sábado, 29 de setembro de 2012

A ESCALA ESPÍRITA


A ESCALA ESPÍRITA
Estudo com base in O LIVRO DOS ESPÍRITOS, livro segundo, cap. I, subcap. VI, questões de 96 à 131 e outras conforme o tema. - Outras fontes citadas no texto.
Pesquisa: Elio Mollo


ÍNDICE:
DIFERENTES ORDENS DE ESPÍRITOS
ESCALA ESPÍRITA
PROGRESSÃO DOS ESPÍRITOS
ANJOS E DEMÔNIOS

DIFERENTES ORDENS DE ESPÍRITOS (1)

Os Espíritos são de diferentes ordens, segundo o grau de perfeição a que tenham chegado. (LE – 96)

O número dessas ordens é ilimitado, pois não há entre elas uma linha de demarcação, traçada como barreira, de maneira que se podem multiplicar ou restringir as divisões, à vontade. Não obstante, se considerarmos os caracteres gerais, poderemos reduzi-las a três ordens principais.

  • Na primeira ordem, podemos colocar os que já chegaram à perfeição; os Espíritos puros.
  • Na segunda ordem, estão os que chegaram ao meio da escala: o desejo do bem é a sua preocupação.
  • Na terceira ordem, os que estão ainda na base da escala: os Espíritos imperfeitos, que se caracterizam pela ignorância, o desejo do mal e todas as más paixões que lhes retardam o desenvolvimento. (LE – 97)
Os Espíritos da segunda ordem têm o desejo do bem e possuem a condição de fazê-lo de acordo com o grau do progresso espiritual conquistado: uns possuem a ciência; outros a sabedoria e a bondade, entretanto todos ainda têm provas a sofrer. (LE – 98)

Os Espíritos da terceira ordem não são todos essencialmente maus:

  • uns não fazem bem nem mal;
  • outros, ao contrário, se comprazem no mal e ficam satisfeitos quando encontram ocasião de praticá-la. 
  • Há ainda Espíritos levianos ou estouvados, mais travessos do que malignos, que se comprazem mais na malícia do que na maldade, encontrando prazer em mistificar e causar pequenas contrariedades, das quais se riem. (LE – 99)
ESCALA ESPÍRITA

OBSERVAÇÕES PRELIMINARES. (LE – 100)

A classificação dos Espíritos funda-se no seu grau de desenvolvimento, nas qualidades por eles adquiridas e nas imperfeições de que ainda não se livraram.

  • Esta classificação nada tem de absoluta:
  • Nenhuma categoria apresenta caráter bem definido, a não ser no conjunto:
De um grau a outro a transição é insensível, pois, nos limites, as diferenças se apagam, como nos reinos da Natureza, nas cores do arco-íris ou ainda nos diferentes períodos da vida humana.

Pode-se, portanto, formar um número maior ou menor de classes, de acordo com a maneira por que se considerar o assunto.

Acontece o mesmo que em todos os sistemas de classificação científica: 

  • os sistemas podem ser mais ou menos completos, mais ou menos racionais, mais ou menos cômodos para a inteligência;
    • mas, sejam como forem, nada alteram quanto à substância da Ciência.
Os Espíritos, interpelados sobre isto, puderam, pois, variar quanto ao número das categorias, sem maiores consequências.

Houve quem se apegasse a esta contradição aparente, sem refletir que eles não dão nenhuma importância ao que é puramente convencional.

Para eles o pensamento é tudo:

  • deixam-nos os problemas da forma, da escolha dos termos, das classificações, em uma palavra, dos sistemas.
Ajuntemos ainda esta consideração, que jamais se deve perder de vista:

  • Entre os Espíritos, como entre os homens, há os que são muito ignorantes, e nunca será demais estarmos prevenidos contra a tendência a crer que eles tudo sabem, por serem Espíritos.
  • Toda classificação exige método, análise e conhecimento aprofundado do assunto.
·        No mundo dos Espíritos, os que têm conhecimentos limitados são como os ignorantes deste mundo, incapazes de apreender um conjunto e formular um sistema;
·        Eles não conhecem ou não compreendem senão imperfeitamente qualquer classificação;
·        Para eles, todos os Espíritos que lhes sejam superiores são de primeira ordem, pois não podem apreciar as suas diferenças de saber, de capacidade e de moralidade, como entre nós faria um homem rude em relação aos homens ilustrados.

E aqueles mesmos que sejam capazes, podem variar nos detalhes, segundo os seus pontos de vista, sobretudo quando uma divisão nada tem de absoluto.

Linneu, Jussieu, Tournefort, tiveram cada qual o seu método e a Botânica não se alterou por isso.  E que eles não inventaram nem as plantas, nem os seus caracteres, mas apenas observaram as analogias, segundo as quais formaram os grupos e as classes.

Foi assim que procedemos.

  • Nós também não inventamos os Espíritos nem os seus caracteres.
  • Vimos e observamos; julgamos pelas suas palavras e os seus atos, e depois os classificamos pelas semelhanças, baseando-nos nos dados que eles nos forneceram.
Os Espíritos admitem, geralmente, três categorias principais ou três grandes divisões.


