sábado, 21 de junho de 2014

O PERISPÍRITO


O PERISPÍRITO
Estudo com obras da Codificação Espírita (Allan Kardec)
(Fontes indicadas no texto.)


DEFINIÇÃO, ORIGEM E NATUREZA (do perispírito)

O perispírito é uma condensação do fluido cósmico universal em torno de um foco de inteligência, ou Alma. É o envoltório semimaterial do Espírito e o laço que une o Espírito à matéria do corpo. Portanto, nos Espíritos desencarnados o perispírito forma o corpo fluídico que eles possuem, enquanto nos Espíritos encarnados ele é o órgão semimaterial que une o corpo físico ao Espírito, sendo, dessa forma, o órgão de transmissão de todas as sensações. Se diz que o perispírito é semimaterial porque pertence à matéria pela sua origem (Fluido Universal) e à espiritualidade pela sua natureza etérea. Por sua natureza e em seu estado normal o perispírito é invisível, porém, ele pode sofrer modificações que o tornem perceptível e até tangível, ou seja, possível de ser visto e tocado.

O Espírito extrai seu perispírito dos elementos contidos nos fluidos ambientes de cada mundo, de onde se deduz que os elementos constitutivos do perispírito variam conforme os mundos. A natureza do perispírito está sempre em relação ao grau de adiantamento moral do Espírito, portanto, conforme seja mais ou menos depurado o Espírito, seu perispírito se formará das partes mais puras ou mais grosseiras do fluido peculiar ao mundo onde ele venha encarnar.

Fontes:

O Livro dos Espíritos - Introdução - obra codificada por Allan Kardec.
O Livro dos Espíritos - Nota de A. K. logo após a q. 93, qs. 94 - obra codificada por Allan Kardec.
O Livro dos Espíritos - q. 135, 135a e, logo após nota de A. K - obra codificada por Allan Kardec.
O Livro dos Espíritos - item 257 (Ensaio Teórico sobre a sensação nos Espíritos) - obra codificada por Allan Kardec)
O Livro dos Médiuns - 1ª parte, cap. I, item 3 - obra codificada por Allan Kardec
O Livro dos Médiuns - cap. IV, itens 50 e 51 - obra codificada por Allan Kardec
O Livro dos Médiuns - 2ª parte, cap. I, itens 54, 55 e 57 - obra codificada por Allan Kardec
O Livro dos Médiuns - 2ª parte, cap. IV, item 74 (resp. às qs. 7 e 8) - obra codificada por Allan Kardec
O Livro dos Médiuns - 2ª parte, cap. VI, item 105 - obra codificada por Allan Kardec
A Gênese - Cap. I, item 39 - obra codificada por Allan Kardec
A Gênese - Encarnação dos Espíritos - cap. XI item 17 - obra codificada por Allan Kardec
A Gênese - Formação e propriedades do perispírito - cap. XIV item 7, 8 e 9 - obra codificada por Allan Kardec
Instruções Práticas Sobre as manifestações Físicas - Vocabulário Espírita - obra de Allan Kardec.
Revista Espírita (Jornal de Estudos Psicológicos publicado sobre a direção de Allan Kardec), Ano I, Julho de 1858, Considerações sobre a Fotografia Espontânea, pág. 189, EDICEL.
Revista Espírita (Jornal de Estudos Psicológicos publicado sobre a direção de Allan Kardec), Ano I, dezembro de 1858, Aparições, pág. 336, EDICEL.
Revista Espírita (Jornal de Estudos Psicológicos publicado sobre a direção de Allan Kardec), Ano I, dezembro de 1858, Sensações dos Espíritos, pág. 348, EDICEL.
Revista Espírita (Jornal de Estudos Psicológicos publicado sobre a direção de Allan Kardec), Ano V, dezembro de 1862, Estudo sobre os Possessos de Morzine, pág. 357, EDICEL.
Revista Espírita (Jornal de Estudos Psicológicos publicado sobre a direção de Allan Kardec), Ano IX, Março de 1866, Introdução ao Estudo dos Fluidos Espirituais, págs. 72, 73, 75, 76 e 77 - EDICEL.
 
PROPRIEDADES

O perispírito não se acha encerrado nos limites do corpo, como numa caixa. Pela sua natureza fluídica, ele é expansível, irradia para o exterior e forma em torno do corpo uma atmosfera que o pensamento e a força de vontade podem dilatar com maior ou menor intensidade. A Ciência comprova isso através de fotografias se utilizando da máquina Kirlian.

Sendo o perispírito dos encarnados de natureza idêntica a dos fluidos do mundo espiritual, ele os assimila com facilidade, como uma esponja se embebe de um líquido. Atuando esses fluidos sobre o perispírito, este a seu turno, reage sobre o organismo material com que se acha em contato molecular. Se os eflúvios são de boa natureza o corpo ressente uma impressão salutar; se são maus, a impressão é penosa. Se são permanentes e enérgicos, os eflúvios maus podem ocasionar desordens físicas; não é outra a causa de certas enfermidades.

Em virtude de sua natureza etérea, o Espírito propriamente dito, não pode atuar sobre a matéria grosseira, sem intermediário, isto é, sem o elemento que o ligue à matéria. Esse intermediário, que é o perispírito, é o princípio de todas as manifestações espíritas e anímicas, pois possibilita ao Espírito atuar sobre a matéria.

