nos a força moral que nos falta, quer para sugerir-nos os pensamentos necessários; daí vem o alívio que experimentamos quando oramos com fervor.  Daí vem também o alívio que experimentam os Espíritos sofredores quando oramos por eles; eles mesmos pedem essas preces sob a forma que lhes é familiar e que está mais em relação com as ideias que conservaram de sua existência corporal; mas a razão, de acordo nisto com os Espíritos, nos diz que a prece dos lábios é uma fórmula vã quando dela o coração não toma parte. (Ver Allan Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XXVII, item 9.) 
 
Ação da prece - O Espiritismo nos faz compreender a ação da prece, ao explicar a forma de transmissão do pensamento, seja quando o ser a quem oramos atende ao nosso apelo, seja quando o nosso pensamento eleva-se a ele. Para se compreender o que ocorre nesse caso, é necessário imaginar todos os seres, encarnados e desencarnados, mergulhados no fluido universal que preenche o espaço, assim como na Terra estamos envolvidos pela atmosfera. Esse fluido é impulsionado pela vontade pois é o veículo do pensamento, como o ar é o veículo do som, com diferença de que as vibrações do ar são circunscritas, enquanto as do fluido universal se ampliam ao infinito. Quando, pois, o pensamento se dirige para algum ser, na Terra ou no espaço, de encarnado para desencarnado, ou vice-versa, uma corrente fluídica se estabelece de um a outro, transmitindo o pensamento, como o ar transmite o som.

A energia da corrente está na razão direta da energia do pensamento e da vontade. É assim que a prece é ouvida pelos Espíritos onde quer que eles se encontrem, assim que os Espíritos se comunicam entre si, que nos transmitem a suas inspirações, e que a relações se estabelecem à distância entre os próprios encarnados. (Ver Allan Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XXVII, item 10.)
 
Princípio Vital - O princípio vital é a força motriz dos corpos orgânicos, comum a todos os seres vivos, desde as plantas até os homens. Esse princípio reside no fluído universal. Ele é um elemento distinto e independente. É dele que o Espírito extrai o envoltório semimaterial que constitui o seu perispírito e, é por meio desse fluido que atua sobre a matéria. Sua união com a matéria causa a animalização, ou seja, é o que dá vida a matéria e tem por fonte o fluido vital também chamado de fluido magnético ou fluido elétrico. O princípio vital é modificado segundo as espécies. É ele que dá movimento e atividade a matéria orgânica, distinguindo-a da matéria inerte, porquanto o movimento da matéria não é a vida. Esse movimento ela o recebe não o dá. Quando os seres orgânicos morrem sua matéria se decompõem indo formar outros organismos. O princípio vital retorna a massa de onde saiu. (Ver Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, questões de 60 à 67.)

Provas – vicissitudes da vida corporal pelas quais os Espíritos se purificam segundo a maneira pela qual as suportam. Segundo a doutrina espírita, o Espírito desprendido do corpo, reconhecendo sua imperfeição, escolhe ele próprio, por ato de seu livre arbítrio, o gênero de provas que julga mais próprio ao seu adiantamento e que sofrerá em sua nova existência. Se ele escolhe uma prova acima de suas forças, sucumbe, e seu adiantamento retarda.

Psicografia (do gr. psyché, borboleta, alma, e graphô, eu escrevo) – transmissão do pensamento dos Espíritos por meio da escrita, pela mão de um médium. No médium escrevente a mão é o instrumento, mas sua alma, ou o espírito nele encarnado é o intermediário ou o intérprete do Espírito estranho que se comunica; na pneumatografia, é o Espírito estranho mesmo quem escreve, sem intermediário (v. Pneumatografia).

Psicografia imediata ou direta quando o próprio médium escreve pegando o lápis como para a escrita ordinária;
 
Psicografia mediata ou indireta quando o lápis é adaptado a um objeto qualquer que serve, de certo modo, de apêndice à mão, como uma cesta, uma prancheta, etc..