  • Na última, aquela que se encontra na base da escala, estão os Espíritos imperfeitos, caracterizados pela predominância da matéria sobre o espírito e pela propensão ao mal.
Os da segunda se caracterizam pela predominância do espírito sobre a matéria e pelo desejo de praticar o bem:

    • são os Espíritos bons.
A primeira, enfim, compreende os Espíritos puros, que atingiram o supremo grau de perfeição.

Esta divisão nos parece perfeitamente racional e apresenta caracteres bem definidos; não nos resta senão destacar, por um número suficiente de subdivisões, as nuanças principais do conjunto.  Foi o que fizemos, com o concurso dos Espíritos, cujas benevolentes instruções jamais nos faltaram.

Com a ajuda deste quadro será fácil determinar a ordem e o grau de superioridade ou inferioridade dos Espíritos com os quais podemos entrar em relação, e, por conseguinte o grau de confiança e de estima que eles merecem.  Esta é de alguma maneira, a chave da Ciência espírita, pois só ela pode explicar-nos as anomalias que as comunicações apresentam, esclarecendo-nos sobre as irregularidades intelectuais e morais dos Espíritos.

Observaremos, entretanto, que

  • os Espíritos não pertencem para sempre e exclusivamente a esta ou àquela classe;
  • o seu progresso se realiza gradualmente, e como muitas vezes se efetua mais num sentido que noutro,
  • eles podem reunir as características de várias categorias, o que é fácil avaliar por sua linguagem e seus atos.
TERCEIRA ORDEM:
ESPÍRITOS IMPERFEITOS

CARACTERES GERAIS. (LE – 101)

  • Predominância da matéria sobre o Espírito.
  • Propensão ao mal. Ignorância, orgulho, egoísmo e todas as más paixões consequentes. Têm a intuição de Deus, mas não o compreendem.
  • Nem todos são essencialmente maus; em alguns, há mais leviandade.
  • Uns não fazem o bem, nem o mal; mas, pelo simples fato de não fazerem o bem, revelam a sua inferioridade.  Outros, pelo contrário, se comprazem no mal e ficam satisfeitos quando encontram ocasião de praticá-la.
  • Podem aliar a inteligência à maldade ou à malícia: mas, qualquer que seja o seu desenvolvimento intelectual, suas ideias são pouco elevadas e os seus sentimentos mais ou menos abjetos.
  • Os seus conhecimentos sobre as coisas do mundo espírita são limitados, e o pouco que sabem a respeito se confunde com as ideias e os preconceitos da vida corpórea.  Não podem dar-nos mais do que noções falsas e incompletas daquele mundo;
Mas o observador atento encontra frequentemente, nas suas comunicações, mesmo imperfeitas.

  • A confirmação das grandes verdades ensinadas pelos Espíritos superiores.

  • O caráter desses Espíritos se revela na sua linguagem.

  • Todo Espírito que, nas suas comunicações, trai um pensamento mau, pode ser colocado na terceira ordem;
    • por conseguinte, todo mau pensamento que nos for sugerido provém de um Espírito dessa ordem.
  • Veem a felicidade dos bons, e essa visão é para eles um tormento incessante, porque lhes faz provar as angústias da inveja e do ciúme.
  • Conservam a lembrança e a percepção dos sofrimentos da vida corpórea, e essa impressão é frequentemente mais penosa que a realidade.
  • Sofrem, portanto, verdadeiramente, pelos males que suportarem e pelos que acarretaram aos outros; e como sofrem por muito tempo, julgam sofrer para sempre. Deus, para os punir, quer que eles assim pensem.
Podemos dividi-los em cinco classes principais.

DÉCIMA CLASSE. 
  • ESPÍRITOS IMPUROS. (LE – 102)
·        São inclinados ao mal e o fazem objeto de suas preocupações. Como Espíritos, dão conselhos pérfidos, insuflam a discórdia e a desconfiança e usam todos os disfarces para melhor enganar. Apegam-se às pessoas de caráter bastante fraco para cederem às suas sugestões, a fim de as levar à perda, satisfeitos de poderem retardar o seu adiantamento, ao fazê-las sucumbir ante as provas que sofrem. Nas manifestações, reconhecem-se esses Espíritos pela linguagem: a trivialidade e a grosseria das expressões, entre os Espíritos como entre os homens, é sempre um índice de inferioridade moral, senão mesmo intelectual. Suas comunicações revelam a baixeza de suas inclinações, e se eles tentam enganar, falando de maneira sensata, não podem sustentar o papel por muito tempo e acabam sempre por trair a sua origem.

·        Alguns povos os transformaram em divindades malfazejas, outros os designam como demônios, gênios maus, Espíritos do mal.

·        Quando encarnados, inclinam-se a todos os vícios que as paixões vis e degradantes engendram: a sensualidade, a crueldade, a felonia, a hipocrisia, a cupidez e a avareza sórdida.  Fazem o mal pelo prazer de fazê-la, no mais das vezes sem motivo, e, por aversão ao bem, quase sempre escolhem suas vítimas entre as pessoas honestas. Constituem verdadeiros flagelos para a Humanidade, seja qual for a posição social que ocupem e o verniz da civilização não os livra do opróbrio e da ignomínia.

