O
PERISPÍRITO E A AÇÃO DO ESPÍRITO
SOBRE A MATÉRIA
SOBRE A MATÉRIA
Estudo com
base nas informações da Primeira parte de O Livro dos Médiuns.
Obra
codificada por Allan Kardec.
Outros
capítulos de LM ou outras obras estão indicadas nas notas de rodapé do texto.
Pesquisa: Elio Mollo
05/04/2014
As almas que povoam o espaço são precisamente o que chamamos de
Espíritos. Assim, os Espíritos são apenas as almas humanas, despojadas do seu
invólucro corporal. Se os Espíritos fossem seres à parte na Criação, sua
existência seria mais hipotética. Admitindo a existência das almas, temos de
admitir a dos Espíritos, que nada mais são do que as almas. E se admitimos que
as almas estão por toda parte, é necessário admitir que os Espíritos também
estão. Não se pode, pois, negar a existência dos Espíritos sem negar a das
almas. (1).
O Espírito, antes de tudo, na sua união com o corpo. O Espírito
é o elemento principal dessa união, pois é o ser pensante e que sobrevive à
morte. O corpo não é mais que um acessório do Espírito, um invólucro, uma
roupagem que ele abandona depois de usar. Além desse envoltório material o
Espírito possui outro, semimaterial, que o liga ao primeiro. Na morte, o
Espírito abandona o corpo, mas não o segundo envoltório, a que chamamos de
perispírito. Este envoltório semimaterial que tem a mesma forma humana do
corpo, é uma espécie de corpo fluídico, vaporoso, invisível para nós no seu
estado normal, mas possuindo ainda algumas propriedades da matéria. (2).
Não podemos, pois, considerar o Espírito como uma simples
abstração, mas como um ser limitado e circunscrito, a que só falta ser visível
e palpável para assemelhar-se às criaturas humanas. (2).
O pensamento é um atributo do Espírito. A possibilidade de agir
sobre a matéria, de impressionar os nossos sentidos e, portanto de
transmitir-nos o seu pensamento, é uma consequência, podemos dizer, da sua
própria constituição fisiológica. (3).
O Espírito, não é mais do que a alma dos que viveram
corporalmente e aos quais a morte despojou de seu grosseiro envoltório visível,
deixando-lhes apenas um envoltório etéreo, invisível no seu estado normal. (4).
A ação dos Espíritos sobre a matéria resulta da natureza do seu
envoltório fluídico conhecido como perispírito. Esta ação é inteligente,
porque, ao morrer, a alma perde apenas o corpo, conservando a inteligência que
constitui a sua existência. Esta a chave de todos esses fenômenos de
manifestações Espíritas. (4).
Todos os fenômenos espíritas têm como princípio a existência
da alma, sua sobrevivência à morte do
corpo e suas manifestações. (5).
Desde que os Espíritos se comunicam, é que Deus o permite. Com
as más comunicações para nos provar, com as boas para nos instruir e
aconselhar. (6).
Resumindo temos que:
1°. - Os fenômenos espíritas são produzidos por inteligências
extra-corpóreas, ou seja, pelos Espíritos.
2°. - Os Espíritos constituem o mundo invisível e estão por toda
parte; povoam os espaços até o infinito; há Espíritos incessantemente ao nosso
redor e com eles estamos em contato.
3°. - Os Espíritos agem constantemente sobre o mundo físico e
sobre o mundo moral, sendo uma das potências da Natureza.
4°. - Os Espíritos não são entidades à parte na Criação: são as
almas dos que viveram na Terra ou em outros Mundos, desprovidas do seu
envoltório corporal; do que se segue que as almas dos homens são Espíritos
encarnados e que ao morrer nos tornamos Espíritos.
5°. - Há Espíritos de todos os graus de bondade e de malícia, de
saber e de ignorância.
6°. - Estão submetidos à lei do progresso e todos podem chegar à
perfeição, mas como dispõem do livre-arbítrio alcançam-na dentro de um tempo
mais ou menos longo, segundo os seus esforços e a sua vontade.
7°. - São felizes ou infelizes, conforme o bem ou mal que
fizeram durante a vida e o grau de desenvolvimento a que chegaram; a felicidade
perfeita e sem nuvens só é alcançada pelos que chegaram ao supremo grau de
perfeição.
8°. - Todos os Espíritos, em dadas circunstâncias, podem
manifestar se aos homens, e o número dos que podem comunicar-se é indefinido.
9°. - Os Espíritos se comunicam por meio dos médiuns, que lhes
servem de instrumento e de intérpretes.
10°. - Reconhecem-se a superioridade e inferioridade dos
Espíritos pela linguagem: os bons só aconselham o bem e só dizem coisas boas;
os maus enganam e todas as suas palavras trazem o cunho da imperfeição e da
ignorância. (7). (8)
Na Doutrina Espírita o perispírito é considerado como simples
envoltório fluídico da alma ou Espírito. (9)
A alma e o perispírito forma um todo sob denominação de
Espírito, como o germe e o perisperma formam uma unidade sob o nome de fruto. (9).