Psicofonia: Comunicação dos Espíritos pela voz de um médium falante. (Ver Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, cap. XXXII.)

Psicologia – dissertação sobre a alma; ciência que trata da natureza da alma. (23) Esta palavra seria para o médium falante o que a psicografia é para o médium escrevente, isto é, a transmissão do pensamento dos Espíritos pela voz de um médium. Todavia, como ela já tem uma acepção consagrada e bem definida, não convém dar-lhe outra (v. Psicofonia).

(23) Psico, el – Gr. Psykhe, Termo de composição que se emprega a fim de indicar a ideia de mente, espírito, alma.

Psicologia, s. f. – Psico + logia. Ciência que estuda as ideias, as determinações e sentimentos, cujo conjunto forma o espírito dos homens; ciência dos fatos da consciência e de suas leis; tratado sobre a alma e as faculdades intelectuais e morais. (Nova Enciclopédia de Pesquisa Fase, Prof. A. Alves de Almeida)

Em Guia do Estudante temos que, atualmente, psicologia é o estudo dos fenômenos psíquicos e do comportamento do ser humano por intermédio da análise de suas emoções, suas ideias e seus valores. O psicólogo diagnostica, previne e trata doenças mentais, distúrbios emocionais e de personalidade. Ele observa e analisa as atitudes, os sentimentos e os mecanismos mentais do paciente e procura ajudá-lo a identificar as causas dos problemas e a rever comportamentos inadequados.
(Nota do A Era do Espírito)

Psicofonia (do gr. psyché, alma e phonê, som ou voz) – transmissão do pensamento dos Espíritos pela voz de um médium falante.

Pureza absoluta – estado dos Espíritos da primeira ordem ou puros espíritos: os que percorreram todos os graus da escala e não têm que sofrer mais encarnação.

Purgatório (do lat. purgatorium, efeito de purgare, purgar; raiz purus, puro, que se deriva do gr. pyr, pyrus, fogo, antigo emblema da purificação) – lugar de expiação temporária, segundo a Igreja Católica, para as almas que têm ainda que purificar-se de algumas manchas. A Igreja não define de um modo preciso o lugar onde se acha o Purgatório. Ela o coloca em toda parte, no espaço, talvez ao nosso lado.  Ela não se explica mais claramente sobre a natureza das penas ali sofridas; são sofrimentos mais morais do que físicos. Há, entretanto, fogo, mas a alta teologia reconhece que esta palavra deve ser tomada em sentido figurado e como emblema de purificação. O ensino dos Espíritos é muito mais explícito a este respeito; eles rejeitam, e verdade, o dogma da eternidade das penas (v. Inferno, penas eternas), mas admitem uma expiação temporária, mais ou menos longa, que não é outra coisa, salvo o nome, senão o purgatório.

Esta expiação se realiza pelos sofrimentos morais da alma no estado errante; os Espíritos errantes estão por toda parte: no espaço, ao nosso lado, como diz a Igreja. A Igreja admite no purgatório certas penas físicas; a  doutrina espírita diz que o Espírito se purifica, se purga de suas impurezas em suas existências corporais; os sofrimentos e as tribulações da vida são as  expiações e as provas  pelas quais eles se elevam, de  onde resulta que aqui na Terra estamos em pleno purgatório. O que a doutrina católica deixa no vago, os Espíritos precisam, fazem- nos tocar com o dedo e ver com os olhos. Os Espíritos que sofrem podem, pois, dizer que estão no purgatório, para servirem-se da nossa linguagem. Se, em razão de sua inferioridade moral, não lhes é dado ver o termo de seus sofrimentos, eles dirão que estão no Inferno (v. Inferno).

A Igreja admite a eficácia das preces pelas almas do purgatório. Os Espíritos dizem-nos que pela prece chamamos os bons Espíritos, que dão aos fracos a força moral que lhes falta para suportar suas provas. Os Espíritos sofredores podem pedir preces sem que haja nisto contradição com a doutrina espírita; ora, conforme o que conhecemos dos diferentes graus dos Espíritos, compreendemos que eles podem pedi-las segundo a forma que lhes era familiar durante a vida (v. Prece).