NONA CLASSE.
  • ESPÍRITOS LEVIANOS. (LE – 103)
·        São ignorantes, malignos, inconsequentes e zombeteiros. Metem-se em tudo e a tudo respondem sem se importarem com a verdade.  Gostam de causar pequenas contrariedades e pequenas alegrias, de fazer intrigas, de induzir maliciosamente ao erro, por meio de mistificações e de espertezas.  A esta classe pertencem os Espíritos vulgarmente designados pelos nomes de duendes, diabretes, gnomos, trasgos. Estão sob a dependência de Espíritos superiores, que deles muitas vezes se servem o fazemos com os criados.

·        Nas suas comunicações com os homens, a sua linguagem é muitas vezes espirituosa e alegre, mas quase sempre sem profundidade; apanham as esquisitices e os ridículos humanos, que interpretam de maneira mordaz e satírica.  Se tornam nomes supostos, é mais por malícia do que por maldade.

OITAVA CLASSE. 
  • ESPÍRITOS PSEUDO-SÁBIOS. (LE – 104)
·        Seus conhecimentos são bastante amplos, mas julgam saber mais do que realmente sabem. Tendo realizado alguns progressos em diversos sentidos, sua linguagem tem um caráter sério, que pode iludir quanto à sua capacidade e às suas luzes. Mas isso, frequentemente, não é mais do que um reflexo dos preconceitos e das ideias sistemáticas que tiveram na vida terrena. Sua linguagem é uma mistura de algumas verdades com os erros mais absurdos, entre os quais repontam a presunção, o orgulho, a inveja e a teimosia de que não puderam despir-se.

SÉTIMA CLASSE.
  • ESPÍRITOS NEUTROS. (LE – 105)
·        Nem são bastante bons para fazerem o bem, nem bastante maus para fazerem o mal; tendem tanto para um como para outro e não se elevam sobre a condição vulgar da humanidade, quer pela moral ou pela inteligência. Apegam-se às coisas deste mundo, saudosos de suas grosseiras alegrias.

SEXTA CLASSE.
  • ESPÍRITOS BATEDORES E PERTURBADORES. (LE – 106)
·        Estes Espíritos não formam, propriamente falando, uma classe diferente quanto às suas qualidades pessoais, e podem pertencer a todas as classes da terceira ordem. Manifestam frequentemente sua presença por efeitos sensíveis e físicos, como golpes, movimento e deslocamento anormal de corpos sólidos, do ar, etc. Parece que estão mais apegados à matéria do que os outros, sendo os agentes principais das vicissitudes dos elementos do globo, quer pela sua ação sobre o ar, a água, o fogo, os corpos sólidos, ou nas entranhas da Terra. Reconhece-se que esses fenômenos não são devidos a uma causa fortuita e física, quando têm um caráter intencional e inteligente. Todos os Espíritos podem produzir esses fenômenos, mas os Espíritos elevados os deixam, em geral, a cargo dos Espíritos subalternos, mais aptos para as coisas materiais que para as inteligentes. Quando julgam que as manifestações desse gênero são úteis, servem-se desses Espíritos como auxiliares.

SEGUNDA ORDEM
ESPÍRITOS BONS

CARACTERES GERAIS. (LE – 107)

·        Predomínio do Espírito sobre a matéria;
·        desejo do bem.

Suas qualidades e seu poder de fazer o bem estão na razão do grau que atingiram:

  • uns possuem a ciência, outros a sabedoria e a bondade;
  • os mais adiantados juntam ao seu saber as qualidades morais.
Não estando ainda completamente desmaterializados, conservam mais ou menos, segundo sua ordem, os traços da existência corpórea, seja na linguagem, seja nos hábitos, nos quais se encontram até mesmo algumas de suas manias.  Se não fosse assim seriam Espíritos perfeitos.

Compreendem Deus e o infinito e gozam já da felicidade dos bons. Sentem-se felizes quando fazem o bem e quando impedem o mal. O amor que os une é para eles uma fonte de inefável felicidade, não alterada pela inveja nem pelos remorsos, ou por qualquer das paixões que atormentam os Espíritos imperfeitos; mas terão ainda passar por provas, até atingirem a perfeição absoluta.

Como Espíritos, suscitam bons pensamentos, desviam os homens do caminho do mal, protegem durante a vida aqueles que se tornam dignos e neutralizam a influência dos Espíritos imperfeitos sobre os que não comprazem nela.

Quando encarnados,

·        são bons e benevolentes para com os semelhantes;
·        não se deixam levar pelo orgulho, nem pelo egoísmo, nem pela ambição;
·        não provam ódio, nem rancor, nem inveja ou ciúme, fazendo o bem pelo bem.

