sexta-feira, 28 de março de 2014

AÇÃO DOS ESPÍRITOS SOBRE A MATÉRIA


AÇÃO DOS ESPÍRITOS SOBRE A MATÉRIA
Estudo com base in O Livro dos Médiuns, segunda parte, capítulos de I à V.
Obra codificada por Allan Kardec.
Demais obras indicadas nas notas de rodapé.

Pesquisa: Elio Mollo


COMO OS ESPÍRITOS DEMONSTRAM A SUA PRESENÇA

Os seres inteligentes que de alguma maneira vivem entre nós, embora naturalmente invisíveis podem demonstrar a sua presença por algum meio. O simples raciocínio mostra que isto nada tem de impossível. Esse fato, aliás, tem a seu favor a aceitação de todos os povos, pois pode-se encontrar informações em toda parte e em todas as épocas, inclusive, sancionada pelo testemunho dos livros sagrados e muitos outros livros não religiosos. Relegar estre fato ao campo das superstições é se posicionar contra o progresso natural da humanidade.

Para que esse progresso aconteça é preciso estudar os meios pelos quais os Espíritos podem manifestar-se. Conquistado esse conhecimento, o fato das manifestações nada apresentará de surpreendente e entra na ordem dos fatos naturais. Comecemos então a estudar este assunto procurando conhecer o que é Alma, Espírito, Perispírito e Homem:

Na obra O que é o Espiritismo (1) encontramos a seguinte instrução:

Quando a alma está unida ao corpo, durante a vida, ela tem um duplo envoltório: um pesado, grosseiro e destrutível, que é o corpo; outro fluídico, leve e indestrutível, o perispírito, ou seja, o Espírito é envolvido por uma substância que é vaporosa para homem, mas ainda bastante grosseira para os Espíritos. Como a semente de um fruto é envolvida pelo perisperma, o Espírito propriamente dito é revestido de um envoltório que, por comparação, pode ser chamado perispírito.

O Espírito tira o seu envoltório semimaterial do fluido universal de cada globo. É por isso que ele não é o mesmo em todos os mundos, sendo assim, passando de um mundo para outro, o Espírito muda de envoltório, como o homem muda de roupa. A forma é conforme o arbítrio do Espírito, assim, com esse envoltório é que os Espíritos aparecem algumas vezes, seja nos sonhos, seja no estado de vigília, podendo tomar uma forma visível e mesmo palpável. (2)

Há, pois, no homem três coisas essenciais:

- primeiro, a alma ou espírito (elementar), princípio inteligente que abriga o pensamento, a vontade e o senso moral;
- segundo, o corpo, envoltório material que coloca o Espírito em relação com o mundo exterior;
- terceiro, o perispírito, envoltório fluídico, leve, imponderável, servindo de liame e de intermediário entre o espírito e o corpo.

Sendo assim deduzimos que

a união da alma, do perispírito e do corpo material constitui o homem;
a alma e o perispírito separados do corpo constituem o ser chamado Espírito.

Para entendermos melhor o assunto diz Kardec em nota que

a alma é, assim, um ser simples;
o Espírito um ser duplo e
o homem um ser triplo.

E que seria mais exato reservar a palavra alma para designar o princípio inteligente, e a palavra Espírito para o ser semimaterial formado desse princípio e do corpo fluídico. Mas como não se pode conceber o princípio inteligente sem ligação material, as palavras alma e Espírito são, no uso comum, indiferentemente empregadas uma pela outra; é a figura que consiste em tomar a parte pelo todo, da mesma forma que se diz que uma cidade é habitada por tantas almas, uma vila composta de tantas casas; porém, filosoficamente é essencial fazer-se a diferença.

Para entendermos melhor, diz Kardec em artigo da Revista Espírita de maio de 1864: “Pelo pensamento, representa-se um Espírito, mas não se representa uma alma.” (3) Já se disse que o espírito é uma flama, uma centelha e isto se aplica ao espírito propriamente dito, como princípio intelectual e moral, ao qual não há como dar uma forma determinada.

Em O Livro dos Espíritos na resposta da questão 23 os Espíritos dizem que “o espírito elementar ou alma é o princípio inteligente do Universo.” Respondendo a questão 76 os Espíritos dizem que os Espíritos são os seres inteligentes da Criação. Eles povoam o Universo, além do mundo material. Porque aqui a palavra Espírito é empregada para designar os seres extracorpóreos e não mais o elemento inteligente Universal, ou seja, o espírito considerado em si mesmo e feita abstração de seu perispírito ou invólucro material (4).