A Igreja não admite senão uma existência corporal, depois da qual a sorte do homem é irrevogavelmente fixada por toda a eternidade. Os Espíritos nos dizem que uma só existência, cuja duração, muitas vezes abreviada pelos acidentes, não passa de um ponto na eternidade, não basta à alma para purificar-se completamente, e que Deus, em sua justiça, não condena sem remissão aquele de quem não dependeu, muitas vezes, ser convenientemente instruído sobre o bem, para praticá-lo. Sua doutrina deixa à alma a faculdade de realizar, em uma série de existências, o que ela não pode realizar em uma só: aí está a diferença.  Mas, se se escrutassem com cuidado todos os princípios dogmáticos, e se se levasse sempre em conta a parte que deve ser tomada em sentido figurado, muitas contradições aparentes desapareceriam.

Reencarnação – volta dos Espíritos à vida corporal.  A reencarnação pode dar-se imediatamente depois da morte, ou após um lapso de tempo mais ou menos longo, durante o qual o Espírito permanece errante. Pode dar-se nesta Terra ou em outras esferas, mas sempre em um corpo humano, e nunca no de um animal. A reencarnação é progressiva ou estacionária; nunca é retrógrada. Em suas novas existências corporais o Espírito pode decair em posição social, mas não como Espírito, isto é, de senhor pode nascer servidor, de príncipe, artífice, de rico, miserável, mas progredindo sempre em ciência e moralidade. Deste modo o criminoso pode tornar-se homem de bem, mas o homem de bem não pode tornar-se um criminoso.

Os Espíritos imperfeitos, que estão ainda sob a influência da matéria, nem sempre têm sobre a reencarnação ideias perfeitas. A explicação que oferecem se ressente de sua ignorância e dos preconceitos terrestres, pouco mais ou menos como se daria relativamente a um camponês a quem se perguntasse se é a Terra ou o Sol que gira. Eles têm apenas uma lembrança confusa de suas existências anteriores e o futuro se lhes apresenta extremamente vago (sabe-se que a lembrança das existências passadas se elucida à medida que o Espírito se purifica). Alguns falam ainda das esferas concêntricas que cercam a Terra e nas quais o Espírito, elevando-se gradativamente, chega ao sétimo céu, que é, para eles, o apogeu da perfeição. Mas no meio da diversidade das expressões e da extravagância das figuras, uma observação atenta deixa reconhecer facilmente um pensamento dominante, o das provas sucessivas que o Espírito deve sofrer e dos diversos graus que deve percorrer para chegar à perfeição e à suprema felicidade.  Muitas vezes as coisas só nos parecem contraditórias porque não lhes sondamos o sentido íntimo.

Religião - a palavra “religião” quer dizer “laço”Uma religião, em sua acepção nata e verdadeira, é um laço que “religa” os homens numa comunidade de sentimentos, de principio e de crenças. (24) (Ver Revista Espírita, dezembro 1868, Sessão Anual Comemorativa dos Mortos.) 

(24) Em Wikipédia, a enciclopédia livre (http://pt.wikipedia.org/wiki/Religi%C3%A3o) encontramos que: A Religião (do latim: "religio" usado na Vulgata, que significa "prestar culto a uma divindade", “ligar novamente", ou simplesmente "religar") pode ser definida como um conjunto de crenças relacionadas com aquilo que a humanidade considera como sobrenatural, divino, sagrado e transcendental, bem como o conjunto de rituais e códigos morais que derivam dessas crenças.

Etimologia

Pormenor de uma Bíblia do século XV - A palavra portuguesa religião deriva da palavra latina religio, mas desconhece-se ao certo que relações estabelece religio com outros vocábulos. Aparentemente no mundo latino anterior ao nascimento do cristianismo, religio referia-se a um estilo de comportamento marcado pela rigidez e pela precisão.