A esta ordem pertencem os Espíritos designados nas crenças vulgares pelos nomes de bons gênios, gênios protetores, Espíritos do bem. Nos tempos de superstição e de ignorância, foram considerados divindades benfazejas.  Podemos dividi-los em quatro grupos principais:

QUINTA CLASSE.
  • ESPÍRITOS BENÉVOLOS. (LE – 108)
·        Sua qualidade dominante é a bondade;
·        gostam de prestar serviços aos homens e de os proteger; mas o seu saber é limitado:
o   seu progresso realizou-se mais no sentido moral que no intelectual.

QUARTA CLASSE.
  • ESPÍRITOS SÁBIOS. (LE – 109)
·        O que especialmente os distingue é a amplitude dos conhecimentos.
·        Preocupam-se menos com as questões morais do que com as científicas, para as quais têm mais aptidão;
o   mas só encaram a Ciência pela sua utilidade, livre das paixões que são próprias dos Espíritos imperfeitos.

TERCEIRA CLASSE.
  • ESPÍRITOS PRUDENTES. (LE – 110)
·        Caracterizam-se pelas qualidades morais de ordem mais elevada. Sem possuir conhecimentos ilimitados, são dotados de uma capacidade intelectual que lhes permite julgar com precisão os homens e as coisas.

SEGUNDA CLASSE.
  • ESPÍRITOS SUPERIORES. (LE – 111)
·        Reúnem a ciência, a sabedoria e a bondade.
·        Sua linguagem, que só transpira benevolência, é sempre digna, elevada e frequentemente sublime. 
·        Sua superioridade os torna, mais que os outros, aptos a nos proporcionar as mais justas noções sobre as coisas do mundo incorpóreo, dentro dos limites do que nos é dado conhecer.
·        Comunicam-se voluntariamente com os que procuram de boa fé a verdade, e cujas almas bastante libertas dos liames terrenos para a compreender; mas afastam-se dos que são movidos apenas pela curiosidade, ou que, pela influência da matéria, desviam-se da prática do bem.

o   Quando, por exceção, se encarnam na Terra, é para cumprir uma missão de progresso, e então nos oferecem o modelo de perfeição a que a humanidade pode aspirar neste mundo. 
§  O tipo mais perfeito que Deus ofereceu ao homem, para lhe servir de guia e modelo foi Jesus. (LE – 625) (2)

NOTA DE ALLAN KARDEC: Jesus é para o homem o tipo de perfeição moral a que pode aspirar a Humanidade na Terra.  Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ele ensinou é a mais pura expressão de sua lei, porque ele estava ANIMADO do Espírito divino e foi o ser mais puro que já apareceu na Terra.  (Tradução de J. Herculano Pires)

PRIMEIRA ORDEM
ESPÍRITOS PUROS

CARACTERES GERAIS.  (LE – 112)

  • Nenhuma influência da matéria.
  • Superioridade intelectual e moral absoluta, em relação aos Espíritos das outras ordens.
PRIMEIRA CLASSE. (LE – 113
  • CLASSE ÚNICA
o   Percorreram todos os graus da escala e se despojaram de todas as impurezas da matéria. Havendo atingido a soma de perfeições de que é suscetível a criatura, não têm mais provas nem expiações a sofrer. Não estando mais sujeitos à reencarnação em corpos perecíveis, vivem a vida eterna, que desfrutam no seio de Deus.

o   Gozam de uma felicidade inalterável, porque não estão sujeitos nem às necessidades nem às vicissitudes da vida material, mas essa felicidade não é a de uma ociosidade monótona, vivida em contemplação perpétua. São os mensageiros e os ministros de Deus, cujas ordens executam, para a manutenção da harmonia universal. Dirigem a todos os Espíritos que lhes são inferiores, ajudam-nos a se aperfeiçoarem e determinam as suas missões.  Assistir os homens nas suas angústias, incitá-los ao bem ou à expiação de faltas que os distanciam da felicidade suprema, é para eles uma ocupação agradável. São às vezes designados pelos nomes de anjos, arcanjos ou serafins.

o   Os homens podem comunicar-se com eles, mas bem presunçoso seria o que pretendesse tê-los constantemente às suas ordens. 

RESPOSTAS DE OUTRAS QUESTÕES in LE SOBRE OS ESPÍRITOS PUROS

LE - 168 - O número de existências corporais é limitado, ou, o Espírito se reencarna perpetuamente?
- A cada nova existência o Espírito dá um passo no caminho do progresso; quando se despojou de todas as suas impurezas, não tem mais necessidade das provas da vida corporal.

LE - 170 - Em que se transforma o Espírito depois da sua última encarnação?
- Espírito bem-aventurado; é um Espírito puro.

LE - 226 Todos os Espíritos que não estão encarnados são errantes?
– Daqueles que devem reencarnar, sim. Mas os Espíritos puros que atingiram a perfeição não são errantes: seu estado é definitivo. 

NOTA DE ALLAN KARDEC: No tocante às suas qualidades íntimas os Espíritos pertencem a diferentes ordens ou graus, pelos quais passam sucessivamente, à medida que se purificam. Quanto ao estado podem ser: encarnados, que quer dizer ligados a um corpo; errantes, ou desligados do corpo material e esperando uma nova encarnação para se melhorarem; Espíritos puros ou perfeitos e não tendo mais necessidade da encarnação.