O que uns chamam perispírito é o mesmo que outros chamam de
envoltório fluídico. Para os Espíritos elevados esse fluido é a
perfectibilidade dos sentidos, a extensão da vista e do pensamento. Quanto aos
Espíritos inferiores, estão ainda completamente impregnados de fluidos
terrenos, por isso, sofrem fome, frio, etc., sofrimentos que não podem atingir
os Espíritos superiores, visto que os fluidos terrenos já foram depurados no
seu pensamento, quer dizer, na sua alma. (10).
Para progredir, a alma necessita sempre de um instrumento, o
perispírito, sem o qual ela não seria nada, ou melhor, não poderíamos
concebê-lo. O perispírito para os Espíritos errantes é o instrumento pelo qual
podem comunicar-se com os homens, seja indiretamente, por meio do corpo ou do
perispírito, seja diretamente com a a alma. Vem daí a infinita variedade de
médiuns e de comunicações. (10).
O perispírito pode variar de aparência, modificar-se ao
infinito; a alma é a inteligência, não muda sua natureza. (10).
Nas manifestações, não é, pois, só a alma que se apresenta; ela
está sempre revestida de seu envoltório fluídico; esse envoltório é o
intermediário necessário com a ajuda do qual age sobre a matéria compacta. Nas
aparições, não é a alma (11) que se vê, mas o perispírito; do mesmo modo que
quando se vê um homem se vê seu corpo, mas não se veem o pensamento, a força, o
princípio que o faz agir. (12)
A ideia que geralmente se faz dos Espíritos torna a princípio
incompreensível o fenômeno das manifestações. Elas não podem ocorrer sem a ação
do Espírito sobre a matéria. (13)
Apesar da falta do corpo após a desencarnação, os Espíritos,
constatam a inteireza da personalidade, pois têm uma forma que não os constrange
nem os embaraça e têm consciência do eu, da individualidade. Assim, a alma não
deixa tudo no túmulo, mas leva com ela alguma coisa, o perispírito, instrumento
que lhe oferece condições de a distinguir e agir, tanto no mundo dos Espíritos
quanto no mundo material. (13)
NOTAS:
(1) Allan
Kardec, O Livro dos Médiuns, primeira parte, cap. I, Existem
Espíritos?, item 2.
(2) __________,
O Livro
dos Médiuns, primeira parte, cap. I, Existem Espíritos?, item 3.
(3) __________,
O Livro
dos Médiuns, primeira parte, cap. II, O Maravilhoso e o Sobrenatural,
item 7.
(4) __________,
O Livro
dos Médiuns, primeira parte, cap. II, O Maravilhoso e o Sobrenatural,
item 9.
(5) __________,
O Livro
dos Médiuns, primeira parte, cap. II, O Maravilhoso e o Sobrenatural,
item 14.
(6) __________,
O Livro
dos Médiuns, primeira parte, cap. IV, Sistemas, item 46.
(7) __________,
O Livro
dos Médiuns, primeira parte, cap. IV, Sistemas, item 49.
(8) Os diversos
graus porque passam os Espíritos constam da Escala Espírita (O Livro dos
Espíritos, II parte, cap. VI, n°. 100). O estudo dessa classificação é
indispensável para se avaliar a natureza dos Espíritos que se manifestam e suas
boas e más qualidades (Nota de Alan Kardec, ao item 49 do cap. IV de O
Livro dos Médiuns.)
(9) Allan
Kardec, O Livro dos Médiuns, primeira parte, cap. IV, Sistemas, item 50.
(10) __________,
O Livro
dos Médiuns, primeira parte, cap. IV, Sistemas, item 51.
(11) As
palavras alma e Espírito, se bem que sinônimas e empregadas indiferentemente,
não exprimem exatamente a mesma ideia. A alma, propriamente falando, é o
princípio inteligente, princípio inapreensível e indefinido como o pensamento.
No estado de nossos conhecimentos, não podemos concebê-la isolada da matéria de
modo absoluto. O perispírito, embora formado de matéria sutil, dela fez um ser
limitado, definido, e circunscreveu a sua individualidade espiritual; de onde
se pode formular esta proposição:
-> A união
da alma, do perispírito e do corpo material constitui o HOMEM;
-> A alma e
o perispírito separados do corpo constituem o ser chamado ESPÍRITO.
Nas
manifestações, não é, pois, só a alma que se apresenta; ela está sempre revestida
de seu envoltório fluídico; esse envoltório é o intermediário necessário com a
ajuda do qual age sobre a matéria compacta.
Nas aparições, não é a alma que se vê, mas o perispírito; do mesmo modo
que quando se vê um homem se vê seu corpo, mas não se veem o pensamento, a
força, o princípio que o faz agir.
Em resumo,
-> a alma é
o ser simples, primitivo;
-> Espírito
é o ser duplo;
-> homem é o
ser triplo.
Confundindo-se
o homem com suas roupas, ter-se-á um ser quádruplo. Nas circunstâncias das
quais se trata, a palavra Espírito é a que corresponde melhor à coisa
expressa. Pelo pensamento, representa-se
um Espírito, não se representa uma alma. (ver Allan Kardec, Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos, maio 1864, A Alma Pura de Minha Irmã Henríette.)
(12) Allan
Kardec, Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos, maio 1864, A
Alma Pura de Minha Irmã Henríette.
(13) __________,
O Livro
dos Médiuns, Segunda parte, parte, cap. I, Ação dos Espíritos sobre a
Matéria, item 53.
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