A palavra "religião" foi usada durante séculos no contexto cultural da Europa, marcado pela presença do cristianismo que se apropriou do termo latino religio. Em outras civilizações não existe uma palavra equivalente. O hinduísmo antigo utilizava a palavra rita que apontava para a ordem cósmica do mundo, com a qual todos os seres deveriam estar harmonizados e que também se referia à correcta execução dos ritos pelos brâmanes. Mais tarde, o termo foi substituído por dharma, termo que atualmente é também usado pelo budismo e que exprime a idéia de uma lei divina e eterna.

Historicamente foram propostas várias etimologias para a origem de religio. Cícero, na sua obra De natura deorum, (45 a.C.) afirma que o termo se refere a relegere, reler, sendo característico das pessoas religiosas prestarem muita atenção a tudo o que se relacionava com os deuses, relendo as escrituras. Esta proposta etimológica sublinha o carácter repetitivo do fenómeno religioso, bem como o aspecto intelectual. Mais tarde, Lactâncio (século III e IV d.C.) rejeita a interpretação de Cícero e afirma que o termo vem de religare, religar, argumentando que a religião é um laço de piedade que serve para religar os seres humanos a Deus.

No livro "A Cidade de Deus" Agostinho de Hipona (século IV d.C.) afirma que religio deriva de religere, "reeleger". Através da religião a humanidade reelegia de novo a Deus, do qual se tinha separado. Mais tarde, na obra De vera religione Agostinho retoma a interpretação de Lactâncio, que via em religio uma relação com "religar".

Macróbio (século V d.C.) considera que religio deriva de relinquere, algo que nos foi deixado pelos antepassados.

Independente da origem, o termo é adotado para designar qualquer conjunto de crenças e valores que compõem a fé de determinada pessoa ou conjunto de pessoas. Cada religião inspira certas normas e motiva certas práticas.
 
Ressurreição - A ressurreição supõe o retorno à vida do próprio cadáver, o que a Ciência demonstra ser materialmente impossível, sobretudo quando os elementos desse corpo já estão há muito dispersos e consumidos. O Espiritismo trata da reencarnação que é a volta da alma ou Espírito à vida corpórea, mas num outro corpo, novamente constituído, e que nada tem a ver com o antigo. (Ver Allan Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. IV, Ninguém Pode Ver o Reino de Deus, se não Nascer de Novo.)
 
Satã -  (do hebreu chaitán, adversário, inimigo de Deus) – o chefe dos demônios.  Esta palavra é sinônimo de diabo, com a diferença de que este último vocábulo pertence mais do que o primeiro à linguagem familiar. Em segundo lugar, de acordo com a idéia ligada a esta palavra, Satã é um ser único: o gênio do mal, o rival de Deus. Diabo é um termo mais genérico, que se aplica a todos os demônios. Há somente um Satã (ou Satanás), porém há vários diabos. Segundo a doutrina espírita, Satanás não é um ser distinto, pois Deus não tem rival com quem possa medir-se, poder contra poder. Satã é a personificação alegórica do mal e de todos os maus Espíritos (v. Diabo, Demônio).
 
Segunda-vista – efeito da emancipação da alma que se manifesta no estado de vigília. Faculdade de ver as coisas ausentes como se estas estivessem presentes.  Aqueles que dela são dotados não vêem pelos olhos, mas pela alma, que percebe a imagem dos objetos por toda parte onde ela se transporta, e como por uma espécie de miragem. Esta faculdade não é permanente. Certas pessoas a possuem sem saber: ela parece-lhes um efeito natural, e produz o que denominamos visões.
 
Sematologia (25) (do gr. sema, semato, sinal, e logos, discurso) – transmissão do pensamento dos Espíritos por meio de sinais, tais como pancadas, batidas, movimentos de objetos, etc. (v. Tiptologia).

(25) Sematologia (do grego semá, signo, e logos, discurso). Linguagem dos sinais. Comunicação dos Espíritos por meio de movimentos dos corpos inertes. (Ver Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, cap. XXXII.)

