quinta-feira, 29 de março de 2012

O CODIFICADOR DO ESPIRITISMO


O CODIFICADOR DO ESPIRITISMO
por Elio Mollo

Às dezenove horas do dia 3 de outubro de 1804, na casa do magistrado Jean-Baptiste-Antoine Rivail, localizada na cidade de Lyon, Rue Sala, 76 na França, sua esposa Jeanne Duhamel dava a luz a uma criança do sexo masculino. Era Denizard-Hippolyte-Léon Rivail que vinha ao mundo predestinado a ser o codificador da Doutrina dos Espíritos ou Doutrina Espírita como querem alguns.

 No ano de 1816, aos 12 anos de idade, Rivail segue para Yverdon na Suiça onde iria prosseguir seus estudos como discípulo de Pestalozzi.

Para quem não sabe, Pestalozzi foi o que poderíamos dizer, um educador completo. Seu grande ideal só encontra paralelo com o do Cristo. E como o Cristo, Pestalozzi também deixou o caminho aberto para a humanidade poder andar de cabeça erguida, através dos princípios de educação racionada e metódica. Idealista de uma fé inquebrantável, Pestalozzi não media sacrifícios nem se preocupava muito com os resultados financeiros.  Poderíamos dizer seguramente que foi um apóstolo da educação, pois entregou-se com amor, carinho e uma enorme dose de boa-vontade na sua grande obra, onde com cuidados extremos, educou crianças pobres, sentindo-se feliz em arrebanhar os deserdados da sorte. Pois bem, foi por esse grande educador que Rivail foi educado.

Já em 1818, Rivail abre cursos sobre matérias que ia aprendendo, ensinando aos seus companheiros menos adiantados.

Em Paris fundou um Instituto Técnico na rua Sevres, 35, nos mesmos moldes de Pestalozzi.

No ano de 1824, Denizard, ou melhor, Professor Rivail, publica seu primeiro livro que era dividido em volumes e tinha como título:
"Curso Prático e Teórico de Aritmética".

Até o ano de 1849, Prof. Rivail tinha publicado os seguintes livros:

·    Curso Prático e Teórico de Aritmética;
·    Plano para o Melhoramento da Instrução Pública;
·    Gramática Clássica da Língua Francesa;
·    Qual o Sistema de Estudos mais Adequado à época?
·    Manual dos Exames para Certificado de Capacidade;
·    Soluções Racionais de Perguntas e Problemas de Aritmética e Geometria;
·    Catecismo Gramatical da Língua Francesa;
·    Programa dos Cursos Ordinários de Química, Física, Astronomia e Fisiologia;
·    Pontos para os Exames na Municipalidade e na Sorbone;
·    Instruções Sobre as Dificuldades Ortográficas.

O professor Rivail falava corretamente o inglês, alemão, holandês, espanhol e italiano e era grande conhecedor do grego e do latim.

Contava com 51 anos (1854) quando através do Sr. Fortier, seu colega na Sociedade de Magnetistas, tomou conhecimento dos fatos Espíritas. Informado de que mesas magnetizadas podiam mover-se e davam respostas quando inquiridas, Rivail foi de absoluta descrença, pois mesas não possuíam nervos nem cérebro e muito menos podiam tornar-se sonâmbulas.

Assim em maio de 1858, convidado pelo Sr. Pâtier, um funcionário público, assiste pela primeira vez, na casa da Sra. Planemaison, a ensaios de escrita mediúnica em uma ardósia com o auxílio de uma cesta.

Em 1856, o professor Rivail recebe dos Espíritos a revelação do trabalho que tem de desenvolver na Terra. E assim surge o pseudônimo Allan Kardec, com o intuito separar das obras pedagógicas escritas pelo professor Rivail, das obras da codificação que eram feitas agora pelo Sr. Allan Kardec.

O nome Allan Kardec, foi escolhido porque correspondia a um nome que teria usado em uma encarnação pregressa revelada por um Espírito, no qual dizia que o conhecia de remotas existências, uma das quais passada no mesmo solo da França, onde a sua individualidade tinha revestido a personalidade de um druida chamado Allan Kardec.

A 18 de abril de 1857, raiou para a humanidade a
"Era do Espírito", pois surgem nas prateleiras das livrarias os primeiros volumes de "O Livro dos Espíritos".

Em 1º de janeiro de 1858, circula o primeiro número da "
Revue Espirite", editada em Paris por Kardec, e neste mesmo ano foi publicado o livro "Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas", e ainda nesse ano a 1º. de abril é fundada a "Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas".

Em 1859, surge o livro
"O que é o Espiritismo".

A 16 de setembro de 1860, Kardec publica a
"Carta Sobre o Espiritismo", em resposta a um artigo publicado na "Gazette de Lyon".
"O Livro dos Médiuns", e ainda nesse ano, no dia 9 de outubro às 10:30 horas da manhã , em Barcelona na Espanha, são queimados num auto de fé, trezentos volumes e brochuras sobre Espiritismo, entre eles "O Livro dos Espíritos".

No mês de janeiro de 1861, Allan Kardec lança à público

Em fevereiro de 1862, Kardec publica
"O Espiritismo na sua Expressão mais Simples", e neste mesmo ano publica também "Viagem Espírita em 1862".

Em 1864 são editadas as seguintes obras:
"Resumo da Lei dos Fenômenos Espíritas", ou "Primeira Iniciação" em abril "Imitação do Evangelho Segundo o Espiritismo", chamado posteriormente de "O Evangelho Segundo o Espiritismo".

No dia 1º. de agosto de 1865 é publicado o livro
"O Céu e o Inferno", ou a "Justiça Divina Segundo o Espiritismo".

No ano de 1866, surge a
"Coleção de Preces Espíritas", extraídas do livro "O Evangelho Segundo o Espiritismo".

Em 1867 vem a público "Estudo a cerca da Poesia Medianímica" e em 1868, Kardec lança o livro
"A Gênese - Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo", e o livro "Caracteres da Revelação Espírita".

Depois deste grandioso trabalho, no dia 31 de março de 1869, com 65 anos de idade, em Paris, vítima da ruptura de um aneurisma, Allan Kardec, retorna à Pátria Espiritual.

