ESCOLHA DAS PROVAS
Estudo com base no Livro segundo, de O Livro dos Espíritos,
Mundo Espírita ou dos Espíritos, cap. IV, subcapítulo V, Vida Espírita, questões de 258 à 273.
Obra codificada por Allan Kardec
Obra codificada por Allan Kardec
Pesquisa: Elio Mollo
No estado errante (1), antes de nova existência corpórea, o Espírito escolhe o gênero de provas (2) que deseja sofrer; nisto consiste o seu livre arbítrio (3), porém, nada acontece sem a permissão de Deus, porque foi Ele quem estabeleceu todas as leis que regem o universo. Sendo assim, podemos nos perguntar por que Ele fez tal lei em vez de tal outra! Ora, dando ao Espírito a liberdade de escolha, deixa-lhe toda a responsabilidade dos seus atos e das suas consequências; nada lhe estorva o futuro; o caminho do bem está à sua frente, como o do mal. Mas se sucumbir, ainda lhe resta uma consolação, a de que nem tudo se acabou para ele, pois Deus, na sua bondade, permite-lhe recomeçar o que foi mal feito. Por isso, é necessário distinguir o que é obra da vontade de Deus e o que é da vontade do homem. Se um perigo nos ameaça, e não fomos nós que o criamos, mas Deus, contudo, tivemos a vontade de nos expormos a ele, porque o consideramos um aprendizado, um meio de adiantamento; e assim Deus o permitiu.
Quando dizemos que o Espírito escolhe o gênero de provas que deve sofrer, e que “todas” as tribulações da vida foram previstas e escolhidas por ele (nós), devemos entender que “todas”, não é bem o termo, pois não se pode dizer que escolhemos e previmos tudo o que nos acontece no mundo (4), até as menores coisas. Escolhemos o gênero de provas, mas os detalhes são consequências da posição escolhida, e frequentemente de nossas próprias ações. Se o Espírito desejou nascer entre malfeitores, por exemplo, já sabia a que deslize se expunha, mas não conhecia cada um dos atos que praticaria; esses atos são produtos de sua vontade ou do seu livre arbítrio: O Espírito sabe que, escolhendo esse caminho, terá de passar por esse gênero de lutas; e sabe de que natureza são as vicissitudes que irá encontrar; mas não sabe quais os acontecimentos que o aguardam. Os detalhes nascem das circunstâncias e da força das coisas. Só os grandes acontecimentos, que influem no destino, estão previstos. Se tomamos um caminho cheio de desvios, sabemos que devemos ter muitas precauções, porque corremos o perigo de cair, mas não sabemos quando cairemos, e pode ser que nem caiamos, se formos bastante prudentes. Se ao passar pela rua uma telha nos cair na cabeça, não devemos pensar que estava escrito, como vulgarmente se diz.
Podemos nos perguntar, como o Espírito pode querer nascer entre gente de má vida? Ora, é necessário ser enviado ao meio em que possa sofrer a prova solicitada. O semelhante atrai o semelhante, e para lutar contra o instinto do banditismo é preciso que ele se encontre entre gente dessa espécie. Num mundo superior onde o mal não tem acesso, essas situações não acontecem(riam), pois nele, só existem bons Espíritos. É o que devemos fazer na Terra: que o bem prevaleça e não haja necessidade de sofrermos esses tipos de provas.
O Espírito, nas provas que deve sofrer para chegar à perfeição, certamente não terá de experimentar todos os gêneros de tentações nem deverá passar por todas as circunstâncias que possam provocar-lhe o orgulho, o ciúme, a avareza, a sensualidade, etc., pois há os que tomam, desde o princípio, um bom caminho que os afasta de muitas provas. Mas aquele que se deixa levar pelo mau caminho corre todos os perigos do mesmo. Um Espírito pode pedir a riqueza e esta lhe ser dada; então, segundo o seu caráter, poderá tornar-se avarento ou pródigo, egoísta ou generoso, ou ainda entregar-se a todos os prazeres da sensualidade. Mas isso não quer dizer que ele devia cair forçosamente em todas essas tendências.