O perispírito é o intermediário pelo qual se processa a transferência dos fluidos, da energia, nos processos de curas e passes espirituais.

Fontes:

O Livro dos Espíritos - q. 95 - obra codificada por Allan Kardec.
O Livro dos Espíritos - q. 141 - obra codificada por Allan Kardec.
O Livro dos Espíritos - q. 420 - obra codificada por Allan Kardec.
O Livro dos Médiuns - 1ª parte, cap. I, item 4 - obra codificada por Allan Kardec.
O Livro dos Médiuns - 1ª parte, cap. II, item 7 - obra codificada por Allan Kardec.
O Livro dos Médiuns - 1ª parte, cap. IV, item 51 - obra codificada por Allan Kardec.
O Livro dos Médiuns - 2ª parte, cap. I, item 56 - obra codificada por Allan Kardec.
O Livro dos Médiuns - 2ª parte, cap. IV, item 74 - q. IX - obra codificada por Allan Kardec.
O Livro dos Médiuns - 2ª parte, cap. VI, item 100 - q. 21 - obra codificada por Allan Kardec.
O Livro dos Médiuns - 2ª parte, cap. VI, item 109 - obra codificada por Allan Kardec.
O Livro dos Médiuns - 2ª parte, cap. VII, item 114 - obra codificada por Allan Kardec.
A Gênese - Encarnação dos Espíritos - cap. XI item 17- obra codificada por Allan Kardec.
A Gênese - Qualidades dos fluidos - cap. XIV item 18- obra codificada por Allan Kardec.
A Gênese - Qualidades dos fluidos - cap. XIV item 39 - obra codificada por Allan Kardec.
Obras Póstumas - Perispírito, princípio das manifestações - item 11 - pág. 17 - LAKE - 1ª edição - 1975 - autoria de Allan Kardec.
Revista Espírita (Jornal de Estudos Psicológicos publicado sobre a direção de Allan Kardec), Ano VIII, Setembro de 1865, Cura de uma Fratura pela Magnetização Espiritual, pág. 258 - EDICEL.

FUNÇÕES

O perispírito é o organismo que personaliza e individualiza o Espírito e o identifica quanto à aparência. A alma após a morte jamais perde sua individualidade. Ela comprova essa individualidade, apesar de não mais possuir o corpo material, através de um fluido que lhe é próprio, haurido na atmosfera do seu planeta e que guarda a aparência de sua última encarnação: seu perispírito. Através dele que um ser abstrato como é o Espírito, se torna um ser concreto, definido e apreensível pelo pensamento.

Fontes:

O Livro dos Espíritos - qs. 150, a e b - obra codificada por Allan Kardec.
O Livro dos Espíritos - q. 284 - obra codificada por Allan Kardec.
A Gênese - Encarnação dos Espíritos - cap. XI item 17 - obra codificada por Allan Kardec
O que é o Espiritismo - Cap. II, item 9, 10 e 14 - obra codificada por Allan Kardec.
Revista Espírita (Jornal de Estudos Psicológicos publicado sobre a direção de Allan Kardec), Ano VII, maio de 1864, A Alma Pura de Minha Irmã Henriette, pág. 138 e 139 - EDICEL.
Revista Espírita (Jornal de Estudos Psicológicos publicado sobre a direção de Allan Kardec), Ano II, janeiro de 1859, Adrien, Médium Vidente (II), pág. 8 - EDICEL.
Revista Espírita (Jornal de Estudos Psicológicos publicado sobre a direção de Allan Kardec), Ano V, dezembro de 1862, Estudo sobre os Possessos de Morzine, pág. 357, EDICEL.
Revista Espírita (Jornal de Estudos Psicológicos publicado sobre a direção de Allan Kardec), Ano IX, janeiro de 1866, As Mulheres tem Alma?, págs. 2 e 3, EDICEL.
Revista Espírita (Jornal de Estudos Psicológicos publicado sobre a direção de Allan Kardec), Ano IX, janeiro de 1866, A Jovem Cataléptica da Suábia, pág. 23, EDICEL.

Órgão sensitivo do Espírito:

O perispírito é o órgão de transmissão de todas as sensações do Espírito. O corpo recebe uma sensação que vem do exterior, o perispírito que está ligado a esse corpo transmite essa sensação e o Espírito, que é o ser sensível e inteligente a recebe. E vice-versa: quando o ato é de iniciativa do Espírito, o perispírito transmite e o corpo executa.

Fontes:

O Livro dos Espíritos - qs. 245, 249, 249a, - obra codificada por Allan Kardec.
O Livro dos Espíritos - item 257 (Ensaio Teórico sobre a sensação nos Espíritos) - obra codificada por Allan Kardec.)
O Livro dos Espíritos - qs. de 367 à 372a (Influência do organismo)  - obra codificada por Allan Kardec.
O Livro dos Médiuns - 1ª parte, cap. II, item 14 - obra codificada por Allan Kardec.
O Livro dos Médiuns - 1ª parte, cap. IV, item 51 - obra codificada por Allan Kardec.
O Livro dos Médiuns - 2ª parte, cap. I, item 54 - obra codificada por Allan Kardec.
O Livro dos Médiuns - 2ª parte, cap. I, item 58 - obra codificada por Allan Kardec.
O Livro dos Médiuns - 2ª parte, cap. XVII, item 203 - obra codificada por Allan Kardec.
O Livro dos Médiuns - 2ª parte, cap. XIX, item 223, qs. 2ª, 2ªa e 6ª - obra codificada por Allan Kardec.
O Livro dos Médiuns - 2ª parte, cap. XIX, item 225 - obra codificada por Allan Kardec.
O Livro dos Médiuns - 2ª parte, cap. XXII, item 236 - obra codificada por Allan Kardec.
A Gênese - cap. I item 40 - obra codificada por Allan Kardec.
A Gênese - cap. II item 23 - obra codificada por Allan Kardec.
A Gênese - Encarnação dos Espíritos - cap. XI item 17 - obra codificada por Allan Kardec.
A Gênese - Vista espiritual ou psíquica. Dupla vista. Sonambulismo. Sonhos - cap. XIV - item 22 - obra codificada por Allan Kardec
Obras Póstumas - §6º - Dos Médiuns - item 34 - obra de Allan Kardec.
Revista Espírita (Jornal de Estudos Psicológicos publicado sobre a direção de Allan Kardec), Ano IV, junho de 1861, Sobre o Perispírito (pelo Espírito Lamennais), págs. 201 e 202, EDICEL.
Revista Espírita (Jornal de Estudos Psicológicos publicado sobre a direção de Allan Kardec), Ano V, dezembro de 1862, Estudo sobre os Possessos de Morzine, págs. 357, 358 e 359 EDICEL.
Revista Espírita (Jornal de Estudos Psicológicos publicado sobre a direção de Allan Kardec), Ano VI, janeiro de 1863, Estudo sobre os Possessos de Morzine (parte II), págs. 1 e 2 - EDICEL.

Princípio das Comunicações:

Para atuar na matéria, o Espírito precisa de matéria. Como já foi dito, em virtude de sua natureza etérea, o Espírito, propriamente dito, não pode atuar sobre a matéria grosseira sem um intermediário que o ligue a essa matéria. Esse intermediário, que nós chamamos de perispírito, nos faculta a chave de todos os fenômenos espíritas de ordem material. Portanto, o perispírito é o órgão de manifestação utilizado pelo Espírito nas comunicações com o plano dos espíritos encarnados.

Fontes:

O Livro dos Espíritos - Introdução - obra codificada por Allan Kardec.
O Livro dos Espíritos - qs. 93 e 94 - obra codificada por Allan Kardec.
O Livro dos Espíritos - qs. 249 e 249a - obra codificada por Allan Kardec.
O Livro dos Espíritos - item 257 (Ensaio Teórico sobre a sensação nos Espíritos) - § 1 e 2 - obra codificada por Allan Kardec.
O Livro dos Médiuns - 2ª parte, cap. I, item 54 - obra codificada por Allan Kardec.
O Livro dos Médiuns - 2ª parte, cap. I, item 58 - obra codificada por Allan Kardec.
O Livro dos Médiuns - 2ª parte, cap. IV, item 74 - q. IX - obra codificada por Allan Kardec.
O Livro dos Médiuns - 2ª parte, cap. VI, item 100 - qs. 25a, 26a e 26a a - obra codificada por Allan Kardec.
O Livro dos Médiuns - 2ª parte, cap. VI, item 109 - obra codificada por Allan Kardec.
O Livro dos Médiuns - 2ª parte, cap. XVII, item 203 - obra codificada por Allan Kardec.
O Livro dos Médiuns - 2ª parte, cap. XVII, item 209 - obra codificada por Allan Kardec.
O Livro dos Médiuns - 2ª parte, cap. XVII, item 220 - q. 4a - obra codificada por Allan Kardec.
O Livro dos Médiuns - 2ª parte, cap. XXII, item 236 - § 5 - obra codificada por Allan Kardec.
A Gênese - cap. XIV - item 7 - obra codificada por Allan Kardec.

SEDE DA MEMÓRIA E SENSIBILIDADE

É comum encontrarmos alguns autores espíritas que confundem alguns atributos do Espírito como sendo do perispírito. A sede da memória é um deles. Segundo Kardec, o Espírito é quem possui a sede da memória, pois ele é o ser inteligente, pensante e eterno. Sem o Espírito, o perispírito é uma matéria inerte privada de vida e sensações. É importante lembrar que os Espíritos ao passarem de um mundo para outro, mudam de perispírito de acordo com a natureza dos fluidos ambientes. Se no perispírito residisse a sede da memória, o Espírito a perderia cada vez que tivesse que mudar a constituição íntima de seu envoltório fluídico.

A mesma coisa se dá quando nos referimos à sede da sensibilidade. É o Espírito quem ama, sofre, pensa, é feliz, triste, ou seja, é nele que residem todas essas sensações ou faculdades. O perispírito é apenas o órgão que transmite todas essas sensações, portanto, é um instrumento a serviço do Espírito. Logo, segundo Kardec, é incorreto dizer que é no perispírito que ficam marcadas ou gravadas certas memórias ou atos do Espírito durante sua vida. Como já vimos, o perispírito é matéria, não pensa nem tem memória. Isso são atributos do Espírito.