Ainda assim, no ano de 1890, é editado o livro
"Obras Póstumas", reunindo os últimos escritos do Codificador Allan Kardec.

BIBLIOGRAFIA:
Biografia de Allan Kardec, de Júlio de Abreu Filho, no livro "O Principiante Espírita", editora Pensamento.
"Grandes Vultos do Espiritismo" de Paulo Alves de Godoy, edições FEESP;
"Obras Póstumas" de Allan Kardec, LAKE - Livraria Allan Kardec Editora;
"Revista Informação" N.35.

* * *

quarta-feira, 28 de março de 2012

O AMOR A SI MESMO


O Amor a Si Mesmo
por Elio Mollo


Deus necessita transmitir a Sua força para continuar criando, mostrar o Seu Amor através de cada um de nós, mas não poderá fazê-lo se estivermos desanimados. A alegria e o amor próprio são indispensáveis.

Emmanuel, no livro "O Consolador", questão 119, respondendo a esta pergunta: Como devemos proceder para dilatar nossa capacidade espiritual?, disse: Ainda não encontramos uma fórmula mais elevada e mais bela que a do esforço próprio, dentro da humildade e do amor, no ambiente de trabalho e de lições da Terra, onde Jesus houve por bem instalar a nossa oficina de perfectibilidade para a futura elevação dos nossos destinos de espíritos imortais. 

Na questão 781 de "O Livro dos Espíritos" Allan Kardec pergunta aos Espíritos superiores se é permitido ao homem deter a marcha do progresso, e os Espíritos respondem que não, mas que podem entravá-la algumas vezes. Em LE na questão 888.a encontramos estas palavras ditadas por São Vicente de Paulo a Allan Kardec: "- Amai-vos uns aos outros, eis toda a lei, divina lei pela qual Deus governa os mundos". Em outro trecho desta mesma resposta: “... o Espírito, qualquer que seja o seu grau de adiantamento, sua situação de reencarnado ou na espiritualidade, está sempre colocado entre um superior que o guia e aperfeiçoa e um inferior perante o qual tem deveres iguais a cumprir".

No dicionário encontramos que o Amor é o sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de outrem, ou de alguma coisa, ou que o Amor é o sentimento de dedicação absoluta de um ser ao outro.

A lei de Deus é sempre o amor. O amor é a luz e a força que envolve todo o Universo. O amor é o fluido que dá movimento a tudo, que dá ânimo, que dá vontade de viver, que dá ação a tudo o que existe, que dá alegria. E é esse o Amor de Deus, que caminha através dos Espíritos mais evoluídos até o ser mais rudimentar. (ver resposta à questão 540 de LE) Para que esse amor floresça em cada um de nós em sua essência plena, há que se trabalhar persistentemente, sem esmorecer.

André Luiz diz, ou melhor, o instrutor Alexandre é que diz no livro "Missionários da Luz", cap. 8 pág. 82, que: Toda elevação representa uma subida e toda subida pede esforço de ascensão.  Neste mesmo livro na página 156, cap. 12, vamos encontrar este outro dizer de Alexandre, "... um dos mais importantes problemas da felicidade humana é o da aproximação fraternal, do perdão recíproco, da semeadura do amor, através da lei reencarcionista".

Os Espíritos, através de "O Livro dos Espíritos", obra codificada por Allan Kardec, na questão 913 nos dizem que, dentre os vícios, aquele que podemos considerar como sendo o mais radical é o egoísmo. Dizem eles que do egoísmo deriva todo o mal. E afirmam de forma categórica que se nos estudarmos, e verificarmos em todos os vícios que porventura possamos ter, no fundo de todos existe o egoísmo.
 
Jesus nos disse: "Sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste." (Mateus 5:48). Vamos encontrar algo semelhante no Antigo Testamento, em Deuteronômio 18:13: "Perfeito serás para com o Senhor teu Deus." Difícil para nós, seres humanos, é atingir a perfeição absoluta, alias, seria até muita pretensão, só que todos nós somos seres em evolução, ou seja, todos devemos caminhar na direção da perfeição, esse é o significado das palavras do Cristo, assim sendo, todo o esforço deve ser feito nesse sentido.

Como dissemos acima que o egoísmo é o vício mais radical, então, o esforço está em transformar este defeito em qualidade, ou seja, trabalhar para que ele se transforme em amor, pois todas as substâncias se transformam na evolução para mais alto.

Quando falamos em transformação, falamos em transformação moral, e quando falamos em transformação moral dizemos que se reconhece o homem de valor pela sua contínua renovação moral e pelos esforços que faz no sentido de anular suas inclinações negativas. Semelhante em "O Evangelho segundo o Espiritismo", cap. XVII, item 4, obra codificada por Allan Kardec - Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral. E pelos esforços que faz para dominar suas más inclinações. - Não se trata de esforço físico, mas de firme contenção de espírito, de um empenho que não sofra excessiva solução de continuidade. "Excessiva", porque, na verdade, também não podemos estar "continuamente" empenhados na transformação de nós mesmos. Deve haver, isto sim, uma persistência de propósito, e a esta persistência chamamos esforço. Em outras palavras, não é bom sintoma abandonar uma atividade ou desviar a energia para um curso mais fácil de ação, ao primeiro sinal de dificuldade. A referência do esforço é nesse sentido: continuidade, persistência em face das dificuldades.

Em tudo há que se ter vontade, persistência, paciência e discernimento, pois a evolução requer usemos estas ferramentas. A sensatez é capaz de nos fazer reconhecer as próprias fraquezas e limitações, podendo assim nos auto-melhorarmos.

Na questão 919 de "O Livro dos Espíritos" vamos encontrar esta pergunta que fez o Espírito de Sto. Agostinho, respondida por ele mesmo: "Se aprouvesse a Deus chamar-me neste momento, ao entrar no mundo dos Espíritos, onde nada é oculto, teria eu a temer o olhar de alguém?" Ao que nós vamos mostrar apenas um trecho da resposta de Sto. Agostinho: "Devemos examinar o que temos feito contra Deus, depois contra o próximo e por fim o que fizemos a nós mesmos. As respostas poderão ser tranqüilizadoras para a nossa consciência se estivermos agindo sensatamente, porém, poderão indicar um mal que deve ser reparado, deve ser transformado para melhor." Diz ele ainda que: "o conhecimento de si mesmo é a chave do progresso individual".