Serafim (v. Anjos).

Sibilas (do gr. eolio sios, empregado por théos, Deus, e de léouli, conselho; conselho divino) – eram profetisas que forneciam os oráculos e que os antigos julgavam inspiradas pela Divindade. Levando em conta a parte de charlatanismo e o prestígio com que as cercavam aqueles que as exploravam, reconhece-se nas sibilas e nas pitonisas todas as faculdades dos sonâmbulos, dos extáticos e de certos médiuns.

Silvos, Sílfides – segundo a mitologia céltica e germânica da Idade Média, os silfos eram os gênios do ar, como os gnomos eram os da terra e as ondinas os das águas. Eram representados sob forma humana, semivaporosa, com traços graciosos, asas transparentes; eram o símbolo da rapidez com a qual percorrem o espaço. Atribuía-se-lhes o poder de se tornarem visíveis à vontade. Seu caráter era doce e afável. “Não duvideis da multidão de silfos ligeiros que tendes às vossas ordens. Continuamente ocupados em recolher vossos pensamentos, mal pronunciais uma palavra e eles dela se apoderam, indo repeti-la por toda parte em redor de vós. Sua ligeireza é tão grande que eles percorrem mil passos em um segundo. São os silfos de Paracelso e de Gabalis.” (A. Martin).

Sonambulismo (do lat. somnus, sono, e ambulare, marchar, passear) – estado de emancipação da alma mais completo do que no sonho (v. Sonho).

O sonho é um sonambulismo imperfeito. No sonambulismo a lucidez da alma, isto é, a faculdade de ver, que é um dos atributos de sua natureza, é mais desenvolvida, Ela vê as coisas com mais precisão e nitidez, o corpo pode agir sob o impulso da vontade da alma.

O esquecimento absoluto no momento do despertar é um dos sinais característicos do verdadeiro sonambulismo, visto que a independência da alma e do corpo é mais completa do que no sonho.

Sonambulismo natural – o que é espontâneo e se produz sem provocação e sem influência de nenhum agente exterior.

Sonambulismo magnético ou artificial – o que é provocado pela ação que uma pessoa exerce sobre outra, por meio do fluido magnético que esta derrama sobre aquela.

Sonho – efeito da emancipação da alma durante o sono (26). Quando os sentidos ficam entorpecidos, os laços que unem o corpo e a alma se afrouxam. Esta, tornando-se mais livre, recupera, em parte, suas faculdades de Espírito e entra mais facilmente em comunicação com os seres do mundo incorpóreo. A recordação que ela conserva ao despertar, do que viu em outros lugares e em outros mundos, ou em suas existências passadas, constitui o sonho propriamente dito. Sendo esta recordação apenas parcial, quase sempre incompleta e entremeada com recordações da vigília, resultam daí, na sequência dos fatos, soluções de continuidade que lhes rompem a concatenação e produzem esses conjuntos estranhos que parecem sem sentido, pouco mais ou menos como seria a narração à qual se  houvessem  truncado,  aqui  e  ali,  fragmentos  de  linhas  ou  de frases.

(26) Durante o sono, os liames que o unem ao corpo se afrouxam e o corpo não necessita do Espírito. Então ele percorre o espaço e entra em relação mais direta com os outros Espíritos. (Ver Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Capítulo VIII, Livro Segundo - Mundo Espírita ou dos Espíritos, Emancipação da Alma, O Sono e os Sonhos, questão 400 e seguintes.)

Soniloquia (do lat. somnus, sono, e loqui, falar) – estado de emancipação da alma intermediário ao sono e ao sonambulismo natural. Aqueles que falam sonhando são soníloquos.

Sono natural – suspensão momentânea da vida de relação. Entorpecimento dos sentidos durante o qual são interrompidas as relações da alma com o mundo exterior por meio dos órgãos.