Fontes:

O Livro dos Espíritos - qs. 94, 94a, 118, 180, 187 e 257 (Ensaio Teórico sobre a sensação nos Espíritos) § 4 e 7- obra codificada por Allan Kardec.
O Livro dos Médiuns – 2ª parte, cap. XIX, item 223, 4ª pergunta - obra codificada por Allan Kardec.
A Gênese - cap. XIV - item 8, 9 e 10 - obra codificada por Allan Kardec.
Revista Espírita (Jornal de Estudos Psicológicos publicado sobre a direção de Allan Kardec), Ano IV, maio de 1861, Palestras Familiares de Além-Túmulo (O dr. Glas), pág. 159 - EDICEL.
Revista Espírita (Jornal de Estudos Psicológicos publicado sobre a direção de Allan Kardec), Ano IX, março de 1866, Introdução ao Estudo dos Fluidos Espirituais, págs. 72 e 73 - EDICEL.

MOLDE DO CORPO FÍSICO

Outra questão polêmica é se o perispírito é o molde do corpo físico. Analisando detidamente a questão à luz da Codificação Espírita feita por Kardec, chegaremos a conclusão que o perispírito não é o molde, modelo ou forma do corpo físico. É, sim, o princípio diretor da vida organizada, o elemento de aglutinação, de organização da matéria obediente às leis biológicas e ao comando do Espírito. Citaremos apenas três passagens das obras de Allan Kardec para demonstrarmos o que foi acima exposto "A Gênese" - cap. XI - 11:

"Para ser mais exato, é preciso dizer que é o próprio espírito que molda o seu envoltório e o apropria às suas novas necessidades; aperfeiçoa-o e lhe desenvolve e completa o organismo, à medida que experimenta a necessidade de manifestar novas faculdades; numa palavra, talha-o de acordo com sua inteligência."

"A Gênese" - cap. XI - 18:

"Quando o Espírito tem de encarnar num corpo em vias de formação, um laço fluídico, que mais não é do que uma expansão do seu perispírito, o liga ao gérmen que o atrai por uma força irresistível desde o momento da concepção. Sob a influência do princípio vito-material do gérmen, o perispírito, que possui certas propriedades da matéria, se une, molécula a molécula, ao corpo em formação, donde o poder dizer-se que o Espírito, por intermédio de seu perispírito se enraíza, de certa maneira, nesse gérmen, como uma planta na terra...:" No desencarne ocorre exatamente o contrário: o perispírito se desprende molécula a molécula, conforme se unira e ao Espírito é restituída a liberdade. Assim, não é a partida do Espírito que causa a morte do corpo e sim, a morte do corpo é que determina a partida do Espírito.

Finalmente, em "O Livro dos Espíritos", pergunta n. 356:

P- "Entre os natimortos alguns haverá que não tenham sido destinados à encarnação de Espíritos?"
R- "Alguns há, efetivamente a cujos corpos nunca nenhum Espírito esteve destinado. Nada tinha que se efetuar para eles. Tais crianças só vêm por seus pais."

Pergunta n. 356-A:

P- "Pode chegar a termo de nascimento um ser dessa natureza?"
R- "Algumas vezes, mas não vive."

Ora, se existem corpos físicos aos quais nunca nenhum Espírito esteve destinado, obviamente não havendo Espírito, não haveria perispírito para servirem de modelos. E como conseguiram as células se multiplicarem e darem ao final uma conformação humana a esse corpo físico se não havia o perispírito para servir de molde? Isso nos leva à conclusão de que o perispírito não é o molde ou forma do corpo humano.

O molde, a forma ou modelo se encontra nos fatores genéticos e hereditários de cada ser, herdados do material genético doado pelos seus pais. "O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito”. "O Livro do Espíritos", perg. 207 e ainda em João 3:6, Jesus disse: "O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é Espírito."

Enfatizamos ainda que o Espírito se utiliza do perispírito como um laço fluídico para se ligar ao corpo em formação, corpo este que se desenvolve conforme os fatores genéticos e hereditários de cada ser herdado, como já foi dito, do material genético doado pelos seus pais. ("A Gênese", cap. XI - item 18).

Sendo o Espírito o arquiteto e condicionador do seu corpo de manifestação, juntamente com as Leis Naturais, não há que se falar que o perispírito seja o molde do corpo físico e, sim, ser o perispírito, em cada encarnação, que se modela para o corpo físico.

Fontes:

O Livro dos Espíritos - qs. 136a, 136b, 203, 207, 217, 257 (§ 2), 344, 351, 353, 355, 356, 356a e 356b - obra codificada por Allan Kardec.
O Livro dos Médiuns - 2ª parte, cap. I, item 56 - obra codificada por Allan Kardec.
A Gênese - cap. XI - itens 11 e 18 - obra codificada por Allan Kardec.
Revista Espírita (Jornal de Estudos Psicológicos publicado sobre a direção de Allan Kardec), Ano V, dezembro de 1862, Estudo sobre os Possessos de Morzine, pág. 358, EDICEL.
Novo Testamento, João, 3:6.