Imaginemos um indivíduo tentando atravessar o Canal da Mancha a nado sem considerar sua capacidade física. Cobrir uma distância tão extensa para um nadador profissional é algo quase normal. Entretanto, um indivíduo de bom senso vai analisar as condições da correnteza antes de pular na água. Depois de avaliar bem, e perceber que não se trata de um simples rio, tentará verificar se suas forças serão suficientes para vencer a força das águas que por ali passam, para chegar à outra margem. Se não tiver conhecimento da própria força, avaliar mal e tentar a travessia, poderá fracassar ou até mesmo morrer, como já aconteceu com muitos. Um homem poderá realizar tarefas inimagináveis se tiver vontade e determinação. Mas antes de empreender uma tarefa qualquer, deverá preparar-se adequadamente, como alguém que conhece as próprias limitações e tenta superá-las. O preparo físico, moral ou espiritual, para fazer frente aos obstáculos e desafios resulta de um profundo conhecimento de si mesmo. Assim, todos os dias ao deitar - conselho de Sto. Agostinho na questão 919 de "O Livro dos Espíritos" - "passe em revista todos os acontecimentos do dia, se descobrir falhas nesse inventário, ore a Deus para que lhe dê forças para se aperfeiçoar e, no dia seguinte faça de tudo para corrigir as falhas".

Reconhecer as próprias fraquezas é portanto uma qualidade fundamental para o homem sensato. É necessário conhecer os pontos fracos para fortalecê-los. Perceber onde se deve melhorar, avaliar os desafios concretamente e lutar para enfrentá-los adequadamente preparado. Por que muitos alunos fracassaram durante a vida escolar? Provavelmente estes alunos não se conheciam bem. Não tinham uma visão autêntica das próprias capacidades ou avaliaram-se erroneamente. Superestimar os próprios conhecimentos ou subestimar as dificuldades são erros que levam infalivelmente ao fracasso. O homem sensato não comete tal erro, pois, conhecendo a si mesmo, procura melhorar-se a tal ponto que os desafios e obstáculos são minimizados. Um halterofilista que deseje superar a marca dos 600 quilos acima dos ombros deverá ser capaz de levantar 610 quilos. O russo Vasili Alexeiev, em 1972, bateu o recorde erguendo halteres com 640 quilos. Ë assim que o homem sensato, no esporte, na política, nos negócios, ou seja, aonde for que se situe, faz. Prepara-se para os desafios da vida.

Qualquer teoria, se confirmada através de estudos teológicos, provará que Cristo se preparou para a missão. Ele buscou o auto-aperfeiçoamento para ter o que dizer, mostrar e ensinar. Seus exemplos não deixavam dúvidas sobre seu poder. Sua missão provou o quanto o Mestre conhecia bem a si mesmo e do que era capaz. 

Ao decidir melhorar-se, o homem sensato busca o auto-aperfeiçoamento constante visando superar-se nos pontos fracos, nas prováveis deficiências.

Diz Emmanuel no livro "Justiça Divina", pág. 49, na mensagem intitulada "Exames": "Cada provação pode ser comparada a um banho de substâncias químicas, testando-te idéias e sentimentos, para definir-lhes a sanidade. A vida, expressando a Sabedoria Divina, observa cada um de nós, diariamente, examinando-nos o possível valor, a fim de valorizar-nos. Cultura nobre granjeia tarefas enobrecidas. Virtude alcança merecimento. Quem aprende pode ensinar. Quem semeia o melhor adquire o melhor. Quem ajuda sem recompensa colhe apoio espontâneo. Em todas as tempestades e provações, adversidades e sombras da vida, permanece fiel ao bem, no serviço incansável, para que o bem te revele através dos outros.

Não consultes a palavra "impossível" no dicionário da experiência. Todos temos a vontade por alavanca de luz e toda criatura, sem exceção, demonstrará a quantidade e o teor da luz que entesoura em si própria, toda vez que chamada a exame, na hora da crise."

Esse ajuste é indispensável em todas as realizações de profundidade, sobretudo naquelas que visam a imortalidade, dependendo sempre de decisão que se origina de uma só consciência para depois contagiar outros destinos. Favoreça encontros dessa natureza em seu mundo interior.

Ânimo e trabalho, harmonize corpo e alma. Predisponha-se à construção do melhor. 

É necessário buscar conhecimentos profundos acerca das atividades escolhidas. Os homens sensatos são peritos naquilo que fazem. Foram indiscutíveis as habilidades de Ayrton Senna, Nelson Piquet, Alain Prost como pilotos de Fórmula Um, pelo conhecimento profundo que adquiriram sobre as pistas, carros, manobras e tudo o que se relaciona com corridas automobilísticas. Dedicaram suas vidas no aperfeiçoamento dos pontos fracos, e assim possuíram um real conhecimento de si mesmos, qualidade essencial dos homens sensatos.

 O Espírito Neio Lúcio no livro "Jesus no Lar" nos narra está história:

" (...) - Existiu no tempo de Davi um grande artista que se especializara na harpa com tamanha perfeição, que várias pessoas importantes vinham de muito longe a fim de ouvi-lo. Grandes senhores com as suas comitivas descansavam,  de quando em quando,  junto à moradia dele, cercada de arvoredo, para escutar-lhe as sublimes improvisações. O admirável mestre fez renome e fortuna, parecendo a todos que ninguém o igualaria na Terra na expressão musical a que se consagrara.

Em seus saraus e exibições, possuía em seu serviço pessoal um escravo aparentemente inábil e atoleimado, que servia água, doce e frutas aos convivas e que jamais conversava, fixando toda a atenção no instrumento divino, como se vivesse fascinado pelas mãos que o tangiam.

Muitos anos correram quando, certa noite, o artista volta, de inesperado, ao domicílio, findo o banquete de um amigo nas vizinhanças e, com indizível espanto, assinala celeste melodia no ar.