Sono magnético – atuando sobre o sistema nervoso, o fluido magnético produz, em certas pessoas, um efeito que se comparou ao sono natural, mas que difere dele essencialmente em muitos pontos. A principal diferença consiste em que, neste estado, o pensamento se encontra inteiramente livre, o indivíduo tem um conhecimento perfeito de si mesmo e o corpo pode agir como no estado normal, o que é devido a que a causa fisiológica do sono magnético não é a mesma que a do sono natural. Contudo o sono natural é um estado transitório que precede sempre o sono magnético, a passagem de um a outro é um verdadeiro despertar da alma. Eis por que aqueles que são postos pela primeira vez em sonambulismo magnético respondem quase sempre não a esta pergunta: “dormis?” E, com efeito, visto que vêem e pensam livremente, para eles isso não é dormir no sentido vulgar da palavra.

Superstição – por absurda que seja, uma idéia supersticiosa repousa quase sempre sobre um fato real, mas que a ignorância desnaturou, exagerou ou interpretou falsamente. Seria um erro pensar que vulgarizar o conhecimento das manifestações espíritas é propagar superstições. De duas coisas uma: ou esses fenômenos são uma quimera, ou são reais. No primeiro caso seria razoável combatê-los. Mas, se existem, como o demonstra a experiência, nada os impedirá de se produzirem. Como seria pueril opor-se a fatos positivos! O que se deve combater não são os fatos, mas a falsa interpretação que a ignorância pode dar- lhes. Sem dúvida, nos séculos remotos, eles foram origem de uma multidão de superstições, como aliás, todos os fenômenos naturais, cuja causa era desconhecida. O progresso das ciências positivas de pouco em pouco destrói parte dessas superstições. A ciência espírita, sendo cada vez mais divulgada, fará desaparecer as restantes.

Os adversários do Espiritismo apóiam-se no perigo que esses fenômenos representam para a razão. Todas as causas capazes de abalar as imaginações fracas podem produzir a loucura. O que nos compete, antes de tudo, é eliminar essa doença à qual chamamos medo. Ora, o meio de conseguir isto não é exagerar o perigo fazendo crer que todas essas manifestações são obra do diabo. Aqueles que propagam esta crença com o intuito de desacreditá-la erram completamente o alvo, pois que atribuir uma causa qualquer aos fenômenos espíritas é reconhecer-lhes a existência. Em segundo lugar, querendo persuadir que o diabo é o único agente deles, afeta-se perigosamente o moral de certos indivíduos. Como não se impedirá que as manifestações se produzam, mesmo entre aqueles que não se quiserem ocupar com elas, essas pessoas só verão por toda parte, em redor de si, diabos e demônios até nos fatos mais simples, que tomarão por manifestações. E isso não deixará de lhes perturbar o cérebro. Tornar crível essa crença é propagar o mal do medo, em lugar de curá-lo. Nisto está o verdadeiro perigo, nisto a superstição.

Taumaturgo (do gr. thauma, thaumatos, maravilha, e ergon, obra) – fazedor de milagres: São Gregório Taumaturgo. Diz-se, às vezes, por ironia, daqueles que, com ou sem razão, se gabam de ter o poder de produzir fenômenos fora das leis da natureza. É neste sentido que certas pessoas qualificam Swedenborg de taumaturgo.

Telegrafia humana – comunicação à distância entre duas pessoas vivas, que se evocam reciprocamente. Esta evocação provoca a emancipação da alma, ou do Espírito encarnado, que vem se manifestar e pode comunicar seu pensamento pela escrita ou por outro qualquer meio. Os Espíritos dizem-nos que a telegrafia humana será um dia um meio usual de comunicação, quando os homens forem mais moralizados, menos egoístas e menos presos às coisas materiais. Até que esse estado seja alcançado, a telegrafia humana será um privilégio de almas de escol.