Resumindo, temos assim que

Alma = espírito elementar ou principio inteligente. É o ser simples, primitivo. O ser que evolui. (5)

Espírito = elemento inteligente individualizado = ser semimaterial = ser duplo (alma + perispírito) – o ser inteligente da criação (Coletivamente povoam o Universo, fora do mundo material).  (6)

Homem = Espírito encarnado = ser triplo (alma + perispírito + corpo físico). (7)

Espírito Errante = Espírito (alma + perispírito) que aguarda uma encarnação. (8)

MANIFESTAÇÕES ESPÍRITAS E AÇÃO DOS ESPÍRITOS SOBRE A MATÉRIA

O espírito é a matéria são distintos, mas é necessária a união do espírito e da matéria para dar inteligência a esta e esta união é necessária para a manifestação do espírito pois que o homem não esta organizado suficientemente para perceber o espírito sem a matéria, ou seja, os sentidos dele, de alguma maneira, não estão ainda apurados ou não foram feitos para isso. (9)

Para progredir ou se manifestar a alma (princípio inteligente) necessita sempre de um instrumento, sem o qual ela não seria nada, ou melhor, o homem não a poderia conceber (10). Assim, para os Espíritos errantes é o instrumento pelo qual eles podem se comunicar com o homem, seja indiretamente, por meio do seu corpo físico ou do seu perispírito, seja diretamente com a alma, pelo pensamento, assim, temos uma infinita variedade de médiuns e comunicações espíritas. (11)

Os que consideram o Espírito completamente desprovido de matéria perguntam, com aparente razão, como pode ele agir materialmente. O Espírito não é uma abstração (12), mas um ser definido, limitado e circunscrito. O Espírito encarnado é a alma do corpo (13) e, quando o deixa pela morte, não sai desprovido de qualquer envoltório, isto é, ele leva consigo uma outra espécie de matéria (14). Todos eles nos dizem que conservam a forma humana, e, com efeito, quando nos aparecem, é sob essa forma que os reconhecemos.

A matéria sutil do perispírito não tem a persistência e a rigidez da matéria compacta do corpo. Ela é, se assim podemos dizer, flexível e expansível. Por isso, a forma que ela toma, mesmo que decalcada do corpo, não é absoluta. Ela se molda à vontade do espírito, que pode lhe dar a aparência que quiser, enquanto o invólucro material lhe ofereceria uma resistência invencível.

Assim, o ato pelo qual um Espírito revela sua presença são conhecidas pelo nome de manifestações espíritas e, elas não podem ocorrer sem a ação do Espírito sobre a matéria.

As manifestações espíritas podem ser:

Ocultas, quando não tem nada de ostensivo e o Espírito se limita a agir sobre o pensamento;

Patentes, quando são apreciáveis pelos sentidos;

Físicas, quando se traduzem por fenômenos materiais, tais como ruídos, movimentos e deslocamentos de objetos;

Inteligentes, quando revelam um pensamento, ou seja, uma troca de pensamentos entre eles e os homens;

Espontâneas, quando são independentes da vontade e ocorrem sem que nenhum Espírito seja chamado ou evocado;

Provocadas, quando são efeito da vontade, do desejo ou de uma evocação determinada;

Aparentes, quando o Espírito se faz visível à vista dos homens, fenômeno conhecido como aparição de um Espírito. (15)

NOTAS:

(1) Allan Kardec, O Que é o Espiritismo, Capítulo II - Noções Elementares de Espiritismo, Dos Espíritos, itens 9, 10 e 14.

(2) Ver Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, livro segundo, Mundo Espírita ou dos Espíritos, cap. I, Dos Espíritos, Perispírito, da questão 93 em diante.

(3) Allan Kardec, Revista Espírita, maio 1864, A Alma Pura de Minha Irmã Henríette.

(4) Allan Kardec, Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas, Vocabulário Espírita.

(5) Ver Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, resposta da questão 23, O Que é o Espiritismo, Capítulo II - Noções Elementares de Espiritismo, Dos Espíritos, nota ao item 14 e Revista Espírita, maio 1864, A Alma Pura de Minha Irmã Henríette.

(6) Ver Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, resposta da questão 76, O Que é o Espiritismo, Capítulo II - Noções Elementares de Espiritismo, Dos Espíritos, item 14 e Revista Espírita, maio 1864, A Alma Pura de Minha Irmã Henríette.

(7) Ver Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, respostas das questões 135 e 135a, O Que é o Espiritismo, Capítulo II - Noções Elementares de Espiritismo, Dos Espíritos, item 14 e Revista Espírita, maio 1864, A Alma Pura de Minha Irmã Henríette.

(8) Ver Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, livro segundo, Mundo Espírita ou dos Espíritos, Cap. VI. Vida Espírita, Espíritos Errantes, da questão 223 em diante.

(9) Ver Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, livro primeiro, As Causas Primárias, Cap. II, Elementos Gerais do Universo, Conhecimento do Princípio das Coisas, resposta das questões 25 e 25a.

(10) “Pelo pensamento, representa-se um Espírito, mas não se representa uma alma.” (4) Ver Allan Kardec, Revista Espírita, maio 1864, A Alma Pura de Minha Irmã Henríette.

(11) Ver Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, primeira parte, cap. IV, Sistemas, item 51.

(12) Ver Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, O Livro dos Espíritos, livro segundo, Mundo Espírita ou dos Espíritos, cap. II, Encarnação dos Espíritos, Origem e Natureza dos Espíritos, da questão 76 em diante.

(13) Ver Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, livro segundo, Mundo Espírita ou dos Espíritos, cap. II, Encarnação dos Espíritos, Da Alma, da questão 94 em diante.

(14) Ver Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, livro segundo, Mundo Espírita ou dos Espíritos, Cap. III, Retorno da Vida Corpórea, À Vida Espiritual, A Alma Após a Morte, da questão 149 em diante.

(15) Allan Kardec, Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas, Vocabulário Espírita.

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