Outra fonte de pesquisa: ATUALIDADE DE ALLAN KARDEC “O PERISPÍRITO”, 1ª edição, Editora Brasbiblos, 1986 de Rubens P. Meira.

sexta-feira, 30 de maio de 2014

LOCAIS ASSOMBRADOS

LOCAIS ASSOMBRADOS
Estudo com base in Allan Kardec, O Livro dos Médiuns,
Segunda Parte - Capítulo IX: Locais Assombrados, item 132.
Pesquisa: Elio Mollo
Em 30/05/2014


As manifestações espontâneas verificadas em todos os tempos, e a insistência de alguns Espíritos em mostrarem a sua presença em certos lugares, são a origem da crença nos locais assombrados.  Este é o tema deste nosso estudo:

O apego dos Espíritos a pessoas ou a alguma coisa depende da elevação moral do Espírito. Certos Espíritos podem apegar-se às coisas terrenas. Os avarentos, por exemplo, que viveram escondendo as sua riquezas e não estão suficientemente desmaterializados, podem ainda espreitá-los e guardá-los.

A predileção dos Espíritos errantes por certos lugares, trata-se ainda do mesmo princípio. Os Espíritos já desapegados das coisas terrenas preferem os lugares onde são amados. São mais atraídos pelas pessoas do que pelos objetos materiais. Não obstante, há os que podem momentaneamente ter preferência por certos lugares, mas são sempre Espíritos inferiores.

Desde que o apego dos Espíritos por um local é sinal de inferioridade, não significa que também são maus espíritos. Um Espírito pode ser pouco adiantado sem que por isso seja mau. É o que acontece também entre os homens.

A crença de que os Espíritos frequentam, de preferência, as ruínas não tem fundamento. Os Espíritos vão a esses lugares como a toda parte. Mas a imaginação é tocada pelo aspecto lúgubre de alguns lugares e atribui aos Espíritos efeitos na maioria das vezes muito naturais. Quantas vezes o medo não fez tomar a sombra de uma árvore por um fantasma, o grunhido de um animal o sopro do vento por um gemido? Os Espíritos gostam da presença humana e por isso preferem os lugares habitados aos abandonados.

Entretanto, pelo que sabemos da diversidade de temperamento dos Espíritos, devem existir misantropos entre eles, que podem preferir a solidão. Por isso dissemos que podem ir aos lugares abandonados como a toda parte. É evidente que os que se mantêm afastados é porque isso lhes apraz. Mas isso não quer dizer que as ruínas sejam forçosamente preferidas pelos Espíritos, pois o certo é que eles se acham muito mais nas cidades e nos palácios do que no fundo dos bosques.

Dizem que as crenças populares, em geral, têm um fundo de verdade a existência de lugares assombrados. Então, o fundo de verdade, nesse caso, é a manifestação dos Espíritos em que o homem acreditou, por instinto espiritual, desde todos os tempos. Mas, como já dissemos, o aspecto dos lugares lúgubres toca a imaginação humana e ele os povoa naturalmente com os seres que considera sobrenaturais. Essa crença supersticiosa é entretida pelas obras dos poetas e pelos contos fantásticos com que lhe embalaram a infância. (1)

Os Espíritos que se reúnem não escolhem para isso dias e horas de sua predileção. Os dias e as horas são usados pelo homem para controle do tempo, mas os Espíritos não precisam disso e não se inquietam a respeito.

A origem da ideia de que os Espíritos aparecem de preferência à noite é a impressão produzida na imaginação pelo escuro e o silêncio. Todas essas crenças são superstições que o conhecimento racional do Espiritismo deve destruir. O mesmo se dá com a crença em dias e horas mais propícias. A influência da meia-noite jamais existiu a não ser nos contos.

Certos Espíritos anunciam a sua chegada e a sua manifestação para a meia-noite e em dias determinados, como a sexta-feira, por exemplo, mas estes são Espíritos que se aproveitam da credulidade humana para se divertirem. É pela mesma razão que uns se fazem passar pelo diabo ou por nomes infernais. Se demostrarmos a esta categoria de Espíritos que não somos tolos eles não voltarão mais para se manifestar com essas intenções esdrúxulas.

Os Espíritos podem comparecer aos seus túmulos em atenção aos seus entes queridos e amigos. Entendem que o corpo lhe era apenas uma veste. Eles não ligam mais para o envoltório que os fez sofrer do que o prisioneiro para as algemas. A lembrança das pessoas que lhes são caras é a única coisa a que dão valor. É a prece que santifica o ato de lembrar, daqueles que visitam seus túmulos, pouco importa o lugar se a lembrança é ditada pelo coração. (2)

A prece é uma evocação que atrai os Espíritos. A prece tem tanto maior ação, quanto mais fervorosa e mais sincera. Ora, diante de um túmulo venerado as pessoas se concentram mais e a conservação de relíquias piedosas é um testemunho de afeição que se dá ao Espírito, ao qual ele é sempre sensível. É sempre o pensamento que age sobre o Espírito e não os objetos materiais. Esses objetos influem mais sobre aquele que ora, fixando-lhe a atenção, do que sobre o Espírito.

Certos Espíritos podem ser atraídos por coisas materiais, também, podem sê-lo por certos lugares, que parecem escolher como domicílio até que cessem as razões que os levaram a isso. As razões que podem levá-los a isso são a simpatia por algumas das pessoas que frequentam os lugares ou o desejo de se comunicarem com elas. Entretanto, suas intenções nem sempre são tão louváveis. Quando se trata de maus Espíritos, podem querer vingar-se de certas pessoas das quais têm queixas. A permanência em determinado lugar pode ser também, para alguns, uma punição que lhe foi imposta, sobretudo se ali cometeram um crime, para que tenham como expiação esse crime diante dos olhos. (3)

Os locais podem ficar assombrados, algumas vezes, por seus antigos moradores, mas não sempre, pois se o antigo morador for um Espírito elevado não ligará mais à sua antiga habitação do que ao seu corpo. Os Espíritos que assombram certos locais quase sempre o fazem só por capricho. Também, pode acontecer de serem atraídos pela simpatia por alguma pessoa. Se são Espíritos bons, eles poderão fixar-se no local para proteger uma pessoa ou sua família, mas nesse caso jamais se manifestam de maneira desagradável.