O Espírito, que em sua origem é simples, ignorante e sem experiência de escolher uma existência com conhecimento de causa, Deus supre a sua inexperiência, traçando-lhe o caminho que deve seguir como fazes com uma criança desde o berço. Mas deixa-lhe pouco a pouco a liberdade de escolher, à medida que o seu livre arbítrio se desenvolve. É então que ele muitas vezes se extravia, tomando o mau caminho, por não ouvir os conselhos dos bons Espíritos (5). E a isso que podemos chamar a queda do homem. Deus sabe esperar: não precipita a expiação (6). Entretanto pode impor certa existência a um Espírito, quando este, por sua inferioridade ou má vontade, não está apto a compreender o que lhe seria mais proveitoso, e quando vê que essa existência pode servir para a sua purificação, o seu adiantamento, e ao mesmo tempo servir-lhe de expiação.
O Espírito não faz a sua escolha imediatamente após a morte, pois muitos creem na eternidade das penas (7), e como já nos foi dito, isso é um castigo.
O que orienta o Espírito na escolha das provas é as que lhe podem servir de expiação, segundo a natureza de suas faltas, e fazê-lo adiantar mais rapidamente. Uns podem impor-se uma vida de misérias e privações, para tentar suportá-la com coragem; outros, experimentar as tentações da fortuna e do poder, bem mais perigosas pelo abuso e o mau emprego que lhes pode dar e pelas más paixões que desenvolvem; outros, enfim, querem ser provados nas lutas que terão de sustentar no contato com o vício.
Há Espíritos que escolhem o contato com o vício, como prova, há os que o escolhem por simpatia e pelo desejo de viver num meio adequado aos seus gostos, ou para poderem entregar-se livremente às suas inclinações materiais, mas só entre aqueles cujo senso moral é ainda pouco desenvolvido; a prova decorre disso, e eles a sofrem por tempo mais longo. Cedo ou tarde compreenderão que a satisfação das paixões brutais tem para eles consequências deploráveis, que terão de sofrer durante um tempo que lhes parecerá eterno. Deus poderá deixá-los nesse estado até que eles tenham compreendido suas faltas, pedindo por si mesmos o meio de resgatá-las em provas proveitosas.
Pode nos parecer natural que os Espíritos escolham as provas menos penosas, mas para o Espírito, não. Quando ele está liberto da matéria, cessa a ilusão, e a sua maneira de pensar é diferente. O homem, submetido na Terra à influência das ideias carnais, só vê nas suas provas o lado penoso. E por isso que lhe parece natural escolher as que, do seu ponto de vista, podem subsistir com os prazeres materiais. Mas na vida espiritual ele compara os prazeres fugitivos e grosseiros com a felicidade inalterável que entrevê, e então que lhe importam alguns sofrimentos passageiros. O Espírito pode escolher a prova mais rude e em consequência a existência mais penosa, com a esperança de chegar mais depressa a um estado melhor, como o doente escolhe muitas vezes o remédio mais desagradável para se curar mais rapidamente. Aquele que deseja ligar o seu nome à descoberta de um país desconhecido não escolhe um caminho coberto de flores, pois sabe os perigos que corre, mas sabe também a glória que o espera, se for feliz.
A doutrina da liberdade de escolha das nossas existências, e das provas que devemos sofrer, deixa de parecer estranha. Quando consideramos que os Espíritos, libertos da matéria, apreciam as coisas de maneira diferente da nossa. Eles anteveem o fim, e esse fim lhes parece muito mais importante que os prazeres fugitivos do mundo. Depois de cada existência, veem o progresso que fizeram e compreendem quanto ainda lhes falta em pureza para o atingirem. Eis porque se submetem voluntariamente a todas as vicissitudes da vida corpórea, pedindo eles mesmos aquelas que podem fazê-los chegar mais depressa. Não há pois, motivo para nos admirarmos de ver o Espírito não dar preferência à existência mais suave. No seu estado de imperfeição, ele não pode desfrutar a vida sem amarguras, que apenas entrevê; e é para atingi-la que procura melhorar-se.