Alguém tocava magistralmente em sua casa solitária, qual se fora um anjo exilado no mundo.

Quem seria o estrangeiro que lhe tomara o lugar?

Em lágrimas de emoção por pressentir a existência de alguém com ideal artístico muito superior ao dele, avança devagar para não ser percebido e, sob intraduzível assombro, verificou que o harpista maravilhoso era o seu velho escravo tolo que, usando os minutos que lhe pertenciam por direito e sem incomodar a ninguém, exercitava as lições do senhor, às quais emprestava, desde muito tempo, todo o seu vigilante amor em comovido silêncio.

Foi então que o artista magnânimo e famoso libertou-o e conferiu-lhe a posição que por justiça merecia.

(...) A aquisição de qualidades nobres é a glória infalível do esforço. Todo homem ou mulher que usar as horas de que dispõe na harpa da vida, correspondendo à sabedoria e à beleza com que Nosso Pai se manifesta em todos os quadros do mundo, depressa lhes absorverá a grandeza e as sublimidades, convertendo-se em representantes do Céu para seus irmãos em humanidade. Quando a criatura, porém, somente trabalha na cota de tempo que lhe é paga pelas mordomias da Terra, sem qualquer aproveitamento das largas concessões de horas que a Divina Bondade lhe concede no corpo, nada mais receberá, além da remuneração transitória do mundo."

Todos os homens e mulheres que venceram na vida acreditaram no próprio potencial, ou melhor, acreditaram em si mesmos, tiveram fé. Os homens sensatos são autoconfiantes, amam a si mesmos. Enfrentam o que precisa ser enfrentado, recuando apenas para ganhar forças, preparando novas estratégias para retomar o combate com determinação e coragem.

Todas as lições encontradas no cotidiano servem apenas para reforçar a teoria de que os homens sensatos são todos parecidos, possuem qualidades similares, e neste caso a autoconfiança é uma delas.

No mundo, aqueles que não temem os desafios, e os enfrentam, acabam por vencer.

Ninguém deverá querer apenas vencer, deverá antes de mais nada querer vencer a si mesmo, transformar as qualidades ruins em boas, e se tornar uma criatura sensata. Isso requererá muito do seu potencial. O fato de ainda não possuir a sensatez, entre outras coisas, é que a autoconfiança não foi totalmente desafiada. Provavelmente ainda existem dúvidas sobre as reais capacidades de realização. Falta determinação, acreditar ser capaz de se tornar um humano sensato. É necessário saber, porém, que todos os homens vencedores, mais do que qualquer outra pessoa, acreditavam em si mesmos. É necessário sentir isso também. É fundamental começar imediatamente essa tarefa.

Passe a acreditar em você, suas potencialidades, sua energia para realizar o melhor, porém, sempre respeitando aos seus semelhantes e a si próprio.

O homem sensato é o homem que ama a si próprio, é alegre, de bem com a vida, é autoconfiante, transmite segurança e não é covarde. O homem sensato é a sombra na qual se abrigam os medrosos, os tímidos e aqueles que não possuem confiança em si mesmo.

 O homem que não ama a si mesmo não consegue amar outra pessoa, pois não é seguro de si.

E assim repetindo e confirmando as palavras de Neio Lúcio: “No caminho da vida, o esforço próprio é indispensável.” 

Colaborou com o desenvolvimento ortográfico deste texto Maria Luiza Palhas

BIBLIOGRAFIA:
O Livro dos Espíritos - obra codificada por Allan Kardec
O Evangelho Segundo o Espiritismo - CAP XI-11, CAP XVII-2-1º§., obra codificada por Allan Kardec
Obras Póstumas, 1ª P-EGOÍSMO E ORGULHO, Allan Kardec
Alerta - Estímulos Indiretos - Joanna de Angelis - 107/109  
Justiça Divina - Exames - Emmanuel - 49/50  
Bolso e Vontade - Técnica de Viver - 53/55  
Jesus no Lar - A Glória do Esforço - Neio Lúcio - 183/185FEB14a1986
O Consolador - Personalidade - Emmanuel - 130FEB9a1982
Como se tornar um líder - Conhecimento de si mesmo e Autoconfiança - Mathias Gonzalez - 39 à a 42 - Ediouro S/A 1991
O Pai Nosso, Meimei, psfia. F. C. Xavier
Dicionário de Filosofia Espírita de L. Palhano Jr.
Fonte Viva (BOM ÂNIMO), CAP 61, EMMANUEL
Palavras de Vida Eterna, CAP 136, EMMANUEL

terça-feira, 27 de março de 2012

EXPIAÇÃO E ARREPENDIMENTO



EXPIAÇÃO E ARREPENDIMENTO
Estudo com base in “O LIVRO DOS ESPÍRITOS”
Livro IV, cap. II. questões de 990 à 1002
obra codificada por Allan Kardec

Pesquisa: Elio Mollo


O arrependimento se dá no estado espiritual, mas, também pode ocorrer no estado corporal, quando bem se compreende a diferença entre o bem e o mal.

A conseqüência do arrependimento no estado espiritual é a do arrependido desejar uma nova encarnação para se purificar. O Espírito compreende as imperfeições que o privam de ser feliz e por isso aspira a uma nova existência em que possa expiar suas faltas. (332-975)

332. O Espírito pode abreviar ou retardar o momento da reencarnação?
R: — Pode abreviá-lo, solicitando-o por suas preces e pode também retardá-lo, se recuar ante a prova. Porque entre os Espíritos há também indiferentes e poltrões; mas não o faz impunemente pois sofre com isso, como aquele que recusa o remédio que o pode curar.

975. Os Espíritos inferiores compreendem a felicidade do justo?
R: — Sim, e é isso o que os tortura, pois compreendem que estão privados dela por sua própria culpa. É por isso que o Espírito liberto da matéria aspira a uma nova existência corpórea, pois poderá abreviar, se for bem empregada, a duração desse suplício. É então que escolhe as provas que poderão expiar suas culpas. Porque, ficai sabendo, o Espírito sofre por todo o mal que fez ou do qual foi causador involuntário, por todo o bem que, tendo podido fazer, não o fez, e por todo o mal que resultar do bem que deixou de fazer. O Espírito errante não está mais envolvido pelo véu da matéria: é como se tivesse saído de um nevoeiro e vê o que o distancia da felicidade; então sofre ainda mais, porque compreende quanto é culpado. Para ele não existe mais a ilusão: vê a realidade das coisas.