Estórias como a Dama Branca, geralmente, são contos extraídos de mil fatos que realmente se verificaram. (4)

Os Espíritos que assombram certos lugares e os põem em polvorosa procuram antes divertir-se à custa da credulidade e da covardia das criaturas, do que fazer mal. Não podemos esquecer que existem Espíritos por toda parte e de que onde estivermos, teremos Espíritos ao nosso lado, mesmo nas mais agradáveis casas. Eles só parecem assombrar certas habitações porque encontram nelas as condições e as oportunidades para manifestarem as suas presenças. (5)

Existe meio de afastá-los, mas quase sempre o que se faz para afastá-los serve mais para atrai-los. O melhor meio de expulsar os maus Espíritos é atraindo os bons. Os bons pensamentos e as boas ações naturalmente atraem os bons Espíritos, sendo assim, fazendo o maior bem possível, os maus Espíritos não terão condições de permanecer no local e naturalmente se afastarão, pois o bem e o mal são incompatíveis. Se praticarmos sempre o bem só teremos bons Espíritos ao nosso lado e estes não praticam assombrações, ao contrário, agem como protetores promovendo um clima saudável e agradável nos lares como em qualquer outro local.

Dizem que existem pessoas muito boas que vivem às voltas com as tropelias dos maus Espíritos. Se essas pessoas forem realmente boas, isso pode ser prova para exercitar-lhes a paciência e incitá-las a serem ainda melhores. Mas há também aqueles parecem bons por fora e tentam mostrar virtudes que ainda não possuem, pois, os que possuem qualidades reais quase sempre o ignoram ou nada falam a respeito.

A prática do exorcismo para expulsar os maus Espíritos dos locais assombrados, na maioria das vezes tem resultados contrários, as tropelias dos Espíritos, podem redobrar-se após essas cerimônias de exorcismo. E eles se divertem ao serem tomados pelo diabo. A força, para afastar os maus espíritos, está na autoridade que se pode exercer sobre eles e tal autoridade está subordinada à superioridade moral. É como o sol, dissipa o nevoeiro pela força de seu raios. Assim, é bom esforçarmo-nos, tornando-nos melhores a cada dia, numa palavra, elevarmo-nos moralmente o mais possível. Tal é o meio de adquirir o poder de comandar os Espíritos inferiores, para afastá-los. Do contrário zombarão de nossas injunções. (6)

Os Espíritos que não têm más intenções podem também manifestar a sua presença por meio de ruídos ou mesmo tornar-se visíveis, mas não fazem jamais tropelias incômodas. São quase sempre Espíritos sofredores, que podemos aliviá-los fazendo preces por eles. De outras vezes são mesmo Espíritos benevolentes que desejam provar a sua presença junto a nós, ou, por fim, Espíritos levianos que se divertem. Como os que perturbam o repouso com barulhos são quase sempre Espíritos brincalhões, o que melhor se tem a fazer é rir do que fazem.  Eles se afastam ao verem que não conseguem amedrontar ou impacientar.

Resulta das explicações acima que há Espíritos que se apegam a certos locais e neles permanecem de preferência, mas não têm necessidade de manifestar a sua presença por efeitos sensíveis. Qualquer local pode ser a morada obrigatória ou de preferência de um Espírito, mesmo que seja mau, sem que jamais haja produzido alguma manifestação.

Os Espíritos que se ligam a locais ou coisas materiais nunca são superiores, mas por não serem superiores não têm de ser maus ou de alimentar más intenções. São mesmo, algumas vezes, companheiros mais úteis do que prejudiciais, pois caso se interessem pela pessoas podem protegê-las.

NOTAS:

(1) O instinto a que o Espírito se referiu não é o biológico, mas o espiritual: a lembrança instintiva do Outro Mundo, de que ele veio para a Terra.  er, no capitulo IX da segunda parte de O Livro dos Espíritos, o número 522, e na edição da LAKE, a nota do tradutor no fim do capitulo. Deve-se ainda observar, na resposta acima, o problema psicológico da influência dos contos infantis, acentuada pelo Espírito, e a rejeição ao supersticioso e sobrenatural. (Nota de J. Herculano Pires)

(2) Ver Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, livro segundo, Cap. VI, Comemoração dos Mortos - Funerais, questão 323.