LE - 233 Os Espíritos já purificados vão aos mundos inferiores?
– Vão muitas vezes a fim de ajudá-los a progredir. Senão esses mundos ficariam entregues a si mesmos, sem guias para dirigi-los.

LE - 268 Até que atinja o estado de pureza perfeita, o Espírito tem que passar constantemente por provas?
– Sim, mas não são como as entendeis, visto que chamais de provas às adversidades materiais. Porém, o Espírito que atingiu um certo grau, sem ser ainda perfeito, nada mais tem a suportar; embora sempre tenha deveres que o ajudam a se aperfeiçoar, e que nada têm para ele de constrangedor ou angustiante, ainda que seja para ajudar os outros a se aperfeiçoar.

LE - 562 Os Espíritos de ordem mais elevada, não tendo mais nada a adquirir, estão numa espécie de repouso absoluto ou também têm ocupações?
– O que quereríeis que fizessem durante a eternidade? A ociosidade eterna seria um suplício eterno. 

LE - 562 a Qual a natureza de suas ocupações?
– Receber diretamente as ordens de Deus, transmiti-las em todo o universo e velar pela sua execução.

233 Os Espíritos já purificados vão aos mundos inferiores?
– Vão muitas vezes a fim de ajudá-los a progredir. Senão esses mundos ficariam entregues a si mesmos, sem guias para dirigi-los.

LE - 563 As ocupações dos Espíritos são incessantes?
– Incessantes, sim, entendendo-se que seu pensamento é sempre ativo, pois vivem pelo pensamento. Mas é preciso não comparar as ocupações dos Espíritos às ocupações materiais dos homens. A atividade é para eles um prazer, pela consciência que têm de serem úteis.

LE - 563 a Isso se concebe para os bons Espíritos; mas ocorre o mesmo com os Espíritos inferiores?
Os Espíritos inferiores têm ocupações apropriadas à sua natureza. Acaso confiais ao aprendiz e ao ignorante os trabalhos do homem de inteligência?

PROGRESSÃO DOS ESPÍRITOS

À luz da Escala Espírita, vamos tentar imaginar qual deve ser a classe de Espíritos predominante em cada mundo (3).

Categoria de Mundo
Progresso Acadêmico
Classes Predominantes de Espíritos
Primitivo
Educação Infantil
7a classe:
Espíritos Neutros.
Provas e Expiações
Ensino Fundamental
6a, 7a, 8a e 9a classes: Espíritos Perturbadores, Neutros, Pseudo-sábios, Levianos e Impuros.
Regeneradores
Ensino Médio
4a e 5a classes:
Espíritos Sábios e Benévolos.
Ditosos ou Felizes
Curso Superior
2a e 3a classes:
Espíritos de Sabedoria e Superiores.
Celestes ou Divinos
Pós Graduação
1a classe:
Espíritos Puros.
Quadro de Renato Costa no artigo "HÁ MUITAS MORADAS NA CASA DE MEU PAI"

Na Revista Espírita (4), abril de 1858, sobre a Escala Espírita encontramos:

 A Doutrina Espírita não consiste somente na crença das manifestações dos Espíritos, mas em tudo o que nos ensinam sobre a natureza e o destino da alma. Se, pois, se quiser se reportar aos preceitos contidos em O Livro dos Espíritos, onde se encontra formulado todo o seu ensinamento, impressionar-se-á com a identidade de alguns princípios fundamentais com os da doutrina druídica, dos quais um dos mais salientes e sem contradita, é o da reencarnação. Nos três círculos, nos três estados sucessivos dos seres animados, encontramos todas as fases que apresenta a nossa escala espírita. O que é, com efeito, o círculo de abred ou da migração, senão as duas ordens de Espíritos que se depuram em suas existências sucessivas? No círculo de gwynfyd, o homem não transmigra mais, goza da suprema felicidade. Não é a primeira ordem da escala, a dos Espíritos que, tendo cumprido todas as provas, não têm mais necessidade de encanação e gozam da vida eterna? Anotemos, ainda, que, segundo a doutrina druídica, o homem conserva o seu livre arbítrio; se eleva gradualmente pela sua vontade, sua perfeição progressiva e as provas que suporta, de annoufn ou abismo, até a perfeita felicidade em gwynfyd, com a diferença, no entanto, de que o druidismo admite o retorno possível nas classes inferiores, ao passo que, segundo o Espiritismo, o Espírito pode permanecer estacionário, mas não pode degenerar. Para completar a analogia, teríamos que acrescentar à nossa escala, abaixo da terceira ordem, o círculo de annoufn, por caracterizar o abismo ou origem, desconhecida das almas, e, acima da primeira ordem, o círculo de ceugant, morada de Deus, inacessível às criaturas. O quadro seguinte torna essa comparação mais sensível.