Não vemos diariamente exemplos de coisas parecidas? O homem que trabalha uma parte de sua vida, sem tréguas nem descanso, a fim de ajuntar o necessário para o seu bem-estar não desempenha uma tarefa que se impôs, com vistas a um futuro melhor? O militar que se oferece para uma missão perigosa, o viajante que não enfrenta menores perigos, no interesse da Ciência ou de sua própria fortuna, não se submetem a provas voluntárias, que devem proporcionar-lhes honra e proveito, se as vencerem? A que o homem não se expõe, pelo seu interesse ou pela sua glória? Todos os concursos não são provas voluntárias para melhorar na carreira escolhida? Não se chega a nenhuma posição social de elevada importância, nas Ciências, nas artes, na indústria, sem passar pela série de posições inferiores, que são outras tantas provas. A vida humana é assim o decalque da vida espiritual. Nela encontramos em menor escala todas as peripécias daquela. Se na vida terrena escolhemos muitas vezes as provas mais difíceis, com vistas a um fim mais elevado, por que o Espírito, que vê mais longe, e para quem a vida do corpo é apenas um incidente fugitivo, não escolherá uma existência penosa e laboriosa, se ela o deve conduzir a uma felicidade eterna? Aqueles que dizem que se pudessem escolher a sua existência teriam pedido a de príncipes ou milionários, são como os míopes que não veem o que tocam, ou como as crianças gulosas que respondem, quando perguntamos que profissão preferem: pasteleiros ou confeiteiros.
Da mesma maneira, o viajante no fundo de um vale nevoento, não pode ver a extensão nem os pontos extremos da sua rota; mas, chegando ao cume da montanha, seu olhar abrange o caminho percorrido e o que falta a percorrer, vê o final de sua viagem, os obstáculos que ainda tem de vencer, e pode então escolher com mais segurança os meios de o atingir. O Espírito encarnado é como o viajante no fundo do vale; desembaraçado dos liames terrestres, é como o que atingiu o cume. Para o viajante, o fim é o repouso após a fadiga para o Espírito, é a felicidade suprema, após as tribulações e as provas.
Todos os Espíritos dizem que, no estado errante, buscam, estudam, observam, para fazerem suas escolhas. Não temos um exemplo disso na vida corpórea? Não buscamos muitas vezes através dos anos a carreira que livremente acabamos por escolher, porque a achamos a mais apropriada aos nossos objetivos? Se fracassamos numa, procuramos outra. Cada carreira que abraçamos é uma fase, um período de vida: Não empregamos cada dia em escolher o que faremos no outro? Ora, o que são as diferentes existências corpóreas, para o Espírito, senão fases, períodos, dias da sua vida espírita, que, como o sabemos, é a vida normal, não sendo a vida corporal mais o que transitória, passageira?
O Espírito pode fazer a sua escolha durante a vida corporal, seu desejo pode ter influência. Isso depende da intenção. Mas, é no estado de Espírito que frequentemente vê as coisas de maneira bem diversa. É o Espírito quem faz a escolha. Mas, ainda assim, ele pode fazê-la nesta vida material, porque o Espírito tem sempre os momentos em que se liberta da matéria.
Sem dúvida, existem muitas pessoas que desejam grandezas e riquezas, mas não como expiação nem como prova, contudo, se a matéria deseja essa grandeza para gozá-la, o Espírito a deseja para conhecer-lhe as vicissitudes.
Até que chegue ao estado de perfeita pureza, o Espírito tem de passar constantemente por provas, mas elas não são como as entendemos. Chamamos provas às tribulações materiais; ora, o Espírito, chegado a um certo grau, mesmo sem ser perfeito, não tem mais nada a sofrer. Mas tem sempre deveres que o ajudam a se aperfeiçoar, e que não são penosos para ele, a não ser os de ajudar os outros a se aperfeiçoarem (8).
O Espírito pode enganar-se quanto à eficácia da prova que escolher, pois pode escolher uma que esteja acima das suas forças, e então sucumbe. Pode também escolher uma que não lhe dê proveito algum, como um gênero de vida ociosa e inútil. Mas, nesse caso, voltando ao mundo dos Espíritos, percebe que nada ganhou e pede para recuperar o tempo perdido.
As vocações de certas pessoas e sua vontade de seguir uma carreira em vez de outra é a consequência de tudo o que dissemos até aqui sobre a escolha das provas e sobre o progresso realizado numa existência anterior.