O arrependimento no estado corporal produz a conseqüência de fazer que, já na vida atual, o Espírito progrida, se tiver tempo de reparar suas faltas. Quando a consciência o exprobra e lhe mostra uma imperfeição, o homem pode sempre melhorar-se.

Há homens que só têm o instinto do mal e parecem inacessíveis ao arrependimento, porém, todo Espírito tem que progredir incessantemente. Aquele que, nesta vida, só tem o instinto do mal, terá noutra o do bem e é para isso que renasce muitas vezes,  pois preciso é que todos progridam e atinjam a meta. A diferença está somente em que uns gastam mais tempo do que outros, porque assim o querem. Aquele, que só tem o instinto do bem, já se purificou, visto que talvez tenha tido o do mal em anterior existência.” (804)

804. Por que não outorgou Deus as mesmas aptidões a todos os homens?
“Deus criou iguais todos os Espíritos, mas cada um destes vive há mais ou menos tempo, e, conseguintemente, tem feito maior ou menor soma de aquisições. A diferença entre eles está na diversidade dos graus da experiência alcançada e da vontade com que obram, vontade que é o livre-arbítrio. Daí o se aperfeiçoarem uns mais rapidamente do que outros, o que lhes dá aptidões diversas. Necessária é a variedade das aptidões, a fim de que cada um possa concorrer para a execução dos desígnios da Providência, no limite do desenvolvimento de suas forças físicas e intelectuais. O que um não faz, fá-lo outro. Assim é que cada qual tem seu papel útil a desempenhar. Demais, sendo solidários entre si todos os mundos, necessário se torna que os habitantes dos mundos superiores, que, na sua maioria, foram criados antes do vosso, venham habitá-lo, para vos dar o exemplo.” (361)

361. Qual a origem das qualidades morais, boas ou más, do homem?
“São as do Espírito nele encarnado. Quanto mais puro é esse Espírito, tanto mais propenso ao bem é o homem.” 

361a. Seguir-se-á daí que o homem de bem é a encarnação de um bom Espírito e o homem vicioso a de um Espírito mau?
“Sim, mas, dize antes que o homem vicioso é a encarnação de um Espírito imperfeito, pois, do contrário, poderias fazer crer na existência de Espíritos sempre maus, a que chamais demônios.”

O homem perverso, que não reconheceu suas faltas durante a vida, sempre as reconhece depois da morte, então, mais sofre, porque sente em si todo o mal que praticou, ou de que foi voluntariamente causa. Contudo, o arrependimento nem sempre é imediato. Há Espíritos que se obstinam em permanecer no mau caminho, não obstante os sofrimentos por que passam. Porém, cedo ou tarde, reconhecerão errada a senda que tomaram e o arrependimento virá. Para esclarecê-los trabalham os bons Espíritos e também vós podeis trabalhar.

Haverá Espíritos que, sem serem maus, se conservam indiferentes à sua sorte, aliás, há Espíritos que de coisa alguma útil se ocupam. Estão na expectativa. Mas, nesse caso, sofrem proporcionalmente. Devendo em tudo haver progresso, neles o progresso se manifesta pela dor. Esses Espíritos, desejam sem dúvida, abreviar seus sofrimentos, mas falta-lhes energia bastante para quererem o que os pode aliviar. Quantos indivíduos se contam, entre nós, que preferem morrer de miséria a trabalhar?

Os Espíritos vêem o mal que lhes resulta de suas imperfeições, contudo há os que agravam suas situações e prolongam o estado de inferioridade em que se encontram, fazendo o mal como Espíritos, afastando do bom caminho os homens, estes são os de arrependimento tardio e assim procedem, mas,  também,  pode acontecer que, depois de se haver arrependido, o Espírito se deixe arrastar de novo para o caminho do mal, por outros Espíritos ainda mais atrasados. (971)

971. É sempre boa a influência que os Espíritos exercem uns sobre os outros?
“Sempre boa, está claro, da parte dos bons Espíritos. Os Espíritos perversos, esses procuram desviar da senda do bem e do arrependimento os que lhes parecem suscetíveis de se deixarem levar e que são, muitas vezes, os que eles mesmos arrastaram ao mal durante a vida terrena.”

971a.  Assim, a morte não nos livra da tentação?
“Não, mas a ação dos maus Espíritos é sempre menor sobre os outros Espíritos do que sobre os homens, porque lhes falta o auxílio das paixões materiais.”

Vêem-se Espíritos, de notória inferioridade, acessíveis aos bons sentimentos e sensíveis às preces que por eles se fazem. Contudo existem outros Espíritos, que os supomos mais esclarecidos, revelarem um endurecimento e um cinismo, dos quais coisa alguma consegue triunfar, mas a prece só tem efeito sobre o Espírito que se arrepende. Com relação aos que, impelidos pelo orgulho, se revoltam contra Deus e persistem nos seus desvarios, chegando mesmo a exagerá-los, como o fazem alguns desgraçados Espíritos, a prece nada pode e nada poderá, senão no dia em que um clarão de arrependimento se produza neles.” (664)

664. Será útil que oremos pelos mortos e pelos Espíritos sofredores? E, neste caso, como lhes podem as nossas preces proporcionar alívio e abreviar os sofrimentos? Têm elas o poder de abrandar a justiça de Deus?
“A prece não pode ter por efeito mudar os desígnios de Deus, mas a alma por quem se ora experimenta alívio, porque recebe assim um testemunho do interesse que inspira àquele que por ela pede e também porque o desgraçado sente sempre um refrigério, quando encontra almas caridosas que se compadecem de suas dores. Por outro lado, mediante a prece, aquele que ora concita o desgraçado ao arrependimento e ao desejo de fazer o que é necessário para ser feliz. Neste sentido é que se lhe pode abreviar a pena, se, por sua parte, ele secunda a prece com a boa-vontade. O desejo de melhorar-se, despertado pela prece, atrai para junto do Espírito sofredor Espíritos melhores, que o vão esclarecer, consolar e dar-lhe esperanças. Jesus orava pelas ovelhas desgarradas, mostrando-vos, desse modo, que culpados vos tornaríeis, se não fizésseis o mesmo pelos que mais necessitam das vossas preces.”