Os Espíritos por si mesmos se melhoram; melhorando-se, passam de uma ordem inferior para uma superior. (LE – 114)

  • Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, ou seja, sem conhecimento.
  • Deu a cada um deles uma missão, com o fim de esclarecê-los e progressivamente conduzir à perfeição, pelo conhecimento da verdade e para os aproximar Dele.
  • A felicidade eterna e sem perturbações, eles a encontrarão nessa perfeição.
  • Os Espíritos adquirem o conhecimento passando pelas provas que Deus lhes impõe.
    • Uns aceitam essas provas com submissão e chegam mais prontamente ao seu destino;
    • outros não conseguem sofrê-las sem lamentação, e assim permanecem, por sua culpa, distanciados da perfeição e da felicidade prometida. (LE – 115)
Os Espíritos, na sua origem, se assemelhariam a crianças, ignorantes e sem experiência, mas vão adquirindo pouco a pouco os conhecimentos que lhes faltam, ao percorrer as diferentes fases da vida:

  • a criança rebelde permanece ignorante e imperfeita;
  • seu menor ou maior aproveitamento depende da sua docilidade.
    • Mas a vida do homem tem fim, enquanto a dos Espíritos se estende ao infinito.  (LE – 115-a)
Os Espíritos não ficarão perpetuamente nas classes inferiores, todos se tornarão perfeitos. Eles mudam, ou seja, se melhoram, embora devagar. Assim como um pai justo e misericordioso não pode banir eternamente os seus filhos. Deus que é tão grande, tão justo e tão bom, pela lógica há de agir infinitamente melhor. (LE – 116)

Depende dos Espíritos apressarem o seu avanço para a perfeição. Eles chegam mais ou menos rapidamente, segundo o seu desejo e a sua submissão à vontade de Deus. Uma criança dócil se instrui mais depressa que uma rebelde. (LE – 117)

Os Espíritos não podem degenerar. À medida que avançam, compreendem o que os afasta da perfeição. Quando o Espírito conclui uma prova, adquiriu conhecimento e não mais o perde.

  • Pode permanecer estacionário, mas não retrogradar. (LE – 118)
Deus não livra os Espíritos das provas que devem sofrer pra chegar à primeira ordem. Se eles tivessem sido criados perfeitos, não teriam merecimento para gozar dos benefícios dessa perfeição. Onde estaria o mérito, sem a luta? De outro lado, a desigualdade existente entre eles é necessária à sua personalidade, e a missão que lhes cabe, nos diferentes graus, está nos desígnios da Providência, com vistas à harmonia do Universo. (LE – 119) 

NOTA DE ALLAN KARDEC: Como, na vida social, todos os homens podem chegar aos primeiros postos, também poderíamos perguntar por que motivo o soberano de um país não faz, de cada um dos seus soldados um general; por que todos os empregados subalternos não são superiores; por que todos os alunos não são professores.  Ora, entre a vida social e a espiritual existe ainda a diferença de que a primeira é limitada e nem sempre permite a escalada de todos os seus degraus, enquanto a segunda é indefinida e deixa a cada um a possibilidade de se elevar ao posto supremo.

Os Espíritos não necessitam passar pela fieira do mal, para chegar ao bem, mas pela da ignorância. (LE – 120)

Uns Espíritos seguem o caminho do bem, e outros o do mal em virtude do livre-arbítrio. Deus não criou Espíritos maus criou-os simples e ignorantes, ou seja, tão aptos para o bem quanto para o mal; os que são maus, assim se tornaram por sua vontade. (LE – 121)

O livre-arbítrio se desenvolve à medida que o Espírito adquire consciência de si mesmo. Não haveria liberdade, se a escolha fosse provocada por uma causa estranha à vontade do Espírito. A causa não está nele, mas no exterior, nas influências a que ele cede em virtude de sua espontânea vontade. Esta é a grande figura da queda do homem e do pecado original:

  • uns cederam à tentação e outros a resistiram. (LE – 122)
As influências que se exercem sobre ele vem dos Espíritos imperfeitos que procuram envolvê-lo e dominá-lo, e que ficam felizes de o fazer sucumbir. Foi o que se quis representar na figura de Satanás. Esta influência não se exerce sobre o Espírito somente na sua origem, segue-o na vida de Espírito, até que ele tenha de tal maneira adquirido o domínio de si mesmo, que os maus desistam de obsidiá-lo. (LE – 122-a e b)

A sabedoria de Deus se encontra na liberdade de escolha que concede a cada um, porque assim cada um tem o mérito de suas obras. (LE – 123)

Havendo Espíritos que, desde o princípio, seguem o caminho do bem absoluto, e outros o do mal absoluto, há gradações entre esses dois extremos, e constituem a grande maioria. (LE – 124)

Os Espíritos que seguiram o caminho do mal poderão chegar ao mesmo grau de superioridade que os outros, mas as eternidades serão mais longas para eles. (LE – 125) 

NOTA DE ALLAN KARDEC: Por essa expressão, as eternidades, devemos entender a ideia que os Espíritos inferiores fazem da perpetuidade dos seus sofrimentos, cujo termo não lhes é dado ver.  Essa ideia se renova em todas as provas nas quais sucumbem.