Tendências inatas – tendências, ideias ou conhecimentos não adquiridos que, parece, trazemos ao nascer. Há muito tempo discutem-se as tendências inatas, cuja realidade é combatida por certos filósofos que pretendem sejam todas adquiridas. Se assim fosse, como explicar certas disposições naturais que se revelam muitas vezes desde a mais tenra idade e independentemente de qualquer educação? Os fenômenos espíritas lançam uma grande, luz sobre esta questão. A experiência não deixa dúvida alguma, hoje em dia, sobre estas espécies de tendências que encontram sua explicação na sucessão das existências. Os conhecimentos adquiridos pelo Espírito nas existências anteriores se refletem nas existências posteriores através do que denominamos tendências inatas.

Tiptólogo (do grego tiptô, bato); Qualidade dos médiuns aptos a comunicações pela tiptologia.  Médium tiptólogo. (Ver Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, cap. XXXII.)

Tiptologia: Linguagem dos sinais por meio de pancadas, modo de comunicação dos Espíritos.  (Ver Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, cap. XXXII.)

Tiptologia alfabética: (Batidas na madeira, na parede ou em qualquer outro lugar, seguindo um código telegráfico ou convencionado na ocasião, pelas quais o Espírito estabelece conversação com as pessoas). (Nota de J. Herculano Pires)

Todo universal, ou grande todo – segundo a opinião de certos filósofos, há uma alma universal, da qual cada um de nós possui uma parcela. Com a nossa morte, todas essas almas particulares voltam à fonte geral, sem conservar sua individualidade, como as gotas da chuva se confundem nas águas do oceano. Esta fonte comum é, para eles, o grande todo, o todo universal. Esta doutrina é tão desalentadora quanto o materialismo, uma vez que, sem a individualidade depois da morte, é, sem dúvida, como se não existíssemos. O Espiritismo é a prova patente do contrário. Mas a ideia do grande todo não implica, necessariamente, a da fusão dos seres em um só. Um soldado que volta ao seu regimento entra no todo coletivo, mas não deixa, por isso, de conservar sua individualidade. O mesmo se dá com as almas que entram no mundo dos Espíritos, que para elas é, igualmente, um todo coletivo: o todo universal. É neste sentido que deve ser entendida esta expressão na linguagem de certos Espíritos.

Transfiguração - Do latim transfiguratio. Conversão de uma figura noutra. Mudança de forma ou de figura. Um exemplo de transfiguração é quando Jesus tomou consigo os apóstolos Pedro João e Tiago, conduziu-os a um monte elevado e se transfigurou diante deles (27). No Espiritismo a transfiguração consiste na modificação do aspecto de um corpo de vivo. A transfiguração pode ocorrer, em certos casos, por uma simples contração muscular que dá à fisionomia expressão muito diferente, a ponto de tornar a pessoa irreconhecível. Admite-se em princípio que o Espírito pode dar ao seu perispírito todas as aparências. Que por uma modificação das disposições moleculares, pode lhe dar a visibilidade, a tangibilidade e em consequência a opacidade. Que o perispírito de uma pessoa viva, fora do corpo pode passar pelas mesmas transformações e que essa mudança de estado se realiza por meio da combinação dos fluidos.

Imaginemos então o perispírito de uma pessoa viva, não fora do corpo, mas irradiando ao redor do corpo de maneira a envolvê-lo como espécie de vapor. Nesse estado ele pode sofrer as mesmas modificações de quando separado. Se perder a transparência, o corpo pode desaparecer, tornar-se invisível, velar-se como se estivesse mergulhado nevoeiro. Poderá mesmo mudar de aspecto, ficar brilhante, de acordo com a vontade ou o poder do Espírito. Outro Espírito, combinando o fluido com esse, pode substituir a aparência dessa pessoa, de maneira que o corpo real desapareça, coberto por um envoltório físico exterior cuja aparência poderá variar como o Espírito quiser. (Ver Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, segunda parte, cap. VII, Bicorporeidade e Transfiguração.)

(27) Os evangelhos sinóticos (Mateus 17:1-9, Marcos 9:2-8 e Lucas 9:28-36) e uma epístola (II Pedro 1:16-18) fazem referência ao evento.