Nota de Allan Kardec: Não se deve perder de vista que o Espírito não se transforma subitamente, após a morte do corpo. Se viveu vida condenável, é porque era imperfeito. Ora, a morte não o torna imediatamente perfeito. Pode, pois, persistir em seus erros, em suas falsas opiniões, em seus preconceitos, até que se haja esclarecido pelo estudo, pela reflexão e pelo sofrimento.

A expiação se cumpre durante a existência corporal, mediante as provas a que o Espírito se acha submetido e, na vida espiritual, pelos sofrimentos morais, inerentes ao estado de inferioridade do Espírito.

Não basta o arrependimento durante a vida para que as faltas do Espírito se apaguem e ele ache graça diante de Deus, o arrependimento concorre para a melhoria do Espírito, mas ele tem que expiar o seu passado.

Se, diante disto, um criminoso disser que, cumprindo-lhe, em todo caso, expiar o seu passado, nenhuma necessidade tem de se arrepender, resulta tornar-se mais longa e mais penosa a sua expiação, desde que ele esteja obstinado no mal.

Já desde esta vida poderemos ir resgatando as nossas faltas, reparando-as. Mas, não creiamos que as resgatemos mediante algumas privações pueris, ou distribuindo em esmolas o que possuirmos, depois que morrermos, quando de nada mais precisamos. Deus não dá valor a um arrependimento estéril, sempre fácil e que apenas custa o esforço de bater no peito. A perda de um dedo mínimo, quando se esteja prestando um serviço, apaga mais faltas do que o suplício da carne suportado durante anos, com objetivo exclusivamente pessoal. (726)

726. Visto que os sofrimentos deste mundo nos elevam, se os suportarmos devidamente, dar-se-á que também nos elevam os que nós mesmos nos criamos?
“Os sofrimentos naturais são os únicos que elevam, porque vêm de Deus. Os sofrimentos voluntários de nada servem, quando não concorrem para o bem de outrem. Supões que se adiantam no caminho do progresso os que abreviam a vida, mediante rigores sobre-humanos, como o fazem os bonzos, os faquires e alguns fanáticos de muitas seitas? Por que de preferência não trabalham pelo bem de seus semelhantes? Vistam o indigente; consolem o que chora; trabalhem pelo que está enfermo; sofram privações para alívio dos infelizes e então suas vidas serão úteis e, portanto, agradáveis a Deus. Sofrer alguém voluntariamente, apenas por seu próprio bem, é egoísmo; sofrer pelos outros é caridade: tais os preceitos do Cristo.”

Só por meio do bem se repara o mal e a reparação nenhum mérito apresenta, se não atinge o homem nem no seu orgulho, nem no seus interesses materiais.

De que serve, para sua justificação, que restitua, depois de morrer, os bens mal adquiridos, quando se lhe tornaram inúteis e deles tirou todo o proveito?

De que lhe serve privar-se de alguns gozos fúteis, de algumas superfluidades, se permanece integral o dano que causou a outrem?

De que lhe serve, finalmente, humilhar-se diante de Deus, se, perante os homens, conserva o seu orgulho? (720-721)

720. São meritórias aos olhos de Deus as privações voluntárias, com o objetivo de uma expiação igualmente voluntária?
“Fazei o bem aos vossos semelhantes e mais mérito tereis.”

720a. Haverá privações voluntárias que sejam meritórias?
“Há: a privação dos gozos inúteis, porque desprende da matéria o homem e lhe eleva a alma. Meritório é resistir à tentação que arrasta ao excesso ou ao gozo das coisas inúteis; é o homem tirar do que lhe é necessário para dar aos que carecem do bastante. Se a privação não passar de simulacro, será uma irrisão.”

721. É meritória, de qualquer ponto de vista, a vida de mortificações ascéticas que desde a mais remota antigüidade teve praticantes no seio de diversos povos?
“Procurai saber a quem ela aproveita e tereis a resposta. Se somente serve para quem a pratica e o impede de fazer o bem, é egoísmo, seja qual for o pretexto com que entendam de colori-la. Privar-se a si mesmo e trabalhar para os outros, tal a verdadeira mortificação, segundo a caridade cristã.”

Nenhum mérito, não é bem o termo, haverá em assegurarmos, para depois de nossa morte, emprego útil aos bens que possuímos, mas isso sempre é melhor do que nada. A desgraça, porém, é que aquele, que só depois de morto dá, é quase sempre mais egoísta do que generoso. Quer ter o fruto do bem, sem o trabalho de praticá-lo. Duplo proveito tira aquele que, em vida se priva de alguma coisa; o mérito do sacrifício e o prazer de ver felizes os que lhe devem a felicidade. Mas, lá está o egoísmo a dizer-lhe: O que dás tiras aos teus gozos; e, como o egoísmo fala mais alto do que o desinteresse e a caridade, o homem guarda o que possui, pretextando suas necessidades pessoais e as exigências da sua posição! Ah! Lastimai aquele que desconhece o prazer de dar; acha-se verdadeiramente privado de um dos mais puros e suaves gozos. Submetendo-o à prova da riqueza, tão escorregadia e perigosa para o seu futuro, houve Deus por bem conceder-lhe, como compensação, a ventura da generosidade, de já neste mundo pode gozar. (814)

814. Por que Deus a uns concedeu as riquezas e o poder, e a outros, a miséria?
“Para experimentá-los de modos diferentes. Além disso, como sabeis, essas provas foram escolhidas pelos próprios Espíritos, que nelas, entretanto, sucumbem com freqüência.”

Aquele que, em artigo de morte, reconhece suas faltas, quando já não tem tempo de as reparar, o arrependimento lhe apressa a reabilitação, mas não o absolve. Diante dele se desdobra o futuro que jamais lhe é trancado para reparar as suas faltas.