Deus contempla os Espíritos extraviados com o mesmo olhar, e os ama a todos do mesmo modo.  Eles são chamados maus porque sucumbiram; antes, não eram mais que simples Espíritos. (LE – 126)

Os Espíritos são criados iguais, mas não sabendo de onde vêm, é necessário que o livre-arbítrio se desenvolva. Progridem mais ou menos rapidamente, tanto em inteligência como em moralidade. (LE – 127) 

NOTA DE ALLAN KARDEC: Os Espíritos que seguem desde o princípio o caminho do bem, nem por isso são Espíritos perfeitos; se não têm más tendências, não estão menos obrigados a adquirir a experiência e os conhecimentos necessários à perfeição.  Podemos compará-los a crianças que, qualquer que seja a bondade dos seus instintos naturais, tem necessidade de desenvolver-se, de esclarecer-se, e não chegam sem transição da infância à maturidade. Assim como temos homens que são bons e outros que são maus, desde a infância, há Espíritos que são bons ou maus, desde o princípio, com a diferença capital de que a criança traz os seus instintos formados, enquanto o Espírito, na sua formação, não possui mais maldade que bondade.  Ele tem todas as tendências, e toma uma direção ou outra em virtude do seu livre-arbítrio.

ANJOS E DEMÔNIOS

Os seres que chamamos anjos, arcanjos, serafins, não formam uma categoria especial, de natureza diferente da dos outros Espíritos; são Espíritos puros: estão no mais alto grau da escala e reúnem em si todas as perfeições. (LE – 128) 

NOTA DE ALLAN KARDEC: A palavra anjo desperta geralmente a ideia da perfeição moral; não obstante, é frequentemente aplicada a todos os seres, bons e maus, que não pertencem à Humanidade. Diz-se: o bom e o mau anjo; o anjo da luz e o anjo das trevas; e nesse caso ele é sinônimo de Espírito ou de gênio. Tomamo-la aqui na sua boa significação.

Os anjos também percorreram todos os graus, mas, uns aceitaram a sua missão sem murmurar e chegaram mais depressa; outros empregaram maior ou menor tempo para chegar à perfeição. (LE – 129)

Nosso mundo não existe de toda a eternidade, e que muito antes de existir já havia Espíritos no grau supremo; os homens, por isso, acreditaram que eles sempre haviam sido perfeitos. (LE – 130)

Não há demônios, no sentido que se dá a essa palavra, pois se houvesse demônios, eles seriam obra de Deus. E Deus não seria justo e bom, criando seres infelizes, eternamente voltados ao mal. Se há demônios, eles fazem parte deste mundo inferior ou de outros semelhantes, que residem: são esses homens hipócritas que fazem de um Deus justo um Deus mau e vingativo, e que pensam lhe ser agradáveis pelas abominações que cometem em seu nome. (LE – 131)

NOTA DE ALLAN KARDEC: A palavra demônio não implica a ideia de Espírito mau, a não ser na sua acepção moderna, porque o termo grego daimon, de que ela deriva, significa gênio, inteligência, e se aplicou aos seres incorpóreos, bons ou maus, sem distinção.

Os demônios, segundo a significação vulgar do termo, seriam entidades essencialmente malfazejas: e seriam, como todas as coisas, criação de Deus. Mas Deus, que é eternamente justo e bom, não pode ter criado seres predispostos ao mal por sua própria Natureza e condenados pela Eternidade. Se não fossem obra de Deus, seriam eternos como ele, e nesse caso haveria muitas potências soberanas.

A primeira condição de toda doutrina é a de ser lógica; ora, a dos demônios, no seu sentido absoluto, falha neste ponto essencial. Que na crença dos povos atrasados, que não conheciam os atributos de Deus, admitindo divindades malfazejas, também se admitissem os demônios, é concebível; mas para quem quer que faça da bondade de Deus um atributo por excelência é ilógico e contraditório supor que ele tenha criado seres voltados ao mal e destinados a praticá-lo perpetuamente, porque isso negaria a sua bondade. Os partidários do demônio se apoiam nas palavras do Cristo e não seremos nós que iremos contestar a autoridade dos seus ensinos, que desejaríamos ver mais no coração do que na boca dos homens; mas estariam bem certos do sentido que ele atribuía à palavra demônio? Não se sabe que a forma alegórica é uma das características da sua linguagem? Tudo que o Evangelho contém deve ser tomado ao pé da letra? Não queremos outra prova, além desta passagem:

“Logo após esses dias de aflição, o sol se obscurecerá e a lua não dará mais a sua luz, as estrelas cairão do céu e as potências celestes serão abaladas. Em verdade vos digo que esta geração não passará, antes que todas essas coisas se cumpram”. Não vimos a forma do texto bíblico contraditada pela Ciência, no que se refere à criação e ao movimento da Terra? Não pode acontecer o mesmo concertas figuras empregadas pelo Cristo, que devia falar de acordo com o tempo e a região em que se achava? O Cristo não poderia ter dito conscientemente uma falsidade.

Se, portanto, nessas palavras há coisas que parecem chocar a razão, é que não as compreendemos ou que as interpretamos mal.

