PROVA, EXPIAÇÃO E DURAÇÃO DAS PENAS
Obras da pesquisa citadas no texto e nas notas.
Pesquisa: Elio Mollo
Atualizado em 07/05/2013
Encontramos em “Instruções práticas sobre as Manifestações Espíritas”, obra de Allan Kardec, que “expiação é a pena que sofrem os Espíritos como punição das faltas cometidas durante a vida corporal. A expiação, sofrimento moral, ocorre no estado de erraticidade, como o sofrimento físico ocorre no estado corporal. As vicissitudes e os tormentos da vida corporal são ao mesmo tempo, provas para o futuro e expiação do passado.” Nessa mesma obra encontramos que as “provas são vicissitudes da vida corporal pelas quais os Espíritos se purificam segundo a maneira pela qual as suportam. Segundo a doutrina espírita, o Espírito desprendido do corpo, reconhecendo sua imperfeição, escolhe ele próprio, por ato de seu livre arbítrio, o gênero de provas que julga mais próprio ao seu adiantamento e que sofrerá em sua nova existência. Se ele escolhe uma prova acima de suas forças, sucumbe, e seu adiantamento e retardado.” (1)
O Espírito Emmanuel no livro “O Consolador”, respondendo a questão 246, disse que “a provação é a luta que ensina ao discípulo rebelde e preguiçoso a estrada do trabalho e da edificação espiritual. A expiação é a pena imposta ao malfeitor que comete um crime.” (2) (O grifo é nosso)
Na obra O Espiritismo na sua mais Simples Expressão”, Kardec disse que “o Espírito culpado é punido pelos sofrimentos morais no mundo dos Espíritos, e pelas penas físicas na vida corpórea. Suas aflições são consequências de suas faltas, quer dizer, de sua infração à lei de Deus; de modo que constituem simultaneamente uma expiação do passado e uma prova para o futuro é assim que o orgulhoso pode ter uma existência de humilhação, o tirano uma vida de servidão; o rico mau uma encarnação de miséria.” (3) (O grifo é nosso)
Na Revista Espírita de setembro de 1863, Allan Kardec, respondendo a uma correspondência diz que "A expiação implica necessariamente a ideia de um castigo mais ou menos penoso, resultado de uma falta cometida; a prova implica sempre a de uma inferioridade real ou presumida, porque aquele que chegou ao ponto culminante, ao qual aspira, não tem mais necessidade de provas. Em certos casos, a prova se confunde com a expiação, quer dizer que a expiação pode servir de prova, e reciprocamente. O candidato que se apresenta para obter um grau, sofre uma prova; se fracassa, lhe é preciso recomeçar um trabalho penoso; esse novo trabalho é a punição da negligência levada no primeiro; a segunda prova torna-se assim uma expiação. Para o condenado a quem se faz esperar um abrandamento ou uma comutação conduzindo-se bem, a pena é, ao mesmo tempo, uma expiação por sua falta, e uma prova para a sua sorte futura; se, em sua saída da prisão, não estiver melhor, a prova é nula, e um novo castigo trará uma nova prova.
Se consideramos agora o homem sobre a Terra, vemos que ele aqui sofre males de todas as espécies e frequentemente cruéis; esses males têm uma causa; ora, a menos de atribuí-las ao capricho do Criador, é-se forçado a admitir que essa causa está em nós mesmos, e que as misérias que experimentamos não podem ser o resultado de nossas virtudes; portanto, elas têm sua fonte em nossas imperfeições. Que um Espírito se encarne sobre a Terra no seio da fortuna, das honras e de todos os gozos materiais, poder-se-á dizer que sofre a prova do arrastamento; para aquele que cai na infelicidade por sua má conduta ou sua imprevidência, é a expiação de suas faltas atuais, e pode-se dizer que é punido por onde pecou. Mas que se dirá daquele que, desde seu nascimento, luta com as necessidades e as privações, que arrasta a existência miserável e sem esperança de melhoria, que sucumbe sob o peso de enfermidades congênitas, sem ter ostensivamente nada feito para merecer uma semelhante sorte? Que isso seja uma prova ou uma expiação, a sua posição não é menos penosa, e isso não seria mais equitativo do ponto de vista de nosso correspondente, uma vez que se o homem não se lembra da falta, não se lembra mais de ter escolhido a prova. É preciso, pois, procurar em outra parte a solução da questão.
Todo efeito tendo uma causa, as misérias humanas são efeitos que devem ter uma causa; se essa causa não está na vida atual, deve estar na vida anterior. Além disso, admitindo a justiça de Deus, esses efeitos devem ter uma relação mais ou menos íntima com os atos precedentes, dos quais são, ao mesmo tempo, o castigo pelo passado, e a prova para o futuro. São expiações nesse sentido de que são a consequência de uma falta, e provas em relação ao proveito que dela se retira. A razão nos diz que Deus não pode ferir um inocente; portanto, se somos feridos, é que não somos inocentes: o mal que sentimos é o castigo, a maneira pela qual o suportamos, é a prova.