171 - Em que se funda o dogma da reencarnação?
R. — Na justiça de Deus e na revelação, pois incessantemente repetimos: o bom pai deixa sempre aberta a seus filhos uma porta para o arrependimento. Não te diz a razão que seria injusto privar para sempre da felicidade eterna todos aqueles de quem não dependeu o melhorarem-se? Não são filhos de Deus todos os homens? Somente entre os homens egoístas é que se encontram a iniquidade, o ódio implacável e os castigos sem perdão.

Nota de Allan Kardec: Todos os Espíritos tendem à perfeição, e Deus lhes proporciona os meios de consegui-la com as provas da vida corpórea. Mas, na sua justiça, permiti-lhes realizar em novas existências, aquilo que não puderam fazer ou acabar numa primeira prova.

Não estaria de acordo com a eqüidade, nem segundo a bondade de Deus, castigar para sempre aqueles que encontraram obstáculos ao seu melhoramento, independentemente de sua vontade, no próprio meio em que foram colocados. Se a sorte do homem fosse irrevogavelmente fixada após a sua morte, Deus não os teria tratado com imparcialidade.

A doutrina da reencarnação, que consiste em admitir para o homem muitas existências sucessivas, é a única que corresponde à idéia da justiça de Deus com respeito aos homens de condição moral inferior; a única que pode explicar o nosso futuro e fundamentar as nossas esperanças, pois oferece-nos o meio de resgatarmos os nossos erros através de novas provas. A razão assim nos diz, e é o que os espíritos nos ensinam.

homem que tem a consciência da sua inferioridade encontra na doutrina da reencarnação uma consoladora esperança. Se crê na justiça de Deus, não pode esperar que, por toda a eternidade, haja de ser igual aos que agiram melhor do que ele. O pensamento de que essa inferioridade não o deserdará para sempre do bem supremo, e de que ele poderá conquistá-lo através de novos esforços, o ampara e lhe reanima a coragem. Qual é aquele que, no fim da sua carreira, não lamenta ter adquirido demasiado tarde uma experiência que já não pode aproveitar? Pois esta experiência tardia não estará perdida: ele a aproveitará numa nova existência.

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O “bom ladrão”

Um dos malfeitores suspensos à cruz o insultava, dizendo: “Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós”. Mas o outro, tomando a palavra, o repreendia: “Nem sequer temes a Deus, estando na mesma condenação? Quanto a nós, é de justiça: estamos pagando por nossos atos; mas ele não fez nenhum mal”. E acrescentou: “Jesus, lembra-te de mim, quando vieres com teu reino”. Ele respondeu: “Em verdade, eu te digo, hoje estará comigo no Paraíso”.
Lucas 23:39-43



ARREPENDIMENTO

Sentimento de pesar causado por violação de uma lei ou da conduta moral: resulta na livre aceitação do castigo e na disposição de evitar futuras violações. Essa é a definição da ética, e refere-se mais particularmente à lei e à moral humanas. Segundo a religião (sobretudo segundo o Cristianismo) é o sentimento de pesar que se apossa em virtude de falta cometida por atos, palavras ou pensamentos, os quais ela preferiria não ter praticado, dito ou concebido, e que a conduz ao propósito de mudar de atitude ou de comportamento e ao desejo de penitenciar-se. Na verdade, a simples disposição de evitar futuras violações, ou de penitenciar-se, cheio de unção e contrição, é de valor relativo. Válido sob todos os aspectos é o arrependimento que leva à reparação da falta cometida. Sentir-se pesaroso, bater o “mea culpa” e entregar-se a penitências pode ter, de fato tem um valor meramente subjetivo: ameniza a angústia do que errou. Mas o que realmente se espera é que este repare seu erro de modo objetivo: se por palavras ofendeu, busque o perdão do ofendido; se por atos causou dano ou destruiu, indenize o prejudicado, reconstrua o destruído ; se por pensamentos desejou o mal ou prevaricou, conscientize-se disso fundamente, reeduque-se, conheça-se a si mesmo e moralmente se transforme para viver em paz com a própria consciência.
Moderna Enciclopédia Brasileira



182 - O remorso é uma punição?
R: — O remorso é a força que prepara o arrependimento, como este é a energia que precede o esforço regenerador. Choque espiritual nas suas características profundas, o remorso é o interstício para a luz, através do qual recebe o homem a cooperação indireta de seus amigos do Invisível, a fim de retificar seus desvios e renovar seus valores morais, na jornada para Deus.
Emmanuel no livro “O Consolador”


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O QUE É O ESPIRITISMO?


O QUE É O ESPIRITISMO?
Pesquisa: Elio Mollo


O Espiritismo é ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, ele consiste nas relações que se podem estabelecer com os Espíritos; como filosofia (1), ele compreende todas as conseqüências morais (2) que decorrem dessas relações.

Pode-se defini-lo assim:

O Espiritismo é uma ciência (3) que trata da natureza, da origem e da destinação dos Espíritos, e das suas relações com o mundo corporal.

ALLAN KARDEC in Preâmbulo do livro O QUE É O ESPIRITISMO
Tradução de Joaquim da Silva Sampaio Lobo

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Como meio de elaboração, o Espiritismo procede da mesma maneira que as ciências positivas, ou seja, que aplica a metodologia experimental. Fatos de uma ordem nova se apresentam que não podem se explicar pelas leis conhecidas; ele as observa, as compara, as analisa e de efeitos, remontando aos casos, chega à lei que os rege; depois, deduz as conseqüências e procura as aplicações úteis. Ele não estabelece nenhuma teoria preconcebida; assim, ele não tem se apresentado como hipótese, nem a existência e intervenção dos Espíritos, nem o perispírito, nem a reencarnação, e nenhum dos princípios da doutrina; concluiu pela existência dos Espíritos já que esta existência é resultado da evidência de observação dos fatos, e, assim, dos outros princípios. Não são, pois, os fatos que vieram depois da ação confirmar a teoria, mas a teoria que veio subseqüentemente explicar e resumir os fatos. É, pois, rigorosamente exato dizer que o Espiritismo é uma Ciência de observação e não o produto da imaginação.
 