Os homens fizeram, com os demônios, o mesmo que com os anjos. Da mesma forma que acreditaram na existência de seres perfeitos, desde toda a eternidade, tornaram também os Espíritos inferiores por seres perpetuamente maus.  A palavra demônio deve, portanto ser entendida como referente aos Espíritos impuros, que frequentemente não são melhores que os designados por esse nome, mas com a diferença de ser o seu estado apenas transitório. São esses os Espíritos imperfeitos que murmuram contra as suas provações e por isso as sofrem por mais tempo, mas chegarão por sua vez à perfeição, quando se dispuserem a tanto. Poderíamos aceitar a palavra demônio com esta restrição.  Mas, como ela é agora entendida num sentido exclusivo, poderia induzir em erro, dando margem à crença na existência de seres criados especialmente para o mal.

A propósito de Satanás, é evidente que se trata da personificação do mal sob uma forma alegórica, porque não se poderia admitir um ser maligno lutando de igual para igual com a Divindade, e cuja única preocupação seria a de contrariar os seus desígnios. Como o homem necessita de imagens e figuras para impressionar a sua imaginação, pintou os seres incorpóreos com formas materiais dotadas de atributos que lembram as suas qualidades ou os seus defeitos. Foi assim que os antigos, querendo personificar o Tempo, deram-lhe a figura de um velho com foice e uma ampulheta. Uma figura de jovem, nesse caso, seria um contra-senso. O mesmo se deu com as alegorias da Fortuna, da Verdade, etc. Os modernos representaram os anjos, os Espíritos puros, numa figura radiosa, com asas brancas, símbolos da pureza, e Satanás com chifres, garras e os atributos da bestialidade, símbolos das baixas paixões. O vulgo, que toma as coisas ao pé da letra, viu nesses símbolos entidades reais, como outrora vira Saturno na alegoria do Tempo (5).

NOTAS

(1) Texto semelhante pode ser encontrado na Revista Espírita, Jornal de Estudos psicológicos publicada sob a direção de Allan Kardec, fevereiro de 1858.

(2) Raciocínio sobre a classe espiritual de Jesus segundo O Livro dos Espíritos (Por Elio Mollo): 

No item 111 de O Livro dos Espíritos o codificador do Espiritismo diz que quando os espíritos superiores da segunda classe, por exceção, se encarnam na Terra, é para cumprir uma missão de progresso, e então nos oferecem o modelo de perfeição a que a humanidade pode aspirar neste mundo.

No item 113 de LE sobre a classe Única (Espíritos puros) temos o seguinte:
·    não têm mais provas nem expiações a sofrer
·    não estão sujeitos nem às necessidades nem às vicissitudes da vida material

Na  questão 168 (LE) os espíritos também foram claros ao responderem que quando se despojou de todas as suas impurezas, não tem mais necessidade das provas da vida corporal.

Kardec em nota a q. 226 (LE) disse: Espíritos puros, perfeitos, que não têm mais necessidade de encarnação.

Vejamos o que diz um trecho da resposta a questão 611 de LE sobre a metempsicose: (...) Do momento em que o princípio inteligente atinge o grau necessário para ser Espírito e entrar no período de humanidade, ele não tem mais relação com o seu estado primitivo...

Por dedução, isto também cabe a ordem de Espíritos puros, uma vez atingido esse estágio, o antigo processo de (re)encarnação não tem mais fundamento. O pensamento dos Espíritos puros  é sempre ativo, pois vivem pelo pensamento (LE 563) e, é pelo pensamento que visitam e auxiliam os planetas espalhados pelo Universo.

Como nenhum espírito que chegou ao estágio hominal irá ter mais condições de encarnar num corpo animal, os espíritos puros, consequentemente, não terão mais necessidade de encarnar num corpo humano, pois o Espírito não retrograda (LE 118 e 612), da mesma maneira que o rio não remonta a sua fonte (LE 612). Pois este retrocesso é entendido como metempsicose.

Sendo assim, se Jesus precisou encarnar na Terra para cumprir uma missão, tudo indica que na época que fez sua passagem por aqui ele pertencia a SEGUNDA ORDEM, SEGUNDA CLASSE, ESPÍRITOS SUPERIORES.

(3) Quadro de Renato Costa no artigo "HÁ MUITAS MORADAS NA CASA DE MEU PAI"

(4) Allan Kardec, Revista Espírita, Jornal de Estudos psicológicos, abril de 1858, O Espiritismo entre os Druidas

(5) Esta teoria espírita sobre os demônios vai hoje se impondo aos próprios meios religiosos que mais acirradamente a combateram. Em O Diabo, o escritor católico Giovanni Papini a endossou, apoiado nos Pais da Igreja. O padre Pierre Teilhard de Chardin, cuja doutrina aproxima a teologia católica de concepção espírita, considera o Inferno como “polo negativo do mundo”, integrado no Pleroma (o mundo divino unido ao corpo místico do Cristo) e assim se refere aos demônios: “O condenado não é excluído do Pleroma, mas apenas da sua face luminosa e da sua beatitude. Perde-o, mas não está perdido para ele.”– (Le Millieu Divin – Oeuvres – Seuil, 1957-- Paris – pág.  191.) – (Nota de J. Herculano Pires)

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