Transmigração (v. Reencarnação, Metempsicose).

Universo - O Universo compreende a infinidade dos mundos que vemos e não vemos, todos os seres animados e inanimados, todos os astros que se movem no espaço e os fluidos que o preenchem. Ver, Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, livro primeiro, cap. III.

O Universo é constituído de tudo o que existe fisicamente, a totalidade do espaço e tempo e todas as formas de matéria e energia. O termo Universo pode ser usado em sentidos contextuais ligeiramente diferentes, denotando conceitos como o cosmo, o mundo ou natureza. (Ver Wikipédia, a enciclopédia livre, http://pt.wikipedia.org/wiki/Universo.)

Vidente – aquele ou aquela que é dotado de segunda-vista. Algumas pessoas designam sob este nome os sonâmbulos magnéticos para melhor lhes caracterizar a lucidez. Esta palavra, nesta última acepção, pouco mais vale do que o adjetivo invisível aplicado aos Espíritos. Tem o inconveniente de não ser especial ao estado sonambúlico. Quando se tem um termo para exprimir uma idéia, é supérfluo criar outro. É preciso, sobretudo, evitar desviar as palavras de sua acepção consagrada.

Visões Extáticas: São as visões que acontecem no estado de êxtase (28).
(Ver Allan Kardec na Revista Espírita de janeiro de 1858, no artigo Visões)

(28) O êxtase é um sonambulismo mais apurado; a alma do extático fica ainda mais independente. (Ver mais in Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Capítulo VIII, Livro Segundo - Mundo Espírita ou dos Espíritos, Emancipação da Alma, Êxtase, questão 439 e seguintes.)

Visões pela Dupla Vista (29): São as visões que acontecem no estado de vigília. (Ver Allan Kardec na Revista Espírita de janeiro de 1858, no artigo Visões)

(29) A dupla vista é ainda o Espírito em maior liberdade, embora o corpo não esteja adormecido. A dupla vista é a vista da alma. (Ver Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Capítulo VIII, Livro Segundo - Mundo Espírita ou dos Espíritos, Emancipação da Alma, Dupla vista , questão 447 e seguintes.)

Visões Sonambúlicas: Visões que ocorrem no estado de sonambulismo natural (30). (Ver Allan Kardec na Revista Espírita de janeiro de 1858, no artigo Visões)

(30) O sonambulismo natural é um estado de independência da alma, mais completo que no sonho; então as faculdades adquirem maior desenvolvimento. (Ver Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Capítulo VIII, Livro Segundo - Mundo Espírita ou dos Espíritos, Emancipação da Alma, O Sonambulismo, questão 425 e seguintes.

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(*) Esta obra veio a lume em 1858, mesmo ano em que foi criada a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas e a Revista Espírita. Na Revista Espírita de agosto de 1860, referindo-se a ela, assim se expressou Kardec: “Esta obra está inteiramente esgotada e não será reimpressa. Será substituída pelo novo trabalho, ora no prelo, que sairá mais completo e obedecerá um outro plano.” Em novembro de 1860, num aviso na Revista Espírita, assim se manifestou: “Lembramos aos leitores que a obra Instruções Práticas sobre as manifestações Espíritas esta esgotada e será substituída por outra, bem mais completa, sob o título de Espiritismo Experimental. Está no prelo e aparecerá em dezembro próximo.” Ainda na Revista Espírita de janeiro de 1861, assim se exprimiu Kardec sobre a nova obra, já com o título de O Livro dos Médiuns: “Há muito tempo anunciada, mas com a publicação retardada por força da sua própria importância, esta obra aparecerá de 5 a 10 de janeiro pelos Srs. Didier & Cie, livreiros editores, Quai de Augustins, 35. Ela constitui o complemento de O Livro dos Espíritos e encerra a parte experimental do Espiritismo, assim como este último contém a parte filosófica.” Contudo, esta nova obra apareceu somente em 15 de janeiro de 1861.

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