(3) Ver Revista Espírita de fevereiro de 1860: História de um danado (N. de Kardec). - O caos mencionado não só confirma a explicação acima, como também representa um dos episódios mais instrutivos da pesquisa espírita realizada por Kardec.  Indispensável a sua leitura para a boa compreensão do problema tratado neste capítulo. (Nota de J. Herculano Pires)

(4) A Dama de Branca é uma figura das antigas mitologias escocesas e alemãs que aparece em lendas populares. (Nota de J. Herculano Pires)

(5) O filósofo grego Tales de Mileto dizia: O mundo é cheio de deuses. Os deuses antigos eram Espíritos, segundo explica o Espiritismo. A afirmação de Tales concorda com a resposta acima. Há Espíritos por toda parte. Ver em O Livro dos Espíritos o cap. IX segunda parte: Intervenção dos Espíritos no Mundo Corpóreo. (Nota de J. Herculano Pires)


(6) Ver Allan Kardec, Revista Espírita, dezembro 1862, Causas da Obsessão e meios de Combate (Estudos sobre os possessos de Morzine).

sábado, 5 de abril de 2014

O PERISPÍRITO E A AÇÃO DO ESPÍRITO SOBRE A MATÉRIA


O PERISPÍRITO E A AÇÃO DO ESPÍRITO
SOBRE A MATÉRIA
Estudo com base nas informações da Primeira parte de O Livro dos Médiuns.
Obra codificada por Allan Kardec.
Outros capítulos de LM ou outras obras estão indicadas nas notas de rodapé do texto.

Pesquisa: Elio Mollo
05/04/2014


As almas que povoam o espaço são precisamente o que chamamos de Espíritos. Assim, os Espíritos são apenas as almas humanas, despojadas do seu invólucro corporal. Se os Espíritos fossem seres à parte na Criação, sua existência seria mais hipotética. Admitindo a existência das almas, temos de admitir a dos Espíritos, que nada mais são do que as almas. E se admitimos que as almas estão por toda parte, é necessário admitir que os Espíritos também estão. Não se pode, pois, negar a existência dos Espíritos sem negar a das almas. (1).

O Espírito, antes de tudo, na sua união com o corpo. O Espírito é o elemento principal dessa união, pois é o ser pensante e que sobrevive à morte. O corpo não é mais que um acessório do Espírito, um invólucro, uma roupagem que ele abandona depois de usar. Além desse envoltório material o Espírito possui outro, semimaterial, que o liga ao primeiro. Na morte, o Espírito abandona o corpo, mas não o segundo envoltório, a que chamamos de perispírito. Este envoltório semimaterial que tem a mesma forma humana do corpo, é uma espécie de corpo fluídico, vaporoso, invisível para nós no seu estado normal, mas possuindo ainda algumas propriedades da matéria. (2).

Não podemos, pois, considerar o Espírito como uma simples abstração, mas como um ser limitado e circunscrito, a que só falta ser visível e palpável para assemelhar-se às criaturas humanas. (2).

O pensamento é um atributo do Espírito. A possibilidade de agir sobre a matéria, de impressionar os nossos sentidos e, portanto de transmitir-nos o seu pensamento, é uma consequência, podemos dizer, da sua própria constituição fisiológica. (3).

O Espírito, não é mais do que a alma dos que viveram corporalmente e aos quais a morte despojou de seu grosseiro envoltório visível, deixando-lhes apenas um envoltório etéreo, invisível no seu estado normal. (4).

A ação dos Espíritos sobre a matéria resulta da natureza do seu envoltório fluídico conhecido como perispírito. Esta ação é inteligente, porque, ao morrer, a alma perde apenas o corpo, conservando a inteligência que constitui a sua existência. Esta a chave de todos esses fenômenos de manifestações Espíritas. (4).

Todos os fenômenos espíritas têm como princípio a existência da  alma, sua sobrevivência à morte do corpo e suas manifestações. (5).

Desde que os Espíritos se comunicam, é que Deus o permite. Com as más comunicações para nos provar, com as boas para nos instruir e aconselhar. (6).

Resumindo temos que:

1°. - Os fenômenos espíritas são produzidos por inteligências extra-corpóreas, ou seja, pelos Espíritos.

2°. - Os Espíritos constituem o mundo invisível e estão por toda parte; povoam os espaços até o infinito; há Espíritos incessantemente ao nosso redor e com eles estamos em contato.

3°. - Os Espíritos agem constantemente sobre o mundo físico e sobre o mundo moral, sendo uma das potências da Natureza.

4°. - Os Espíritos não são entidades à parte na Criação: são as almas dos que viveram na Terra ou em outros Mundos, desprovidas do seu envoltório corporal; do que se segue que as almas dos homens são Espíritos encarnados e que ao morrer nos tornamos Espíritos.

5°. - Há Espíritos de todos os graus de bondade e de malícia, de saber e de ignorância.

6°. - Estão submetidos à lei do progresso e todos podem chegar à perfeição, mas como dispõem do livre-arbítrio alcançam-na dentro de um tempo mais ou menos longo, segundo os seus esforços e a sua vontade.

7°. - São felizes ou infelizes, conforme o bem ou mal que fizeram durante a vida e o grau de desenvolvimento a que chegaram; a felicidade perfeita e sem nuvens só é alcançada pelos que chegaram ao supremo grau de perfeição.

8°. - Todos os Espíritos, em dadas circunstâncias, podem manifestar se aos homens, e o número dos que podem comunicar-se é indefinido.

9°. - Os Espíritos se comunicam por meio dos médiuns, que lhes servem de instrumento e de intérpretes.

10°. - Reconhecem-se a superioridade e inferioridade dos Espíritos pela linguagem: os bons só aconselham o bem e só dizem coisas boas; os maus enganam e todas as suas palavras trazem o cunho da imperfeição e da ignorância. (7). (8)

Na Doutrina Espírita o perispírito é considerado como simples envoltório fluídico da alma ou Espírito. (9)

A alma e o perispírito forma um todo sob denominação de Espírito, como o germe e o perisperma formam uma unidade sob o nome de fruto. (9).