Mas ocorre, frequentemente, que, a falta não se achando nesta vida, acusa-se a justiça de Deus, nega-se sua bondade, duvida-se mesmo de sua existência; aí, precisamente, está a prova mais escabrosa: a dúvida sobre a divindade. Quem admite um Deus soberanamente justo e bom deve-se dizer que ele não pode agir senão com sabedoria, mesmo nesse caso que não compreendemos, e que se sofremos uma pena, é que a merecemos; portanto, é uma expiação. O Espiritismo, pela revelação da grande lei da pluralidade das existências, levanta completamente o véu sobre o que essa questão deixava de obscuro; nos ensina que, se a falta não foi cometida nesta vida, o foi em uma outra, e que assim a justiça de Deus segue seu curso nos punindo por onde nós pecamos.
Quanto ao esquecimento das próprias faltas, a lembrança precisa dessas faltas traria inconvenientes extremamente graves, em que isso nos perturbaria, nos humilharia aos nossos próprios olhos e aos de nossos próximos; que nos traria uma perturbação nas relações sociais, e que, por isso mesmo, entravaria nosso livre arbítrio. De um outro lado, o esquecimento não é tão absoluto quanto se supõe; não ocorre senão durante a vida exterior de relação, no próprio interesse da Humanidade; mas a vida espiritual não tem solução de continuidade; o Espírito, seja na erraticidade, seja em seus momentos de emancipação, se lembra perfeitamente, e essa lembrança lhe deixa uma intuição que se traduz pela voz da consciência que o adverte do que deve fazer ou não fazer; se não a escuta, é, pois, culpado. O Espiritismo dá, além disso, ao homem um meio de remontar ao seu passado, senão nos atos precisos, pelo menos nos caracteres gerais desses atos que pesaram mais ou menos sobre a vida atual. Das tribulações que sofre, expiações ou provas, deve concluir que foi culpado; da natureza dessas tribulações, ajudado pelo estudo de suas tendências instintivas, e apoiando-se sobre o princípio de que a punição mais justa é aquela que é a consequência de sua falta, pode deduzir disso seu passado moral; suas más tendências lhe mostram o que resta de imperfeito a corrigir em si. A vida atual é para ele um novo ponto de partida; aqui chega rico ou pobre de boas qualidades; basta-lhe, pois, estudar a si mesmo para ver o que lhe falta, e se dizer: "Se sou punido, é que pequei," e a própria punição lhe ensinará o que fez.” (4)
Disse Platão (Espírito) em O Livro dos Espíritos: “...enquanto existir o mal entre os homens subsistirão os castigos.” (5)
Bezerra de Menezes em Estudos Filosóficos, afirma que “o Espiritismo não exclui os castigos, que constituem a sanção das leis divinas impostas à humanidade.” (6)
O Espírito André Luiz nos “Nos Domínios da Mediunidade”, recebe do instrutor Aulus as seguintes instruções: "é da Lei que cada alma receba da vida de conformidade com aquilo que dá,..."; "Há mil processos de reajuste, no Universo Infinito em que se cumprem os Desígnios do Senhor, chamam-se eles aflição, desencanto, cansaço, tédio, sofrimento, cárcere..." e "Há dolorosas reencarnações que significam tremenda luta expiatória para as almas necrosadas no vício. Temos, por exemplo, o mongolismo, a hidrocefalia, a paralisia, a cegueira, a epilepsia secundária, o idiotismo, o aleijão de nascença e muitos outros recursos angustiosos, embora, mas necessários, e que podem funcionar, em benefício da mente desequilibrada, desde o berço, em plena fase infantil. Na maioria das vezes, semelhantes processos de cura prodigalizam bons resultados pelas provações obrigatórias que oferece..." (7)
Paulo, Apóstolo (Espírito) em “O Livro dos Espíritos”, disse que o “castigo é a consequência natural, derivada desse (um) falso movimento; uma certa soma de dores necessária a desgostá-lo (o espírito infrator ou culpado) da sua deformidade, pela experimentação do sofrimento. O castigo é o aguilhão que estimula a alma, pela amargura, a se dobrar sobre si mesma e a buscar o porto de salvação. O castigo só tem por fim a reabilitação, a redenção. Querê-lo eterno, por uma falta não eterna, é negar-lhe toda a razão de ser.” (8)
Em «O Evangelho Segundo o Espiritismo, o codificador nos informa que “o homem sofre sempre a consequência de suas faltas; não há uma só infração à lei de Deus que fique sem a correspondente punição. A severidade do castigo é proporcionada à gravidade da falta. Indeterminada é a duração do castigo, para qualquer falta; fica subordinada ao arrependimento do culpado e ao seu retorno a senda do bem; a pena dura tanto quanto a obstinação no mal; seria perpétua, se perpétua fosse a obstinação; dura pouco, se pronto é o arrependimento. Desde que o culpado clame por misericórdia, Deus o ouve e lhe concede a esperança. Mas, não basta o simples pesar do mal causado; é necessária a reparação, pelo que o culpado se vê submetido a novas provas em que pode, sempre por sua livre vontade, praticar o bem, reparando o mal que haja feito.” (9) (Os grifos são nossos)
