terça-feira, 16 de outubro de 2012

ESTAMOS EMPREGANDO CORRETAMENTE A LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA?


ESTAMOS EMPREGANDO CORRETAMENTE A LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA?
por Antonio Sérgio C. Picollo e Elio Mollo
publicado no jornal Correio Fraterno do ABC no 250 – novembro 1991


Em "O LIVRO DOS ESPÍRITOS" de Allan Kardec, os Espíritos Superiores esclarecem que o resultado dos homens agirem de maneira diversa aos seus modos de pensar, é a geração de pessoas hipócritas. Diante desses esclarecimentos sobre o tema "LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA", nos deparamos com a enorme responsabilidade que adquirem todos aqueles que expõem uma doutrina, uma filosofia ou um conjunto de ideias e fatos semelhantes e as consequências que podem advir disso. No caso da Doutrina Espírita os Espíritos Superiores encarregados por Deus de a transmitirem aos homens, foram claros e objetivos em suas ideias e apenas demonstraram a verdade contida nos Evangelhos de Jesus mais claramente. Também Allan Kardec, o codificador não impôs nada a ninguém e sim expôs, e esclareceu aqueles ensinamentos dos Espíritos às criaturas que tinham ou têm olhos de ver e ouvidos para ouvir, sempre à luz da lógica e do bom senso.

Infelizmente, muitos confrades ainda trazem dentro de si raízes de uma cultura religiosa em que a imposição de ideias e os dogmas prevalecem, ignorando que de todas as liberdades, a mais inviolável é a de pensar. E o Espiritismo, que na essência é um processo libertador de consciências, nem sempre é assimilado, transmitido e exemplificado por seus adeptos dessa maneira e, por consequência, é deturpado. Ora, sabemos que muitos espíritas expõem a Doutrina se assemelhando a pessoas que professam outros credos ou filosofias, impondo suas ideias pessoais aqueles que chegam à Casa Espírita em busca de equilíbrio e consolo que não encontraram em outros lugares. Muitos expositores espíritas apenas trocam os nomes, mas, a essência, as ideias são as mesmas de outras religiões. Senão vejamos: o umbral é descrito como se fosse o velho inferno, os espíritos superiores são tratados como se fossem santos que merecem adoração (logo teremos São Bezerra de Menezes, Santo Allan Kardec etc.), a lei de talião e karma como se fossem a Lei de Causas e Efeitos, pedidos de vibrações com a mesma ideia daqueles que pedem a um clérigo para que reze uma missa em intenção de alguém, preparação de ambiente para reuniões com preces longas e citações de nomes específicos de espíritos mais se assemelhando a enfadonhas ladainhas e, finalmente, um misterioso planeta que se aproxima da Terra para separar o joio do trigo (ideia do Juízo Final) denominado de "Planeta Chupão".

Quanto a esse último, observa­mos que com a aproximação do tão propalado Terceiro Milênio, muitas ideias místicas se inserem dentro da Casa Espírita, espalhando medos, preocupações e pessimismo por entre as pessoas que não conhecem bem a Doutrina Espírita. Os expositores do Espiritismo que propagam essas ideias certamente não leram "A Gênese", de Allan Kardec, cap. XVII, de título "São chegados os tempos" e dois subtítulos: "Sinais dos Tempos" e "A Geração Nova". Ali se encontra uma explicação lógica, coerente, clara e brilhante para todo esse assunto de mudança e trans­formações que sempre ocorreram na Terra de maneira natural, justa e sábia, de acordo com as Leis Naturais ou Divinas.

 Esses pequenos exemplos nos mostram o quão longe estão de entender o Espiritismo muitas pessoas que se dizem "Espíritas Kardecistas". Será que tudo isso consta das obras de Kardec ou elas são dúbias ou confusas que causam tantas interpretações, no mínimo esdrúxulas? Kardec e o Espiritismo continuam sendo ilustres desconhecidos por muita gente que se põe a falar deles. O fato de termos liberdade de consciência e expressão não nos dá o direito de, em se falando em nome de uma doutrina, deturpá-la com nossas opiniões pessoais.

Devemos esclarecer à luz do Espiritismo e não impor ideias às pessoas que nos procuram. Sabemos que a conquista de virtudes, e consequente eliminação das nossas imperfeições, não se processa instantaneamente.

Assim, também a chamada re­forma íntima deve ser esclarecida e não imposta, senão será mais uma violência que se praticará às consciências, semelhantes a uma conversão pela força ou pressão psicológica que só fabricam hipócritas ou que causam desânimo e decepção naqueles que não conseguem eliminar seus erros imediatamente.

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