Quando o Espírito estuda, na erraticidade, as diversas condições em que poderá progredir, os Espíritos mais adiantados não escolhem nascer entre os canibais, mas os Espíritos da mesma natureza dos canibais, ou que lhes são inferiores.
Sabemos que os nossos antropófagos não estão no último grau da escala, e que há mundos onde o embrutecimento e a ferocidade ultrapassam tudo que existe na Terra. Esses Espíritos são, portanto, ainda inferiores aos mais inferiores do nosso mundo, e vir para o meio dos nossos selvagens é para eles um progresso, como seria um progresso para os nossos antropófagos exercer entre nós uma profissão que não os obrigasse a derramar sangue. Se eles não visam a mais alto, é porque a sua inferioridade moral não lhes permite compreender um progresso mais completo. O Espírito não pode avançar senão gradualmente; não pode transpor de um salto a distância que separa a barbárie da civilização. E está nisso uma necessidade da reencarnação, que se mostra verdadeiramente de acordo com a justiça de Deus. De outra maneira, em que se transformariam esses milhões de seres que morrem diariamente no último estado de degradação, se não tivessem meios de se elevar? Por que Deus os teria deserdado dos favores concedidos aos demais?
Os Espíritos procedentes dum mundo inferior à Terra, ou dum mundo muito atrasado, como os canibais, poderiam nascer entre os povos civilizados, há os que se extraviam, ao quererem subir muito alto; mas ficam deslocados entre nós, porque têm hábitos e instintos que se chocam com os nossos. Esses seres nos dão o triste espetáculo da ferocidade em meio da civilização. Retornando para o meio dos canibais, isso não será um retrocesso, pois não farão mais do que retomar o seu lugar, e talvez ainda com proveito.
Um homem pertencente a uma raça civilizada poderia, por expiação, reencarnar-se numa raça selvagem, mas isso depende do gênero da expiação. Um senhor que tenha sido duro para os seus escravos poderá tornar-se escravo e sofrer os maus tratos que infligiu a outros. Aquele que mandou numa época, pode, em outra existência, obedecer aos que se curvaram ante a sua vontade. É uma expiação, se ele abusou do poder e Deus pode determiná-la. Um bom Espírito pode, para os fazer avançar, escolher uma vida de influência entre esses povos. Então se trata de uma missão.
NOTAS:
(1) Erraticidade – estado dos Espíritos errantes, isto é, não encarnados, durante os intervalos de suas diversas existências corpóreas. A erraticidade não é um sinal absoluto de inferioridade para os Espíritos. Há Espíritos errantes de todas as classes, salvo os da primeira ordem ou puros espíritos, que não tendo mais que sofrer encarnação, não podem ser considerados como errantes. Os Espíritos errantes são felizes ou desgraçados segundo o grau de sua purificação. É nesse estado que o Espírito, tendo despido o véu material do corpo, reconhece suas existências anteriores e os erros que o afastam da perfeição e da felicidade infinita. É então, igualmente, que ele escolhe novas provas, a fim de avançar mais depressa. (Allan Kardec in Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas, Vocabulário.)
(2) Provas – vicissitudes da vida corporal pelas quais os Espíritos se purificam segundo a maneira pela qual as suportam. Segundo a doutrina espírita, o Espírito desprendido do corpo, reconhecendo sua imperfeição, escolhe ele próprio, por ato de seu livre arbítrio, o gênero de provas que julga mais próprio ao seu adiantamento e que sofrerá em sua nova existência. Se ele escolhe uma prova acima de suas forças, sucumbe, e seu adiantamento retarda. (Allan Kardec in Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas, Vocabulário.)
(3) Livre arbítrio – liberdade moral do homem; faculdade que ele tem de se guiar pela sua vontade na realização de seus atos. Os Espíritos nos ensinam que a alteração das faculdades mentais, por uma causa acidental ou natural, é o único caso em que o homem fica privado de seu livre arbítrio. Fora disto é sempre senhor de fazer ou de não fazer. Ele goza desta liberdade no estado de Espírito, e é em virtude desta faculdade que escolhe livremente a existência e as provas que julga próprias para seu progresso; ele a conserva no estado corporal, a fim de poder lutar contra essas mesmas provas. Os Espíritos que ensinam esta doutrina não podem ser maus Espíritos. (Allan Kardec in Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas, Vocabulário.)