ALLAN KARDEC in  A GÊNESE CONFORME O ESPIRITISMO, cap. I, item 14

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 Um último caráter da revelação espírita, e que ressalta das condições próprias nas quais é feita, é que, apoiando-se sobre os fatos, ela é e só pode ser essencialmente progressiva como todas as ciências de observação. Por sua essência, ela contrai aliança com a ciência que, expondo as leis da natureza em uma certa ordem de fatos, não pode ser contrário à vontade de Deus, o autor destas leis. As descobertas da ciência glorificam Deus em lugar de rebaixá-Lo; elas só destroem o que os homens tenham baseados sobre idéias falsas que fizeram de Deus.

O Espiritismo não se assenta, pois em princípio absoluto senão no que seja demonstrado com evidência, ou o que ressaia logicamente da observação. Tocando em todos os ramos da economia social, ao qual presta o apoio de suas próprias descobertas, assimilará sempre todas as doutrinas progressivas, que qualquer natureza que sejam, chegadas ao estado de verdades práticas, e saídas do domínio da utopia, sem o que ele se suicidaria; cessando de ser o que é mentiria à sua origem e sua meta providencial. O Espiritismo, marchando com o progresso, não será nunca extravasado, porque, se novas descobertas lhe demonstrarem que está em erro sobre um ponto ele se reformulará sobre este ponto; se uma nova verdade se revela, ela a aceita.

ALLAN KARDEC in A GÊNESE CONFORME O ESPIRITISMO, cap. I, item 55.

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(1) A palavra "filosofia" (do grego) é uma composição de duas palavras: philos (φίλος) e sophia (σοφία). A primeira é uma derivação de philia (φιλία) que significa amizade, amor fraterno e respeito entre os iguais; a segunda significa sabedoria ou simplesmente saber. Filosofia significa, portanto, amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber; e o filósofo, por sua vez, seria aquele que ama e busca a sabedoria, tem amizade pelo saber, deseja saber.[Chauí, Marilena. Convite à Filosofia. pág. 19.]

Filosofia (do grego Φιλοσοφία, literalmente «amor à sabedoria») é o estudo de problemas fundamentais relacionados à existência, ao conhecimento, à verdade, aos valores morais e estéticos, à mente e à linguagem.[Teichman, J.; Evans, K. C. Philosophy: a beginner's guide. 3rd ed. Oxford: Blackwell.] Ao abordar esses problemas, a filosofia se distingue da mitologia e da religião por sua ênfase em argumentos racionais; por outro lado, diferencia-se das pesquisas científicas por geralmente não recorrer a procedimentos empíricos em suas investigações. Entre seus métodos, estão a argumentação lógica, a análise conceptual, as experiências de pensamento e outros métodos a priori.
 
(2) Moral é um conjunto de regras no convívio.

A moral tem por objeto o comportamento humano regido por regras e valores morais, que se encontram gravados em nossas consciências, e em nenhum código, comportamento resultante de decisão da vontade que torna o homem, por ser livre, responsável por sua culpa quando agir contra as regras morais.

A moral é:

·   autônoma pois é imposta pela consciência ao homem.
·   unilateral: por dizer respeito apenas ao indivíduo.
·   incoercível: o dever moral não é exigível por ninguém, reduzindo-se a dever de consciência.

A moral cristã está centrada em um núcleo no qual gravitam virtudes essenciais que, se conseguidas, levam inevitavelmente à fraternidade e à paz de espírito. Toda a moral de Jesus, assim, se resume na caridade e na humildade, isto é, nas duas virtudes contrárias ao egoísmo e ao orgulho. Em todos os seus ensinos, ele aponta essas duas virtudes como sendo as que conduzem à eterna felicidade.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Moral

(3) Em sentido amplo, ciência (do latim scientia, traduzido por "conhecimento") refere-se a qualquer conhecimento ou prática sistemáticos. Em sentido mais restrito, ciência refere-se a um sistema de adquirir conhecimento baseado no método científico, assim como ao corpo organizado de conhecimento conseguido através de tal pesquisa [A ciência só pode determinar o que é, não o que 'deve ser', e fora de seu domínio permanece a necessidade de juízos de valor de todos os tipos" (Albert Einstein) Conforme relatado por SINGH, Simon. Big Bang. p. 459.].

Este artigo foca o sentido mais restrito da palavra. Embora as duas estejam fortemente interconectadas, a ciência tal como enfatizada neste artigo é muitas vezes referida como ciência experimental a fim de diferencia-la da ciência aplicada, que é a aplicação da pesquisa científica a necessidades humanas específicas.

A ciência é o esforço para descobrir e aumentar o conhecimento humano de como a realidade funciona. Refere-se tanto a:

·   Investigação racional ou estudo da natureza, direccionado à descoberta da verdade. Tal investigação é normalmente metódica, ou de acordo com o método científico – um processo de avaliar o conhecimento empírico;
·   O corpo organizado de conhecimentos adquiridos por estudos e pesquisas.

A ciência é o conhecimento ou um sistema de conhecimentos que abarca verdades gerais ou a operação de leis gerais especialmente obtidas e testadas através do método científico. Nestes termos ciência é algo bem distinto de cientista, podendo ser definida como o conjunto sistematizado de todas as teorias científicas (com destaque para os paradigmas válidos), do método científico e dos recursos necessários à produção das mesmas.

Definição larga

A palavra ciência possui vários sentidos, abrangendo principalmente três acepções [A resposta da ciência a este debate geralmente é: "Ciência é o que você sabe. Filosofia é o que você não sabe" (Bertrand Russell) - conforme relatado por Simon Singh - Big Bang (pág. 459.).]:

1. Saber, conhecimento de certas coisas que servem à condução da vida ou à dos negócios.

2. Conjunto dos conhecimentos adquiridos pelo estudo ou pela prática.

3. Hierarquização, organização e síntese dos conhecimentos através de modelos e princípios gerais (teorias, leis, etc.).

Para as ciências experimentais, a lógica é necessária, mas não suficiente! Nelas, as informações primeiras são obtidas por observação e experimentação; os fatos colhidos são a matéria prima que virá a ser elaborada mediante lógica (teoria científica; cf. 69). 

Fonte: http://www.feiradeciencias.com.br/ABCiencia.asp

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