Em “Instruções práticas sobre as Manifestações Espíritas”, sobre as penas eternas, encontramos a seguinte informação: “Os Espíritos superiores nos ensinam que só o bem é eterno, porque é a essência de Deus, e que o mal terá um fim. Por consequência deste princípio, combatem a doutrina da eternidade da penas como contrária à ideia que Deus nos dá de sua justiça e de sua bondade. Mas a luz não se faz para os Espíritos senão proporcionalmente à sua elevação: nas classes inferiores suas ideias são ainda obscurecidas pela matéria; o futuro para eles está coberto por um véu. Não veem senão o presente. Estão na posição de um homem que sobe uma montanha: no fundo do vale a neblina e as voltas do caminho limitam-lhe a vista; é-lhe preciso chegar ao cimo para descortinar todo o horizonte, avaliar o caminho que fez e o que lhe resta fazer. Os Espíritos imperfeitos, não divisando o termo de seus sofrimentos, julgam sofrer sempre, e este pensamento mesmo é um castigo para eles. Se, pois, certos Espíritos nos falam de penas eternas, é porque eles próprios creem nelas em consequência de sua inferioridade.” (10)
Paulo, Apóstolo (Espírito) em resposta dada a questão 1009 de “O Livro dos Espíritos”, instrui que: “Oh! Em verdade vos digo, cessai, cessai de pôr em paralelo, na sua eternidade (dos castigos), o Bem, essência do Criador, com o Mal, essência da criatura. Fora criar uma penalidade injustificável. Afirmai, ao contrário, o abrandamento gradual dos castigos e das penas pelas transgressões e consagrareis a unidade divina, tendo unidos o sentimento e a razão.” (11) (O grifo é nosso)
Platão (Espírito) em O Livro dos Espíritos, na resposta da questão 1009 disse: “A eternidade das penas é relativa e não absoluta. Dia virá em que todos os homens se revestirão, pelo arrependimento, da roupagem da inocência, e nesse dia não haverá mais gemidos nem ranger de dentes.” (12)
São Luiz (Espírito) Paulo, Apóstolo (Espírito) em resposta dada a questão 1004 de “O LIVRO DOS ESPÍRITOS”, orienta que a duração dos sofrimentos do culpado tem “o tempo necessário ao seu melhoramento. O estado de sofrimento e de felicidade sendo proporcionais ao grau de pureza do Espírito, a duração e a natureza dos seus sofrimentos dependem do tempo que ele precisa para se melhorar. À medida que ele progride e que os seus sentimentos se depuram, seus sofrimentos diminuem e se modificam.” (13)
NOTAS:
(1) Allan Kardec, “Instruções práticas sobre as Manifestações Espíritas”, Vocabulário, Verbetes: Expiação e Provas. – EDICEL, tradução Cairbar Schutel
(2) Emmanuel, “O Consolador”, 2ª. parte - cap. V - Provação - q. 246, FEB, psicografia F. C. Xavier.
(3) Allan Kardec, “O Espiritismo na sua mais Simples Expressão”, Resumo dos Ensinamentos dos Espíritos. Tradução de Joaquim da Silva Sampaio Lobo, EDICEL.
(4) Allan Kardec, Revista Espírita de setembro de 1863, Sobre a expiação e a prova.
(5) Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Duração das Penas Futuras, questão 1009. Tradução de J. Herculano Pires, LAKE.
(6) Bezerra de Menezes, cap. LXXXIV, Estudos Filosóficos, Edicel, São Paulo, Brasil, 1977.
(7) André Luiz, “Nos Domínios da Mediunidade”, — FEB — 14ª. edição — 1985. Médium psicógrafo F. C. Xavier.
(8) Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Duração das Penas Futuras, questão 1009. Tradução de J. Herculano Pires, LAKE.
(9 Allan Kardec, “O Evangelho Segundo o Espiritismo” – Cap. XXVII - Pedi e obtereis - item 21. Tradução de J. Herculano Pires, LAKE.
(10) Allan Kardec, “Instruções práticas sobre as Manifestações Espíritas”, Vocabulário, Verbete: Penas Eternas – EDICEL, tradução Cairbar Schutel
(11) Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Duração das Penas Futuras, questão 1009. Tradução de J. Herculano Pires, LAKE.
(12) Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Duração das Penas Futuras, questão 1009. Tradução de J. Herculano Pires, LAKE.
(13) Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Duração das Penas Futuras, questão 1004. Tradução de J. Herculano Pires, LAKE.
* * *
Muito obrigada pelo resumo me foi muito útil para uma exposição que farei amanhã na Casa Espírita que trabalho gostei muito das explicações e achei bem completo.
ResponderExcluir