(4) A fatalidade não existe senão para a escolha feita pelo Espírito, ao encarnar-se, de sofrer esta ou aquela prova; ao escolhê-la, ele traça para si mesmo uma espécie de destino, que é a própria consequência da posição em que se encontra. Falo das provas de natureza física, porque, no tocante às provas morais e às tentações, o Espírito, conservando o seu livre arbítrio sobre o bem e o mal, é sempre senhor de ceder ou resistir. Um bom Espírito, ao vê-lo fraquejar, pode correr em seu auxílio mas não pode influir sobre ele a ponto de subjugar lhe a vontade. Um Espírito mau, ou seja, inferior, ao lhe mostrar ou exagerar um perigo físico pode abalá-lo e assustá-lo, mas a vontade do Espírito encarnado não fica por isso menos livre de qualquer entrave. (Resposta dos Espíritos superiores a questão 851 de O Livro dos Espíritos, obra codificada por Allan Kardec.)
(5) Os Espíritos exercem influência sobre os acontecimentos da vida, nos aconselhando através do pensamento, mas não agem nunca fora das leis naturais. (Resposta dos Espíritos superiores a questão 525 de O Livro dos Espíritos, obra codificada por Allan Kardec.)
Pensamos erradamente que a ação dos Espíritos só deve manifestar-se por fenômenos extraordinários; desejaríamos que viessem em nosso auxílio através de milagres e sempre os representamos armados de uma varinha mágica. Mas assim não é, e eis porque a sua intervenção nos parece oculta, e o que se faz pelo seu concurso nos parece inteiramente natural. Assim, por exemplo, eles provocarão o encontro de duas pessoas, o que parece dar-se por acaso; inspirarão a alguém o pensamento de passar por tal lugar; chamarão sua atenção para determinado ponto, se isso pode conduzir ao resultado que desejam; de tal maneira que o homem, não julgando seguir senão os seus próprios impulsos, conserva sempre o seu livre arbítrio. (Nota de Allan Kardec em relação as respostas as questões 525 e 525a de O Livro dos Espíritos).
(6) Expiação – pena que sofrem os Espíritos como punição das faltas cometidas durante a vida corporal. A expiação, sofrimento moral, ocorre no estado de erraticidade como o sofrimento físico ocorre no estado corporal. As vicissitudes e os tormentos da vida corporal são, ao mesmo tempo, provas para o futuro e expiação do passado. (Allan Kardec in Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas, Vocabulário.)
(7) Penas eternas – os Espíritos superiores nos ensinam que só o bem é eterno, porque é a essência de Deus, e que o mal terá um fim. Por consequência deste princípio, combatem a doutrina da eternidade das penas como contrária à ideia que Deus nos dá de sua justiça e de sua bondade. Mas a luz não se faz para os Espíritos senão proporcionalmente à sua elevação: nas classes inferiores suas ideias são ainda obscurecidas pela matéria; o futuro para eles está coberto por um véu. Não veem senão o presente. Estão na posição de um homem que sobe uma montanha: no fundo do vale a neblina e as voltas do caminho limitam-lhe a vista; é-lhe preciso chegar ao cimo para descortinar todo o horizonte, avaliar o caminho que fez e o que lhe resta fazer. Os Espíritos imperfeitos, não divisando o termo de seus sofrimentos, julgam sofrer sempre, e esse pensamento mesmo é um castigo para eles. Se, pois, certos Espíritos nos falam de penas eternas, é porque eles próprios creem nelas em consequência de sua inferioridade. (Allan Kardec in Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas, Vocabulário.)
(8) ...o Espírito, qualquer que seja o seu grau de adiantamento, sua situação como reencarnado ou na erraticidade, está sempre colocado entre um superior que o guia e aperfeiçoa e um inferior perante o qual tem deveres iguais a cumprir. (Resposta do Espírito São Vicente de Paulo a questão 888a de O Livro dos Espíritos, obra codificada por Allan Kardec.)
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