O que uns chamam perispírito é o mesmo que outros chamam de envoltório fluídico. Para os Espíritos elevados esse fluido é a perfectibilidade dos sentidos, a extensão da vista e do pensamento. Quanto aos Espíritos inferiores, estão ainda completamente impregnados de fluidos terrenos, por isso, sofrem fome, frio, etc., sofrimentos que não podem atingir os Espíritos superiores, visto que os fluidos terrenos já foram depurados no seu pensamento, quer dizer, na sua alma. (10).

Para progredir, a alma necessita sempre de um instrumento, o perispírito, sem o qual ela não seria nada, ou melhor, não poderíamos concebê-lo. O perispírito para os Espíritos errantes é o instrumento pelo qual podem comunicar-se com os homens, seja indiretamente, por meio do corpo ou do perispírito, seja diretamente com a a alma. Vem daí a infinita variedade de médiuns e de comunicações. (10).

O perispírito pode variar de aparência, modificar-se ao infinito; a alma é a inteligência, não muda sua natureza. (10).

Nas manifestações, não é, pois, só a alma que se apresenta; ela está sempre revestida de seu envoltório fluídico; esse envoltório é o intermediário necessário com a ajuda do qual age sobre a matéria compacta. Nas aparições, não é a alma (11) que se vê, mas o perispírito; do mesmo modo que quando se vê um homem se vê seu corpo, mas não se veem o pensamento, a força, o princípio que o faz agir. (12)

A ideia que geralmente se faz dos Espíritos torna a princípio incompreensível o fenômeno das manifestações. Elas não podem ocorrer sem a ação do Espírito sobre a matéria. (13)

Apesar da falta do corpo após a desencarnação, os Espíritos, constatam a inteireza da personalidade, pois têm uma forma que não os constrange nem os embaraça e têm consciência do eu, da individualidade. Assim, a alma não deixa tudo no túmulo, mas leva com ela alguma coisa, o perispírito, instrumento que lhe oferece condições de a distinguir e agir, tanto no mundo dos Espíritos quanto no mundo material. (13)

NOTAS:

(1) Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, primeira parte, cap. I, Existem Espíritos?, item 2.

(2) __________, O Livro dos Médiuns, primeira parte, cap. I, Existem Espíritos?, item 3.

(3) __________, O Livro dos Médiuns, primeira parte, cap. II, O Maravilhoso e o Sobrenatural, item 7.

(4) __________, O Livro dos Médiuns, primeira parte, cap. II, O Maravilhoso e o Sobrenatural, item 9.

(5) __________, O Livro dos Médiuns, primeira parte, cap. II, O Maravilhoso e o Sobrenatural, item 14.

(6) __________, O Livro dos Médiuns, primeira parte, cap. IV, Sistemas, item 46.

(7) __________, O Livro dos Médiuns, primeira parte, cap. IV, Sistemas, item 49.

(8) Os diversos graus porque passam os Espíritos constam da Escala Espírita (O Livro dos Espíritos, II parte, cap. VI, n°. 100). O estudo dessa classificação é indispensável para se avaliar a natureza dos Espíritos que se manifestam e suas boas e más qualidades (Nota de Alan Kardec, ao item 49 do cap. IV de O Livro dos Médiuns.)

(9) Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, primeira parte, cap. IV, Sistemas, item 50.

(10) __________, O Livro dos Médiuns, primeira parte, cap. IV, Sistemas, item 51.

(11) As palavras alma e Espírito, se bem que sinônimas e empregadas indiferentemente, não exprimem exatamente a mesma ideia. A alma, propriamente falando, é o princípio inteligente, princípio inapreensível e indefinido como o pensamento. No estado de nossos conhecimentos, não podemos concebê-la isolada da matéria de modo absoluto. O perispírito, embora formado de matéria sutil, dela fez um ser limitado, definido, e circunscreveu a sua individualidade espiritual; de onde se pode formular esta proposição:

-> A união da alma, do perispírito e do corpo material constitui o HOMEM;
-> A alma e o perispírito separados do corpo constituem o ser chamado ESPÍRITO.

Nas manifestações, não é, pois, só a alma que se apresenta; ela está sempre revestida de seu envoltório fluídico; esse envoltório é o intermediário necessário com a ajuda do qual age sobre a matéria compacta.  Nas aparições, não é a alma que se vê, mas o perispírito; do mesmo modo que quando se vê um homem se vê seu corpo, mas não se veem o pensamento, a força, o princípio que o faz agir.

Em resumo,

-> a alma é o ser simples, primitivo;
-> Espírito é o ser duplo;
-> homem é o ser triplo.

Confundindo-se o homem com suas roupas, ter-se-á um ser quádruplo. Nas circunstâncias das quais se trata, a palavra Espírito é a que corresponde melhor à coisa expressa.  Pelo pensamento, representa-se um Espírito, não se representa uma alma. (ver Allan Kardec, Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos, maio 1864, A Alma Pura de Minha Irmã Henríette.)

(12) Allan Kardec, Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos, maio 1864, A Alma Pura de Minha Irmã Henríette.

(13) __________, O Livro dos Médiuns, Segunda parte, parte, cap. I, Ação dos Espíritos sobre a Matéria, item 53.

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